Capítulo 3

957 Words
Leon Eu andava muito estressado, e a única pessoa que me aguentava era a minha secretária. Acho que ela merece até mesmo um bônus por me aguentar tanto. — O que houve agora, Senhor Vitorino? — ela me pergunta, com uma calma que invejo. — Problemas, Vanessa, como sempre! — digo, querendo tranquilizá-la. Ela era a única mulher que não tentava me levar para a cama ou vice-versa. Acho que ela era imune a mim. Meu p*u nunquinha levantou para ela em saudação. Acho que estou ficando velho mesmo. — Então, hoje o senhor recebeu a ligação da Senhorita Munhoz — ela diz, e gemo em silêncio. Essa mulher virou mesmo uma praga. — O que ela disse? — Para o senhor ligar para ela — Vanessa dá de ombros, como se achasse normal. — Depois eu retorno — mas eu não iria ligar merda nenhuma para aquela louca. Ela cumpriu mesmo a promessa de tornar a minha vida um inferno. Agora a louca disse que estava achando que eu a tinha engravidado. — Bom, o senhor tem reunião com os fornecedores de chocolate daqui a pouco pelo Skype — ouço a Vanessa falando, e eu pensando em como me livrar da Laura. — Droga, tinha me esquecido disso — comento, já estressado por isso. — Mas eu não! Dou um sorriso. — OK, o que mais temos hoje? — pergunto, desejando estar de volta à minha cama. — Já acertei tudo com o Buffet para fazer o jantar de confraternização de fim de ano. — Sério? — olho-a espantado. — Sério, está tudo organizado para a próxima semana, as cestas de Natal e também as de chocolate estão sendo organizadas — ela vai falando o que eu tinha para hoje e também o que adiantou. Ainda estava em choque com ela, por ter resolvido mais rápido o que a minha antiga secretária levaria semanas para fazer. — Meu Deus, mulher, se você não fosse a minha secretária eu me casava com você! — Não, obrigada — ela brinca, e dou risada. Sei que a Vanessa namora um médico. — Nossa, você magoou o meu coração! — brinco, piscando o olho. — Hã… sei! — ela ri, e continua: — Eu não faço o seu tipo, e mesmo que fizesse estou muito feliz com o meu namorado. — Nossa, assim não tem como competir, não — brinco novamente. Vanessa era a única mulher de quem eu gostava, e que não queria abrir as pernas para eu f***r. — Vanessa, há quanto tempo você trabalha para mim? — Hum… — ela fica pensativa e depois abre um sorriso: — Já tem um ano e meio, por quê? — Por nada, não, só curiosidade mesmo. E aí, vai trazer alguém da sua família? — Estou vendo se convenço a minha irmã a vir. — Sério? Eu gostaria muito de conhecê-la. — Vamos ver se ela vem, ela é meio reclusa. — Bom, me avisa, que mando fazer uma cesta para ela também. — Ah, não se preocupe, não, a Duda come os meus chocolates — ri. — Bom, vou lá para a minha mesa, e o senhor já faça a chamada logo, antes que seus fornecedores e diretores fiquem putos com o senhor — ela volta a brincar, e me deixa sozinho. Abro o meu Skype, e não demora muito aparecem os diretores, e começamos a falar sobre a minha empresa de chocolate. Graças a Deus, tenho ótimas vendas. Algumas horas depois… Eu me estico na cadeira. Estava todo dolorido. Não tinha comido nada, e não demora muito a Vanessa entra com o meu almoço. Minha boca se enche de água. — Vanessa, preciso me casar com você! — volto a brincar ao ver que ela tinha feito pedido de arroz branco com strogonoff de frango e batata palha e um suco de laranja. — Eu já disse que não quero me casar com você — ela rebate, ironizando, e deixa a comida. Volto para a mesa e ataco. Deus, aquilo estava muito bom. Não demoro muito e já acabo com a comida e o suco. Levanto-me e vou ao banheiro, onde tenho uma nécessaire com as minhas coisas pessoais. Volto para a minha mesa e continuo a trabalhar até o fim do expediente. Sou novamente interrompido quando a Vanessa entra para me avisar que estava indo embora. — Também já vou — aviso, e logo nos despedimos. Fico ainda mais um pouco no escritório. Quando vou embora, em vez de ir atrás de um “r**o de saia”, sigo para casa. A empresa da qual eu sou presidente foi fundada pelo meu pai, agora aposentado. Ele sempre dizia que o chocolate é mais do que afrodisíaco, é amor, e quando você ama uma pessoa você a presenteia com chocolates. Foi assim que ele conheceu a minha mãe, dando chocolates como presente. Chego logo em casa e, como sempre, a Olívia já deixou a janta preparada. Subo para o meu quarto e tomo um longo banho. Quando estou saindo do chuveiro, o meu celular toca. Reparo que é a minha mãe e atendo. — Oi, mãe, boa noite! — a cumprimento. — Filho desnaturado! — ela se queixa, e dou risada. — Mãe, pelo amor de Deus, eu te vi no final de semana! — replico, ainda rindo. — Filho, eu tenho saudades de você! — ela diz, em tom de queixa. — Eu também te amo! — respondo, tentando imaginar por que ela estava me ligando. — Meu filho, você precisa arranjar uma bela mulher — lá vinha ela novamente com essa história. — Mãe, você sabe que eu nunca vou me casar — lembro-a, e penso que também nunca vou amar ninguém. — Meu filho, escuta o que eu vou te dizer! Não vai demorar e você logo vai conhecer uma boa pessoa e com certeza vai se apaixonar. — Mãe, não fui feito para o amor — confesso, sentindo pela primeira vez uma solidão. — Bobagem, meu filho! Todo mundo foi feito para amar, e você também vai amar alguém algum dia — ela fala com tanta convicção, que quase acredito nela.
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