Capítulo 8 — Não sou mais criança

2039 Words
Santiago Danira não se cansava em fazer perguntas, e Maquini sempre dava um jeito de sair da conversa sem responder as dúvidas de Danira, mas eu não desisto tão fácil assim. Ela me chamou a atenção e eu acho que tenho o direito de saber um pouco sobre sua vida também. — Pelo jeito que você agiu na madrugada, tenho certeza que não conhece isso aqui muito bem, onde morava? — Perguntei pegando ela de surpresa, mas ainda sim ela continuou não querendo responder. — Saiba que eu não vou desistir de querer saber sobre você. — Eu... eu morava em Lyon, mas lá as coisas não estavam muito favoráveis para mim então, eu decidi que aqui seria o lugar perfeito pra recomeçar do zero. Certo que nem tudo começa fácil, mas com o tempo vai melhorando. Ontem me deu uma vontade de sair um pouco e sem querer eu acabei me perdendo e entrando naquela rua, achei que eu fosse morrer ali mesmo mas o cara que quase me matou uma vez estava lá... — Ela falou como se estivesse lembrando de algo. — Então Santiago já ia te matando uma vez? Caraca como eu sou i****a, é claro que tudo isso não foi por acaso, o destino está preparando o encontro de vocês dois. — Olhei pra minha irmã que de primeira entendeu que não deveria falar mais nada sobre o que eu eu faço, Maquini tem cara de ingênua mas eu não subestimo mais as pessoas faz muito tempo. — Eu havia ido esfriar a cabeça também e por ironia do destino acabei entrando na mesma rua que você, mas vamos mudar de assunto. — Me virei para Danira e a encarei. — Por que não está mais indo à faculdade Dan? Fizemos um acordo e você sabe muito bem o que isso pode te causar no futuro. — Ah, Sant eu estava querendo mesmo era trancar isso logo de uma vez, do que adianta fazer algo que eu não gosto? — Deveria ter escolhido outra coisa então. Já não suporto mais atender ligações sobre reclamação porque não está indo, vê se resolve isso logo antes que eu perca a minha paciência de uma vez com você, sabe que eu sou capaz de te levar e te buscar. Tudo terminou em silêncio, Danira não quis debater comigo porque sabe que está muito errada e Maquini continuou calada encarando a comida. — Sei o porquê está tão nervoso desse jeito, tem haver com a Karine não tem? Que culpa tenho eu se aquela v***a sempre esteve com outros além de você? E você sempre soube disso. Estou cansada de você sempre querer descontar sua raiva sobre mim, Santiago. Estou cansada de ficar me tratando feito uma criança, na maioria das vezes eu saio porque quero ficar um pouco longe de você, um pouco longe das suas atitudes. Eu te amo mas não pode continuar achando que é meu dono, eu vou até meu quarto, preciso falar com a Tina. — Antes que eu dissesse alguma coisa ela subiu rápido as escadas, só ouvir quando a porta foi fechada com força. Maquini Toda essa conversa sobre faculdade me fez lembrar da Kate, ela sempre me dizia que quando sair vai querer terminar os estudos e assim dar orgulho pra mãe dela. Tenho que falar com ela hoje, preciso saber como ela está, agora fica a pergunta: como eu vou fazer isso? Os dois começaram uma conversa e terminaram com Danira subindo as escadas como se estivesse desesperada. Karine deve ser a namorada dele, por isso é melhor que eu vá embora o quanto antes porque se ele aparecer por aqui eu estou ferrada. Ele ficava me olhando de escanteio como se eu não estivesse percebendo. — Eu agradeço muito por hoje, mas agora eu tenho mesmo que ir embora. Pode me dizer onde fica a porta? — Se está pensando que vai fugir de mim está muito enganada Maquini. Não vai sair daqui até que me diga quem você é e o que estava fazendo naquela hora na rua sozinha, poderia ter sido muito pior e você sabe disso. — Quantas vezes ele vai ter que ficar repetindo isso? Não dá pra notar que já está ficando cansativo? — Olha, eu estava apenas procurando paz no lugar errado e acabei me perdendo entre essas duas desertas, como eu disse eu morava em Lyon mas as coisas pra mim não ficaram muito boas por lá então eu vim tentar começar uma vida nova aqui e se não fosse aqueles desgraçados eu estaria trabalho uma hora dessa já. Você costuma matar pessoas com tanta facilidade daquele jeito? — Com quem morava em Lyon e se mudou pra cá sozinha? — Ele não está mesmo disposto a se aprofundar nestas perguntas idiotas. — Com a minha tia, mas não deu muito certo, ela bebia demais e ficava enchendo meu saco a maior parte do tempo, isso acabava me deixando irritada mas pra não fazer besteiras decidi vir morar aqui, alguma pergunta a mais? — E seus pais, por que não foi morar com eles? — Meus pais morreram em um náufrago, portanto eu só tinha a minha tia. Será que agora eu posso ir embora? Eu estou desconfortável com o jeito que ele me olha, preocupada com as perguntas que ele insiste em fazer e com medo do que pode acontecer comigo se eu continuar aqui. O vi levantar e caminhar até mim, sem deixar de me olhar por um segundo sequer. — Você não vai sair daqui até me dizer toda a verdade. — Senti suas mãos entrando no meu cabelo e por um segundo eu quase fraquejei, sim, eu senti desejo por ele mas não foi algo que durou muito. — O que tá fazendo? Eu não te dei a menor liberdade pra me tocar, seu canalha. — Peguei uma faca que estava à minha frente e apontei pra ele, sabia que isso não faria certo mas se ele tentasse se aproximar mais um pouco eu estava disposta a ele em seu braço forte e musculoso. — Canalha... essa é uma palavra muito forte pra se dizer a alguém que só quer o seu bem. — Ah não, ele só pode está de brincadeira agora! Levantei devagar e fui caminhando dando a volta à mesa. Eu preciso sair daqui e ir embora, quero conversar com seu Flávio sobre o emprego que ele me prometeu. — Olha aqui, Santiago. Eu te agradeço por ter salvo a minha vida, mas eu preciso ir embora, eu tenho coisas pra fazer e você está me atrapalhando. — Se quer ir tudo bem, me diga onde você mora que eu te levo! — Que merda, eu não quero que ele saiba onde eu moro porque não confio em ninguém, nem sei porque ele me ajudou... — Não obrigada, eu já disse que estou bem. Onde está minha bolsa? — No quarto, se quiser pode ir pegar. Danira vai te levar em casa e não pense que vai fugir de mim assim tão fácil... Cara insistente do c*****o, isso já está me irritando e eu já estou ficando sem paciência pra ele. Subi e peguei minha bolsa, a tal da Danira estava trancada no quarto e eu não ousei bater, desci as escadas descalça segurando meu tênis na mão pra não fazer nenhum barulho, ele já não estava mais em nenhum lugar que eu pudesse ver, ótimo. Encontrei a saída e sair o mais rápido que eu pude, que loucura toda foi essa na minha vida hein? Próximo a pensão havia um orelhão e eu estava com o número da clínica dentro da minha bolsa, digitei o número na grande numérica do orelhão e não demorou para que a Lilian atendesse. Ligação Ativa — Bom dia, com que eu falo? — Sou eu, Maquini. Lilian, eu posso falar um minutinho com a Kate? — Que bom ouvir sua voz Maquini, como você está? — Estou ótima, obrigada. Lilian por favor... — Você ligou no momento certo, se quiser conversar com a Kate lamento mas não terá como, caso queira vir visitá-la posso marcar um dia para que você a veja, saiba que ela está passando por um momento nada fácil. — Então por que não pode simplesmente me deixar falar com ela pelo menos por um minuto? — Sabe que isso é contra as nossas diretrizes. Hoje irei abrir uma exceção pra você à tarde, esteja aqui às três horas e não se atrase ou não irá entrar mais. Seja breve e procure acalmar ela! — Com certeza eu irei, muito obrigada Lilian, você é um anjo. Ligação Inativa Mal sabe ela que é uma anjo caído. Cheguei e estranhei não encontrar ninguém além da garota que dorme ao lado do quarto que eu estou, ela é calada demais até pra dar bom dia e não para de me olhar. — Bom dia, poderia me dar uma informação? — Primeira vez que ela abriu a boca e foi justo pra me pedir uma informação, logo a mim, que estou mais perdida que tudo. — Bom dia, olha eu não sei nada aqui então não posso te ajudar em nada, boa sorte. — Dei as costas enquanto colocava a chave na porta tentando abrir que por sinal está muito enferrujada. — Espera... Sabe me dizer onde eu posso comprar cigarros por aqui? — Eu compro naquela cafeteria do outro lado da rua, era só isso? — Sim, obrigada. Aliás eu me chamo Suzana, não conheço muita coisa por aqui e... — Será que ela não está percebendo que eu só quero entrar e ficar sozinha? — Desculpa... eu vou indo nessa, valeu pela informação. Depois que ela saiu eu me joguei na cama e senti a dor vir com tudo, por um momento esqueci do acontecido. Agora eu não consigo esquecer do rosto dele e daquele corpo... Ah Maquini, por que tudo isso tem que acontecer com você? Acabei lembrando do porquê eu estou nesse estado e fui conferir se o Flávio deixou mesmo meu p*******o na porta, e lá estava o envelope, peguei com cuidado porque nunca se sabe o que eles podem colocar dentro e te fazer uma surpresa inusitada. Realmente o valor foi cinco vezes mais do que o primeiro, portanto é o suficiente pra eu sair daqui e comprar algumas coisas essenciais, quero sair desse bairro pra nunca mais ter que esbarrar naquele i****a novamente. Santiago As câmeras me permitiram ver ela saindo como se estivesse fugindo de alguma prisão. Eu nunca me interessei na vida de alguém como eu estou interessado na dela. Não pode ser possível que ela estivesse apenas passeando aquele hora e se ela estivesse tentando se matar por que teria que ser daquele jeito? A deixei ir não porque eu quis isso, mas porque eu quero saber mais sobre ela e manter ela aqui não iria ajudar em nada disso. — Me conta o que você estava fazendo na rua também? Foi atrás daquela v***a, não foi? — Decidiu sair do seu túmulo pra encher a p***a da minha paciência? — Danira estava com o rosto roxo ainda e isso me deixava nervoso, não quero forçar ela a me dizer nada mas não aceito que ninguém encoste nela. — Muito pelo contrário. Hoje meu namorado vem aqui, por favor, Sant não seja c***l com ele e não me faça passar vergonha. Ele é um cara legal e eu tô gostando dele, além disso a Tina também vem... — Ótimo estava cansado de esperar por esse momento e Dan não me leve a m*l mas não faz o jantar não, o melhor jeito de conquistar uma pessoa é pelo estômago e coitado do cara que provar da sua comida irmã. — Ela me acertou com um livro e eu devolvi ele na cara dela com a mesma intensidade. — A sua namorada também vem? — Karine vai casar Danira e você nunca gostou dela! Não espere que ela venha mais aqui, mesmo que sinta falta dela. — Não tô falando da v***a, tô me referindo a garota que estava aqui. Maquini, não é esse o nome dela? — Ela não é minha namorada e eu m*l a conheço.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD