O REPLICADOR

1166 Words
Victoria retornou a sua luxuosa casa, uma mansão elegante e tranquila onde, à primeira vista, tudo parecia estar em perfeita ordem. Damien ainda não havia chegado da delegacia, e ela aproveitou a tranquilidade para dar um suspiro de alívio. Seu plano para prender Amelia havia funcionado, pelo menos até agora. Ela caminhou com calma pelos corredores da casa, removendo seus brincos e se sentindo satisfeita. Os eventos da galeria ainda ecoavam em sua mente, e Victoria sabia que precisaria de tempo para planejar o próximo passo de sua busca por justiça, assim como esse para prender Amelia levou mais de um mês, afinal, apesar de Ali ser um habilidoso replicador de obras de arte, ele precisou de tempo e acesso às peças originais de Amelia para concluir seu trabalho. *** UM MÊS ANTES... O sol brilhava intensamente sobre o cais, suas águas cristalinas cintilavam como diamantes. Victoria Ashford caminhava com elegância pelo píer de madeira, sua silhueta esbelta destacada contra o horizonte azul-turquesa. Seus passos ecoavam na passarela enquanto ela procurava por Ali Shifau, o homem que a levaria em direção ao cumprimento de seus planos de vingança. Ao avistar um instrutor local, Victoria se aproximou com confiança. Era um homem maldivo de semblante tranquilo, orientando um casal de turistas que se preparavam para uma sessão de snorkel. Ela esperou pacientemente até que ele estivesse disponível, então finalmente o abordou. "Com licença", disse ela com um sorriso educado. "Você saberia me dizer onde posso encontrar Ali Shifau?" O instrutor maldivo a olhou com curiosidade. "Você está procurando Ali? Ele geralmente fica na barraca de snorkel ali, senhora." Victoria agradeceu com um aceno e se dirigiu à barraca de snorkel, onde um homem moreno com cabelos escuros estava organizando equipamentos. Ela se aproximou dele e perguntou com gentileza: "Você é Ali Shifau?" Ali ergueu o olhar e a olhou por um momento antes de responder: "Sim, sou eu. Como posso ajudar?" Victoria escolheu suas palavras com cuidado. "Ouvi dizer que você é um replicador talentoso. Preciso dos seus serviços." Ali cruzou os braços sobre o peito e a estudou com suspeita. "Replico apenas obras danificadas e não faço nada ilegal." Victoria assentiu, demonstrando compreensão. "Eu entendo. Mas você vê, preciso da sua ajuda para recuperar algumas peças que foram roubadas de mim. Já tentei acionar a polícia, mas sem sucesso. Agora estou procurando outros meios." Ali permaneceu cético. "E por que deveria ajudar você?" Victoria sorriu, sabendo que havia chamado sua atenção. "Porque estou disposta a pagar generosamente pelo seu talento. Ofereço 200 mil dólares. Além disso, vou garantir que suas obras autorais sejam exibidas em uma galeria de arte em Nova York." Os olhos de Ali se arregalaram com a proposta, imaginando o que aquele dinheiro poderia fazer por ele. Victoria continuou: "E se isso não for suficiente, darei mais 50 mil dólares se você concordar em almoçar comigo e conhecer a pessoa que pode mudar sua vida." Ali finalmente cedeu, percebendo que essa oferta poderia abrir portas que ele nunca imaginou. "Muito bem, senhora. Eu aceito." Victoria sorriu satisfeita, sabendo que estava um passo mais perto de alcançar seus objetivos de vingança. "Perfeito. Espero que esteja com apetite. O almoço está marcado." *** UM MÊS DEPOIS... Enquanto Victoria relaxava na água quente e perfumada de sua banheira, sua mente vagueava pelos acontecimentos das últimas semanas. Ela se lembrava claramente da ocasião em que apresentou Ali Shifau a Amelia no restaurante do resort nas Maldivas. Ali era o homem que ela precisava para executar seu plano meticuloso de vingança. Depois do encontro, Amelia entrou em contato com Ali e o convenceu a viajar para Nova York, justamente como Victoria havia previsto. Semanas depois, Ali tinha pleno acesso à galeria de Amelia. No escuro e silencioso recinto, ele estudou cada peça de arte, de Monets a Picassos, meticulosamente. Todas as noites, ele trabalhava em uma das réplicas, dedicando-se a capturar a essência e a beleza das obras originais. Com acesso ao espaço onde as peças originais eram guardadas, Ali executou com sucesso a parte crucial do plano de Victoria: trocar as obras de arte genuínas por suas réplicas perfeitas, sem que ninguém notasse.Pelo menos, até Amelia começar a vender as peças e justamente para um colecionador que conhecia a diferença das obras adquiridas. O resultado final? Amelia Turner foi presa, com evidências irrefutáveis apontando para ela como a principal suspeita do roubo das obras de arte. Ali, por sua vez, foi recompensado generosamente por seu papel no plano. Ele agora estava 200 mil dólares mais rico, além de ter chamado a atenção da mídia como um talentoso artista. Victoria finalmente havia alcançado sua vingança contra sua falsa amiga e amante de Damien, seu marido. Naquela banheira, com um sorriso nos lábios, ela sabia que havia feito justiça. *** Damien Ashford estava sentado em uma das cadeiras de couro na pequena sala de entrevistas da delegacia. Ele estava nervoso e impaciente, e seu olhar estava focado no advogado que havia contratado para auxiliar na defesa de Amelia Turner. Amelia, ainda atordoada, estava ao lado dele, com olhos marejados e a expressão abalada. O advogado, um homem de meia-idade com uma expressão séria, explicou a situação com cautela. "Amelia, eu entendo que você está passando por um momento difícil, mas precisamos ser realistas. As provas estão contra você. Um dos compradores confirmou ter adquirido uma peça falsificada na sua galeria. Além disso, sua situação financeira nos últimos meses levanta suspeitas." Amelia, com lágrimas nos olhos, balançou a cabeça em negação. "Eu jamais faria isso, você precisa entender. Damien é quem sempre lidava com os fornecedores dos quadros. Se algo de errado aconteceu, a culpa é dele." Damien interveio com firmeza. "Eu jamais faria algo assim com você, Amelia. Você sabe disso." Amelia, agora mais agitada, pediu para que Damien resolvesse a situação entrando em contato com o fornecedor. Ela estava claramente frustrada. "Você precisa fazer alguma coisa, Damien. Não vou cair sozinha por isso." Damien suspirou, parecendo impotente. "Amelia, você não entende. Com a prisão de Ken Poarch, meus contatos estão evitando qualquer envolvimento. Não posso simplesmente fazer uma ligação e resolver isso." Amelia bateu na mesa com raiva. "Isso é inaceitável! Você precisa encontrar uma solução, Damien." Ele tentou acalmá-la. "Eu contratei o melhor advogado que pude encontrar. Vamos dar um jeito nisso, mas você precisa se acalmar." Então, de repente, Amelia voltou seu olhar para Damien com uma expressão sombria. "Eu não sei, Damien. Começo a achar que Victoria está envolvida nisso. Ela me indicou aquele pintor, depois investiu na galeria, e agora, de repente, isso acontece? É estranho demais." Damien riu com incredulidade. "Amelia, você está delirando. Victoria jamais faria algo assim, muito menos contra você. Ela a considera como uma irmã." Amelia, no entanto, não parecia convencida. "Eu só estou dizendo, Damien, as coisas não estão se encaixando para mim." A tensão na sala de entrevistas era palpável, e a incerteza pairava sobre o destino de Amelia enquanto eles aguardavam a próxima etapa do processo.
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