.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 1 ♪¸¸.•*¨*•.

1644 Words
.•*¨*•.¸¸♪ Aquele onde Beerin conhece sua noiva ♪¸¸.•*¨*•. Muito longe, nos mares do norte, uma lenda se iniciou. Piratas que saqueavam e roubavam os mais nobres entre os nobres. Alguns, os chamavam de ladrões impiedosos, enquanto outros – os pobres e desaventurados –, os consideravam nada mais que heróis do povo. As lendas antigas, falavam que até mesmo entre os piratas, havia hierarquia; diziam que havia entre eles, um pirata que governava sobre os outros e carregava consigo, o título de rei dos nove mares. Um ser capaz de manipular o mar a seu bel prazer, impiedoso como um demônio e orgulhoso como Deus antigo. Não havia um único nobre que não tremesse diante a visão de uma bandeira n***a como a morte; assim como não havia um único pirata que temesse o navio de velas noturnas. Sirius era seu nome, mas a beleza da embarcação não limpava o sangue que sua tripulação derramava. Fosse pirata, nobre ou plebeu, todos eram devorados igualmente pelo céu noturno e as constelações de Sirius. Um galeão de madeira n***a e velas que lembravam um céu estrelado. E os mesmos que falavam sobre o rei dos piratas, sussurravam secretamente que Sirius era bem mais que uma lenda; e para Beerin – sempre preso em uma torre escura e fria –, aquelas lendas eram bem mais que histórias largadas e murmuradas por guardas e serviçais. Eram algo com o que sonhar. Seu corpo, ainda estava dolorido; mas seus braços já haviam se acostumado ao frio e com o rosto recostado a parede úmida da torre oeste, ele se lembrava da triste realidade. Em todas as lendas, haviam algo pelo qual os nobres ainda se vangloriavam. Nem mesmo o rei dos piratas havia conseguido invadir a fortaleza impenetrável de Asaph. E os seus devaneios e sonhos, jamais seriam mais que isso. Um baque alto avisava que a porta da torre estava sendo aberta, e com a mesma velocidade que a luz do sol entrou pelas frestas, Beerin se encolheu para a escuridão, mesmo assim, a voz rouca de um dos guardas o alcançou, vociferando. “O rei deseja vê-lo”. Um. Dois. Três e a porta se fechou. Ele sabia o que tinha que fazer, mas ainda assim, seus dedos trêmulos o impediam de fechar todos os botões da camisa que um dia havia sido branca. E uma parte de Beerin, ainda se perguntava qual dos finais poderia ser o pior, embora quando se viu ali, parado em frente ao trono dourado, com os olhos carmim de seu pai sobre ele, não lhe restou dúvidas. “Você continua lamentável” foram as únicas palavras que o rei lhe dirigiu e ele sabia que não podia esperar mais que isso, mas ainda assim, sentiu seu corpo tremer ao ouvir a voz de seu pai. “Perdão... majestade” murmurou, tentando impedir que sua voz falhasse de forma miserável. “Tch... você é um desperdício de tempo e oxigênio, mas ainda assim, me dei ao trabalho de torná-lo útil” a voz fria e sem piedade continuou. O olhar de insatisfação parecia fuzila-lo, enquanto o rei lentamente continuava. “Não entendo como uma aberração como você pode ter vindo de um fruto meu, mas como dizem, às vezes o problema está na c****a”. Beerin sentiu o seu rosto esquentar, as mãos trêmulas se fechavam em punhos cerrados e sabia que teria que se controlar para não explodir em lágrimas como uma criança insultada. “Mesmo assim, eu o acolhi. Mesmo assim, dei a você a chance de aprender e como me retribuiu? Você se lembra?” o rei bufou “eu o puni? Não... eu o ensinei o seu lugar, não foi?” “Sim... majestade...” sua voz parecia falha, fraca. Se algum dia houve força dentro dele para enfrentar o homem à sua frente, Beerin já não se recordava. “Vê? Nem mesmo consegue me responder apropriadamente” retrucou erguendo-se do trono e caminhando na direção do rapaz. Beerin, que tremia a poucos centímetros do rei, parecia ainda mais lamentável em comparação ao seu pai. O corpo magro e frágil, as cicatrizes e machucados evidentes em sua pele excessivamente pálida era como um simples detalhe. Enquanto um trajava roupas finas, bordadas em fios de ouro e cheirava a jasmim, o outro mais parecia um maltrapilho. Vestido em uma camisa simples e gasta, manchada de tantas coisas, que Beerin já não sabia identificar. A calça estava rasgada em vários pontos e as botas nada mais eram que um calçado quase sem solas. Os cabelos negros e longos – que havia herdado de sua mãe –, estavam bagunçados e engrenhados. E agora, mais parecia um ninho de ratos. “Eu nunca daria em suas mãos o reino de Asaph.” Sussurrou o rei, com o rosto próximo ao do rapaz, "uma aberração como você, que só serve para ser fodida e espancada, jamais se sentará em meu trono. Você é um lixo, assim como a vagabunda da sua mãe, que morreu ao dar à luz a uma pequena aberração. Então... sinta-se grato pela chance que irei te dar”. “Sim... majestade...” foi tudo que ele respondeu. “A rainha de Fiesty virá para Asaph em duas semanas e um casamento será realizado. Logo em seguida, vocês partirão”. Decretou e embora Beerin esperasse estremecer e temer aquele final, uma parte sua que ele pensou ter sido massacrado pelo rei, se alegrou. Afinal... talvez em Fiesty, ele não fosse trancado em uma torre úmida e escura. Não houve uma palavra de despedida, muito menos uma explicação. Ele foi levado e jogado novamente em sua torre úmida e escura. O guinchado dos ratos o fazia estremecer, mas a risada dos guardas que guardavam sua porta, fazia lágrimas rolarem por suas bochechas cortadas. Aquelas eram lágrimas de quem sabia o que se seguiria em algum tempo. Às vezes, o frio o fazia chorar. Sua pele parecia congelar, mas logo... os guardas riam e diziam “acostume-se, majestade, afinal irá se casar com a rainha do gelo. Estamos apenas o ajudando a se acostumar”. Em resposta, ele se encolhia, esperando que a escuridão daquela torre maldita, o escondesse daquelas pessoas. O escondesse de tudo que podia feri-lo ainda mais. Até que o primeiro mês chegou ao fim e ele foi levado para a torre sul. Naquela torre, havia uma janela. Uma cama e uma pequena estante com livros infantis. Em um pequeno pedestal, uma coroa forjada em prata e rubis, era adornada por flores de lis e ao lado da cama, havia gravado em élfico antigo – para aqueles que desejam a verdadeira liberdade. Lágrimas alcançaram seus olhos, e encolhido no canto do quarto, ele soluçou. Nem mesmo em suas memorias, aquele lugar havia sobrevivido. Aquele, era os aposentos do príncipe de Asaph. O lugar que um dia, ele havia chamado de seu. Três refeições eram dadas. Banhos e curativos eram feitos, assim como curandeiros foram chamados ao seu quarto. Os guardas já não invadiam seu quarto. Não havia mais mãos invasivas tocando em seu corpo... nem ratos rastejando por seu corpo enquanto adormecia. As noites já não eram tão frias, mas a luz do sol, assim como a noite estrelada, era a parte que Beerin mais amava. Aquela janela simples ao canto do quarto. Foi em uma tarde, enquanto olhava por aquela janela, que uma das empregadas entrou em seu quarto dizendo. “O rei deseja vê-lo, majestade”. “Certo...” respondeu com simplicidade. “O rei disse para se vestir apropriadamente” ela completou, quando o viu se aproximando da porta. “Posso ajuda-lo a se trocar”. “Não” respondeu assustado e logo acrescentou “me dê... 5 minutos”. “Como... desejar, majestade”. Ela disse antes de se retirar. Com cuidado, ele vestiu-se. Os trajes em preto e bordô – as cores de Asaph –, e os cabelos negros, penteados e soltos. Em seu quadril, levava uma espada embainhada e em seu peito, um broche carmim com o brasão de sua família, como uma etiqueta de propriedade do reino. Ele caminhou pelos corredores, seguindo a empregada e ao se deparar no jardim do castelo, surpreendeu-se ao encontrar o rei com um sorriso em seu rosto. “Majestade, é um prazer apresentá-la ao meu filho, Beerin”. Ele disse com gentileza, levando a atenção da mulher de lindos cabelos platinados, na direção do rapaz. “É um prazer conhecê-lo, príncipe Beerin” ela disse, com uma voz angelical. Os olhos de um azul quase branco, diluídos como flocos de neve e uma pele pálida que o fez pensar nos contos antigos das filhas do inverno. “Digo o mesmo... majestade” ele respondeu. ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Asaph: reino localizado no continente n***o do sul. Governado por Abellio – Rei regente. Fiesty: reino localizado no continente gélido ao norte. Governado por Eilidh. Em Fiesty é de conhecimento geral que apenas mulheres podem reinar. Élfico Antigo: O idioma utilizado no início dos tempos – quando o mundo foi criado das cinzas de Aaron o primeiro. Sírius: Um navio pirata lendário – criado pela bruxa. Rei dos 9 mares: O título que apenas o ser que conquistou os 9 mares e as criaturas que neles habitam pode receber. 9 mares: Os oceanos são divididos em 9 territórios. Cada um deles tem seu próprio habitat e é conhecido por suas criaturas e mudanças. Fortaleza impenetrável: As muralhas que cercam a capital de Asaph – onde vive o rei Abellio. Conhecida por ser incapaz de ser invadida ou destruída.
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