Capítulo 10 — Amigos de longa data

1844 Words
Maquini Encontrei com o Flávio assim que abri a porta do meu quarto, ele tinha uma cara de poucos amigos e isso pouco me importa, quero mais é que ele cumpra com o que me prometeu. Por pouco não fui abusada por dois homens, quando estava lhe fazendo o trabalho que me pediu. — Então o emprego ainda está de pé? Eu fiz tudo que você pediu e isso quase custou a minha vida. Não me leve a m*l mas, não me peça mais esse tipo de favores, quero apenas que cumpra com o que você me prometeu. — Fui curta e direta para evitar assuntos que poderiam se tornar uma longa conversa. — Onde esteve hoje o dia inteiro? — Sua pergunta soava com um tom irônico. — Não importa! Só quero saber sobre o seu prometido. — Cruzei meus braços e me encostei à parede. — Amanhã às sete horas esteja pronta, para já começar seu trabalho. Creio que já conhece aquela cafeteria que fica na esquina, então é lá que irá trabalhar. Se depois quiser conseguir algo melhor é só continuar me ajudando, afinal uma mão lava a outra. — Uma mão lava a outra... Engraçado que até o momento eu não tive vantagem alguma. Minhas mãos continuam sujas, cada vez mais sujas. — Ele me deu um papel com todos os detalhes escrito, o tipo de roupa que eu iria ter que ir vestida e tudo mais, o problema é que eu ainda não tenho nada disso e não faço ideia onde fica o shopping mais perto daqui. Ele saiu sem dizer mais nada e entrei e fechei a porta. Tomei um banho quente e vesti o moletom que Lilian me deu, sentei na cama apoiando minha cabeça em meus joelhos enquanto se passava um turbilhão de pensando pela minha cabeça. Tenho que focar no que a Lilian me disse, amanhã vou procurar algum lugar melhor pra morar assim o conselho poderá ver que eu estou pronta pra receber a Kate em minha casa. Me encantei por alguns longos minutos no espelho que tinha no banheiro e meu rosto estava horrível mesmo, minha pele pálida deixava o roxo ainda mais roxo, levantei a blusa e o curativo que Santiago havia feito estava estava bom, não havia secreção e por um momento eu me peguei pensando nele. O corpo forte que ele tem, as tatuagens que eu queira saber os significados, aqueles olhos verdes que me deixavam perdida quando nossos olhares se cruzavam e a pergunta que não quer calar até agora: por que diabos ele me salvou aquela noite? Por que ele não me deixou morrer ali e ainda matou o cara na minha frente, eu queria conhecer mais ele e saber mais sobre ele, mas algo dentro de mim me dizia pra me manter afastada o máximo possível dele, talvez quando a Kate estiver aqui ela me dê uma luz sobre isso já que vai ser impossível não ver ele. Danira é uma boa pessoa, parece ser descontrolada mas ainda sim é uma boa pessoa, quem sabe algum dia o destino cruze nosso caminho novamente, mas desta vez sem o irmão gato dela por perto, eu estou ficando louca. Não faço a mínima ideia de como eu peguei no sono, mas acabei dormindo sem perceber. Danira — Onde está seu irmão? — Tina pergunta assim que sentamos à mesa e não vê Sant em lugar algum. — Ele não está aqui, problemas pessoais... — E ele aceitou numa boa, eu vim aqui? Tipo, somente nós três? — Samuel pergunta um tanto confuso, m*l sabe ele que tem câmeras até dentro da mochila dele se ele bombear. — Sant não é do tipo que fica me cercando, nem eu cobro nada dele. Ele saiu porque não se sentiu bem só isso, e se você não estiver confortável com isso lamento mas eu não posso fazer nada. — Era nítida a minha cara de decepção, por que ele não fica feliz com isso? — Ah, gente briga de casal não dá, se forem começar uma discussão por causa do gostoso do Santiago me avisem que eu vou embora. — Ninguém vai brigar aqui Tina. Sant saiu porque tem muitos problemas pessoais e só quem o conhece sabe, mas isso é apenas mais um motivo pra nós três curtimos a noite inteira. — Samuel fez uma cara de surpresa e a Tina me olhou como se estivesse questionando algo. — E se ele chegar a qualquer momento, o que vamos fazer? — Tina pergunta e Samuel me encara por alguns segundos. — Sem dúvidas ele vai subir para o quarto dele sem olhar pra nenhum de nós três... Pegamos algumas bebidas e subimos para o terraço, deixamos todo o jantar para trás porque queremos mesmo é curtir o momento, o nosso momento. Santiago Não estou com humor pra receber ninguém hoje e como eu sei que a Tal da gostosa da Tina vai estar lá também eu resolvi sair. A imagem do rosto da Karine vem a minha mente no mesmo momento que eu me peguei pensando na Maquini, o corpo da mulher é um pedaço de m*l caminho, me arrependo até tal momento de não ter pedido pra que Danira cuidasse dela, que merda. Ligação Ativa — Flávio, teria como me encontrar daqui a meia hora no mesmo lugar de sempre? — Hoje acho que não vai dar, Louis tá m*l pra c*****o. Qualquer coisa se tiver afim de vir por aqui, será bem-vindo e podemos curtir a noite por aqui mesmo. — O que ela tem? — Pergunto sério. — Nada que seja tão ruim... Se for vim avisar agora antes que eu vá dormir! — Eu irei, estou saindo! Ligação Inativa Flávio sempre é um bom companheiro pra me acompanhar tanto na bebida quanto nas drogas. Peguei uma garrafa de Royal Salute e fui pra casa dele, não é um bom lugar para encher a cara até dizer chega mas é melhor que beber e sofrer sozinho, Karine ainda vai me fazer enlouquecer algum dia desses. Estacionei um pouco longe porque não havia vaga perto, Flávio é dono de uma pensão e mora na mesma enquanto sua casa não fica reformada. Cheguei e fui cumprimentar Louis que não sei o que ela tem e também não faço questão de saber. Flávio com seus 47 anos ainda aguenta muita coisa, embora aparente ter bem mesmo. — Então o que tá se passando na sua cabeça pra aceitar meu convite? — Flávio pergunta me encarando. Enquanto eu apenas observava o ambiente. — Negócios, mas nada que precise se preocupar. Aqui parece um bairro bom, bem reservado — Aqui é mesmo. Por que acha que eu moro aqui? Por escolha não é! — Sinceramente eu não sei como suportar ficar lidando com tantas pessoas ao mesmo tempo e todas no mesmo lugar, olhar para as mesmas pessoas o dia inteiro e todos os dias, não cansa? — Me refiro aos hóspedes, pois Flávio ajuda Louis com essas coisas — Claro que não, Santiago. Por isso mesmo que eu também sou casado. Você nunca amou alguém a ponto de não querer ficar longe dela? Então, é a mesma coisa, só que eu não amo ninguém além da minha mulher,apenas aprendi a conviver com elas e tem pessoas aqui dentro que já moram aqui há mais de três anos. Claro que eu já amei alguém, mas todo o amor acabou quando eu a matei sem pensar duas vezes, odeio traição e mentira. Não comento sobre meu passado com ninguém que está no meu presente, não me interessa saber tanto da minha vida. Bebemos mais da metade do litro de vodka e quando olhei no relógio já se passava das duas da manhã, Flávio já havia falado do seu passado e da sua vida inteira. A luz amarela deixa o ambiente agradável, me trás lembranças da casa onde eu cresci com meus pais. Tentei dizer ao Flávio que já iria embora, mas ele se negou a me deixar ir enquanto não acabasse do líquido da garrafa. Maquini Acordei com o cheiro de cigarro incensando meu quarto, eu também estava com fome. Vesti um casaco e desci as escadas lentamente pra não fazer barulho. As luzes estavam todas apagadas mas havia uma acesa não sei se a dona Louis sempre a deixa acesa porque essa é a primeira vez que eu desço aqui. A água que tinha dentro do meu quarto acabou e eu tive que descer, aproveitei e tomei uma xícara de café me peguei pensando no i****a do Martin, queria entender o porquê dele ter me deixado para trás daquele jeito e o porquê a Any ter me internado daquele jeito, havia tantas dúvidas que eu ainda queria saber a resposta certa, mas nenhuma delas era digna da minha preocupação. Após alguns minutos eu sair do transe quando ouvir a voz do seu Flávio vindo de algum outro cômodo que eu ainda desconheço, peguei outra xícara de café e fui andando até a escada mas fui impedida de subir quando esbarrei numa muralha que cheirava a álcool e tinha um olhar vermelho e baixo sobre mim já que minha altura é inferior a um metro e sessenta. Levantei o olhar e era ele, era o Santiago que estava à minha frente me olhando firme e sem expressar emoção alguma, era só o que me faltava ele saber onde eu moro. — O que está fazendo aqui? — A voz grave fez eu me arrepiar por completo. — Às mãos enormes foram até meu rosto o levantando para que eu olhasse. Empurrei aquele monte de músculos e estava disposta a subir as escadas e ficar bem longe desse homem, mas seria sem sucesso algum qualquer movimento que eu fizesse para afastá-lo — Não está nítido que sou hóspede aqui? Será que não podemos ter sossego mais nos lugares? Caramba, dá um tempo. — O encarei com o hálito de cachaça em meu rosto, horrível. Ao lado estava o Flávio com um sorriso no rosto, aparência de muito embriagado e nenhum pouco lúcido. — Então, quer dizer que vocês já se conhecem muito bem, estou certo? — Infelizmente está. Agora se me der licença eu preciso dormir. — Disse disposta a dar as costas e ir para o quarto. Mas, fui surpreendida com Santiago puxando meu braço e me beijando de surpresa, me fazendo ficar pálida e sem ar. — O que deu em você? — Sem pensar duas vezes, minha mão foi em cheio no seu rosto, ele apenas colocou a mão sobre o mesmo e me deixou subir. — Ah, nunca mais faça isso, por favor! Deitei na cama ainda com a respiração ofegante pelo momento que vivi há segundos atrás, o que ele pensou que estava fazendo? E como o Flávio vai acordar às sete? Tudo isso está passando dos limites que deveria ter, não posso perder o controle da minha vida por causa de um corpo bonito e atraente, mas infelizmente eu gostei do beijo, do toque dele e tudo mais, droga…
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