Capítulo 11 — Boas amizades

2045 Words
Danira Sant chegou quando o dia já estava clareando, ele só cheirava a álcool e tinha um brilho diferente nos olhos, um brilho que há anos eu não via. Tina e Samuel dormiram no quarto de hóspedes porque a bebida não nos permitiu ir embora, achei que Sant iria ficar bravo quando eu disse a ele, mas sua reação foi totalmente o contrário, ele apenas me deu um beijo na testa e subiu para o seu quarto. Não duvido nada que esse brilho nos olhos dele tenha alho relacionado a Karine, Deus queira que ela não volte e que Santiago não tenha feito nenhuma besteira. Fiz a mesma coisa que ele, subi para o meu quarto e peguei no sono mais rápido do que eu imaginei. Maquini Sete horas e nada do seu Flávio, não consegui dormir mais depois daquele beijo, foi impossível dormir novamente. — Maquini. — Como diabos esse homem está acordado eu não sei, mas dei glória porque ele está aqui como disse ontem. Abri a porta e quando ele me viu fez uma cara de decepção, eu apenas rir e saímos. O lugar por dentro além da área de atendimento lógico, era incrível. Descobri que minha patroa será a dona Louis e Flávio meu patrão, confesso que não fiquei muito feliz com isso porque eu sei que uma hora ou outra ele iria me pedir algo que eu não quero mais fazer. Hoje mesmo tenho que procurar outro lugar pra morar com urgência, percebi que o tal do Santiago não desiste fácil do que quer e agora que ele já sabe onde eu estou morando não duvido nada que ele apareça aqui a qualquer momento. Além disso, quanto mais rápido eu sair daqui mais fácil será pra Lilian tomar a decisão dela. O dia foi tranquilo, conheci todo o pessoal com que eu irei trabalhar e quando deu cinco horas eu já estava dispensada. Kate O dia havia sido horrível mas com um diferencial, Samara falou comigo pela primeira vez em três anos, falou sem querer me bater, achei muito estranho e na hora não respondi mas ela veio ao meu dormitório e ficou falando sobre si mesma como se eu e ela fôssemos amigas bem íntimas. — Olha, Samara. Sua vida pouco me importa, eu não quero saber sobre a vida merda que você tem e por favor, para de falar. Sua voz é irritante, você é uma pessoa irritante. Me esquece de uma vez, me mata em sua mente, seu demônio. — Qual o seu problema, em, bastarda? Está se sentindo triste e indefesa porque a Maquini não está aqui para te proteger. Sabe o que eu tenho de você? Pena. — Eu já estava com raiva de estar sozinha, estava com ódio de todos aqui e mais raiva ainda de mim por ser tão fraca e nunca conseguir me virar sozinha. — Olha Samara eu não vou pedir pra que você saia novamente, vou te fazer sair daqui por bem ou por m*l. — Ela riu da minha cara, e se tem uma coisa que eu detesto mais que minha fraqueza é quando alguém rir da minha cara e dúvida das minhas palavras. — Olha aqui sua ridícula, ninguém me manda fazer nada, eu vou te mostrar com quem você está lidando. Eu tentei ser sua amiga mas você não quis então, toma essa. — Tirei a coragem de onde eu nem imaginava que eu tinha e meti a mão na cara dela, o tapa foi tão intenso que a palma da minha mão chegou a arder. Lilian entrou na sala e viu a cena, Samara saiu e Lilian saiu também, terminei de me vestir e fui jantar. Após o jantar na volta para o dormitório, Lilian me chamou. — Kate, podemos conversar um minutinho na minha sala? —Claro. — Eu não entendi essa mudança dela do nada, não que ela seja uma pessoa r**m, mas sempre foi muito fechada e desde que Maquini saiu ela tem sido mais “legal” comigo. Lilian tem uma bela aparência, cabelos ruivos e olhos verdes, as sardas no rosto dela é o que eu mais acho bonitinho nela. Ela aparenta ter uns 42 anos, mas creio que não tenha apenas isso… A seguir até sua sala e estava tudo como sempre bem organizado. — Foi a Samara, não foi? Olha Lilian eu sinto muito mas da próxima vez eu juro que eu mat… – Ela apenas riu e me pediu pra sentar a sua frente, assim eu fiz. — Então Kate, como está se sentindo? — Em que sentido, Lilian? — Em todos os sentidos. O que pretende fazer quando sair daqui e finalmente ter sua liberdade novamente? Pretende morar com seus pais? — Não… Maquini me convidou a ir morar com ela e se tudo der certo eu irei. Sinto que minha mãe mentiu para mim, sabe quando você enxerga mentira nos olhos das pessoas? Então… Ela perguntou se eu me sentia diferente da pessoa que eu era a três anos atrás e sem dúvidas eu sou. Contei a ela meus planos de estudos e faculdades que eu ainda pretendo fazer ou não… Mas tenho que passar uma boa impressão a ela se eu quiser sair daqui antes, o conselho é muito rigoroso mas nada que Lilian não consiga convencer. Tivemos uma longa conversa de quase duas horas, contei pra ela que eu jamais vou aguentar desaforo aqui dentro e que ela avisasse a Samara disso e as demais, Lilian me acha louca talvez seja porque quando minha mãe me trouxe pra cá eu estava totalmente drogada, mas naquele dia eu sei que eu não usei, aquele dia alguém me sabotou. — Olha Kate, nada é tão fácil minha querida, eu não deveria te contar nada disso, mas eu conheço seus pais muito bem, sei o quanto você foi desprezada assim como só dão valor ao dinheiro e nada mais. Eu não quero que você se perca novamente se entregando para o vício, por isso eu vou te dar uma chance, mas só uma mesmo. Maquini virá aqui novamente daqui a sete dias e você poderá passar dois dias com ela, depois deverá retornar para cá no horário que eu marcar esta me ouvindo? — Nesse mesmo eu pulei no pescoço dela e dei um beijo sufocante em seu rosto. — Obrigada Lilian, você não sabe como eu estou feliz com isso, eu juro que eu irei voltar e vou ser a pessoa mais feliz do mundo nesses dois dias. Mas… depois disso, o que irá acontecer? — Se tudo ocorrer como eu estou planejando tudo dará certo. E Kate… — Ela segurou minha mão de uma forma delicada enquanto me olhava nos olhos. — Não deixe que ela se envolva com nada daquilo novamente, eu não quero ver ela sofrer como sofreu aqui dentro antes de você chegar, só eu sei o que ela viveu aqui dentro e te peço que seja luz na vida dela. Pergunta sobre aqueles machucados e o que os causou, seja discreta e me conte tudo. Eu prometo que não irei separar vocês duas. — Eu juro que eu vou dar o meu melhor pela Maquini sempre Lilian, Maquini sempre foi a minha inspiração mesmo eu não sabendo quase nada da vida dela posso imaginar o que ela sofreu aqui dentro, até porque ela é muito calada ainda. — Ela é sim. Maquini entrou numa depressão profunda durante quase dois anos e foi tudo muito difícil para nós aqui dentro, sofremos todos junto com ela. Ela tentou se suicidar três vezes e só não conseguiu porque chegamos a tempo de impedir. Depois que você chegou ela foi se aproximando de você, coisa que ela nunca fez com alguém antes e por isso eu estou te pedindo isso. Você deve saber que os pais dela faleceram e a sua tia nunca foi lá um exemplo de pessoa. Por favor cuida dela e qualquer coisa pode me ligar que eu estarei te ajudando no que precisar. — Fiquei pasmem com o relato da Lilian sobre minha amiga, eu jamais imaginei que por trás daquela mulher tão forte já morou a escuridão, não consigo entender como as pessoas consegue fingir tão bem assim, porque ela sempre fingiu muito bem ser uma pessoa decidida do que quer e tals… — Eu prometo que eu jamais irei sair do lado dela Lilian. Saí de sua sala e fui direto para o dormitório pensando o quando a Maquini sofreu durante toda sua vida, eu nunca me imaginei sem meus pais, acho que eu morreria se isso tivesse acontecido. A Partir de hoje eu nunca mais vou ver as coisas como elas aparentam ser mas sempre procurar saber o que elas são de verdade, quem diria que a Maquini tentou se suicidar três vezes. Eu fico mais feliz ainda em saber que ela me vê como sua melhor amiga, eu sou uma pessoa sortuda de fato. Maquini Aproveitei a saída cedo e fui dar uma volta pela cidade já que ainda estava tudo claro, entrei em algumas lojas e comprei algumas roupas e sapatos, comprei também maquiagens pois sempre gostei de estar bonita para mim mesma, além disso não posso ir trabalhar com essas olheiras. Na volta para meu quarto comprei seis cervejas, uma carteira de cigarro e alguns lanches porque a noite hoje será longa. No caminho de volta eu vi alguns apartamentos com placa de aluga-se e anotei o número de alguns na minha agenda, quando tiver um tempinho eu ligo. Cheguei no meu quarto beirando às 21hrs e quando abri levei um susto que quase desmaiei. — Surpresa… — Santiago estava sentado na minha cama com um olhar devorador sobre mim, ele já havia revirado todas as minhas coisas e isso me fez ficar muito irada. — Seu i****a! O que pensa que está fazendo? Saí daqui agora. — Gritei avançando nele e pegando um porta retrato onde havia a foto dos meus pais comigo em seus braços. — Calma, Maquini. Bem, achei que você fosse mais organizada com suas coisas mas estava totalmente enganado, a quanto tempo está morando aqui e por que não me deixou te trazer aquele dia? — Pera… se não foi ele quem revirou tudo quem foi? — Então não foi você que fez isso tudo aqui dentro? Pera, o que você tá fazendo aqui dentro mesmo? Quem te deu essa liberdade? — Eu quero te conhecer melhor, foi m*l por ontem à noite eu estava sob o efeito do álcool. Se você não sabe quem entrou aqui não sou eu quem vou saber. Vim aqui pra te convidar, amanhã vai ter um jantar lá em casa e eu quero você lá, veja isso como uma forma de agradecimento por aquele dia, depois disso se quiser me esquecer pode ficar a vontade eu só não garanto que irá conseguir. Não sei o que esse homem tem, que conseguiu me deixar inerte perto dele, parece que tem algum tipo de feitiço, sabe? Ele estava em pé na minha frente segurando meu rosto enquanto fazia círculos com o polegar em minha boca, por um momento eu fechei os olhos e senti meu corpo reagindo de uma forma estranha, era como se estivesse acendendo alguma chama dentro de mim, chama essa que eu tenho que apagar o quanto antes possível, não quero me relacionar com ninguém agora e com certeza se eu fosse com ele não seria. Fui surpreendida com o toque macio dos seus lábios, era algo que ele sabia fazer muito bem e a minha carência estava reagindo ao seu favor, quando me dei por conta na furada que eu estava entrando o empurrei para longe de mim e ele mantinha um sorriso gostoso nos lábios. Eu estava eufórica demais pra dizer uma palavra sequer, eu queria me jogar em seus braços e sentir seu beijo novamente, mas eu já vivi isso uma vez e não quero que se repita. — Desculpa, eu só queria ter certeza de que ontem eu não estava tendo alucinações. Maquini… — Disse ele, ainda me olhando e sentando na cama novamente, permaneci inerte diante toda essa situação louca em que eu me encontro. Ficar tão próxima está me fazendo ter calafrios, estou à flor da pele.
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