— Peter, é você?– O garoto que eu não me recordo o nome perguntou, olhando ao redor como se estivesse procurando algo, mas pelo que reparei ele não estava enxergando nada.
Andei com passos lentos até ele e ele realmente não me viu chegando.
Passei as mãos em frente aos seus olhos e ele não se moveu, não fez nada.
Eu poderia simplesmente sair, deixar ele morrendo de fome e gastar as quinhentas pratas tranquilamente.
Ri mentalmente com aquilo.
Cruel.
Ele poderia morrer de fome ou se acidentar.
Em um movimento rápido ele agarrou a bengala e afundou no meu pé, me fazendo soltar um gritinho.
Cai um bocado para frente, sentindo ele agarrar meu corpo com força e me prender ao redor de suas pernas.
E eu nem ao menos estava vestindo uma roupa por baixo do roupão.
Ainda bem que ele não podia ver.
— Posso não estar enxergando, mas eu ouço muito bem, ouvi a porta, ouvi você chegando e sua respiração! Vamos lá, me diga quem é você?– Perguntou irritado.
Sua voz rouca e o jeito como ele falou praticamente no meu ouvido me arrepiou.
Me debati nos braços dele, mas ele era mais forte do que eu.
— A vizinha do Sirius, seu i****a. Vamos, me solta!– Grunhi.
Mordi a mão dele e ele me soltou rapidamente.
— Você é burro? Achou que alguém assaltaria a casa?– Gritei, me afastando daquele maluco que me atacou.
Meu pé estava doendo, por isso fui mancando até a cozinha.
— É.
— QUEM ROUBARIA A CASA COM A CHAVE?!– Falei o óbvio.
Se ele podesse ver eu teria mostrado o dedo do meio pra ele.
— Eu vou embora, que se f**a você, o Sirius e toda essa maluquice!– Avisei, prestes a jogar a chave nele.
— O Sirius te pagou, não deveria ser desonesta.
Ele estava de costas para mim no sofá, tranquilamente como se nada tivesse acontecido.
— O SIRIUS ME PAGOU PRA CUIDAR DE UM GATO!– Rebati, irritada.
— E eu não sou um?
— Um gato que mia e não um i****a como você!
— Miau.– Imitou um gato.
Olhei para ele, antes de bufar e sair do apartamento, batendo a porta com força.