Eu pertenço somente a ele

Capítulo 1

Sônia Ivanov

Anos atrás...

Flashback On

-Está linda, minha princesa! – O meu pai diz dançando comigo.

-Obrigada pai..., o senhor parece mais jovem! – Falo e ele gargalha.

-Quem dera..., se eu pudesse voltar no tempo sendo novo com a cabeça de hoje, mudaria muita coisa... – Ele diz de forma descontraída e encerramos a dança. – Eu vou procurar a sua mãe, ela adora dançar! – Ele diz deixando um beijo em minha testa.

Ele se distancia e fico observando ele ir atrás da minha mãe.

Tivemos que comparecer a um evento anual da Máfia, onde sempre é comemorado os bons negócios, alianças e tudo de bom que entra na Máfia, o meu pai é o grande Dom e o homem mais poderoso da Rússia, ele comanda tudo com pulso firme e está treinando o meu irmão Alef para assumir o seu lugar daqui a alguns anos.

Depois de dançar com ele e andar pelo salão não vendo nada de interessante, me sento em nossa mesa sentindo um tédio enorme.

Só vejo homens mais velhos, todos fumando os seus charutos e bebendo os seus uísques enquanto conversam asneiras sobre a organização, queria poder ir para casa ou sair indo para bem longe dessa gente.

-Que cara é essa? –O meu irmão Alexei pergunta.

-Cara de tédio..., tem nada para fazer aqui! – Respondo revirando os olhos.

-Bom, para você realmente não tem..., mas para mim... – Ele diz devorando uma mulher com os olhos. – Volto depois. – Alexei sai quase correndo.

Bufo irritada e fico ali na mesa sozinha, vejo os meus pais dançarem e o meu irmão Alef está conversando com uma mulher e com Andrei, o vejo olhando para mim e desvio o olhar rapidamente.

[...]

Depois de horas de tédio, finalmente o meu pai decide que está na hora de irmos, entramos todos no carro e o meu pai dá a partida fazendo o caminho de casa, poucos minutos depois, ouvimos tiros e os dois carros que nos seguiam fazendo a nossa segurança, são tirados da estrada e logo os tiros são direcionados a nós.

-Sônia, fica abaixada! – O meu pai pede e faço como falou.

Ouço mais tiros e logo o meu irmão Alexei grita de dor, olho para ele e vejo sangue escorrer em seu peito e Alef grita informando que ele foi baleado.

-MEU FILHO! – A minha mãe grita desesperada.

Ela retira o seu cinto de segurança e tenta abraçá-lo, mas é atingida e o meu pai perde o controle do carro depois de o atingirem na cabeça.

O carro bate numa árvore e acabo batendo a minha cabeça causando um corte ao lado da testa, fico completamente em choque e Alef vai até eles verificando o pulso, mas pela sua cara, é que ele me confirma que eles morreram.

-Vem Sônia! – Alef grita me puxando.

Saímos do carro deixando eles para trás depois de Alef verificar que estavam realmente mortos, eu não conseguia parar de chorar e Alef me ajudou a correr entrando na mata, ouvimos mais alguns tiros onde Alef os revidou e conseguimos nos esconder atrás de várias árvores e pedras enormes.

Flashback Off

A dor, desespero e a sensação de perda me domina por completo, ainda não consegui superar a perda dos meus pais e do meu irmão em um confronto, os ver morrer bem na minha frente é algo que não desejo a ninguém. Estávamos indo para casa quando fomos seguidos por dois carros, o meu irmão Alef tentou revidar dando cobertura ao meu pai, mas logo, o meu irmão Alexei foi o primeiro a morrer, em seguida a minha mãe e logo depois o meu pai com dois tiros na cabeça.

Alef se feriu na perna e eu tive apenas alguns arranhões pelo corpo.

Sempre tive o pensamento de que iria tê-los para sempre e que eles acompanhariam as minhas conquistas. Papai sempre me prometeu que não me daria como objeto a alguém em casamento, e que iria garantir que me casaria com um bom homem. Ele sempre me mimou e me tratava como uma princesa.

A minha mãe sempre cuidou muito bem de mim, e sempre percebia ela me olhar de forma diferente dos meus irmãos, nunca soube o porquê, mas, tinha uma diferença.

Depois da morte deles, eu não consegui me concentrar em nada, as minhas notas caíram, os pesadelos começaram e cada dia parecia pior, até eu conhecer a Lya. Estava no banheiro da escola quando senti uma cólica absurda, e ela estava lá, Lya estava se escondendo em uma cabine e me ouviu gemer* de dor, e decidiu se aproximar de mim.

Flashback On

-Está tudo bem? – Ela pergunta enxugando algumas lágrimas.

-É uma cólica..., teria um absorvente para me dar? – Pergunto, pois, sinto que me sujei.

-Claro..., um minuto. – Ela abre uma pequena bolsa e me entrega um absorvente. – Tenho um remédio também. – Ela diz dando de ombros.

Depois de me ajeitar na cabine, a encontro se olhando no espelho secando o seu rosto com papel toalha.

-Por que estava chorando? – Pergunto a ela se assusta.

-Nada demais..., é..., eu preciso ir. – Ela diz tentando fugir.

-Calma..., nem me apresentei, sou Sônia. – Estendo a minha mão e ela a olha onde demora alguns segundos para me cumprimentar.

-Me chamo Lya. – Ela diz timidamente.

-É um prazer..., e muito obrigada por me ajudar! – A agradeço, ela salvou a minha pele.

-Não foi nada..., eu preciso ir, até Sônia. – Ela diz quase correndo.

Flashback Off

Quem diria que uma amizade começaria assim, foi complicado no começo, pois ela não falava muito e tentava evitar o máximo de contato, mas com o tempo, Lya foi se abrindo mais em conversar, e foi aí que descobri que ela fazia parte da Máfia e que ela sofria dentro de casa por conta do pai, muitas vezes a via com alguma mancha no corpo, e muitas vezes, ela estava muito cabisbaixa.

Ela demorou a me falar certas coisas e tudo que eu queria, era poder ajudá-la.

O tempo foi passando e o único tempo que tínhamos juntas, era na escola, Lya se tornou a minha melhor amiga e percebi que eu era a sua única, ela não confiava nas pessoas e de alguma forma, consegui conquistar a sua amizade e confiança.

Quando finalmente terminamos os estudos, foi mais complicado vê-la, e para piorar, ela tinha sido dada em casamento a um monstro chamado Mattias, vi o seu desespero quando ela me contou, Lya estava completamente sem saída alguma e quando vi com os meus próprios olhos o que aquele desgraçado* fez a ela antes mesmo de se casarem, tinha a plena certeza de que logo ela estaria morta.

Mas por um milagre, ele foi encontrado morto e senti um alívio enorme por ela.

O seu pai Nikolai a infernizava por isso, e não consegui mais vê-la, e foi quando certo dia, descobri que o meu irmão queria se casar com ela. Fiquei completamente sem reação, pois eles nunca se viram, não sabiam nada um do outro e fiquei me perguntando o porquê que Alef decidiu tal coisa, mas com o tempo, percebi o quanto isso foi bom para os dois.

E eu? Bom, acabei falando mais da Lya do que de mim.

Nunca tinha me apaixonado na vida, nunca fui de viajar para longe e sempre tive que sair com vários seguranças na minha sombra, na escola, tinha alguns rapazes que eu achava interessante, mas, nunca me aproximava ou dava a******a*, pois para os meus pais saberem, seria num piscar de olhos e qualquer boato mancharia o meu nome como filha do grande Dom.

Então, tive que viver vendo as coisas acontecendo e não poderia fazer quase nada.

O meu pai evitava de tocar no assunto quando era o meu casamento, mas ele sempre garantiu que me casaria com um homem diferente e que cuidasse de mim como mereço, e quando ele morreu, o medo me atingiu, pois, tinha medo do próprio conselho escolher como já vi acontecer, e com toda a sinceridade, seria como me entregar a morte.

Foi aí que Alef me deu uma única saída e sempre me lembro do momento em que ele me contou.

Flashback On

O meu irmão chega em meu quarto e pelo seu olhar, sinto que é algo sério.

-Precisamos conversar. – É a primeira coisa que ele diz se sentando em minha cama.

-Por favor não..., não me diga que... – Já sei que é sobre o meu futuro e sinto as lágrimas descerem.

-O conselho está no meu pé para resolver sobre o seu casamento..., e só tenho uma única opção para garantir a sua segurança. – Alef segura a minha mão a apertando.

-Você que escolheu? – Pergunto querendo saber quem está mexendo com a minha vida.

-Sim, e para ser sincero..., não tem outra pessoa que eu confiaria para entregá-la em casamento. – Alef faz uma pausa respirando fundo e continua. – Se casará com Andrei.

Fico processando o que ouvi, Andrei não é uma má pessoa, mas, não o conheço tão bem para poder afirmar que poderemos nos casar e viver bem.

-Ele já sabe? – Pergunto quebrando o silêncio.

-Sim, conversei com ele dias atrás e hoje ele me deu a resposta que precisava..., e Sônia, ele cuidará de você, não o obriguei, mas ele é a única pessoa que eu tenho certeza de que lhe protegerá, fora que, ele não tem a intenção de prende-la dentro de casa ou algo pior que já tenha escutado de outras mulheres..., ele gosta de você. – Alef diz com calma e fico sem saber o que dizer.

-Não sei o que dizer, pelo menos não é um homem escroto e nem um velho para mim..., mas..., se já tem certeza disso..., quando será anunciado? – Pergunto enxugando as minhas lágrimas.

-Próxima semana..., acredito que ele virá conversar com você esses dias, então, tire as suas dúvidas pessoalmente, e saiba que sempre estarei por perto – Aceno em concordância e o abraço.

Flashback Off

Desde então, estou formulando e processando tudo, Andrei tem trinta anos e praticamente me viu crescer, e confesso que achei isso estranho, pois nunca fomos de nos falar, e fora que ele é bem mais velho que eu, mas parando para pensar, se caso eu tivesse que me casar com um homem mais novo próximo a minha idade, talvez seria péssimo. Acredito que homens um pouco mais venhos, sejam mais maduros.

Tivemos uma breve conversa e me senti aliviada com a sua posição sobre o nosso casamento, queria ter certeza e quando conversamos, pude ver sinceridade em seus olhos, e saber que ele sente algo por mim, pode ser um ponto muito favorável para mim.

Mas sinceramente, não posso negar* em como Andrei é um homem lindo.

Alto, corpo definido de forma certa, cabelos castanhos médios, lábios levemente carnudos, olhos castanhos claros, algumas tatuagens no braço, voz grossa e marcante que passa um certo medo, e por mais difícil que seja dele sorrir em minha frente, já vi sorri e confesso que o seu sorriso é lindo.

Bom, não tenho outra opção a não ser, dar uma chance a nós dois.