CAPÍTULO 4

2751 Words
Geovana Continuamos conversando por um longo tempo, ele me contou um pouco da sua infância difícil, que tinha perdido seu pai aos sete anos de idade por bala perdida e foi incentivado pelo irmão mais velho à vida do crime, o mesmo faleceu numa invasão no morro. Sua mãe que se chamava Cláudia nunca concordou com essa sua vida no crime, mas segundo ele era a única opção que tinha. Morava numa casa na favela com sua mãe e irmã mais nova chamada Bruna, que segundo ele era a sua dor de cabeça Logo em seguida contei um pouco da minha vida, de onde era, onde estudava, que o meu pai era um policial federal aposentado e tinha se tornado um alcoólatra que vivia espancando a minha mãe e tentando abusar de mim. Quando toquei nesse assunto meus olhos se encheram de lágrimas e no mesmo instante senti as mãos do Bernardo no meu rosto e me abraçando. Ele era tão amável e carinhoso comigo como ninguém nunca tinha sido antes. Ao seu lado me sentia tão protegida, tão querida e amada. ‐— Como sou uma i****a! — logo pensei Ele deve agir assim com todas as mulheres para conquista-las e depois que consegue o que deseja as descarta como se fossem um lixo ou uma mercadoria inútil. Já ouvi e assisti muitos casos parecidos nos noticiários e também na internet de violência contra mulheres nos morros. Lembrando de tudo isso me afastei dele instantaneamente, me levantei e fui caminhando em direção a saída do morro. Imediatamente ele me puxou pelo braço devagar, porém firme dizendo: — Aonde tu pensa que vai? — Me solta garoto, não pedi para estar aqui. Vou pra minha casa. — respondo puxando meu braço de volta, mas ele me segura mais forte colando nossos corpos e deixando aquela boca perfeita a milímetros de distância da minha "Ai que vontade de beijar e me perder nessa boca gostosa. Mas não posso, estou numa enrascada e preciso sair daqui o quanto antes. Tenho que esquece-lo. Porém não sabia como." — Você não vai a lugar nenhum. Não vou correr o risco de tu sair daqui e nunca mais voltar. Tô amarradão em tu Geovana. Desde que te conheci não consegui ficar com mais ninguém. Vou te dizer que eu até tentei, mas nos meus pensamentos só vinha você. Nunca senti essas paradas antes, tá ligada!? — Para de palhaçada Bernardo. Por acaso tenho cara de idiot@? — falo nervosa — Eu quem estou como um verdadeiro idiot@ desde que te vi. Fico igual um babaca só pensando em você. — Tenho que ir embora. Já passa das treze horas. Com certeza minha família deve estar preocupada comigo. Preciso ir. Depois conversamos novamente. Eu prometo. — Tudo bem. Vou confiar em tu. Vou te levar embora. Mas se tentar fugir te encontro até no interno se for preciso. Entramos no carro e estávamos descendo o morro, quando derrepente demos de cara com um homem com uma fuzil nas costas, uma pistola na cintura, usando um cordão de ouro grosso e em cima de uma moto tinindo de nova. Ele fez um comprimento com o Bernardo, não entendi o que significava, mas deve ser o modo como eles se tratam aqui no morro. Ele me olhou com uma cara de poucos amigos, mas isso não me interessava. O que eu queria mesmo era ir embora o mais rápido possível para não ter que dar explicações em casa. Mas, vou ter que confessar, esse sujeito me da medo. (...) ************* Lucas "LC" Fala aí pessoal. Sou o Lucas, mas conhecido como LC. Sou o chefe do morro da Rocinha. Mando nessa p***a toda aqui desde moleque. Moro com minha mãe Joana. Baixinha marrenta pra c****e, mas tenho que cuidar dela fazer o que né!? Família é família, são a minha base e o meu chão tá ligado!? Também tenho o meu amigo e parceiro da vida do corre que se chama Bernardo, o BN. Nos conhecemos desde pequenos. Somos nascidos e criados aqui no morro juntos como irmãos. Mas de uns dias pra cá o BN tá todo estranho. Não tem pegado mais p**a nenhuma. Vai pros baile, mas volta cedo. Sei lá mermão, o cara deve tá amarrado em alguma v***a por aí e não quer dizer. Deve ser mulher de algum fardado. O BN é f**a cara, só faz merda esse pela saco do c*****o. Vou ter que levar um lero com ele agora, antes que ele meta os pés pelas mãos com essa p***a de coração mole. Sai da boca passei a visão pros vapor perguntando se tinham visto o BN e o menor disse que tinha avistado ele no carro com uma morena indo pro mirante. "Porr@! O BN trouxe a mulher pra cá, mas que c*****o viu." Subi na moto e sai cantando pneu, cheio de ódio já. E quando chego na metade do morro dou de cara com o carro do BN e tinha uma garota com ele. Até que a mina era bonita, mas mina do meu parceiro é homem pra mim tá ligado. Parei a moto, fiz toque de mão com meu parceiro e olhei bem sério pra garota com ele. — Coe BN, é assim agora irmão? Trás tuas peguetes de rua aqui pra comunidade mano? Sabe que essas merdas não pode acontecer. E se essa mina aí for alguma informante e fu.der com nós véi? Tu não pensou nisso c@cete? — Peguete de rua é o c*****o irmão. Respeita minha fiel nessa porr@. O nome dela é Geovana rapá. E quero que tu respeite ela irmão ou caso contrário nós vai ter problema pela primeira vez na vida parça. — ele dizia puro ódio e a tal garota me olhava assustada — Tá ficando doido BN, perdeu a noção do perigo porr@? Só não te dou um tiro agora mesmo porque tu é meu irmão de vida rapá. Mas depois vamo ter um lero na miúda só nós dois, tá ligado! Te espero lá na boca parceiro em dez minutos! Sai cheio de ódio de lá indo direto pra boca, enrolei um baseado e fiquei de boa só pensando no que tava acontecendo com o BN. "Porr@! O que será que essa mina fez com meu irmão cara? Nós nunca brigamos e ele nunca me enfrentou assim." "Put@ merda! Ele tá gamadão, com os quatro pneus arriados pela garota. Ela até que é bonita, mas deixar meu parceiro assim já é demais, com certeza deve ser alguma amarração ou um troço parecido. Só pode ser isso, porque uma parada dessas da noite pro dia não ten explicação. Preciso é mandar fazer um descarrego nesse morro, porque a parada tá pesando." — pensei enquanto a brisa tomava conta da minha mente Cê tá louco! Nunca vou me apaixonar por ninguém, nenhuma mulher presta, são tudo vadias, interesseiras, só servem pra fo.der um pouco e tchau. Tá doido irmão eu me enroscar com ninguém, sou bicho solto, sem sentimentos e essas merda de coração mole. Não tenho sentimento por ninguém é assim tô passando muito bem obrigado. Passou no meu caminho e vacilou é bala na certa, seja homem ou mulher. Tenho as minhas vadias né?! Sou homem e tenho minhas necessidades, mas é só uma fod@ mesmo e rua. Sem beijo, sem abraço e sem sentimentos. Esse sou eu, fazer o quê né? Não falta quem goste e muito menos quem não fique louca por uma f**a e um aguenta bem dado do LCzinho aqui né!? Mas essa p***a de ficar emocionado, há mermão isso é fora dos eixo. Continuei pensando nessas merda e nem me toquei que o tempo voou até que fui surpreendido com o BN empurrando a porta todo revoltadinho. Apago meu back e me sirvo de um r**o de g**o. Encaro BN na tranqüilidade e so uma parada surge na minha mente: "É agora que o caldo vai entornar de vez!" ********** BN Enfim chegou segunda-feira, tô doido pra ver de perto a minha gata linda. c*****o tô gamadão nela e não estou mais conseguindo esconder isso. O LC já tá todo cabreiro comigo e já fez várias perguntas e tal, mas sempre dou uma desculpa. Não posso virar chacota no morro, sou o subchefe dessa p***a aqui e essa cambada tem que continuar me respeitando. Tinha marcado com ela às 10h em frente ao Shopping. Odiava acordar cedo, mas pela minha gata faço qualquer sacrifício. Levantei às 8h fui ao banheiro, fiz minhas higienes, tomei um banho, vesti uma calça jeans, uma camisa meio zíper branca e preta da Calvin Klein e um tênis Nike preto. Arrumei meu cabelo, peguei meu boné preto coloquei a aba pra trás como uso sempre, coloquei meu perfume, um cordão com minha inicial e desci as escadas para tomar um café. Minha mãe me olha surpresa com a boca aberta por eu tá acordado já cedo e todo arrumado. — Vai procurar emprego meu filho? - minha coroa perguntou sorrindo — Coe coroa, tá me tirando? Vou dá um rolê rapidinho pra resolver uma parada aí e já volto. — disse tomando um gole de café e dando um beijo na testa dela — Ve lá o que tu vai fazer hein meu filho! Que Deus te abençoe e te guarde. — ela fala fazendo o sinal da cruz no meu corpo e eu beijo a mão dela em seguida — Dessa vez não vou matar ninguém coroa, é um corre honesto e espero que seja de verdade. — disse lembrando da minha vida que já tava me esperando Dei um beijo na testa da minha coroa e entrei no carro. Segui direto pro shopping. No caminho fiquei pensando que a minha coroa sempre falava nessas coisas de Deus. Será que esse Deus existe mesmo? Deve existir né? Eu escapei de tantas já. Deve ser da minha mãe e da Dona Joana ficarem indo a igreja orar por mim e pelo LC. Esse lance de Deus é muito complicado pra nós do movimento. Nossa vida é só zueira, nem pensamos nessas coisas aí, mas ultimamente tenho começado a levar fé que esse Deus existe mesmo e deve ser por isso que conheci uma mina tão responsa quanto a Geovana. Meu pensamento foi interrompido com meu celular tocando. Olhei era a minha gata avisando que já estava chegando. Comecei a ficar com as mãos suadas e nervoso. "p***a! Isso nunca tinha acontecido comigo, à não ser na primeira vez que tive que mandar um safado direto pro inferno e assim fiz o meu batismo pra entrar no movimento." "c*****o! Essa mulher me enfeitiçou mesmo. Como isso foi acontecer justamente comigo?" Cheguei no shopping e ainda faltava um pouco para o horário marcado. Desci do carro, peguei o celular e enviei uma mensagem avisando que tinha chegado e queria saber onde ela estava. Ela me respondeu no mesmo instante: — Olha pra trás. Quando me virei era como se tivesse a visão do paraíso. p***a! Ela era mais linda do que na foto. Morena, cabelo cacheado até a cintura, estava com uma roupa suave, mas que deixava ela mais linda ainda, e o corpo... Maravilhoso. "Porr@! Se o paraíso existe mesmo eu estava nele naquele momento." Fui em sua direção, dei um beijo no canto da boca, não podia perder tempo né!? Fomos assistir um filme, isso foi só um pretexto pra ficarmos mais pertinho e eu poder sentir seu cheiro, seu corpo e finalmente o gosto do seu beijo. "Nossa! E como ela beija bem." Saímos dali e levei ela pra conhecer o meu mundo, mas claro que não disse onde era e fiz uma surpresa. Ela parecia em outro lugar, sei lá parceiro, não perguntou onde íamos e apenas confiou em mim. Estava tudo na paz até ela perceber que estávamos numa favela. Quando chegamos ela me encheu de perguntas, p***a parecia até policia nesse c*****o. Mas, logo expliquei tudo, conversamos e decidi levar ela pra casa. Mas, ela prometeu que nos encontrariamos novamente. Confiei nela, também como não confiar numa mina responsa como a Geovana? Minha futura mulher e mãe dos meus moleques. Ela ainda não sabe disso, mas logo vai descobrir. Quando estava descendo o morro com a Geovana o veado do LC aparece do nada e chama a minha gata de v***a. Esse arrombado. Só não dei um tiro na fuça dele porque ele é meu parceiro e meu irmão. Mas deixei claro que quando voltasse iria ter um lero sério com ele. Essa merda que ele fez não ficaria assim, ele iria me pagar e muito caro. Deixei a Geovana em casa e dei um beijo nela. Disse que ligaria pra ela mais tarde para marcamos uma saída. Nos despedimos e fui direto pra boca. Cheguei lá, abri a porta com um chute e dou de cara com o arrombado do LC fumando um baseado. — Coe BN, bate mais nessa merda não? — falou jogando o baseado no chão e apagando com a ponta do pé — Se tem algum lugar que vou bater é nessa tua cara de arrombado do c*****o. Como tu chama minha mina de v***a nessa p***a LC? — disse esmurrando a mesa — E como eu ia saber que ela é tua mina o****o? Sou adivinho agora nesse c*****o? — ele grita de volta e continua fazendo a limpeza da pistola — Eu ia te contar porr@. Mas primeiro tinha que conhecer a mina frente à frente. Nos conhecemos pela internet. Ela me enviou uma foto e eu a minha. Mas, primeiro eu tinha que ter certeza que era a mesma pessoa. — Mesmo sem tu conhecer cara a cara já tava todo mudado porr@, tô mentindo? Pensei até que tu tava comendo alguma mulher desses verme aí. De nós dois, tu sempre foi o único que gostava desse tipo de mulher. — Tá doido fio? Parece que não me conhece nessa merda. A última vez que comi mulher desses verme foi quando tinha dezoito anos. E já mandei os dois pro inferno. Tu sabe bem disso LC. — puxo a cadeira com o apoio virado pra trás e sento — Tu tá gamadão nessa garota. É a primeira vez que te vejo assim irmão, todo caído e fica igual um demente olhando pro nada, até suspirando igual uma mocinha já te peguei. Tá passando recibo já! Qual é o nome dessa garota? Ela é de onde? Já puxou a ficha? — LC falava enquanto montava a pistola — O nome dela é Geovana. Mora na Gavea com os pais. O pai dela é policial federal aposentado. Mas o velho é alcoólatra, bate na mulher e já tentou abusar da minha gata. Mas vou dar um papo nela pra ela vir morar comigo aqui na comunidade. Não quero ela perto daquele velho escroto. Não tô afim de dar um tiros nos corneo daquele velhote. — c*****o veio, ela é uma patricinha porr@. Tu acha que ela vai largar tudo pra ficar contigo? Um favelado e ainda por cima traficante? Tu tá doidão nano. Por isso, que mulher pra mim é só pra fuder e jogar no lixo. Apaixonar? NUNCA! — LC disse sorrindo — Vai me zoando mesmo. Teu dia vai chegar irmão. Um dia tu vai conhecer uma mina que vai te botar no chinelo. Vai te fazer de gato e sapato. E vou tá aqui pra rir da tua cara também nesse c*****o. Tu vai ver só babaca. — disse sorrindo e dando tapa nas costas dele — Eu? LC? NUNCA! Sou bicho solto irmão, nasci pra viver sem coleira. Mas fico feliz por tu e desejo que tu seja feliz com a tal Geovana, por quê tu merece irmão. — LC fala e se levanta me dando um abraço Nós tava conversando de boa e do nada o radinho toca. LC atende e era Vitor, um dos nossos soldados de confiança, e futuro chefe da segurança. — Coe Vitor, passa a visão p***a! — Chefe, tem um grupo de pessoas querendo subir no morro. Tão dizendo que são da Igreja Central e vieram fazer uma visita na casa da Sra. tua mãe, Dona Joana. Libero patrão? — Ai meu c*****o viu! Hoje é o dia dos problemas e das tretas nessa merda. Minha coroa é f**a viu!? — LC respira fundo e coça a cabeça nervoso — Mas pode liberar a subida desse povo aí Vitor e vamo vê no que essa merda vai dá. Continua...
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