Capítulo Dezoito

1891 Words
De: Érica Isabel Langa Assunto: Um recomeço? Para: Alonso Haru Cassano — Caro senhor Cassano, envio-lhe as minhas mais sinceras saudações. Venho por meio deste e-mail, solicitar, uma trégua aos nossos conflitos infundados, visto que, ambos fomos pegos de surpresa e não soubemos reagir da melhor forma, mediante a situação em que, nos encontrávamos em nosso primeiro contacto físico. Venho também, solicitar mais uma chance de sua parte, apelo que nos encontremos e resolvamos de uma vez por todas as nossas diferenças, receio que não vá responder logo a este e-mail, contudo, peço que pense com carinho no meu pedido. Eu ainda sou aquela pessoa dos emails e das cartas, peço que me dê uma chance de mostrar isso. Com os melhores cumprimentos: Érica Isabel Langa; Ainda; sua amante desconhecida. Enviei o e-mail assim que, cheguei a casa, depois de sobreviver as perguntas sem fim da Isa. Naquele dia, ele não mo respondeu, no fundo eu sabia que, ele tinha toda a razão de ficar chateado, afinal de contas, eu não me desculpei com o mesmo, eu só tentei me justificar, mas mesmo me fazendo de difícil, eu esperava que, ele respondesse ao meu e-mail e nos desse mais uma chance de, acertar as coisas e superar nossas diferenças. Mas mesmo com o pensamento de ter falhado com ele, um lado dentro de mim, ainda estava magoado com ele por ter sumido sem uma boa explicação. Eu esperava que no nosso encontro ele tivesse uma boa explicação, se ao menos eu soubesse que o segundo encontro seria tão h******l quanto o primeiro se não mais pior, eu não teria me encontrado com ele, preferia que ele continuasse sendo uma mero fantasma, uma coisa da minha cabeça, uma doença mental, um simples distúrbio psicológico. Um dia depois, da desgraça que, foi o nosso primeiro encontro e a desgraça que, foi o e-mail de pedido de desculpas, acordei com o e-mail que, decidiria nossas vidas naquele momento. De: Alonso Haru Cassano Assunto: A humildade, não é o seu forte Para: Érica Isabel Langa — Cara senhorita Langa, recebo suas saudações e agradeço. Como a senhorita pode perceber, recebi e lí, aquele fiasco que, foi a sua tentativa de pedido de desculpas, pelo que, percebi, a senhorita, não tem muito senso de humildade, contudo, concordo em encontrar-me com a senhorita para que, superemos nossas diferenças. — UAU! Ele está muito magoado — Isabel falou o óbvio assim que leu o e-mail. Eu estava na casa dela como sempre, ele parecia estar se divertindo com a situação, tanto que faltou comprar pipocas para acompanhar o desenrolar da trama. Minha vida era uma novela mexicana e a minha amiga, era a maior telespectadora. — Me fala uma coisa que, não sei? — murmurei extremamente irritada, arranquei meu celular de suas mãos, a rosto dela estava me recordando o sorriso zombeteiro dele e eu não queria pensar nele. — Eh! Não descarrega em mim seu estresse, guarda tudo para o japonês bonitão dos seus sonhos — se defendeu, ela estendeu as mãos ainda rindo de mim. Se ela não fosse minha única e melhor amiga, com certeza eu sufocaria ela com o olhar. — Ai! Acha que eu devia ir? E se ele for um psicopata? — comentei roendo as unhas de nervoso, as borboletas em meu estômago não estavam mais embriagadas, ela já estavam mortas. A verdade é que a história da psicopatia, era só uma forma de fugir dele. — Ah! É um pouco tarde para pensar nisso, devia ter pensado nisso antes de escrever cartas para um desconhecido — censurou olhando para mim como se eu fosse uma maluca de duas cabeças. Que eu sou maluca sim, só faltaram as duas cabeças. — Ai, eu sou uma louca — murmurei com pesar e me lancei em sua cama. — Só hoje que, você percebeu? — questionou sagaz, sua sombra arqueada, como se dissesse «É sério isso, você é uma doente mental, só faltou a camisa de força» Mas também, ninguém pode me condenar, quem é leitor sabe que estabilidade mental é algo que nos falta, nem comprando, você encontrará um leitor são. Eu só estava usufruindo do meu direito de me apaixonar por personagens fictícios, ninguém pode me condenar por isso. O único problema é que, eu levei a paixão longe demais. — Eu só estava usufruindo do meu direito de, me apaixonar por personagens fictícios, ninguém pode me condenar por isso — murmurei com um sorriso maroto nos lábios, ela só revirou os olhos. Saí da casa da Isabel, decidida a marcar um novo encontro, um que seria o nosso recomeço. Um encontro em que nos daríamos uma nova chance, talvez fossemos mais do que amigos, quem sabe? Ele viajou da Itália para Moçambique, só para me conhecer, os meses que passamos conversando, devem ter mexido com ele de alguma forma. Assim que voltei para casa, escrevi um novo e-mail. De: Érica Isabel Langa Assunto: Um novo encontro? Para: Alonso Haru Cassano — Caro senhor Cassano, espero que, esteja a gozar duma boa saúde. Sou eu mais uma vez, venho mais uma vez, pedir que, superemos as nossas diferenças, e como sinal disso, peço que nos reencontremos, no mesmo local do primeiro encontro. Com os melhores cumprimentos: Érica Isabel Langa; ainda sua amante desconhecida. Enviei o e-mail, e resolvi organizar as coisas na minha vida. Saí do meu quarto e fui até a sala de casa, toda a semana passada, fiquei sem ver meus programas favoritos, devido a eminente depressão. Liguei a televisão e coloquei um canal qualquer, passava um documentário sobre borboletas. O documentário explicava sobre o processo de metamorfose das borboletas, e dei-me conta que, o que nós chamamos de borboletas, só é o fim da vida de uma outra criatura, uma lagarta. Mas o que o documentário quis retratar? Se a lagarta não existisse, o mundo não teria borboletas, se a lagarta não largasse seu casulo, ela nunca seria uma borboleta, mesmo que com medo, é importante que nos desconectemos de nossos casulos. O nosso casulo é nada mais que o nosso passado, se continuarmos presos ao passado, seremos para sempre lagartas e uma lagarta não vive por muito tempo. — Érica querida, seu telefone está a chamar — tia Joaquina chamou por mim. A tia Joaquina, foi a pessoa que cuidou de mim desde bebé e continuo cuidado depois da morte de minha mãe. Ela não é minha tia de sangue, mas cuidou muito melhor que as de sangue. A minha família paterna é muito pequena, meu pai é filho único, assim sendo, eu não tive tios por parte de pai e consequentemente, nem primos. A minha família materna, cortou laços conosco assim que a minha mãe morreu, eu nunca entendi a razão para eles terem nos deixando na mão no momento em que mais precisamos deles, mas desde o enterro da minha mãe, eu nunca mais vi eles. Então, para além do meu pai eu só tinha a tia Joaquina e Isabel. — Obrigada tia — respondi correndo de volta ao meu quarto. O número que, visualizei em meu ecrã era era estranho, mas mesmo assim, atendi. “ Estou? ” atendi com a voz um pouco ofegante. “Oi principesca, está tudo bem? Sua voz está um pouco ofegante” falou a voz do outro lado da linha, que não precisei de muito, para saber a quem pertencia. O sotaque italiano o denunciava, que era ele. “Haru? É você? Como conseguiu o meu número?” questionei um pouco tremula e nervosa. Mesmo sabendo pelo sotaque que era ele, eu quis que ele confirmasse sua identidade. “ m*l criada você ehm, eu estou óptimo mesmo que, não tenha perguntando, como consegui seu número? Isso não importa ” respondeu sem muito interesse. Eu não estava com ele, mas podia imaginar o sorriso zombeteiro dele. Eu estava tentando ser amiga dele, mas quanto mais eu falava com ele, mais eu percebia que, nossos santos não bateriam. Como teria um romance com alguém que eu não suportava. “ Eu não sou m*l criada, o que você quer? ” questionei ríspida, mesmo tendo um dia em que, nos conhecemos pessoalmente, Haru já estava na minha lista n***a. Eu já estava reconsiderando a ideia de tentar novamente. “ Está bem, só liguei para informar que, podemos nos encontrar hoje mesmo, claro, se ainda quiser me ver ” informou do outro lado. Eu podia imaginar o sorriso ladino dele, do outro lado da linha. Cerei os punhos para me controlar e para que a minha voz, não saísse com raiva. “ Está bem, estarei aí, que horas? ” concordei sem mais delongas. “ Pode chegar às catorze? ” questionou. “ Claro, sem problemas” concordei, e ele desligou na minha cara, como se estivesse falando com qualquer pessoa. Deixei o telefone as pressas na cama, e corri para tomar um banho, afinal, eu não podia chegar de qualquer maneira. Tomei o meu banho as pressas, procurei minhas roupas. Escolhi um conjunto de calça jeans preta, camisa de gola alta branca, casaco de couro preto e umas botas de salto grosso também pretas. Vesti tudo as pressas e saí para despedir a tia Joaquina. Para um país com uma temperatura do cão igual Moçambique, a roupa que escolhi, podia ser considerada uma péssima escolha, mas por algum milagre, o dia estava frio e bem nublado, como se as nuvens prevessem a desgraça que estava por vir. — Tia, já vou — falei assim que cheguei a cozinha, ela virou para a minha direção, pois, estava de costas para mim. — Onde vai tão bonita? Tem um namorado? — tia Joaquina questionou risonha. — Quem me dera — respondi no mesmo tom risonho, ela não podia saber, caso não, faria várias perguntas desnecessárias — Bom, eu já vou não posso me atrasar — corri até perto dela, dei um beijo em sua bochecha e saí de casa. Corri de casa até paragem, aquela seria a nossa segunda chance, não podia atrasar, precisava causar uma boa impressão. Peguei um autocarro para a baixa da cidade, o meu coração está a mil, tanto que parecia um tambor de xigubo. Depois de um pouco mais de quarenta e cinco minutos sentada, cheguei a baixa, corri até a Catedral Santo Antônio, cheguei antes dele, sentei nas escadas e fiquei a espera dele. — Você adora profanar lugares sagrados ehm! — levantei a cabeça, assim que a voz grave em tom zombateiro, chegou aos meus ouvidos. Haru estava trajado de roupas pretas, dos pés a cabeça, contudo, sua camiseta sem mangas deixava amostra suas tatuagens, ele tinha um sorriso ladino e zombateiro, só me dava vontade de dar um soco nele. — Está atrasado — informei, fazendo todo o possível para não me deixar abalar por sua beleza descomunal. — Errada, cheguei faz trinta minutos, só fui dar uma volta nas proximidades— respondeu com o mesmo sorriso, fazendo com que, eu sentisse mais vontade de dar um soco nele. — Uhm! Tudo bem — concordei, ficando um pouco nervosa, pois, ele saira de seu lugar e sentara ao meu lado. — Vamos começar de novo? — questionou, arqueiando as sombras, este acto, deixava-o extremamente sexy. Concordei em começar de novo, afinal, o que mais podia acontecer? Tudo já estava suficientemente péssimo que, não tinha como piorar. Ou tinha como piorar?
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