Susan Costello
Hoje é sexta feira e já está de noite e como sempre, a Viva.House está lotada com diversos clientes. As meninas já começaram o show mais cedo por conta da lotação e eu já perdi as contas de quantas mesas eu já atendi. Por pouco eu não fiz algo errado, mas foi bem pouco mesmo e uma coisa que esses homens daqui não gostam, são erros.
Por sorte, eu só atendo mesas e isso graças ao Luiz, dono desse lugar que junto com a sua falecida esposa, Célia, me acolheram e cuidaram de mim e o mínimo que faço até hoje, é cuidar do local. Célia morreu há três anos, por causa de um câncer no estômago e sofremos muito no período, mas, a pedido dela, nós estamos tocando a nossa vida e alavancando a casa que sempre foi o sonho dela.
O problema, é que cuidamos tão bem que o negócio cresceu muito em um piscar de olhos e expandimos o local em diversos aspectos. O palco foi aumentado, mais garotas foram contratadas, conseguimos mais fornecedores de bebidas e utensílios, conseguimos muito mais clientes e muita coisa mudou nesses três anos.
Isso aqui virou outra coisa!
O que era apenas um bar no meio da cidade com música boa e três dançarinas, virou mais que uma casa noturna. Mulheres nos procuraram para trabalhar aqui e além da dança, elas optam por serviços extras, mas Luiz não se envolve muito nessa parte, ou seja, é por vontade delas, mas quando é usado umas das salas, Luiz cobra uma porcentagem e assim vamos levando.
Quando piscamos, tudo já havia mudado, mas uma coisa não mudou e não vai mudar, e sempre deixei isso claro ao Luiz. Não importa o que aconteça, o meu envolvimento com clientes será apenas servindo mesas e só, não passará disso e só teve uma vez que dancei de última hora e mais nada que isso. Esse negócio de ter i********e*, conversas, risos e aberturas* para sexo* não é comigo e não mudo de ideia de forma alguma.
Por isso, sou a única que nunca se envolveu!
Muitas delas já tem mais do que o suficiente para se manter, mas gostam de continuar com o serviço. Foram poucas as que começaram e encerraram, e ao todo temos cerca de quase vinte mulheres trabalhando na casa.
Eu vim parar aqui depois de fugir de casa ainda na adolescência e não me arrependo.
Não consegui concluir os estudos, mas ler, escrever e saber matemática média eu sei sem problemas e a falta de estudos não me atrapalha no trabalho. Como moro com Luiz, eu tenho um quarto para mim, tenho cama, guarda-roupa, roupas em quantidades, itens pessoais, uma boa alimentação e nada me falta. Sou tratada como filho dela e uma verdade, é que filha biológica ele não tem e fui praticamente adotada. Ele sempre me respeitou em tudo.
Hoje eu sei o que é ter um lar e faço de tudo para esquecer as feridas do passado!
Com relação a casa onde moramos, Luiz sempre me ajuda com a limpeza do dia, temos tarefas divididas e em caso de faxina pesada, ele contrata uma pessoa. Já na casa noturna, ele é o gerente de tudo e o que ele diz, é ordem e acabou. Ele sabe muito bem diferenciar as coisas e no trabalho, ele me trata como qualquer funcionária e isso, é para não causar intrigas com as meninas.
Recebo salário como todas, tenho as minhas obrigações e não tenho o que reclamar. Bom, isso na prática das obrigações, mas, quando se trata de clientes bêbados, folgados e s*******o*, eu não consigo ficar calada e corto qualquer comentário ou piada s****l*.
Aprendi a ignorar e a responder quando necessário!
— Aqui está a sua bebida e os gelos! Aproveite! — Digo colocando tudo na mesa que está ocupada por dois homens.
— Obrigado, boneca! — Um deles diz rindo e dou meia volta me retirando.
É só ignorar!
Volto para o balcão como se nada estivesse acontecido e já começo a separar as bebidas mais pedidas para não haver demoras. As mais pedidas são uísque, rum, cachaça, vodca e tequila. As vezes drinks. Tudo nessa ordem. Ao deixar no ponto, já separo os copos e começo a limpar eles com um pano e claro, o balcão.
A música alta mostra o show das meninas no palco e no meio do salão. Os homens vão à loucura por vê-las sensualizando e rebolando como se não houvesse amanhã, mas tenho que admitir, elas são lindas. Tem morenas, loiras e ruivas, brancas e negras* e cada uma delas tem uma beleza própria. O corpo que tem são de dar inveja em qualquer mulher, elas conseguem tudo o que querem sem muitos esforços e até o que menos esperam.
Mas, essa vida não é para mim!
— Está cansada? — Hillary pergunta chegando ao meu lado.
— Um pouco! Hoje está mais lotado que nunca. — Digo olhando ao redor. — Não tem mais mesas vazias. — Digo mostrando o salão com as duas mãos e realmente, não tem mais a não ser pessoas eufóricas.
— Não tem mesmo, quer dizer, só tem uma reservada e fui olhar lá fora..., fizeram fila, mas tenho certeza de que hoje eles não entram. — Ela diz animada e sabemos o que isso quer dizer.
Hoje é dia de bonificação!
— Vamos ter que começar a trabalhar com reservas. — Digo pensando alto e acredito que quando o andar de cima estiver completo, aí, sim, tudo ficará completo.
— Também acho! — Ela diz rindo comigo e a música muda. — Ah, ficou sabendo quem vem hoje? — n**o* com a cabeça não tendo a mínima ideia. — Davon das indústrias Lynch.
— Não faço ideia de quem seja. — Digo franzindo o cenho e ela revira os olhos.
— Em que mundo você vive? — Dou de ombros sem dar importância. — Susan, ele é um dos homens mais ricos da América Latina, é dono de várias empresas e industrias. — Ela fala só faltando dar a ficha completa dele. — O cara esbanja dinheiro por onde passa.
— E vem parar aqui? — Pergunto não vendo sentido. — Em San José da Califórnia?
— Dizem que ele gosta de privacidade, sei lá! Mas ele é lindo. — Hillary fala numa empolgação que não entendo. — E aqui não é um local pobre, já viu as enormes empresas que temos aqui? — Agora sou eu que reviro os olhos.
— Eu vou atender as minhas mesas. — Falo já saindo de perto dela.
Ando pelo salão passando por umas mesas e ao chegar numa das minhas, anoto o pedido de bebidas e petiscos fritos. Na mesa ao lado, pedem bebidas, petiscos e minis hambúrgueres para acompanhar e dou o tempo de espera para estarem prontos. Faço o caminho de volta para o balcão e deixo as comandas na janela que dá acesso à cozinha, então já começo a preparar as bebidas.
— A mesa vip será usada hoje! — Luiz diz parecendo preocupado.
— A de cima? — Ele confirma e olho bem para ele. — Por que está nervoso?
— Porque receberemos um cliente importante hoje e por onde ele passa, gasta uma fortuna. — Ele fala inquieto e já fica de olho no salão.
— Hum, isso é ótimo, mas relaxa! Todos que vem aqui sempre retorna e é raro alguma reclamação. — Digo a verdade para o acalmar.
— Você está certa! Vou fazer questão de atendê-lo. — n**o* na mesma hora o encarando.
— Peça uma das meninas! Você está nervoso e vai demonstrar..., isso não é legal! Acredito que pessoas como esse aí não gostam disso. — Falo o lógico e Luiz está até suando.
— Tudo bem! Você pode? — Ele junta as mãos e é até engraçado, mas não quero isso.
— O que? Eu? Não, escolhe outra, né..., meninas é o que não falta aqui! — Digo mostrando o salão com a mão. — Olha, todos gostam da Hillary e da Ágata. — Sugiro querendo tirar o meu corpo fora.
— Ok, tudo bem! — n**o* com a cabeça sem entender essa tensão dele.
Prefiro ficar fazendo o meu trabalho e ficar longe dessas tensões.
Quando os meus pedidos ficam prontos, coloco tudo numa bandeja e já começo a servir. Eu tomo todo o cuidado para não esbarrarem em mim e sirvo as bebidas e petiscos da primeira mesa. Depois, retorno para pegar o outro pedido e a festa continua com o show das meninas no palco usando pole dance.
Elas sabem bem o que estão fazendo!