O ALFA DA MÁFIA
Susan Montgomery / Atualmente
A dor* que sinto no meu corpo é grotesca, gritar já não alivia mais nada e não tenho nem forças mais para puxar o ar. O suor desce na minha testa como se queimasse a minha pele, o meu pescoço está completamente molhado por ele e os meus cabelos estão grudados de uma forma que só me faz se sentir mais sufocada. O meu peito doí*, é como se tivesse um peso no meu corpo e tudo só contribui para que eu me sinta desesperada.
Se eu ranger os dentes mais um pouco parece que vou fazê-los cair.
Nada do que escuto agora faz sentido, mas não quero parar até ter o meu filho nos braços.
— Força..., precisa empurrar mais! — A médica fala em incentivo e os meus olhos estão quase revirando. — Mais uma vez, Susan!
Puxo o ar o mais forte que consigo, a minha garganta fica seca onde quase me engasgo. Aperto firme a cama que estou deitada e grito me tremendo por inteira, sentindo bem a minha carne se rasgar. Parece que estou me partindo ao meio, não consigo pensar em mais nada que não seja pedir a tudo que possa me ouvir para que o meu filho nasça logo, porque não sei quanto tempo mais vou suportar.
Estou aqui a mais de dez horas e Davon não apareceu! Nem notícias ele deu!
Estou sozinha!
Eu, a equipe do hospital e o meu filho.
— Isso..., está vindo, mais uma vez... — As lágrimas caem carregadas de desespero, sinto como se a minha alma fosse sair do meu corpo, então, um choro preenche o local. — Isso..., o garotão nasceu!
Me jogo na cama completamente exausta, chorando como nunca chorei na vida e não sinto força de levantar um dedo sequer agora. Até recuperar o ar está difícil, o peito dói*, mas quando me mostram o meu filho todo enrolado, olho bem para ele sentindo um alívio enorme e uma felicidade que transborda no meu peito.
Eu sou mãe!
Apesar das circunstâncias, eu amo o meu filho e farei de tudo por ele. Não programei, não desejei no início, mas, com os dias eu não fui apenas me conformado, eu fui me apaixonando aos poucos e fiz de tudo para a gravidez se seguir tranquila. Comecei uma alimentação adequada, evitei esforços e estreses desnecessários, mesmo sendo impossível com Davon, mas fiz. Tomei bastante água, fiz as minhas consultas certinhas, enfim, fiz tudo o que podia e a cada notícia de que tudo estava bem, eu me sentia tranquila.
Não tinha um dia em que não conversasse com o meu filho.
Olhar para ele aqui, sendo colocado no meu peito* me faz pensar que valeu a pena, porque, é uma parte minha. Fiquei meses desejando ver o seu rostinho, desejando segurá-lo e, mesmo tendo sentido uma solidão e medo perante a situação, tentei me agarrar ao fato de que o meu filho mudará tudo na minha vida.
Deixo um beijo na sua cabecinha e na mesma hora, ele para de chorar e a enfermeira o segura no meu peito para o acalmar e me acalmar também. Sorrio largo ao ver a mancha de nascença no seu pescoço igual à minha e sinto uma emoção indescritível. Me sinto exausta, mas feliz. Acho incrível como a dor* de poucos minutos atrás me trazia a certeza da morte*, mas, agora o meu corpo está leve e não sinto mais nada.
Isso é surreal!
Pouco depois, a enfermeira o leva para fazer os primeiros exames e confesso que fico apreensiva, mas, a médica que me acompanha desde o início, me garante que tudo ficará bem e que assim que acabar os exames, eu o terei nos meus braços para amamentá-lo.
Imagino que deva ser confuso saber disso dessa forma, mas a verdade é que toda história tem um início, meio e fim e nesse caso e nesse momento, estou no meio dela. O início já passou, mas acredito que ele precise ser contato para um melhor entendimento e é isso o que vou fazer, mas antes, eu só preciso saber do meu filho.
Continuo deitada na cama e a médica me prepara para ser levada ao quarto. Confesso que o meu corpo todo está de uma forma que desconheço por completo e o cansaço é enorme, onde nunca senti nada parecido. Mas, pelo menos a dor passou por completo.
Quando finalizam, sou retirada da sala e a cama é arrastada pelo corredor do hospital e fecho os meus olhos brevemente tentando controlar as emoções.
Ao chegar no quarto, sou colocada numa outra cama e ela é elevada para me deixar praticamente sentada. A enfermeira passa uns lenços humedecidos na minha testa, pescoço e braço, com o intuito de me deixar mais leve e confortável, mas além de ver o meu filho, eu só preciso de um banho.
— Senhora! Só me deixaram entrar agora! — Paula diz entrando no quarto. — Me desculpe, mas eu tentei e..., quando disseram que já estava em trabalho de parto, só quem podia entrar seria o Sr. Montgomery. — Paula diz aflita e se aproxima. — Eu tive que esperar na recepção.
— Tudo bem, Paula! A culpa não é sua e o meu filho já nasceu. — Digo a tranquilizando.
— Não queria ter lhe deixado sozinha..., precisava de apoio e sei como é doloroso e assustador ficar sozinha nesse momento. — Realmente, foi o momento mais assustador da minha vida e só quero focar que já passou.
— Mas já passou..., o que trouxe na bolsa? — Pergunto mudando de assunto e ela muda o olhar preocupado.
— Ah, sim! Trouxe um vestido para a senhora usar, um calçado confortável, toalha, produtos de banho e uma roupinha para o bebê! Está tudo aqui! — Ela conta me deixando aliviada. — Tem tudo o que precisa para quando receber alta.
— Você é um anjo! Muito obrigada. — Digo de coração, pois não sei o que seria de mim sem ela agora. — Logo vão trazer o meu filho e você precisa ver! Ele é tão lindo! — Digo me lembrando do rostinho dele.
— Não duvido e não vejo a hora de vê-lo. — Ela fala toda feliz como eu.
Paula é a governanta da mansão Mont.Ly onde trabalha há anos servindo a família. Ela é uma das poucas que ainda está por gerações na máfia americana e, por algum motivo, ela se sente bem em servir na organização. Paula é viúva, tem pouco mais de quarenta anos e desde nova, ela foi ensinada a servir a organização.
Davon Montgomery Lynch é o chefe da máfia, a voz maior, o comandante e representante da organização toda e claro, o único herdeiro atual legítimo. Quer dizer, agora é o meu filho que acabou de nascer, e sim, eu sou casada com Davon, mas, não por opção ou escolha, mas fui obrigada.
Literalmente.
— Olha quem veio ficar com a mamãe! — O meu filho é trazido a mim e já estendo os meus braços para o ter em minhas mãos.
Ao recebê-lo, fico encantada pelo tamanho delicado, pela pele macia, o cheirinho e novamente, sorrio ao ver a marca de nascença.
Ouvir que ele nasceu perfeito, saudável e com o peso ideal, eu só agradeço por esse momento e sorrio olhando cada detalhe dele.
— Escolheu o nome, senhora? — Paula pergunta babando nele como eu
— O nome dele é Magnus Montgomery Lynch. — Respondo mesmo que a escolha não tenha sido minha.
Bom, agora que está tudo bem e que logo poderei ir para casa, eu posso voltar e contar tudo do começo para melhor entendimento.