Júlia Narrando
Voltei para dentro de casa e fui para meu quarto fazer chamada de vídeo com as meninas que me atenderam na primeira chamada.
— Preciso de vocês. — Eu falo e elas se assustam.
— O que houve? — Ray fala.
— O cara que bati no carro dele é dono de um morro e veio aqui em casa me chamar para ir em um baile no morro dele.
— E você aceitou né? — Tamara fala.
— Sim! Mas disse que ia levar minhas amigas e é claro que vocês vão. — Eu falo torcendo os dedos.
— Eu tô dentro. — Tamara fala animada.
— Eu não sei não! Nunca fui nesses lugares tenho medo de morrer na mão dos traficantes. — Ray fala.
— Para de ser frouxa Rayane! Você vai sim. — Tamara fala confirmando pela Ray.
— E por isso que amo vocês meninas. — Eu falo.
— Tem certeza que quer ir? — Ray pergunta mais uma vez.
— Sim! Ele não cobrou o concerto do carro mas quer que vou em um baile em troca.
— Você é muito louco amiga. — Ray n**a com a cabeça.
— Vai ser só uma vez e nunca mais pisamos lá. — Eu falo.
— Onde vamos se encontrar? — Tamara fala.
— Eu estou sem carro mas p**o o Uber de vocês duas. — Dou a ideia.
Combinamos o local que vamos se encontrar e eu fui preparar minha roupa para poder ir no baile, tô com um pouco de medo mas eu aceitei agora vou ter que ir e que dê tudo certo lá. Pedi para dona Gisele me ajudar com uma mentira.
— Menina! Você é corajosa de ir nessas favelas. — Gisele fala.
— Eu sei! Mas é só pela dívida depois não piso mais em um lugar assim.
— Ta bom! Vou te ajudar e tomara que volte viva de lá.
— Obrigada! E por isso que você é a melhor cozinheira da casa.
— Espertinha você.
— Depois te dou um presente. — Falo e beijo o rosto dela.
Vou tomar um banho e ficar bem cheirosa sei que não vou pegar ninguém daquele lugar e nem quero me envolver com traficantes, vesti um vestido preto de renda aberto nas costas e com muito brilho, coloquei nos pés um salto 15 da cor prata e fiz minha maquiagem o cabelo eu deixei solto só passei uma chapinha. Antes do meu pai chegar eu sai de casa e fui pra casa da Tamara as minhas amigas já estavam me esperando.
— Que gata! — Tamara fala ao me ver.
— Obrigada! Vocês também estão gatas.
— Tem certeza que querem ir nesse baile? — Ray fala com medo.
— Agora que estamos aqui não vamos voltar atrás. — Tamara puxa Ray pelo braço e entramos no Uber.
— Moças! Não vou subir tenho que deixar vocês aqui. — O Uber fala quando para em frente do morro.
— Tudo bem! Subimos andando. — Eu falo e Ray me olha de cara feia.
— Vamos subir essa favela de salto? — Ray fala quando descemos do carro.
Fomos barradas na entrada do morro e um homem de cara fechada nos anuncia em um rádio.
— Fala que tô mandando buscar elas aí. — O traficante fala.
— Já é patrão. — O que barrou a gente fala.
— Um carro de luxo parou na entrada do morro e nós entramos ele subiu até a uma quadra e nós descemos indo até o bar que tem ali.
— O que vão beber? — O barman fala.
— Eu quero uma água. — Eu falo.
— Para mim pode ser uma cerveja. — Tamara fala.
— Eu não quero nada. — Ray fala e olha ao redor da quadra.
Fui pagar o barman pelas bebidas e ele falou que é por conta da casa eu insisti mas ele não quis aceitar, ainda era de dia e o sol da tarde estava se pondo eu e as meninas fomos andar pela quadra conhecer mais do local, conhecemos Samuel ele é gay e muito divertido e trabalha de secretário para um empresário no centro da cidade.
— Vou mostrar o morro pra vocês! — Ele fala e puxa eu e as meninas.
— Vão amar aqui parece ser perigoso mas é muito tranquilo o dono daqui não aceita nada que prejudique os moradores.
— Faz tempo que mora aqui? — Eu falo.
— Sim! Eu cresci aqui no morro. — Samuel fala.
Rayane é Tamara já estavam se enturmando e a Ray ficou mais tranquila depois de converse com o Samuel, a cada hora o dia foi sumindo e meu celular não parava de vibrar dentro da bolsa meu pai me ligava em todo momento, mandei mensagem a ele dizendo que estava em uma reunião com a Ray e pedi que ela confirmasse caso ele ligasse para ela.
— Venham conhecer minha casa. — Samuel para em frente a uma casa muito bonita e bem cuidada.
— Que linda sua casa. — Eu falo quando entro pela porta.
— Eu gosto de cuidar da minha casinha e sempre que posso e me sobra dinheiro faço uma reforma. — Ele fala.
Ele mostrou todos os cômodos da casa dele para mim e para as meninas e pediu ajuda na roupa que ele vai usar hoje no baile, ele tirou várias roupas do guarda roupa que parecia não acabar mais, ajudamos ele na escolha da roupa e eu fiz uma maquiagem nele.
— Que Mara ficou essa maquiagem. — Ele fala quando olha no espelho.
— Minha amiga arrasa nas make que ela faz. — Tamara fala.
Terminamos de arrumar o Samuel e voltamos para a quadra o baile estava começando e o pessoal que mora na comunidade começou a chegar, Samuel falou que hoje vai ter um MC famosos tocando no baile e eu já fiquei animada nunca vi um MC de perto, até que não é r**m viver aqui mas eu quero distância.
— Eai loira. — O traficante chegou.
— Oi! — Eu falo envergonhada com o celinho que ele me deu.
— Bora lá pro camarote, chama suas amigas. — Ele segura na minha mão.
— Eu sei andar sozinha! — Puxo minha mão da dele.
Chamei as meninas e subimos para o camarote de longe uma mulher ficou me olhando de cara feia e eu já não gostei da ideia de ter vindo nesse baile.