VALENTINA NARRANDO.
Eu estava extremamente tensa por causa de Nicollo e Dante. Vi quando o meu futuro marido sussurrou algo para Nicollo, e aquilo fez todo o meu corpo estremecer.
Não posso nem imaginar o que aconteceria se ele descobrisse sobre o meu envolvimento com Nicollo. Dante é um homem frio e c***l, e Nicollo o odeia. Eu esperava ter mais tempo, esperava poder ficar um pouco mais com Nicollo antes de Dante chegar, mas nada saiu como planejei.
Dante me acompanhou até a sala de casa, e então subi para o meu quarto para tomar um banho e tirar toda aquela roupa de treino. Lavei os meus cabelos longos, hidratei a minha pele, e me arrumei de forma impecável para impressioná-lo. Coloquei um vestido rodado de cintura marcada na cor verde água, um salto branco, sequei o cabelo com uma escova e fiz uma maquiagem leve. Passei o meu perfume favorito e desci para encontrar Dante novamente.
Ao descer as escadas, vi o meu pai, meu futuro sogro e Dante conversando. Os três fumavam e tinham expressões muito sérias. Assim que Dante me viu, ele se levantou e veio até mim.
— Onde quer ir? — Perguntei, estendendo a mão para ele, que me ajudou a descer o último degrau.
— No jardim — Ele respondeu friamente, e saímos de casa caminhando. Fomos até o jardim onde Nicollo e eu ficamos na noite anterior, e por ironia, ou não, sentamos no mesmo banco.
Durante todo o caminho, Dante não me tocou nem disse uma palavra. Não sabia se ele estava irritado com algo ou se simplesmente era assim mesmo.
— E então, sobre o que queria falar? — Perguntei, olhando ele nos olhos.
— A nossa casa está toda mobiliada, mas quero que saiba que terá um cartão caso queira mudar algo. E também precisamos nos conhecer, não é? — Ele falou como se não tivesse muitas expectativas.
Tentei conversar com ele sobre vários assuntos: política, negócios, estratégias. Ele parecia se interessar por esses temas.
— Você sabe que não precisará realizar nenhuma atividade em casa, certo? Todas as responsabilidades serão dos empregados. E, para sair da fazenda, terá que me comunicar com antecedência — Ele falou de forma firme.
— O escritório de vocês fica perto da sua fazenda? E a casa dos seus pais? — Questionei, e ele negou com um olhar sério.
— O escritório é longe, mas as nossas casas são próximas, fazendas ao lado — Ele respondeu, o que me desanimou. Isso significava que a sua mãe provavelmente seria daquelas que tentariam mandar em mim.
— Quero te avisar sobre algo muito importante — Ele continuou, ajeitando o terno, e eu prestei atenção.
— Não quero que você fale, nem mesmo se aproxime do Nicollo. A minha mulher não fica perto de outros homens — Ele disse, e eu engoli seco.
— Mas nos conhecemos desde crianças, qual o problema? Você também o conhece — Argumentei, e ele se levantou, ficando de pé na minha frente.
— Eu te dei uma ordem. Não me importa se vocês se conhecem. Uma mulher comprometida não deve falar com outros homens — Ele falou ríspido.
— Então você também não fala com outras mulheres, certo? — Enfrentei, sem temor.
— Isso não vem ao caso. Estamos falando de você — Ele rebateu, e eu neguei com a cabeça.
— Vem sim. Ainda mais que, pelo pouco que eu sei sobre você e as suas histórias, você é bem mulherengo, não é? — Provoquei, e ele parou bem na minha frente.
— Eu sei muito bem o que faço, e não preciso que ninguém mande em mim — Ele disse, e o cheiro do seu perfume invadiu os meus sentidos. Um aroma forte, amadeirado, muito masculino.
— Não quero mandar em você. Quero o mesmo respeito que você me exige — Falei, virando de costas para ele e começando a caminhar, até sentir ele pegar firme em meu braço.
— Não vire as costas para mim, bonequinha. Nunca vire as costas para mim, entendeu bem? — Ele disse, colando o meu corpo contra o paredão de flores e olhando profundamente nos meus olhos. O meu corpo todo ferveu.
— Nunca deixe a mesa antes de mim, nunca vá dormir sem mim, e principalmente, enquanto eu estiver falando, nunca vire as costas para mim, entendeu? — Ele apertou firmemente a minha cintura, com os seus olhos fixos nos meus.
— Me responda quando eu perguntar algo — Ele passou a mão grossa no meu pescoço, e toda minha pele se arrepiou, minha garganta secou.
— Entendi — Respondi com a voz trêmula, quase sem força. Ele deu um sorriso de lado, satisfeito, e abriu caminho para que eu passasse.
Caminhamos de volta para a minha casa, e fui direto para a cozinha. A minha garganta parecia que ia fechar. Nunca senti o meu corpo daquela forma. A intensidade do olhar dele fazia parecer que eu estava nua na sua frente, e as suas mãos firmes me deixaram fraca.
Nicollo me mandou uma mensagem. Tivemos uma pequena discussão, mas o meu maior medo era que Dante aparecesse por ali e me encontrasse falando com ele. Eu preciso conversar com Nicollo, mas não com Dante por perto.
— Minha filha, vamos almoçar, já vai ser servido — A minha mãe apareceu de repente, me dando um susto, e guardei o celular rapidamente.
— Com quem você falava que parecia tão agitada? — Dante me puxou pelo corredor, e eu não sabia nem o que responder, nem o que ele tinha visto.