Deus! Trabalhar na casa desse homem será um desafio.
Sim, admito que ele deva ter muitas mulheres interessadas. Nunca um homem mexeu tanto comigo como Murat. Sinto um certo nervoso ao pensar nisso.
—Ele...é simpático. —Digo para disfarçar colocando a foto no lugar e forçando um sorriso como se eu não o reconhecesse.
Norma ri.
—Essa é boa! Simpático? Vamos menina, vamos para a cozinha. Vou te dar alguns livros de receitas para você estudar. Depois do almoço faremos a sobremesa para o jantar e uma sopa de legumes para o senhor Çelik.
—Está certo.
Eu relanceio meus olhos para a foto novamente e a sigo arrepiada. O coração acelerado no peito, abalada com a imagem do Adônis, o homem que desde aquele dia perturba meus sonhos.
Gente que serviço é esse? Suspiro satisfeita.
Passei o dia comendo e lendo receitas. Agora à tardinha estou ajudando Norma a cascar alguns legumes, picando tudo para ela fazer a sopa do homem.
A sobremesa eu me prontifiquei a fazer. Fiz um manjar branco, uma receita da culinária brasileira.
Como sei receitas desse país?
O hotel que eu trabalhava tinha uma brasileira, uma chef de cozinha que me passou essa receita.
—Hum, será que Murat irá gostar disso? —Norma questiona quando vê que eu estou engrossando o leite com a maisena, depois de ter acrescentado o leite condensado, o leite de coco e o coco.
—Acredito que sim. Depois que ficar gelado levará uma calda de ameixa em cima.
—Murat não gosta de ameixas.
—Não? —Questiono mexendo o mingau grosso, preocupada. —Bem, então vou por uma calda de açúcar.
—Melhor.
Deus! Só falta ele não gostar da minha sobremesa!
Por que eu fui inventar?
Era só deixar Norma me ensinar uma receita que ela costuma fazer para ele.
Perto do jantar, eu me sinto inquieta, nervosa.
Pare já com isso! Aja normalmente e se ele não se agradar da receita, simplesmente vai dizer que não gostou e pronto!
A cozinha tem uma saída para a área externa onde fica a lavanderia e uma vista magnífica do jardim. Olho tudo buscando um momento de paz.
—Ester! —Quase dou um pulo com o chamado de Norma.
Entro na cozinha.
—Murat chegou, enquanto ele toma banho arruma a mesa como eu te ensinei.
—Está certo! —Digo e marcho como um soldado para a cozinha pegando aos poucos tudo que preciso e levando tudo à mesa em algumas viagens.
Coloco um lindo apoio de prato na mesa, em cima dele a lindíssima porcelana azul e branca que deve ser caríssima e o copo de cristal ao lado. O guardanapo amarrado com um barbante dourado em cima do prato. A jarra de suco de uva gelado, a colher de prata ao seu lado direito. Então vou buscar o cesto com pães caseiros feitos hoje mesmo por Norma. Eles estão exalando um aroma maravilhoso por serem frescos.
Entro na sala com o cesto na mão, estremeço quando ouço passos de alguém na sala, giro a minha cabeça para ver quem é.
Deus! Para quê? Eu deveria ter ido para a cozinha.
Meu coração explode em meu peito querendo sair pela boca. Todo meu corpo reage com sua visão magnífica, maravilhosa. Deus, ele continua perfeito e sem aquelas muletas melhor ainda...
Preciso sair daqui, silenciosamente, sem que ele me veja, mas minhas pernas não reagem e fico congelada no lugar, olhando esse homem estacada. Todos os meus sentidos bombardeados com sua linda imagem. Meus olhos descem por sua figura esplendorosa.
Ele está vestido com um short branco e camiseta branca, sandália de couro nos pés. Alto, ombros largos, musculoso, pernas poderosas, pele bronzeada e pelo volume dos shorts não preciso dizer que esse homem é uma máquina....
Sinto-me nervosa com tanta perfeição. Enfim, consigo sair antes que seus olhos distraídos encontrem com os meus e aí o dano será muito pior: vou virar uma estátua de sal.
Eu entro rapidamente na cozinha. Norma me procura com os olhos, mas eu não olho para ela, e me virando, abro a geladeira e entro dentro dela.
Preciso ganhar tempo, ar, me recuperar.
—O que você está procurando?
Foco o manjar branco e me arrependo até o último fio de cabelo por ter mudado a rotina da casa.
—Vendo se o manjar está gelado. —Digo e fecho a geladeira.
—E está?
—Sim. —Forço um sorriso.
—Você viu se Murat já está sentado à mesa?
—Sim.
—E?
—Ele está lá?
Ela ri.
—Então leve a sopa para ele!
Estremeço.
—Certo! —Eu pego com dois panos as alças do sopeiro turco que vale uma nota, pois segundo Norma, é da Dinastia Otomana e caminho com ele em direção a mesa de jantar.
Minhas emoções estão mais sobre controle, mas meu coração insiste em bater agitado no peito. Murat está sentado na cabeceira de costas para a cozinha. A cabeleira n***a é cheia, dá vontade de passar a mão por eles, eu senti uma vez, eles são macios e ao mesmo tempo grossos.
Desvio meus olhos da sua figura máscula com seus ombros largos e passando na lateral da mesa coloco o sopeiro no descanso. Sem olhar para ele, pego a concha e abro o sopeiro.
—Pode deixar que eu me sirvo.
Ah! Ótimo! Imediatamente deixo a concha dentro do sopeiro.
—Daqui a pouco eu trago a sobremesa. —Digo e me viro e saio rapidamente.
—Espere! —Ele diz quando eu já estou perto da cozinha.
Eu giro meu corpo com o coração a mil por hora, meus joelhos trêmulos, meu estômago se revirando.
Agora será meu fim.
Qual será sua reação a meu ver?