.•*¨*•.¸¸♪ Aquele onde um véu estrelado protege o príncipe ♪¸¸.•*¨*•.
Haviam lendas – ele se lembrava –, lendas antigas que contavam com muita rigidez sobre cada reino e como cada continente havia sido criado. Nas lendas eles cantavam que Agreste possuía os céus sempre limpos e azulados, assim como os olhos dos dragões anciões que governavam em Imeril Carmesim.
Houve um dragão – as histórias contavam – que perdidamente se apaixonou pelo mar, mas para seu completo desespero, não restava a ele outra opção além de olhar.
- O mar é perigoso, todos diziam e repetiam para o dragão.
- É c***l e revolto, não importa o quanto o ame, ele sempre irá te trair, te levar para fundo e afogar para mantê-lo sempre ao seu lado por puro egoísmo.
Mas ainda que repetissem e repetissem conselhos sábios e certamente verdadeiros, o dragão não conseguia entender como chamavam o mar de egoísta e traiçoeiro.
- Ele só está sozinho – o dragão murmurou – e eu sei como é estar sozinho.
Os outros dragões que reinavam em Imeril Carmesim o fitaram como um verdadeiro estranho, como um lunático que não fazia ideia do que realmente estava falando; e o dragão que se sentia sozinho mesmo rodeado por aqueles de sua própria espécie, se viu agora ainda mais solitário.
- O que eu deveria fazer? – Ele se questionou em meio a uma noite estrelada.
- Você quer ver algo bonito? – Uma voz murmurou docemente e o dragão que possuía olhos de um azul tão claro e límpido que se assemelhava a água do mar, sorriu alegremente.
- Sim, acho que isso me alegraria – respondeu, mas assim que suas palavras saíram de seus lábios, ele sentiu as lágrimas caírem por seus olhos – por que? – se viu questionando em vão.
- Porque o mundo é c***l – a voz repetiu e ele por fim entendeu.
- Sim... – sussurrou olhando outra vez para o mar. As ondas revoltas pareciam o chamar da mesma forma como canções de ninfas atraiam pescadores e piratas apaixonados, ele então abriu suas asas e voou, tão alto que não se podia mais ouvir seu bater de asas e nem mesmo visualizar sua breve figura, ele voou para tão longe que o mar chorou e esbravejou ao sentir sua falta, mas no fim, quando o dia novamente surgiu, o céu foi tomado por um azul tão claro e límpido quanto as ondas do mar; e o mar revolto se tornou calmo e gentil, porque agora o seu amado dragão estaria sempre ao seu lado.
Quando Sírius adentrou as águas do terceiro oceano, tudo se tornou mais suave. As nuvens que pareciam pesadas e nublavam completamente o céu agora já não estavam mais ali. Elas se desfaziam como algodão doce em um lindo céu azul claro e o sol brilhava como Beerin jamais havia visto brilhar. Como uma verdadeira estrela. Por um breve momento ele se recordou dos olhos de Eilidh, eram tão azuis quanto aquele céu quando suas nuvens mais finas plissavam a cor natural; mas diferente daquele calor que aquecia sua pele, Eilidh era fria como uma verdadeira filha do inverno.
“Atenção” A voz de Mark o incentivou, trazendo o príncipe de volta ao convés, de volta ao treinamento com o assassino impiedoso e c***l que Cameron era. O treinamento que não havia cessado nem mesmo por um dia desde seu início.
“Ele vai cair se continuar olhando pra cima” Andrea comentou.
Beerin sentiu o impacto do corpo de Cameron contra o seu e algo pontudo encostar em sua barriga. Cam pressionou a espada contra ele e sorriu.
“Eu poderia facilmente te matar” ameaçou em um tom debochado.
“Nos seus sonhos” Beerin devolveu com um sorriso, afastando-se dessa vez sem cair. O movimento foi limpo e sua postura permaneceu intacta e o príncipe se permitiu sentir-se orgulhoso.
Renriel que assistia eles da parte de cima, próxima ao leme, sorriu. Seus cabelos estavam soltos como de costume e dizer que se assemelhavam a chamas vivas flutuando no ar, não seria um exagero.
“Atenção!” Mark falou outra vez e Beerin suspirou. Sua atenção parecia titubear por todos os lugares menos onde deveria se encontrar. Ela balançava como o vento por entre os fios ruivos de Renriel e depois por seus lábios rosados que esboçavam o sorriso mais lindo que já havia presenciado, para segundos depois se esvair e caminhar para Fiesty onde encontraria os olhos azulados de Eilidh e sua expressão fria e imparcial.
Talvez ame as duas, a voz irritante em sua mente que a muito não falava então murmurou outra vez e Beerin se viu tentado a responder, isso seria justo?
Algo é justo pra você? Francamente... seria muita sorte se ao menos uma delas te correspondesse seu e******o. A voz parecia irritada, mas entre a capitã com cabelos de fogo e a rainha com rosto frio, eu prefiro sempre a opção mais quente.
Beerin titubeou e Cameron investiu outra vez em sua direção.
“Você já estaria morto se eu quisesse” o assassino bufou e como se brincasse de jogar com uma criança, jogou três dardos na direção de Beerin. O príncipe surpreendeu-se vendo os projeteis em sua direção e teve a certeza de que seria gravemente ferido, mas um grito veio do leme e um escudo estrelado envolveu Beerin antes mesmo que todos pudessem piscar uma segunda vez. Três tilintar e o barulho dos dardos no chão fez Cameron abrir um sorriso extasiado.
“Que maravilha!” Ele exclamou olhando para Renriel, assim como todos presentes no convés.
A capitã que se debruçava sobre a pequena sacada sobre onde o leme se encontrava furiosa.
“Está tentando machuca-lo?” Ela perguntou, sua voz era baixa, mas ao mesmo tempo de alguma forma estrondosa enquanto esperava que Cameron dessa a ela uma resposta adequada.
O assassino que jamais havia temido alguma coisa, sentiu seu corpo estremecer ao ver o ódio nos olhos da capitã; a mesma garota que na infância corria em sua direção e pedia para que ele a levasse pelo céu, voando entre as nuvens – que ela chamava de algodões doces.
“Você está brava, capitã?” Cameron perguntou com a voz tomada por certa hesitação, mas o rosto de Renriel era imparcial. Mark que a muito havia visto aquele mesmo olhar no rosto de Renriel, suspirou e colocando uma das mãos sobre o ombro do assassino, sugeriu.
“Melhor que parem o treino por hoje. Você deveria... descansar, príncipe”
Maravilhado, Beerin não se importou com Cameron e seus dardos ou a confusão que acontecia entre os marujos ao ver a capitã tão brava com seu assassino. A atenção do príncipe estava no escudo que ainda o protegia, aquele pequeno véu estrelado que parecia um tecido tão leve e suave, flutuando em torno de seu corpo. Com a ponto dos dedos, Beerin tentou toca-lo, mas tudo que sentiu foi uma brisa suave e uma risada frouxa de fundo – como se um adulto assistisse uma criancinha tentando pegar sua própria sombra.
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.•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•.
Sírius: Um navio pirata lendário – criado pela bruxa, que possuí o céu estrelado em suas velas. Atualmente seu capitão é: Renriel Callan e seus desejos e sentimentos alteram a forma como Sírius age. Ele reage como uma extensão de seu coração, sendo capaz de proteger e atacar aqueles que ela considera como aliados e inimigos.
Dragões: Dragões ou dragos[1] (do grego δράκων, drákōn) são criaturas presentes na mitologia de diversos povos e civilizações. São representados como animais de grandes dimensões, normalmente de aspecto reptiliano (semelhantes a imensos lagartos ou serpentes), podendo conter asas, plumas, poderes mágicos ou hálito de fogo. A palavra dragão provém do termo grego drákōn e é usada para definir grandes serpentes.
São apresentados em diferentes mitos como grandes serpentes, como boa parte dos primeiros dragões mitológicos, e suas formações quiméricas mais comuns. Há grande variedade de dragões existentes em histórias e mitos, abrangendo criaturas de distintos aspectos.
Nesse mundo os dragões são criaturas que beiram a divindade e quanto mais antigo for o dragão, mais forte isso o torna. Atualmente existem apenas 13 dragões lendários e 9 anciões.
Todos os dragões possuem uma forma humanoide e uma forma “mortal”. Eles são capazes de se metamorfosear e por mais que raramente desejem, podem vir a se relacionar com outros seres de diferentes raças - o que torna possível a existência de meio-dragões.
Agreste: Anteriormente uma extensão de Imeril Carmesim, Agreste se tornou um reino independente quando a primeira guerra santa teve início e o rei carmesim trouxe um fim a bobagem que parecia desolar seu povo, banindo os adoradores de falsos deuses para longe de seu reinado e de seu povo.