Prólogo

1075 Words
Os finais de semana com festas, bebidas, músicas altas e garotas semi-nuas vomitando no meu carpete ou no corredor do nosso apartamento tinham acabado. Para minha surpresa, não tinha nada aquele final de semana, absolutamente nada. Sem os malditos marotos, sem gritarias e sem risadas. Respirei aliviada. Finalmente poderia ter um final de semana em paz escrevendo meu livro. Abri o notebook alegre por que naquele momento tinha surgido uma baita inspiração, abri o world e comecei a escrever. " A saia justa deixava suas pernas atrativas a mostra e quando cruzadas chamavam a atenção de um certo para de olhos castanhos. Ele olhou para seus lábios e logo em seguida para suas pernas, pensando em..." Fui interrompida por uma batida na porta, me fazendo bufar. Deixei o notebook de lado em cima do sofá, arrumando o roupão que eu vestia. Abri a porta com raiva do ser humano que tinha interrompido minha leitura, encontrando meu vizinho irritante com uma mala em suas mãos e uma cara de cachorro pedinte. - O que você quer?- Perguntei ríspida, cruzando os braços. - Lírio, minha vizinha favorita, minha vizinha mais gostosa, cabelos ruivos mais hidratados desse bairro, que me empresta sempre uma hidratação, que eu dou uma garrafa de vinho nos natais e também que está bem gostosa nesse roupão... Revirei os olhos. - Não adianta puxar meu saco, a resposta é não. Empurrei a porta na tentativa de fecha-la, mas ele colocou a mão na frente para impedir. Baixei os olhos para as notas em suas mãos. Agarrei o dinheiro e logo em seguida abri a porta com um sorriso no rosto. - O que você não pede sorrindo que eu não faço chorando?- Descruzei os braços, encostando no batente da porta. - São os quinhentos dólares mais fáceis da sua vida, eu juro.- Ele me encarou com um sorrisinho.- Vou precisar viajar para a Inglaterra por alguns dias e preciso que você vá até a minha casa todos os dias cuidar dele. Enquanto ele falava eu contava o dinheiro em minhas mãos, não prestando atenção direito nele. Dava pra pagar para um bom editor revisar meu livro e me indicar para uma editora renomada. - Você só precisa ir lá na minha casa, dar comida para ele três vezes ao dia, fazer carinho as vezes e deixar a tv ligada. Ele é bonzinho, não vai sujar as coisas para você limpar, só precisa de quinze minutos de companhia por dia. Assenti. - Boa viagem, pode ir, tá tudo tranquilo.- Fiz um sinal de xoxo para ele, mandando ele ir embora.- Tudo sobre controle. - Me mande notícias dele e fotos, se possível.- Me entregou um papel com seu número e a chave do apartamento.- E não seja... Não deixei ele terminar, bati a porta na cara dele e a tranquei com um sorriso. Além de ganhar quinhentos dólares, Sirius não estaria em casa, eu poderia ir lá, comer as coisas da geladeira dele, deitar e rolar na cama dele, comer e beber as custas dele e só precisaria dar comida pra um animal. Deveria ser um cachorrinho ou um gatinho bem pequeno e comportado, nunca tinha ouvido nenhum barulho do tipo vindo do apartamento dele e olha que eu ouvia muitas coisas vindas de lá, incluindo gemidos e modelos saindo e entrando lá. Guardei o dinheiro dentro de um livro e coloquei o livro na prateleira junto com os demais livros. Eu estava saltitante pelo apartamento, rindo de cantando alegremente. Eu consegui o dinheiro e conseguiria um editor e logo em seguida uma editora pro meu livro, graças ao meu vizinho. Subi em cima do sofá, pulando alegremente feito uma criança. Vi meu gato me olhar de relance como se eu fosse uma maluca, lambendo uma patinha. Pulei no chão o assustando, mas o agarrei colo e continuei dançando. — 'Cause I just can't wait 'til you write me you're coming around!– Cantei, ou melhor, berrei desafinadamente.— I'm walking on sunshine ooooooo...  Olhei no meu relógio, confirmando que eram cinco horas da tarde. Provavelmente o gato estaria dormindo e entediado na casa sem seu dono, por isso resolvi colocar comida pra ele e talvez trazê-lo pro meu apartamento, assim eu não precisaria ir lá toda hora. Talvez o gato dele gostasse do meu. Larguei o notebook no sofá e me levantei preguiçosamente. Olhei para o roupão no meu corpo, sentindo mais preguiça ao perceber que teria que vestir uma roupa. — Quer saber? f**a-se, vou assim mesmo!– Arrumei o laço do roupão, no caso de alguém estar no corredor. Acariciei as orelhas do Mr. Peludinho, com ele esfregando sua cabeça na minha mão, pedindo por mais carinho. Quando eu parei ele miou, reclamando e pedindo por mais. — Mamãe já volta Mr. Peludinho. Mamãe ainda vai voltar com um amiguinho, ok?– Ele miou em resposta. Peguei a chave do apartamento do Sirius. Sai do meu apartamento e apenas deixei a porta encostada, seriam menos de cinco minutos pra colocar comida pro gato e o apartamento do Sirius era em frente ao meu. Quando ia abrir a porta do apartamento dele pude ouvir o barulho da TV, parecia um show de stand up. Por que diabos o gato dele assistia TV e ainda por cima, stand up? Olhei para a brecha por baixo da porta, vendo uma luz acessa. Mr. Peludinho não era tão frescurento ao ponto de ficar com a luz acessa e a TV ligada sozinho em casa, sem falar que a conta de luz viria um absurdo caso ele fizesse isso. Coloquei a chave na porta, girando ela e destrancando a porta. — Psi psi, gatinho, vem com a titia...– Chamei, procurando o gato pela cozinha, mas não recebi resposta. O apartamento de Sirius era impecável, mesmo para um homem, principalmente um homem bagunceiro como ele. Era um apartamento mais arrumado e decorado que o meu. — Quem está aí?– Uma voz vinda da sala me pegou de surpresa, me dando um baita susto. Coloquei a cara no batente da porta, tendo uma visão da sala. Um rapaz estava sentado no sofá, usando óculos escuros e com uma bengala como a de um cego, olhando ao redor como se procurasse algo. Não. Não. Não. Aquilo só podia ser brincadeira. Sirius Black não tinha me deixado um gato para cuidar, Sirius Black tinha me deixado o amigo dele completamente irritante que eu odiava para que eu cuidasse!
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