Eu não consigo mais

1213 Words
... Luiza narrando ... ... dia seguinte ... Eu cheguei no morro depois de ganhar alta , e já fui direto para a boca , eu não estava aguentando mais a ansiedade de resolver tudo de uma vez , mesmo que eu soubesse que as coisas não seriam resolvidas tão rápidas assim , assim que eu cheguei lá na boca , Karen sorriu torto para mim e veio na minha direção . - como se sente ? - ela perguntou e eu suspirei . - na medida do possível , agora eu só quero consertar tudo isso . - ela assentiu . - a gente ta sem vapor , só tem uns 10 lá dentro ... - ela disse e eu respirei fundo . - vamos ter que recrutar outros moleque do morro . - mas são tudo novinho Luiza . - mas vai ter que ser Karen , vamos treinar eles e ensinar tudo que a gente sabe , o morro não pode ficar sem segurança . - a comunidade ta com medo Lu , m*l saem de casa . - eu sei ... - o HT ofereceu uns vapor emprestado só para não deixar o pé do morro sem segurança . - que bom , ainda bem ... - fala rapaziada . - meu pai disse entrando ali na boca , todo mundo veio fazer toque com ele e eu sorri torto . - oi pai . - eu disse e ele se aproximou de mim . - nós vamo restaurar o morro , mas preciso que tu confie em mim . - ele disse e eu sorri torto . - claro que eu confio em você . - então fechou o pacote ... Magrão , cola aqui . - ele disse chamando um dos vapor , Magrão se aproximou . - manda GB ... - preciso que tu descole uns moleque bom ai da comunidade , acima de dezoito , não quero BO , agora não . - beleza GB , já até conheço uns moleque ... mas eles só aceitam se envolver grana . - Magrão disse e meu pai me olhou , eu suspirei . - o que tem em caixa é pro carregamento . - eu disse porque tinham roubado grande parte ... - pode oferecer o cachê , nós damo um jeito . - meu pai disse e Magrão assentiu saindo . - agora eu quero uma coisa de vocês duas . - meu pai disse apontando para mim e para Karen . - pode mandar GB . - Karen disse ... - vocês vão ter que bolar um jeito de conseguir grana e rápido , o resto eu resolvo . - pode deixar , eu até tenho uma ideia . - Karen disse sorrindo para mim , eu franzi a testa sem entender ... meu pai foi falar com os vapor e Karen se aproximou de mim . - eu tenho uma ideia para conseguir uma grana alta , mas alta mesmo , mas não vai ser tão rápido quanto o GB quer ... - e qual a ideia ? - tu sabe que eu já pulei nesse mundo inteiro ae né ... - sei ... - eu conheço um empresário bilionário , dono de várias fazendas de café ... - hum , e o que isso tem a ver com o morro Karen ? - ele tem uma empresa de negociações , ele negocia com o mundo inteiro , se uma de nós se infiltrar lá dentro como funcionária direta dele , toda a grana que cair a gente transfere um pouco para ele e um pouco para uma conta nossa ... - eu ri nervosa . - isso é totalmente impossível Karen , você pirou ? - impossível por que Luiza ? esses caras nem sabem o quanto de grana que entra e sai do bolso deles . - o impossível não é roubar ele , o impossível é entrar lá dentro e conseguir um cargo de confiança assim do nada . - ela riu baixo . - se eu te colocar lá dentro , tu topa ? - sim , mas é impossível ... - deixa comigo ... o morro nunca mais vai precisar de grana depois disso . - ta bom , pode ser então ... - você ta meio tensa , tem mais alguma coisa que te preocupando fora o morro ? - eu suspirei . - tem ... o Thiago ... ele esteve no hospital todos esses dias comigo , mas ... ele ta frio , ta distante . - ele deve estar triste com o que aconteceu Lu , só isso ... - eu entendo , eu também estou , mas eu estou precisando tanto dele do meu lado nesse momento e não tenho . - eu disse abaixando o olhar , Karen soltou um longo suspiro e não disse nada ... Quando eu resolvi umas coisas na boca , eu resolvi ir atrás do Thiago no Vidigal , eu queria poder falar com ele , antes de tudo isso acontecer , a gente estava arrumando a nossa casa na Maré , mas ainda não tinha ficado pronta , ele ia cuidar do Vidigal de lá mesmo ... Assim que eu cheguei na boca do Vidigal eu vi ele saindo de lá ao mesmo tempo , ele se aproximou de mim . - o que ta fazendo aqui Luiza ? - ele perguntou frio . - eu vim falar com você , podemos conversar ? - aqui não ... vamos lá em casa . - eu assenti e fomos para a casa dele . Assim que entramos , sentamos no sofá e ele me olhou . - pode falar . - ele disse e eu suspirei . - Thi , eu sei que deve estar destruído assim como eu por termos perdido a nossa filha , mas eu to precisando tanto de você , de um abraço ... - eu disse com a voz embargada , ele suspirou . - Luiza ... tem duas coisas que dói em mim , a perca do bebe e você ter entrado nessa luta sem mim ... eu não sei se eu vou conseguir perdoar e esquecer isso tão fácil ... - eu precisava ... - tu ja me falou tudo isso , não precisa repetir ... você escolheu o morro ... - são coisas diferentes Thiago , não me faça escolher um lado ... - eu não vou fazer isso Luiza , afinal , você escolheu um lado já ... - o que quer dizer com isso ? - que eu acho melhor acabarmos por aqui ... foi f**a para c*****o o que a gente viveu , mas eu não to bem para continuar ... não agora . - meus olhos encheram de água . - tá terminando comigo ? - to ... vai ser melhor para nós dois , para gente se recuperar de tudo que aconteceu ... eu não consigo mais Lu ... - ele disse abaixando a cabeça , algumas lágrimas começaram a escorrer ... - Thiago ... vamos consertar isso juntos . - eu não consigo ... me desculpa . - ele disse me olhando . Eu abaixei a cabeça e comecei a chorar em silêncio .
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