🖤 agosto de 2019 🖤
As coisas ficaram meio... estranhas depois daquela confissão há algumas semanas atrás. Mas Juan culpava os malditos hormônios.
Claro que era culpa dos hormonios que ele babava quando via Lucio trabalhando com a camisa dobrada ate o cotovelo,claro que era culpa dos hormonios quando ele teve uma ereção ao ver "sem querer" Lucio sair sem camisa de seu quarto um dia. E absolutamente claro que era culpa dos hormonios que seu coração batia acelerado quando Lucio sorria para si, ou falava com o bebê, ou acordava com aquela carinha de sono adoravel.
Adoravel? Quando ele tinha usado essa palavra na vida?
- Até parece - ele disse bravo tentando amarrar o cadarço de suas botas mas não conseguia por causa de sua barriga de oito meses. - Merda - disse sentado em sua cama.
- Quer ajuda? - ele escutou e viu Lucio apoiado no batente da porta de seu quarto.
-É seu filho que não me deixa amarrar essa porra...
Lucio riu,fazendo sinal de negação com a cabeça enquanto entrava no quarto e se ajoelhava aos pés de Juan, amarrando um cadarço de cada vez.
- Seus pés não estão inchados? Essas botas não machucam?
- Olha aqui - Juan falou com bico - eu não vou abrir mão das minhas botas.
Lucio riu - Não to pedindo isso - disse colocando a mão em seu tornozelo, por cima da calça de moletom.Ele começou a acariciar sem nem perceber.
- Que merda você ta fazendo Lucio?
- O que? - Lucio o olhou confuso e Juan puxou a perna.
- Ta maluco? Ta me alisando - ele disse se levantando e indo pra longe.
- To? - Lucio riu - Calma Juan.
- Calma nada, to sem sexo faz um ano já, e esses hormonios estranhos que me fazem querer seu cheiro, Lucio corre, eu vou te atacar, que merda, a gente tem a p***a de um contrato, eu quero voltar para o hotel...
Lucio ria ainda mais, mais aberto - Foi você quem disse que queria que eu te comesse.
- E foi você que ficou de boiolisse falando que eu era seu. - ele tentava se proteger atras da porta.
Lucio riu de novo - Você ta carregando meu filho, se quiser é só chamar - e deu uma piscada.
Juan bateu a porta depois dele sair, o coração acelerado no peito - Aquele filho da p**a - disse - Opa, desculpa bebê - disse apertando a barriga - mas esse seu pai é um grande gostoso, que merda, porque ele não é o velho asqueroso que eu achei que era?
Ele não saiu do quarto mais naquele dia, estava morto de vergonha,o que era inédito, porque ele nunca tinha vergonha de nada.
Ficou no quarto, mas estava com fome. Muita fome. Mas não ia sair.
Foi quando ouviu duas batidas na porta - Vim em paz, to com comida, e to vestido.
Juan fuzilou a porta com o olhar - Entra.
Lucio entrou com uma bandeja com lamen, kimchi e um pedaço de bolo de chocolate, que sabia que o ômega amava. E claro, ele começou pelo bolo. Mas comeu tudo no final.
- Você tava deixando meu filho passar fome. - Juan arregalou os olhos - Calma Juan, to brincando.
- Desde quando você brinca tanto? Voce não era assim antes. Agora fica ai com essas merdas...
- Ai Juan... é porque você não me conhecia, agora ta conhecendo...
- Não sei se gosto desse você...
- Porque? - Lucio perguntou fingindo estar ofendido.
- Porque você brinca demais, não sei no que acreditar. - disse deitando na cama, as mãos pousadas em cima da barriga.
Lucio deitou ao seu lado - No que acha que eu to brincando?
- Você sabe o que... - disse com uma careta.
- E porque acha isso?
- Porque ninguém nunca me quis, minha mãe não me quis, doze casas de adoção na me quiseram, porque seu lobo ia me querer?
Lucio o olhou - Não entendo essas coisas Juan, mas não tenho objeção sobre isso.
- Eu sou um fodido.
- E dai?
- To cansado, quero dormir - ele disse se virando de lado, emburrado.
- Você ta boca suja e rabugento nesse final de gravidez hein? - Lucio riu.
Final de gravidez. Estava acabando. Faltavam praticamente só um mês. E Juan não via a hora de se livrar daqueles malditos hormonios.
🖤setembro de 2019🖤
- Ainda bem que você é saudavel, porque ta pesado pra caramba - Juan dizia a sua barriga enquanto andava ate a cozinha para pegar algo pra comer - E ainda bem que já ta acabando - ele disse sentindo um frio na barriga. Na verdade ele tentava não pensar naquilo. Tentava bloquear aquele momento de sua cabeça pra poder esquecer quando acabasse. Tinha andado vendo preços de passagens para os Estados Unidos, lugar onde queria ir, só estava esperando tudo acabar. Ele sumiria. Jamais ia saber de Lucio, ou do bebê.
Pensar em Lucio lhe dava outro aperto no coração. O último mês foi todo cheio de sorrisos e provocações,e até massagens nos pés ele recebeu. Ficou imaginando uma vida onde aquele filho teria sido gerado de forma natural, onde os dois viveriam juntos, e que ele veria o bebê crescer. Mas não era aquela a realidade e ele precisava focar no contrato.
Até que a porta do apartamento abriu e Lucio entrou - Ah, boa noite. - disse sorrindo, como sempre.
Juan o olhou desconfiado, depois foi a passos duros ate ele, as mãos nas costas, começou a cheirar seu pescoço e seu terno - Cadê?
- Cadê o que? - Lucio perguntou confuso.
- A p***a do teu cheiro, cadê?
Lucio riu - Meu cio ta chegando, comecei a tomar inibidores pra sabe... você não me atacar.
Juan abriu a boca em espanto - Eu jamais te atacaria, ta achando que sou doido? Eu tenho um bebê de 9 meses dentro da minha barriga, e eu gosto de sexo selvagem seu infeliz, eu não vou me contentar em ser comido de ladinho - disse bravo e foi ate o quarto, fechando a porta.- Filho da p**a! - disse a si mesmo abrindo a gaveta de sua comoda onde escondia um pote cheio de balas de menta.
Nem percebeu que já tinha chupado dezenas e ainda sentia um aperto no coração. Malditos hormonios. Ele tinha tanta vontade de chorar e nem entendia porque.
No meio da noite, sem conseguir dormir, ele se levantou bufando, foi ate o quarto de Lucio e entrou, vendo ele dormindo. Começou a fuçar em seu guarda roupa loucamente.
- Juan, o que ta fazendo? - a voz rouca de Yoongi disse baixinho.
- Sinto a falta da merda do seu cheiro, nao consigo dormir. - disse ainda cheirando cada peça.
- No banheiro tem uma camiseta minha - Lucio falou e Juan foi ate lá, a pegando e cheirando, depois a abraçando - Vem cá, deita aqui.
Juan o olhou desconfiado mas aceitou, e quando viu estavam um de frente ao outro.
- Falta pouco - Lucio falou colocando a mão em sua barriga.
- Eu sei - Juan disse ainda com a camiseta em seu nariz.
- Já sabe o que vai fazer quando... acabar?
- Eu andei vendo passagens pros estados unidos, mas acho que não devia te falar isso...
- Eu me importo com você Juan, apesar de tudo.... você se não é só uma barriga de aluguel pra mim...
- Você tem que parar de falar essas merdas - Juan falou baixinho.
- Porque? - Lucio o olhou, passando o dedo por sua franja que caia no rosto do ômega.
- Porque eu to emotivo e começo a ficar imaginando coisas... coisas que não devia imaginar.
- Que coisas? - Lucio perguntou baixinho, chegando mais perto, abraçando sua cintura.
Juan engoliu em seco - Família. Lar.
- Juan.. nós podemos...
- Somos de mundos opostos Lucio, você não me suportaria, como ninguem suportou. Depois que tiver seu bebê nem vai se lembrar de mim. E ta tudo bem sabe? Eu vou ficar bem, eu to acostumado... a.... isso.... - disse fungando e Lucio o abraçou.
Juan chorou duro naquela noite. Chorou toda a confusão que passava por sua cabeça. Mas ainda estava convicto, ia manter o contrato.
Os dias se passaram e as coisas entre eles ficaram mais... melosas. Juan passou a dormir toda noite com Lucio, que não dizia nada, apenas o abraçava e dormia sentindo seu cheiro de laranja. Seu lobo rugindo em seu peito.
- Seja meu Juan... - ele disse uma noite achando que ele já dormia - eu quero tanto você, e nosso filho, você sabe disso não sabe? É nosso filho, podemos ter outros do modo convencional também... eu amo tudo em você, suas tatuagens, suas botas, sua boca suja, ate me vejo brigando com nossos filhos pelas primeiras palavras dele serem p***a e c*****o - ele riu baixinho - meu Deus nunca senti nada parecido por ninguém... seja meu Juan.... - ele disse o olhando e Juan abriu os olhos para o ver. Lucio engoliu em seco, não esperava que ele ouvisse. Mas então o rosto de Juan se retorceu em dor.
- Merda, mijei na calça... - ele disse se sentando devagar - merda que dor da p***a é essa?
- Juan, acho que foi sua bolsa, acho que o bebe vai nascer...
- Mas é cesaria não é? Ta marcada pra semana que vem! Lucio eu não vou deixar uma criança passar pelo meu cu!
Lucio riu - Calma, vamos arrumar tudo e vamos para o hospital.
AS contrações iam e vinham, e chegaram ao hospital com o médico já os esperando, Juan foi internado e Lucio entrou na sala. - Não quero ver ele Lucio - Juan disse baixinho quando ele foi para seu lado, estava tampado com um pano da barriga pra baixo.
- Mas...
- Não quero ver, por favor - ele disse com os olhos firmes e Lucio apenas assentiu.
Juan fechou os olhos com força a cesaria inteira, e quis tambem tapar os ouvidos quando ouviu o choro do bebê. Só os abriu de novo quando a enfermeira disse que tinha acabado e iam levar ele para o seu quarto.
Ele olhou sua barriga vazia, ainda inchada, sem entender o que estava sentindo.
Passou a noite acordado no quarto, ate que Lucio chegou - Você ta bem? - Juan assentiu, olhando para as mãos - Ele... é perfeito e saudavel, esta na ala da maternidade aqui do lado. - Juan assentiu de novo. -Juan...
- Só transfira a p***a do dinheiro,e eu vou sumir. Eu fiz minha parte.
Lucio mordeu o lábio que tremia e controlou as lágrimas que queriam sair - Certo.... eu vou... fazer isso agora, vou só passar na empresa e venho com o contrato de novo.
Juan assentiu novamente e Lucio saiu.
Cerca de meia hora depois, quando Juan viu que era perto das 6 da manhã ele resolveu fazer algo. Se levantou com muita dor pela cirurgia, andou carregando seu soro a passos lentos, apoiando nas paredes, ate chegar a ala da maternidade. Pelo grande vidro onde dava pra ver os bebês ele o viu: Min Saem. Primavera. Seu filho se lembrava primavera. Era lindo, perfeito, dormindo com os olhinhos e as mãozinhas fechadas envolto em uma roupinha azul.
Ele nem viu que tinha começado a chorar até que perdeu o fôlego. Se apoiou no vidro e chorou,Chorou porque não ia ver Saem crescer,não ia ver dar os primeiros passinhos,não ia ver dizer as primeiras palavras, não ia ver Lucio sendo o pai babão que com certeza ele seria.
E chorou porque tudo aquilo não eram os hormonios.
E sim porque descobriu que tinha sim capacidade de amar.