De: Érica Isabel Langa
Assunto: Má interpretação
Para: Alonso Haru Cassano
— Caro senhor Cassano, assim como eu, espero que o senhor esteja a gozar duma boa saúde. Receio, que o meu último e-mail tenha sido m*l interpretado, ao falar que estamos em desvantagem, não me referia ao aspecto físico. Fallon e Ben conheciam um ao outro fisicamente? Sim, mas eles não se conheciam só fisicamente, eles sabiam uma e outra coisa sobre outro. Por exemplo, o Ben sabia quem era o pai da Fallon e é sobre isto a que me refiro, nós trocamos cartas mas eu não sei qual é a tua idade e você a minha, eu sei que estás na Itália, mas qual parte da Itália? Você tem irmãos? O que faz da vida? E se você for um psicopata? É disso que se tratava a minha desvantagem ou vai me dizer que não tem curiosidade em saber quantos anos eu tenho?
Escrevi o e-mail com todo o meu nervosismo, minhas mãos não paravam de tremer, para conseguir escrever o mesmo, tive que tomar alguns medicamentos para me acalmar, com os medicamentos, a minha mente ficou entorpecida e consegui relaxar um pouco. Assim que terminei de escrever o e-mail, enviei, fiquei controlando a caixa de entrada do mesmo e nada. Fiquei a espera de seu retorno por cerca de trinta minutos e nada de ele responder. Naquele momento, a ansiedade me fez esquecer completamente de tudo, eu me esqueci que ele é humano com vida própria, me esqueci da diferença do fuso horário entre Moçambique e Itália, eu me esqueci de tudo e comecei a pensar num monte de bosta.
Depois de ficar uns bons minutos, se não horas, esperando pelo retorno dele, me cansei e fui procurar um livro para ler, procurei um livro na minha biblioteca virtual. O livro era de um autor anónimo, o livro foi do gênero Fanfic, a Fanfic que estava lendo era do ship “ Dramione” EU sou simplismente louca por esse ship, mesmo que alguns não concordassem com o ship, eu simplesmente amo ver Draco Malfoy engolir todas as palavras feias que ele alguma vez se atreveu a proferir contra Hermione, ver Draco Malfoy, se humilhando por uma sangue ruím é simplesmente magnífico, o karma fazendo o seu trabalho, ele dependendo da Granger para não morrer é simples inexplicável o quão satisfatório é.
Em meio a leitura, que durou algumas horas ou alguns minutos, não sei dizer, recebi uma notificação informando que recebi um novo e-mail, de quem? Nem preciso dizer.
De: Alonso Haru Cassano
Assunto: Conhecendo-nos com mais profundidade
Para: Érica Isabel Langa
— Cara senhorita Langa, receba as minhas mais sinceras saudações. Que bom que, resolvemos o nosso impasse, neste caso, a senhorita tem muita razão, essa é a nossa desvantagem mesmo. Bom! Como a senhorita está curiosa sobre mim, eu lhe darei informações básicas sobre mim. Eu me chamo Alonso Haru Cassano, tenho vinte e dois anos, sou estudante de astrofísica e sou pintor amador, tenho dois irmãos mais velhos ( Mateu e Antonella) os meus pais são ( Leonor e Gustavo Cassano). Sou alto, uns bons um metro e oitenta, sou extremamente magro, mas nem tanto, a minha família diz que sou muito exagerado, talvez tenha exagerado um pouco. Beijos de seu amante desconhecido, não tão desconhecido assim.
Assinado: Alonso Haru Cassano.
Lí o e-mail umas três vezes e o facto de ele frisar que era muito alto, foi fantástico. Há alguns dias atrás, depois que ele respondeu as minhas cartas, eu não pensei muito na aparência dele, então, ele ter informado no e-mail que era exatamente alto, foi fantástico para mim. Fiquei mais aliviada, por ter mais informações dele, apesar de serem informações superficiais, era melhor que, nada. Apesar de ser ansiosa, eu não respondi logo ao e-mail, não queria que ele pensasse que sou uma desesperada, mesmo que eu fosse realmente desesperada. Na manhã seguinte, enviei um e-mail mostrando a minha satisfação por conhecer um pouco mais dele.
De: Érica Isabel Langa
Assunto: Desfazendo os nós
Para: Alonso Haru Cassano
— Caro senhor Cassano, sinto-me extremamente lisonjeada, por conhecer mais da sua pessoa. O senhor me parece alguém extremamente interessante, me é de muito gosto, fazer parte de seu meio. Eu colocaria alguns informações sobre mim nesse e-mail, mas o senhor sabe praticamente tudo sobre mim, então se tiver alguma dúvida é só escrever.
Assinado: Sua amante desconhecido, Érica Isabel;
Pode parecer clichês demais, mas se antes de saber que Haru era real, eu já estava apaixonada por ele, depois dos emails, eu já tinha até os nomes dos nossos três filhos. Nós ficamos meses trocando mensagens eletrônicas, em todos os dias, quando falo todos os dias, foi todos os dias mesmo, com alguma discrepância nos horários, mas nada que atrapalhasse a nossa interação.
Bom! Você deve estar se perguntando, e Antônio? Depois do dia no jardim, ele simplesmente me excluiu da vida dele, não quis falar comigo, não me deixou explicar. Ele simplesmente disse que não precisava, de mais motivos para ter o coração quebrado. Foi muito forte ouvir isso, eu não tive a intenção de machucar ele, mas parece que nem ele, nem o destino entenderam isso. Depois de meses conversando todos os dias sem falha, Haru simplesmente parou de responder aos meus e-mails, ele sumiu da minha vida, o karma voltou para me fazer sofrer.
Numa manhã depois de um mês inteiro, sem receber uma resposta sequer dele, eu resolvi me humilhar, eu escrevi um e-mail, mendigando a atenção de um desconhecido que não era nada meu, eu nem sequer sabia se estava realmente conversando com ele.
De: Érica Isabel Langa
Assunto: Só venho saúda-lo
Para: Alonso Haru Cassano
— Caro senhor Cassano, sou eu mais uma vez, venho por meio desta, perguntar se o senhor tem gozado duma boa saúde, visto que, o senhor sumiu e não deu mais sinal de vida, por uma semana. Não quero que,se sinta pressionado a responder o meu e-mail, só preciso saber se o senhor está bem.
Assim que terminei, enviei o mesmo, não estava a espera duma resposta imediata, afinal de contas, se ele não enviou nenhuma resposta em um mês de sumiso, talvez estivesse ocupado e não tivesse tempo para responder os e-mails duma doida varrida. Foi o que falei para mim mesma naquele dia, foi só uma desculpa para me acalmar. Passou-se uma semana e nada, eu estava começando a ficar desesperada e chateada, eu só precisava duma resposta da parte dele.
Em meu quarto, eu rebolava de um lado para o outro, a sensação de estar voltando a estaca zero, estava voltando a minha loucura, eu fui realmente patética.
— Ericaaaaa! Vem cá! — saí do meu transe, assim que, escutei Isabel berrando por mim.
— Entra! — respondi a mesma. Isabel, abriu a porta principal e levou um minuto até o meu quarto, ela estava trajada de seu jeans azul costumeiro e blusa roxa, cor das Army's.
— Oi amiga, tenho novidades — falou exaltada, como se não visse a hora de me contar as novidades.
— Conta, você sabe que, sou Fofoqueira — respondi com a mesma animação.
— Então! Lembra do bonitão da minha faculdade? — questionou, e eu maneie a cabeça de cima para baixo concordado. — Ele pediu o meu número! E nos falamos no w******p! — gritou a bomba como se, não visse a hora de contar a mesma.
— Não acredito! Sério? Você tomou coragem e falou com ele? — questionei chocada, afinal de contas, já se passavam semanas em que, ela não parava de falar do bonitão.
— Sim! Eu tomei coragem e falei com ele, e trocamos números — disse animada. — Mas e você? Como está com o seu Haru? — questionou já mudando de assunto. A pergunta dela, fez-me naquele momento, lembra que, eu estava há duas semanas, sem nenhum tipo de informação sobre o meu Haru, ele não respondia aos meus e-mails, e isso deixava-me triste.
— Ah! Eu não sei, há duas semanas que, ele não responde aos meus e-mails, então, não sei dizer se ele está bem ou m*l — respondi triste e melancólica.
— Uhm! Devemos ficar calmas amiga, talvez ele não tenha visto os mesmos, talvez esteja ocupado, você falou que ele estuda astrofísica, e você sabe, tudo que, entra física é cansativo — ela disse, tentando me animar, e isso até certo ponto me deixou animada, afinal foram só duas semanas, eu não precisava de dar chiliques por isso, ele nem sequer era meu namorado.
— É, você tem razão — respondi com um pouco de esperança.
— Mas, para te deixar mais tranquila, podemos enviar um e-mail e logo em seguida, fazer uma vídeo chamada, para que, ele preste atenção no e-mail dele, o que acha? — Isabel sugeriu e eu achei a ideia dela, brilhante.
— É, você tem razão, vamos fazer isso — respondi. Seguindo o conselho da minha amiga, escrevi mais um e-mail, com as esperanças renovadas.
De: Érica Isabel Langa
Assunto: Uma breve saudação
Para: Alonso Haru Cassano
— Caro senhor Cassano, sou eu mais uma vez, espero que, o senhor não esteja muito ocupado e que, o meu e-mail, não o esteja atrapalhando, só vim por meio desta, perguntar se o senhor está a gozar duma saúde, eu cá deste lado, estou óptima e espero que o senhor também.
Terminei o e-mail, com as esperanças renovadas, tanto que, esqueci-me da minha amiga fofoqueira.
— Porquê escrever tão chique? Esse Haru por algum acaso é um poeta? — questionou confusa, isso só me fez rir.
— Não, mas isso deixa as coisas mais românticas — respondi com humor na voz, afinal, ninguém entendia esse meu lado arcaico.
Enviado o e-mail, acompanhei Isabel até sua casa, e fiquei lá fazendo tempo para que, por algum milagre a minha chamada, tenha chamado a atenção dele. Depois de muito tempo na casa da Isabel, voltei a casa super ansiosa e ao mesmo tempo apreensiva, afinal de contas, ele podia muito bem, não responder o e-mail por mim enviado. Assim que, cheguei, corri para o quarto e para a minha surpresa e animação, lá estava mais um e-mail dele, abri o mesmo afobada e feliz, contudo, a minha felicidade só durou até o segundo parágrafo do e-mail, o meu coração e psicológico não estavam preparados para o que, estava por vir.
De: Alonso Haru Cassano
Assunto: O fim de algo que, nem devia ter começado
Para: Érica Isabel Langa
— Cara senhorita Langa, eu estou muito bem de saúde e espero encarecidamente que, a senhorita esteja a gozar duma boa saúde também. Venho por meio deste e-mail, informar a senhorita que, a minha saúde está bem, e informar a senhorita sobre o meu repentino sumiso.
Cara senhorita Langa, nesses meses que, temos trocado e-mails, assim como acho que foi bom para a senhorita, digo que compartilho da mesma satisfação. As suas cartas electrónicas, chegaram em minha vida, como pequenas luzes em um momento em que, a minha vida estava sufocada por trevas, como a senhorita bem disse, os seus sonhos a salvaram do abismo eminente, eu digo o mesmo, suas cartas, salvaram-me também, do meu abismo. Em um momento em que, pensei que, nada mais importava, suas cartas vieram e mostraram-me que, ainda existe um espaço para mim nesse labirinto sem saída, chamado vida. Contudo, cara senhorita Langa, a pesar disso tudo, somos duas pessoas diferentes, pertencentes a mundos completamente distintos, até às nossas línguas diferem entre si, foi mera coincidência e pura sorte que, eu soubesse falar português, caso não, suas cartas, seriam, meros rabiscos escritos em uma língua desconhecida, rabiscos esses que, guardavam o mais puro e genuíno amor alguma vez sentido por alguém.
Fico imensamente lisonjeado por ter sido escolhido, para fazer parte da sua história, contudo, receio ter que, terminar por aqui, essa nossa história que, em minha humilde opinião, não devia terminar assim, mas como é sabido, a vida não é justa, e não é justo que, a senhorita pare sua vida, por alguém que, nem conhece o rosto, não posso ser egoísta a esse ponto. Desejo-lhe toda a felicidade do mundo, permita-se viver, dê chance ao amor, olhe para o lado, talvez o amor esteja na porta ao lado, não se prenda a essa incerteza, a senhorita é muito jovem e linda, estou certo que, encontrará alguém, bom e real e que, vá ficar ao seu lado, por muito tempo.
Do seu eterno amante desconhecido, Haru.