Capítulo Onze

2505 Words
De: Alonso Haru Cassano Para: Érica Isabel Langa Assunto: Acho que sou o seu amante desconhecido. Cara senhorita Érica, espero encarecidamente que esteja a gozar de uma boa saúde. Talvez a minha carta, vá chegar um pouco tarde, talvez quando ela chegar, a senhorita já tenha lido esse e-mail, primeiro as apresentações, eu chamo-me Alonso Haru Cassano e acho que sou o seu amante desconhecido. Como eu sei? Por quê não respondi as cartas? Por quê não entrei em contato? Vamos a primeira questão, como sei que sou o seu amante desconhecido, porque em toda a Itália eu não conheço ninguém com este nome" Haru", á não ser que a senhorita quisesse enviar a carta para o Japão e tenha falho o endereço. A segunda questão, eu não respondi antes às suas cartas, porque até alguns dias atrás eu estava desacordado e só recebi às suas cartas há duas semanas atrás. A terceira questão, por quê não entrei em contato, eu queria enviar uma carta também porém, não conheço o seu endereço, então aconteceu toda esta confusão. Cara senhorita Érica, quando eu recebi a sua primeira carta, eu pensei "uau eu devo ser muito bonito, para alguém só apaixonar-se pelo meu corpo e voz. Brincadeira, sabe eu nunca achei, que a senhorita fosse uma louca, na verdade, eu amei receber às suas cartas. Não que, não tenha estranhado, mas ler as confissões de uma menina com fictosexualidade que, assumiu seu problema, se arriscou em mandar cartas para o desconhecido, é realmente interessante, quais eram as chances de eu ser real? Nulas, pois, é. Suas cartas fizeram-me ver o mundo de um outro modo, numa perspectiva diferente, uma nunca antes vista por mim. Com suas cartas, eu percebi que, a vida é curta demais para se viver com arrependimentos, a vida é curta demais, para não se fazer aquilo que realmente queremos, a vida é curta demais para não defender nossos ideais. Então senhorita Érica, não desista de mim, não pare de enviar as cartas, eu preciso delas, Como a senhorita mesma disse " elas são como uma brisa de ar fresco" as suas cartas, são a minha brisa de ar fresco, elas reabastecem os meus pulmões, todas as vezes que sinto que, o mundo está me sufocando, todas as vezes que sinto que todos os meus pensamentos vão me engolir. Suas cartas senhorita Érica, trazem-me de volta ao mundo real, quando a minha mente fica barulhenta demais e eu não sei mais, o que é real ou irreal. Cara Érica, eu acho que somos dois viciados aqui, eu e a senhorita, pois assim como a senhorita não consegue ficar sem escrever para mim, eu também não consigo me atrevo a dizer que, eu não consigo viver sem ler as suas cartas, eu preciso delas, para viver, elas deram e dão sentido a minha existência, não quero que fiques chocada pelo que eu estou dizendo, infelizmente eu não estou apaixonado pela senhorita, ainda, mas eu lhe digo que tenho um carinho muito forte pela senhorita e pelo pouco que lí, eu sinto como se tivéssemos uma conexão especial que é capaz de superar as barreiras da mente, tempo e espaço. Talvez tenhamos sido amantes em outras vidas. Bom, eu não queria falar muita coisa, mas ao escrever esse e-mail, eu senti como se a senhorita estivesse aqui. Essas são as minhas redes sociais: f*******:- Alonso Cassano, i********:- Haru Cassano. Eu espero que ao receber esse e-mail, a senhorita ainda esteja a espera do meu retorno, com todo o meu amor e carinho, eu lhe envio muitos beijos e abraços. Do seu amante desconhecido que não será tão desconhecido assim Alonso Haru Cassano. alonsoharucassano@gmail.com O e-mail era longo demais, muito bem escrito, muito melhor que as minhas cartas, parecia que ele tinha realmente recebido as minhas cartas. Eu li e reli o e-mail várias vezes mas a sensação de estar num sonho não saia de mim. Eu sentia medo de ser acordada daquele sonho, mas ao mesmo tempo, eu queria acordar, porque na mesma proporção que aquilo parecia um sonho, aquilo parecia um maldito pesadelo. Um sonho, porque ele realmente existia. Um maldito pesadelo porque, quando finalmente estava começando a me acostumar com sua não existência, ele surgiu das cinzas para atormentar a minha vida. — Érica, está tudo? Por quê está chorando? — saí do transe em que me encontrava, virei-me assustada ao escutar a voz de Antônio. Com o e-mail, eu me esqueci completamente da presença dele, foi só Haru enviar um mísero e-mail que Antônio voltou ao posto de melhor amigo fofo. — Sim, está tudo bem — minha voz saiu rouca, sem nem perceber, eu estava chorando por causa do maldito e-mail, um mísero e-mail, foi o suficiente para me fazer voltar a estaca zero. — Então por quê está chorando? — questionou, limpando minhas lágrimas com o seu polegar. Ele estava realmente preocupado e eu ali chorando por causa de um fodido e-mail que nem sequer sabia se era ele ou não. — Ah! — suspirei apressadamente — Não foi nada — falei tremendo, não conseguia pensar em uma desculpa para as minhas lágrimas naquele momento. O que diria para ele? « Olha! A razão de todas as minhas noites m*l dormidas, me enviou um e-mail e adivinha, ele não é um fantasma » — Como nada, você leu algo aí no seu celular e começou a chorar — disse erguendo o meu queixo, para que o encarasse. Eu não conseguia olhar para ele, sabendo que no final eu quebraria seu coração. — Está tudo bem okay! Eu estou bem — falei tocando em seu ombro como forma de conforto. Eu precisava sair dali logo. — Está bem, finjo que acredito boneca — murmurou colocando o meu cabelo atrás da minha orelha — Eu gosto quando ficas com o cabelo natural — disse se aproximando — Ele cheira bem — falou cheirando o meu cabelo. Eu nunca entendi o porquê dos personagens masculinos de romances gostarem de cheirar os cabelos das mocinhas, isso é esquisito, o que tem de interessante num mato cheio de caspas? Que fetiche mais estranho. — Ah! Obrigado — agradeci gaguejando, tentei me desvencilhar de seu aperto, mas eu precisava ser cautelosa para que não ficassemos numa situação constrangedora. — O que foi? — questionou estranhando a minha reacção. É óbvio que estranhou, há alguns minutos nos beijavamos feito dois adolescentes apaixonados e do nada eu queria fugir. — Nada, eu só tenho que voltar para casa, já está ficando tarde — murmurei envergonhada, já arrumando a minha pasta, eu precisava fugir dele e ficar com a minha amiga. — O que é isso agora? Estávamos tão bem Érica! — sua questão souo tão triste, seu rosto transparecia tristeza e decepção. — Não é nada, eu só tenho que voltar para casa — gaguejei tentando me afastar dele, eu precisava ficar longe dele, para colocar os meus pensamentos em ordem. — Como nada? Até alguns minutos atrás iríamos nos beijar novamente, mas logo que leu sei lá o quê, você mudou da água para o vinho — gritou irritado comigo, pela primeira vez, ele tinha levantado a voz para mim. Eu nunca o tinha visto irritado, foi a primeira vez que o vi irritado, foi a primeira vez que ele elevou o tom para mim. — Eu já disse que não foi nada! — gritei um pouco irritada também, só porque ele estava magoado, ninguém o dava o direito de gritar comigo. — Como nada? Eu não sei o que você leu aí, mas seja o que for, fez com que mudasse drasticamente — ele baixou o tom de voz, mas não deixava de ser um tom magoado. Eu me sentia péssima por fazer aquilo com ele, eu não devia ter dado esperanças para ele, sendo que, ainda ansiava com todo o meu ser que Haru fosse real. Mas como, que eu saberia que ele é real? Mesmo desejando que fosse real, uma parte de mim, sabia que aquilo era impossível. — Eu sinto muito Antônio, mas eu não fiz por m*l, eu não sabia, me perdoa por favor — me desculpei desesperada e a única coisa que ele fez foi me olhar como se eu tivesse duas cabeças. Seus olhos estavam vermelhos, suas lágrimas estavam acumuladas e faltavam pouco para cair. — Do que você está a falar? Você não sabia de quê? O que você leu? —indagou com o mesmo semblante de antes. Suas mãos abanavam como se ele estivesse se controlando. — Eu não posso te falar, sinto muito — retruquei tremendo. Ele rangeu os dentes e apertou seus punhos. Minhas lágrimas se acumularam em meus olhos e foi impossível não chorar. — Também sinto muito — seus lábios tremeram ao falar isso, ele baixou a cabeça para tentar controlar as lágrimas, mas parecia impossível para ele — Quando você falou que vai quebrar meu coração, eu pensei que fosse uma brincadeira, vejo que era tudo verdade — completou limpando uma lágrima solitária. —Antônio! Espera — tentei para-lo, mas não obtive sucesso, ele nem sequer olhou para mim, foi embora do jardim e da minha vida. Saí do jardim triste e preocupada, a minha vida devia ser uma novela mexicana muito m*l escrita, só pode, quando eu finalmente decidia seguir em frente, o maldito fantasma tornava-se humano. Eu realmente tinha cometido um pecado muito grave na vida passada. Voltei para casa com a cabeça a mil, como assim ele era real, aquilo era tão louco e inacreditável até para a minha vida de musical Natalino. ... — Como assim? Como isso é possível? Não pode ser! Deve ser um golpe — Isa gritou assim que lhe mostrei o e-mail que recebi. Depois de final voltar ao mundo real, fui a casa da minha amiga para tentar resolver aquilo. — Eu sei, por isso estou aqui, preciso que verifiques as redes sociais dele, eu lhe direi como o imagino e me dirás se é o que vem ou não — a expliquei o meu plano. Quando vi que em seu e-mail, vinham suas redes sociais, em primeira instância pensei em acessá-las, porém, a ideia não me pareceu tão excitante no momento em que percebi que, o que tornava Haru interessante era o mistério por de trás de sua identidade. — Porquê você mesma não faz isso? — questionou absorta. Parecia que eu tinha duas cabeças. — Não quero ver as fotos — Respondi como quem não quer nada, eu sei, sou louca. — Como assim? Você não quer ver as fotos dele? — questionou chocada, abanando a cabeça negando — Por quê? — indagou novamente. Minha amiga andava de um lado para outro, com uma mão em seu queixo. — Não quero acabar com o romantismo existente por de trás de sua identidade misteriosa, é excitante ficar imaginando como ele é — retruquei dando de ombros. Okay! Eu assumo, eu sou muito louca. — Mas você esperou tanto por isso — Isabel parou de andar de um lado para o outro e olhou para mim como se perguntasse « garota você é doida? » — Eu sei que esperei muito por isso e até agora, não creio que estou mesmo vivendo isso, mas eu quero continuar com o mistério — expliquei a minha vontade. Eu sei que sou muito romântica, mas até às pessoas mais românticas do mundo, precisam usar a razão em algum momento. Minha amiga, me olhava de cima a baixo, como se eu fosse uma louca. — Está bem, diz para mim, quais são as características que você imaginou — ela suspirou dando-se por vencida. Levou o laptop dela e abriu a barra de pesquisa. — Como é a face dele, não sei, mas é alto, de pele branca e cabelos pretos — expliquei o que costumava ver em meus sonhos, como se isso fosse me ajudar em alguma coisa. Um homem branco, alto. Coisa de loucos. — Ajudou muito — disse num tom irónico e revirou os olhos — Verificarei as redes sociais dele, depois te falo como ele é — falou já pegando em seu laptop para pesquisar as redes sociais dele. Fiquei uns bons minutos ou talvez segundos que pela ansiedade converteram-se em minutos, esperando por ela. Meu peito subia e descia freneticamente, meu estômago estava doendo e inúmeras coisas passavam pela minha cabeça. — Bom! No i********: só tem um Haru Cassano, no f*******: também, então só pode ser ele, presta atenção, ele é alto, pele branca, olhos castanhos escuros e uns cabelos pretos, foi isso o que você imaginou — falou com um sorrisinho, como se escondesse algo. Minha amiga pode ser maldosa quando quer. — O que foi? Tem algo que eu deva saber? — indaguei nervosa, meu peito falhou uma batida e várias coisas vieram a minha mente. Isabel olhou para mim fazendo um esforço enorme, para não rir. Suas bochechas estavam cheias e lágrimas estavam se acumulando de tanto rir, ela não conseguiu segurar por muito tempo, ela explodiu numa gargalhada forte. — Tem sim, mas como você mesma disse, o mistério torna isso muito excitante — tentou falar em meio a risada. — Ah! O que foi? Pha! É f**o? — questionei um pouco preocupada. Eu não me importo com a beleza, afinal o belo é relativo, o que pode ser f**o aos olhos dela, pode ser belo aos meus, mas eu e Isa tínhamos gostos similares. — Oh! Ele não é f**o, muito pelo contrário, é muito bonito, mas tem algo que te deixará surpresa, muito surpresa, não vejo a hora de presenciar o vosso encontro — murmurou com um sorriso de pura maldade. — Não sou preconceituosa, seja o que for não superará aos meus sonhos — falei decidida. O que pode ser pior que se apaixonar por um sonho? — Uhm! Sei, falta de aviso não foi — murmurou com o mesmo sorriso irritante de antes. — Não importa, o importante é que ele existe e eu não sou louca — comemorei. — Como isso é possível? Isso não é normal, você tem certeza que nunca viu ele? Você esteve na Itália no ano ante-passado, não encontrou ninguém parecido com ele? É impossível ter sonhos com desconhecidos, a mente humana não consegue fazer tal coisa, você tem certeza que nunca viu ninguém parecido? — questionou assumindo a postura de psicóloga substituta. — Foi o que pensei também, depois que descartei a fictosexualidade como a causa dos meus sonhos, pesquisei mais coisas que provocariam os meus sonhos, dentre eles marido da noite que descartei assim que recebi o e-mail e a última, é que talvez eu tenha o conhecido no ano ante-passado — quais seriam as chances de já nos termos visto? Uma coisa é certa, ele não era um fantasma e a probabilidade de ele ser uma lembrança, passou de dez á cem. — Então o que vai fazer? Vai responder ao e-mail? — Indagou, já mais seria e calma. — Sim, responderei ao e-mail dele — retruquei decidida.
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