(Esther)
- Eu já sabia há alguns dias... Falei preocupada mordendo o canto da boca. - Eu tentei alertar o Pither mais de certa forma eu não fui bem clara... A culpa foi minha! Falei angustiada.
- Não chore Esther! Ela disse se sentando.
- Diana eu vi Déborah amaldiçoar o anel em quê foi pedida em casamento. Da Dona Raquel horas depois do noivado! Vi ela se entregar ao beijos com Lorenzo num encontro, e vi Pither ser perseguido por marginais. Ela me olhava com atenção. -Esse é o problema Naná! Eu vejo demais, e ajudo de menos!!
- Calma querida! Ela colocou o seu braço sobre o meu ombro. - Deixa eu ver se entendi... Você tem revelações?
- São sonhos... Eu os tenho já fazem algum tempo! Falei me explicando. - Mirian a ex diretora do orfanato me ajudava decifra los! Pois muitos deles são confusos e... Enfim! Eu só queria que isso não estivesse acontecendo com o Pither!
- Ele vai melhorar querida, você vai ver! Ela disse me acalmando. - Pensa pelo lado positivo. Pither também não se lembra da Déborah, e ela foi embora! Você mora aqui pode reconquista-lo... O amor está dentro dele filha! É só uma questão de tempo para a chama reacender!
- Você faz as coisas se tornarem um pouco mais fácil! Falei dando um meio sorriso.
- Não se apavore! Ela me abraçou. - Meu filho sempre será seu!
(Pither)
- Sua namorada é muito bonita! E te ama muito... As enfermeiras do outro plantão, me disseram que ela passou a noite inteira chorando por você!
- Sério? Respondi ao enfermeiro com dúvidas.
- Por que a surpresa, ela não é sua namorada? O enfermeiro conversava comigo enquanto trocava todos os meus acessos me dando uma injeção na veia.
- Eu não sei! Falei dando de ombros. - Eu não me lembro! Acordei sem saber quase nada da minha vida...
O enfermeiro se mostrou compadecido com a minha situação.
- Não se preocupe vários pacientes já estiveram assim, e depois recuperaram a memória aos poucos! Assenti tentando acreditar na sua perspectiva. - Olha essa injeção vai te dar sono daqui mais ou menos uma meia hora...
- Tudo bem! Falei já me cansando dalí.
Papai bateu na porta e entrou logo em seguida. O enfermeiro saiu nos deixando a sós.
- Como você está filho? Ele perguntou.
- Ainda bem que você chegou pai! Vai me ajuda a se levantar e ir no banheiro! Falei me mexendo.
- Pither você não pode se levantar ainda...
- Ah posso sim! Eu tô com a bexiga estourando, e não uso fraldas nem ferrando! Revirei os olhos já me levantando sozinho.
- Você é teimoso hem! Ele disse me oferecendo o ombro para que eu me apoiasse.
- Bem observado sou um De Fragma, quer o quê?! Ele sorriu me arrastando devagar para o banheiro.
Eu não vou negar que sentia um certo desconforto em andar, mas eu jamais ficaria deitado feito um inválido se graças a Deus eu sentia minhas duas pernas.
Voltamos pra cama e eu me deitei com a ajuda dele.
- Tá rindo de quê? Falei vendo um sorrisinho comprometedor no seu rosto.
- Você até que ficou engraçadinho com essa camisolinha! Papai debochava.
- Você tá com inveja! Por que mesmo assim estou mais bonito que você! Ele sorriu e eu também. Sem percebemos que estávamos conversando por um momento sem brigar.
- Pither! Seu sorriso se fechou instantaneamente. - Eu quero lhe pedir perdão!
Franzi o cenho intrigado com sua atitude repentina.
- Eu tô bem pai! Seja lá porque atiraram em mim não foi culpa sua!
- Eu quero te pedir perdão, por ter te abandonado na época em que você mais precisou de mim! Eu não sabia como lidar com a situação... Perder sua mãe foi como perder o sentido da vida!
- Relaxa pai... Isso já tem sete anos! Falei com desdém.
- Mais eu sei que eu te magoei! Eu não devia ter me escondido, mandei você pra Boston para poupar de nos cruzarmos pela casa! Ele tinha sinceridade nos olhos. - Eu estou arrependido... Devia ter sido mais forte, como você filho!
- Forte eu?! Falei gargalhando como se fosse uma piada. - E além disso se estou aqui com certeza tenho inimigos... Ninguém ia atirar em mim por coincidência do destino!
- Pither é uma pena você não se lembrar das coisas boas que fez! Como por exemplo cuidar de Esther... Você é um protetor para aquela moça!
- É mas eu não me lembro dela também! Falei desapontado.
- Sabe filho hoje eu sei que sou um pai comum de um filho excepcional! Demorei demais para me dar conta... Eu olho pra trás e percebo quanto m*l eu te fiz! Hoje você não se lembra, mas eu me sinto horrível por todas as vezes que tentei manipular você!
- Independente dos seus erros você é o meu pai! Tá perdoado! Ele me olhou com gratidão e eu retribuí dando um mero sorriso. Logo meus olhos foram se fechando e minhas pálpebras foram ficando pesadas. E percebi que o tal remédio estava fazendo efeito.
(...)
Eu dormi tanto que parecia que estava em outra dimensão, tive vários sonhos estranhos e muito confusos. Eu me vi andando de branco por uns corredores de um lugar que mais parecia uma escola... Depois eu também me vi beijando umas moças estranhas, e não me subjugando eu estava saliente demais com elas. Era tudo novo pra mim! Tudo se passava feito um filme... Porém rápido demais eu quase não entendia.
Me vi em um barzinho. Eu tomava alguma coisa com meu primo Miguel, esse eu pude reconhecer... Também me vi em outra situação desagradável com uma moça morena. Ela tinha cabelos longos e pretos. Aquela moça me jogava contra a parede tirando a minha camisa com muita empolgação! Eu estou me sentindo um cafajeste!
Em vários lugares vi Naná sorrindo, sempre me recebendo com uma xícara de café... E de novo aquela moça morena apareceu, sempre pervertida tirando as minhas roupas, me atraindo pra cama. Em uns dos meus relapsos eu me vi bêbado caído no chão da sala, Naná tentava me ajudar e eu a chamei de mãe.
Acordei naquele quarto de hospital, ja estava escurecendo as luzes estavam apagadas e a claridade do dia estava se despedindo. Abri os olhos lentamente e vi a mesma moça, a que disse que me amava e me beijou tão docemente mais cedo. Ela dormia sentada na cadeira e seu corpo debruçou sobre a beirada da cama. Encaixando sua cabeça sobre os braços, seus cabelos loiros caiam sobre o lençol e ela parecia estar muito cansada.
Me arrisquei a tocar nela, puxei uma mecha de cabelo que estava sobre os olhos e ela nem se mexeu. O enfermeiro tinha razão ela era muito bonita! Acariciei sua pele macia até chegar na curva da sua boca, meu coração acelerou quando toquei levemente seus lábios. Como se eu já tivesse feito isso alguma vez! Foi quando ela se mexeu acordando e eu tirei meus dedos rapidamente.
- Você já acordou? Ela disse esfregando os olhos se levantando.
- Sim! Por que está dormindo aqui, se já passou a noite toda no hospital?!
- Eu troquei com seu pai ele precisava tomar um banho e descansar! Na verdade eu voltei pra casa mais não consegui dormir, por isso estou aqui! Ela falava com um jeito tão meigo. Reparei na sua roupa ela usava uma blusinha verde que realçava seus s***s.
- O que foi? Ela disse percebendo que eu a encarava.
- Nada! Balancei minha cabeça espalhando os maus pensamentos. - Vai passar a noite aqui? Perguntei.
- Se não se importar! Ela disse sorrindo.
- Claro que não! Respondi.
Me trouxeram comida logo em seguida. Ela colocou a bandeja sobre a mesinha, muito prestativa.
- Ei! Nem pense nisso! Falei chamando sua atenção para a mim.
- É sopa Neto, deixa eu te servir!
- Nãoo! Eu consigo muito bem comer sozinho! Falei pegando a bandeja.
- É um chato! Ela disse se levantando da cadeira. Ergui o meu olhar vendo ela ir em direção a janela, como se ficasse brava. Sorri com seu jeito birrento.
- Ei! Volta aqui, quero te contar uma coisa! Ela me olhou séria, cruzou os braços e se aproximou de mim cautelosa. - Senta aqui!
Ela se sentou ainda me olhando de cara feia.
- Mesmo que soe irônico eu odeio ficar preso em um hospital! Por isso quero poder fazer as coisas sozinho pra não me sentir inútil.
- Sei disso Neto! Só quero ajudar... Me desculpe se estou sufocando você! Ela disse de um jeito delicado.
Balancei minha cabeça sorrindo da besteira que eu estava prestes a fazer.
- Toma! Falei lhe entregando a bandeja. - Se isso te deixa tão feliz pode me dar de comer!
Ela me olhou com um sorriso tímido. E eu querendo entender porque com ela eu sou tão bonzinho?!
Eu preferia não relatar como foi constrangedor ver ela fazendo aviãozinho com a colher.
- E então Esther.... Me diz como a gente se conheceu? Perguntei curioso.
Ela mordeu os lábios como se ficasse tensa. Me olhou com seus olhos azuis e deu lhe um meio sorriso.
- Eu morava num orfanato. Você é médico, e apareceu numa tarde de segunda feira pra me consultar... O intuito da visita era que você copiasse o meu laudo médico, e sumisse dalí segundo a diretora maldosa!
- E o que foi que eu fiz? Perguntei atento a conversa.
- Você me raptou daquele lugar! Ela disse sorrindo.
- Nossa! Falei passando a mão sobre o rosto. - Daí eu trouxe você pra minha casa e estou me escondendo da justiça?!
- Não! Você convenceu o seu pai a realizar os transmite legal da minha adoção! Ela dizia como se eu fosse alguém muito legal! Mas discordaria sem pensar se ela visse o que eu me vi fazendo nos sonhos.
- E a gente é tipo namorados? Perguntei soando dúvidas.
- Antes de você vir pra cá.... Ela respirou fundo. - Você me pediu em casamento!
- Eu o que? Falei balançando minha cabeça. Cara! Se ela não tivesse me encarando tanto eu juro que tinha dado risada. Era muita informação pro meu cérebro processar sozinho.
- Desculpe! Ela disse se levantando e indo colocar a bandeja na mesinha do meu lado. - Eu vou sair um pouco!
- Espera! Segurei sua mão. Ela olhou pra baixo depois pra mim.- Me leva no banheiro! Meu pai me levou mais cedo mas eu estou precisando ir outra vez!
" Só podia ser a p***a do soro, que estava me deixando uma torneira humana!"
Ela assentiu me ajudando, quando chegamos no banheiro ameacei fechar a porta ela me barrou.
- Nem pense em trancar! Eu vou esperar aqui fora!
- Sim Senhorita! Falei encostando a porta e observando o chuveiro que estava me convidando sem parar para tomar um banho.
- Esther! Ela abriu a porta com tudo.
- Me chamou? Disse preocupada.
- Naná mandou meus objetos pessoais?
- Sim! Está tudo no seu armário! Ela disse prestativa.
- Tabom! Eu vou tomar um banho, depois eu te chamo! Falei mexendo a porta para que ela saísse.
- Sozinho? Você pirou? Ela disse assustada.
- Eu não posso esperar meu pai até amanhã, Esther!
Ela se aproximou de mim puxando a fitinha daquela roupa ridícula de hospital.
- Ei, o que pensa que está fazendo?
- Por favor Neto! Ela me encarou. - Não tem nada aí que eu não tenha visto!
- Esperai! Mais eu não me lembro! Falei levantando minhas mãos em defesa. - E eu tenho vergonha!
- Você tem vergonha Neto? Ela levantou uma sobrancelha debochando. - Quer que eu te lave como, de olhos fechados então?
- Bom até que não seria uma má idéia! Falei rindo.
- Anda logo! Ela tirou aquela roupa me deixando completamente despido.