NICOLLO NARRANDO.
ITÁLIA.
O meu nome é Nicollo, filho de Charles, chefe da segurança de Dom Tommasio. Aos 28 anos, e sem planos de casamento para o futuro, sempre fui apaixonado por Valentina, a herdeira de Dom. No entanto, um relacionamento entre nós é impossível. Além dos riscos pessoais, isso afetaria a minha carreira e a confiança de Dom.
Valentina tem um efeito avassalador sobre mim. Ela insiste que eu seja o primeiro homem a beijá-la. A proximidade de sua partida só aumenta a pressão sobre mim. O desejo é recíproco, mas eu sei que não podemos ter nada. Tenho medo de me apaixonar ainda mais se eu a beijar, apenas para depois vê-la partir. Isso partiria o meu coração, e não sei como reagiria.
Depois do treinamento dela, fui para casa tomar um banho, tentando esfriar a cabeça. Valentina está constantemente em meus pensamentos. Os sonhos com ela são confusos e caóticos. Saber que ela está tão perto e que não posso fazer nada é angustiante. Preciso encontrar uma forma de alívio para não me deixar consumir por esses sentimentos.
Após me arrumar, saí para buscar algum alívio pela cidade. O meu corpo ainda queimava com desejo. Quando passei pelo extenso jardim da família Caccini, vi Valentina deitada sob uma árvore, chorando com um elegante vestido azul. Não hesitei em descer do carro para verificar se ela estava bem.
— O que aconteceu? Quer que eu chame os seus pais? — Perguntei, tentando me afastar, mas ela se agarrou a mim.
— Não, quero apenas você agora — Ela respondeu, e eu senti o meu corpo ferver novamente.
— Do que você está falando? O que aconteceu, Valentina? — Perguntei, tirando o cabelo do seu rosto.
— Pare de chorar, por favor — Pedi, enquanto ela tentava controlar o choro.
— Eu preciso de um beijo seu. Só isso pode salvar o meu dia — ela disse, e eu me afastei rapidamente em direção ao carro.
— Não, Valentina, lamento, mas não posso — Eu falei, sentindo as minhas veias ferverem.
— Pare de fugir de mim. Sou tão feia assim que você não consegue me dar um beijo? — Ela quase gritou, e eu tapei a sua boca para que ninguém nos ouvisse.
— Claro que não. Você é a mulher mais linda que já vi, e é exatamente por isso que não posso te beijar. Por favor, entenda — Supliquei, tentando manter a calma.
— Se sou bonita, por que não me beija? Por que tem tanto medo? Nem parece que é homem — Ela retrucou, atingindo diretamente o meu ego.
Aquelas palavras foram como um convite irresistível. Sem nem pensar, agarre ela, encostando o seu corpo na lateral do carro. Beijei ela com uma intensidade que tentava apagar o desejo que me consumia. Ela correspondeu com a mesma paixão, as suas mãos pequenas e suaves no meu peito, enquanto eu segurava a sua cintura e nuca. O beijo foi o mais intenso que já experimentei. Os nossos corpos estavam tão colados quanto as nossas línguas. A sensação da maciez dos seus lábios e o suspiro dela entre os beijos me faziam sentir que estava nas nuvens.
— Por que você demorou tanto a me beijar? — Ela suspirou quando nos afastamos, ainda com os olhos fechados.
— Valentina… — Comecei, passando os meus lábios pelos dela e sentindo o frescor de sua boca. Ela me beijou novamente antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.
Eu não consegui resistir. Passei a mão em sua cintura, e ela sentiu ainda mais o meu corpo. Subi a mão para seu rosto, aprofundando o beijo. A intensidade do momento era avassaladora. No entanto, de repente, tudo parou. Senti o meu corpo ser puxado para longe dela, e uma sensação de frio tomou conta de mim.
— Você perdeu a noção do perigo? — O meu pai perguntou, me dando um tapa forte na cara.
— Você sabe o que está fazendo? — Ele me puxou pelo colarinho da camisa, e eu me calei, sentindo o meu rosto arder.
— Senhorita Valentina, a sua mãe está procurando por você — Ele disse, apontando para ela, que saiu correndo pelo jardim sem olhar para trás.
— E agora, o que faço com você, Nicollo? Já não bastam os problemas que a sua irmã me trouxe? — Ele me chacoalhou com força.
— Se outra pessoa visse vocês aqui, estaríamos mortos. Você não pensa na sua família? — Ele perguntou, e eu abaixei a cabeça, sentindo uma mistura de vergonha e desespero.
— Me perdoe, pai — Eu disse, com a voz baixa e cheia de arrependimento. Ele me empurrou de volta para o carro.
— Vá esfriar a cabeça. Espero nunca mais ver uma cena dessas, e torça para que ninguém tenha visto vocês dois juntos — Ele ordenou.
Eu concordei, entrei no carro e acelerei para fora do território da família Caccini.
Eu precisava urgentemente de alívio. Não deveria ter cedido, especialmente com a sua partida se aproximando. Fui fraco, mas a beleza e a doçura de Valentina e o seu beijo foram intensos e marcantes, algo que eu nunca havia sentido antes. A combinação de sua delicadeza e a intensidade do beijo foram tão perfeitas que agora me sinto completamente perdido. O que farei agora? A situação está fora de controle e não sei como lidar com o turbilhão emocional que me consome.