☆Flor López☆

3734 Words
Flor López Olá! Eu me chamo Flor López, hoje tenho vinte e três anos. Sou sobrinha do Fernando López, mas todos aqui no morro do Jacarezinho e fora daqui o conhecem como "O Animal". Mas, no fundo eu o considero como um irmão mais velho, aqueles que vivem pegando no nosso pé e nunca nos deixam fazer nada daquilo que gostamos. Sou nascida e criada aqui no Jacarezinho, mas pergunta quantas vezes conseguir subir a ladeira e conhecer um baile de perto? Nunca! A última vez que tentei fugir pra fazer isso, eu tinha dezoito anos e levei uma coça de vara que me fez parar no postinho e que me deixou arriada por quase um mês. E o Nando ainda fez questão de deixar as coisas bem claras e mostrar quem mandava por aqui. — Sou o chefe dessa favela e também dessa casa. Enquanto tu tiver debaixo do meu comando vai fazer só o que eu deixar e quiser. Quero saber de sobrinha minha se esfregando em vagabundo nenhum não. Tenho um nome a zelar Flor e não quero ser tachado como parente da putinh@ da vez. Muito menos virar chacota na boca do povo e dos meus soldados. Sacou? Essas foram as palavras que ele dizia enquanto me lapeava nua no banho. Esse foi um dos piores dias da minha vida, só não falo que foi o pior porque nada chega nem perto da noite em que recebi a notícia ou melhor vi nos noticiários policiais da TV que um traficante tinha sido pego numa tocaia pelos inimigos da facção rival. E que foi esquartejado e jogado dentro de um tonel de aço. Tudo parecia monstruoso, mas o que eu nunca imaginei é que àquele corpo era do chefe dessa comunidade, ou seja o meu pai. Eu já tinha perdido a minha mãe também assassinada pelos caras da facção rival e agora perdia o meu pai desse jeito como se fosse um bicho. Eu só tinha doze anos... imagina o que não passava na cabeça de uma garota de doze anos ao ver os pais morrendo desse jeito tão brutal? Minha vontade era morrer, eu tentei fugir, até o suicídio eu tentei fazer no meu desespero de acabar com todo esse sofrimento tomando veneno de ratos... Mas, daí fui impedida pelo Rony, que geral aqui conhece como "Cifrão ou Senegal". E foi nessa que cometi o maior erro da minha vida, me apaixonar por um traficante. Rony é um sujeito que já fez e continua fazendo muita merda por aí e sabe de todos os podres do Nando, acredito que ele saiba quem foi o culpado pelas mortes dos meus pais. Mais é claro que ele nunca vai me dizer... Mas, uma coisa é certa... algum dia eu vou descobrir toda a verdade e vou correr em busca do certo... não vou deixar a morte dos meus pais assim impune e uma hora ou outra a justiça vai chegar. Bom... hoje é domingo e como sempre tô presa dentro dessa casa que mais parece uma prisão, de tantos seguranças que tem em torno dos muros de mais de quatro metros de altura cercados por cerca elétrica e ainda pra completar tem câmeras de vigilância em todos os lugares, desconfio que tenha câmera até no banheiro. Eu me sinto no próprio BigBrother do Jacarezinho de tanto que sou monitorada. Se isso é bom? É uma merda. Me sinto como um verdadeiro animal em extinção encurralada nessas paredes tão sofisticadas revestidas de gesso e cheia das mordomias, mas que no fundo só servem pra deixar a minha prisão domiciliar mais confortável e não se parecer com as paredes de concreto do sistema penitenciário. Sempre achei tudo isso um verdadeiro absurdo, mas o que eu posso fazer? O Nando é o chefe, dono da casa, aquele que coloca o dinheiro aqui dentro e enquanto eu estiver debaixo do teto dele tenho que acatar as suas ordens. Diz ele que tudo isso é por precaução, porque se preocupa comigo e com a minha segurança. Fala que sou sua única família e por conta disso não pode deixar fácil para os inimigos me fazer de refém e querem tomar o morro. Mas no fundo sei que ele faz tudo por ele mesmo, pra saciar seu ego, seus desejos e sua obsessão por poder. Ele é viciado em academia, todo neurótico com o corpo e sabe porque? Porque quando adolescente ele era totalmente diferente. Era gordo, usava óculos de grau por conta de ser míope, tinha várias espinhas no rosto, cabelo que mais parecia uma espiga de milho de tão duro... resumindo o meu tio era feio demais. Nunca teve uma namorada e a única garota que ele se apaixonou foi no colegial, soube que ela até era legal com ele, mas por se achar feio e com medo de ser rejeitado deixou o tempo passar e nunca chegou junto dela. Talvez por isso ele tenha se tornado esse monstro que odeia as mulheres e o animal que é hoje em dia. Tento encontrar um jeito de fazer com que ele tenha um lado bom, mas é praticamente impossível. Porque a cada dia que passa ele só piora e confesso que não suporto mais os seus maus tratos. Já até tentei fugir na única hora que tô fora desse morro, que é o horário das aulas na Universidade de veterinária. Mas, até isso ele descobriu e o que deu? Fiquei proibida de sair do morro e fui obrigada a fazer o meu curso on line... Era isso ou abandonava tudo. Como se eu tivesse alguma coisa né!? Mas, naquele momento os estudos eram muito importantes pra mim, era um sonho que sempre tive de cuidar dos animais e abrir uma clínica aqui no morro cobrando preço justo pras pessoas terem um atendimento de qualidade pra seus pets. E desistiŕ do curso era o mesmo que abrir mão da minha razão pra viver e por isso tenho aguentado todos esses absurdos. Mas, minha hora vai chegar e logo vou ser livre desse lugar e principalmente das garras do meu irmão. Enquanto esse dia não chega continuo estudando e passando meu tempo cuidado do "Mingau" meu vira latas lindo que tanto amo. Enfim.... agora tô sentada de frente a televisão comendo uma fatia de pizza de quatro queijos que adorooooo... Com o Mingau deitado em cima dos meus chinelos esperando eu deixar cair alguma migalha de pizza ou dar mole para ele roubar a caixa toda e comer as fatias numa bocada só. E claro, sonhando com o idiot@ do Rony que insiste em me chamar de bebê e me tratar como se eu fosse uma. Até quando esse imbe.cil vai ficar nessa? Será que não percebe que já sou uma mulher e apaixonada por ele a maior cota? — Ai Flor! Você precisa acordar e largar de mão esse babac@ antes que seja tarde de mais. Isso não tem futuro e pelo visto só vai atrasar a tua vida, além de te fazer morrer virgem com esse sonho da tua primeira vez ser com ele né!? Aff... me sinto uma verdadeira imbe.cil por amar um cara que nunca vai me ver como mulher e ainda ter dispensado um cara tão legal como o Diego, meu único amigo de verdade... Falo comigo mesma enquanto pego um copo de soda Antártica e quase derrubo tudo quando ouço o noticiário na televisão. Aumento o volume e não acredito no que eu vejo. Repórter Narrando a Notícia — A violência no Rio de Janeiro parece não ter fim. Estamos diante de mais uma barbárie cometida por criminosos envolvidos com o facção do comando vermelho... Numa tentativa de assalto, tudo deu errado e por conta disso uma vítima inocente pagou com a própria vida. Uma criança que tinha acabado de completar cinco anos foi arrastada por quase cinco metros presa a um cinto de seguranças enquanto os marginais trocavam tiros e tentavam fugir da polícia. Um desses bandidos foi atingido caindo na estrada e sendo atropelado por um caminhão que vinha em sentido contrário. Ele morreu na hora e foi identificado por Clayton Kauã de Oliveira, mais conhecido como... A repórter nem havia terminado a notícia e logo dou um grito que fez o Mingal se assustar latindo pra cima de mim. — CKKKKKKKKKKKK... Meu Deus! Não pode ser... isso não pode ser verdade... Será que o Nando já sabe disso? E o Rony??? Eu preciso sair daqui e descobrir o que aconteceu. — dou um grito deixando o copo de refrigerante cair no chão. Calço meus chinelos havaianas e saio desesperada para ter mais notícias. — Onde tu vai Flor? Pode sair de casa assim não. Temo que avisar ao Badaui antes e tu só sai se ele liberar tá ligada!? — JC um dos seguranças e que me conhece desde sempre tenta me impedir parando na minha frente — Me solta JC merd@, cadê meu irmão? Cadê ele porr@? Eu já sei de tudo o que rolou. Sei do assalto e também da morte da criança. Que merd@ vocês têm na cabeça pra fazer essas coisas e ainda por cima colocar criança no meio dessas imun.dícies? — grito tentando passar e ele me impede me cercando — Sei de nada não Flor. Me deixa fora dessa. Tô aqui na tua segurança e cumprindo ordem. O que rol@ pra fora do morro e no asfalto tá fora das minhas responsabilidade. Na moral, volta pra casa e alivia pro meu lado. — ele fala segurando uma fuzil com a mão direita e com a outra sinaliza pra eu voltar Dou um grito e ele fica mais nervoso ainda. — Passa o radio e manda Rony chegar aqui. Bora porr@, tá esperando o que pra fazer o que tô falando? — Flor nós se conhece desde moleque e da época do grande RK, mas agora as parada mudou e tu sabe que se nós vacila teu tio mata nós sem piedade. Tô mandando o papo reto pra você na moral, facilita as paradas, entra na casa e esquece essa merd@ de assalto. Deixa baixo que essa porr@ ainda vai feder e quanto mais longe tu tiver disso melhor vai ser tá ligada!? — JC fala e eu não quero nem saber de nada, dou um pisão no pé dele e um golpe com meu joelho no meio das suas pernas e saio abrindo o portão correndo para a rua. Ele fica caído no chão e só falo: — Foi m*l JC! Mas, ninguém mais vai me impedir de merd@ nenhuma nesse morro. Saio correndo subindo a ladeira e quando tô quase chegando na boca uma moto me fecha. Levanto o olhar e vejo a visão do paraíso sentado na moto sem camisa, com uma Glock na cintura, uma fuzil entrelaçada no peitoral e me fitando de cima abaixo. Fico paralisada como uma imbe.cil de frente daquela perfeição de homem que me enlouquece sem nem me tocar. Meu coração acelera, meu corpo todo enrijece, meus pêlos arrepiam e abro um sorriso bobo só de olhar pra ele... para o meu Rony... Mas, o céu azul todo estrelado logo se fecha dando lugar a uma tempestade com direito a raios e trovoadas quando ouço. — DESCE AGORA RENATINHA... LOGO MAIS NÓS SE FALA NO TEU BARRACO GOSTOSA! — ele fala mandando a vaca da Renatinha cu de arranque descer e a ordinária olha pra minha cara rindo como se eu fosse um nada e ela a superior. Minha vontade era de segurar naquele aplique e arrastar a cara dessa p*****a por todas as vielas desse morro. Mostrar pra geral quem eu era na realidade. Mas pra quê vou me sujar desse jeito? Rony é algo meu? Temos alguma coisa? Não! Então ele que se f**a pra lá com essa penosa v***a de merd@ e vá pro inferno junto com esse projeto de capeta. Olho pra ele de lado cheia de ó.dio e continuo seguindo meu caminho. — Flor? Espera Flor! Florrrrrr... Onde tu vai? Para Florrrrrrr... Car@lho de moto que sisma de dar ru.im na hora errada. Merd@! Rony grita tentando me fazer parar e pouco tempo depois ouço o ronco do motor perto de mim. Olho pra trás e ele tava quase encostando no meu corpo. Dou uma carreira seguindo em direção da boca e ele fica louco. Chego igual papaleguas na porta do barraco onde eles ficavam e sou barrada pelos vapor. Começo a fazer um escândalo estapeando os moleques e dou vários socos, chutes e outros golpes que tenho aprendido mas aulas de Muai Thay pela internet. Claro que escondida do Nando. Se ele descobrir me mata na hora. Olho em volta e aquele lugar era nojento. Todo bagunçado, sujo e com porcarias para todos os lados. Tinham restos de marmitas com comida, camisinhas usadas, copos, garrafas de bebida vazias, bimbas de cigarro e outras imundícies espalhadas pelo chão de concreto. Continuo adentrando quando sinto um puxão de leve no meu braço e sou encostada contra a parede. — Onde você pensa que vai Flor? Tu sabe que Animal não quer você circulando pelo morro e menos ainda aqui na boca. Bora comigo que te levo de volta pra casa, isso não são horas de criança tá na rua. — Rony fala com seu rosto a milímetros do meu, estávamos tão perto um do outro que conseguia sentir sua respiração quente e seu coração acelerado assim como o meu — Criança? Onde você tá vendo uma criança aqui Rony? Sou uma mulher feita e faço o que quiser da minha vida. Tenho nada haver contigo, meu papo é com o meu irmão. Volta lá pra tua Renatinha cu de arranque e me deixa em paz nessa merda. Com Nando eu me resolvo. — falo o encarando e tentando me afastar dessa tentação do car@lho que esse homem representa na minha vida, mas tava fod@, ele era forte demais e me prendia facilmente. Não que isso fosse ru.im, ficar presa a ele era o que eu mais queria, mas se tivéssemos algo um com o outro. Mas, como isso pelo visto nunca iria acontecer, quando mais longe estivéssemos um do outro seria melhor. Tento me desvencilhar dele e sinto sua mão em volta da minha cintura, além do seu olhar fixo nos meus. Engulo em seco e o encaro quando ele diz: — Tá maluca Flor? Que bicho te mordeu pra me tratar desse jeito? — ele fala me encarando sério — O bicho chamado vergonha na cara e simancol. Já ouviu falar? Você tá precisando muito pra acordar pra vida e deixar de ser esse otá.rio que fica colocando vádi@s na tua garupa. — grito o que tá engasgado na minha garganta faz tempo — Flor... na moral, não sei porque tá me tratando assim cara. Sempre te tratei na maior consideração como se fosse uma irmã e agora tá toda espinhosa pra cima de mim pô. Não tô te entendo. — Você é um imbe.cil mesmo Rony Senegal e nunca vai perceber porr@ nenhuma. E quer saber? É bem melhor assim. Você com tuas put@s e eu seguindo o meu caminho. Cada um na sua e papo encerrado. Sacou mermão!? Falo debochada passando a mão no seu rosto lindo continuando andando e paro se frente a porta do quartinho onde o Nando estava. Coloco a mão na porta de madeira que nem tranca tinha, só tinha um pedaço de madeira pra fechar por fora com um prego enferrujado. Levando o toco de madeira e empurrou a porta de vez vendo o Nando arrumar a roupa. — Aff... com certeza a put@ da Shaiana deve ter vindo aqui fazer o serviço. — penso comigo mesma quando ouço o grito estridente que eu reconheceria em qualquer lugar — O que você tá fazendo fora de casa e ainda por cima aqui na boca Flor? Responde c@ralho? Eu mato o JC! — Nando grita e continuo entrando olhando aquele lixo de lugar que mais parecia um chiqueiro de tão imundo que era, apesar que estava até ofendendo os porquinhos comparando a casa deles com um troço imun.do desses que só tinha odor de maconha, bebiba e porr@ espalhada por todo lado. Fico paralisada com tudo o que vejo, era a primeira vez que subia até o pico do morro e entrava na boca. E de repente quando saio do transe pensando em falar alguma coisa vejo a p**a da Shaiana saindo de um beco. Ela estava com o rosto todo vermelho e inchado parecendo ter chorado muito. E nos seus braços e pernas tinham marcas de dedos. Com certeza ela apanhou muito do Nando enquanto ele a usava de todos os jeitos. Eu deveria sentir dó ou até pena dela por isso. Mas, eu não conseguia. Ela estava com ele a muitos anos e sempre era tratada desse jeito ou até pior. Mas, mesmo assim continuava se rastejando por um sujeito que não tem carinho, amor por ela e nunca terá por ninguém. Ao ver isso a minha ficha caiu na hora e percebi como perdi anos da minha vida pagando paixão pelo Rony que era tão miserá.vel quanto o meu irmão. Continuo pensando quando sinto segurarem no meu braço com força. Olho e vejo os olhos do Nando completamente vermelhos como fogo e seu corpo tinha um odor de bebida misturado a drogas. Era nítido que ele tinha voltado a cheirar... Mas, porque fez isso? Ele estava limpo desde que meu pai morreu. Algo muito sério aconteceu. Será que ele foi culpado pela morte do garoto? Será que ele estava naquele assalto? Minha cabeça dava voltas e mais voltas. Eu sabia que meu irmão era um cara r**m, sem piedade ou sentimento por ninguém. Mas, daí a chegar ao ponto de matar uma criança a troco de nada era demais pra mim. — Responde Flor? O que veio fazer aqui? — Nando grita segurando meus braços e me balançando com força — Solta a Flor Badaue! Você não vai machucar ela cara. SOLTA ELA PORR@! — Rony grita e se coloca na minha frente para me defender — Não te mete nisso Senegal. Isso é coisa minha com essa vadi@ aí. — Nando grita me ofendendo e um nó se forma na minha garganta. Porque ele me tratava assim se eu o amava tanto? Fico paralisada com lágrimas nos olhos sentindo meu coração mais acelerado do que nunca. — Flor não é nenhuma v@dia Badaue e tu sabe disso. Ela é tua sobrinha porr@! Te considera como um irmão. Se tu não soltar a Flor agora nós vai cair no p@u cumpade e pela primeira vez na vida vou me fuder pra porr@ de hierarquia do tráfico e vou te dar o que tu merece faz tempo. — Rony grita e Nando me solta indo pra cima dele — Qual foi Senegal, tá pagando paixão pela Flor? Que porr@ é essa? — Nando fala encarando pro Rony que não baixa a guarda e o encara de igual pra igual Eu nunca vi eles brigarem desse jeito. E menos ainda por mim. Será que Nando tem mesmo razão e Rony tá gostando de mim? Será que meu sonho vai se tornar realidade e vou ter o amor da minha vida do meu lado? — Que merd@ tá pensando Flor? Isso é hora dessas coisas? Se liga! Rony nunca vai te ver como mulher e outra, não esquece que ele é tão r**m quanto o teu irmão. — penso me repreendendo mentalmente e levo um susto com o grito do Rony — Tá maluco? Flor ainda é uma criança cara. Nem vou te responder merda nenhuma, tu tá noiado, bêbado e sem controle. — Rony grita se afastando do Nando e grito em seguida — EU NÃO SOU UMA CRIANÇA! E PAREM DE FALAR DE MIM COMO SE EU NÃO ESTIVESSE AQUI MERD@! — grito olhando para os dois ao mesmo tempo — Fernando... amor... — Shaiana fala tocando em Nando e ele segura pelo maxilar dela com força me deixando assustada com àquilo — ANIMALLLLLL... EU ME CHAMO ANIMALLLL C@RALHO... AMOR É MINHA PICA... VAZA DAQUI ANTES QUE TE DÊ A SURRA QUE TU MERECE E DESSA VEZ VAI SER COM OUTRO P@U, DE MADEIRA DE VERDADE... VAZA... VAZA PORR@... Ele grita como um bicho e a Shaiana sai correndo chorando muito. Olho pra ele, o encarando sem medo e pergunto. — Porque você é tão ru.im assim Nando? Porque você trata as mulheres como se fossem um nada? Porque você me trata como se fosse sua prisioneira, sendo que sou sua sobrinha e tenho o seu sangue? Porque Nando? Porque? Eu gritava e chorava ao mesmo tempo. Eu não suportava mais continuar sendo tratada daquele jeito, como se fosse um animal encarcerado. Precisava dar um rumo na minha vida... Eu precisava sair daqui e tentar ser feliz antes que fosse tarde. Eu chorava muito e ele só me olhava de cima a baixo sem nada dizer. Até que não suportei mais e somente disse: — Não sei o que você fez de errado dessa vez Nando, mas se você se meteu com criança e teve culpa pela morte daquele menino inocente que passou na televisão você vai pagar o preço. Eu te amo como uma irmã, mas a cada dia quero ficar mais longe de você. E te digo uma coisa, hoje é o último dia que olho na tua cara e que você encosta a mão em cima de mim pra tentar me agredir. Falo secando as lágrimas e saio do barraco correndo seguindo sem rumo. Rony tenta me impedir, mas dou um tapa na cara dele e saio correndo pela ladeira do morro. Ouço barulhos de motos vindo atrás de mim, mas pra minha sorte ou azar consigo chegar no asfato e um táxi passa. Me jogo na frente do carro e o motorista para na hora. Eu entro e sigo não sei pra onde. Mas, tudo o que eu queria era desaparecer dali, sumir daquele inferno e daquela prisão que me colocaram sem eu saber o motivo. Agora isso não importava mais, eu já tinha fugido, estava longe daquele morro e só uma coisa me passava na cabeça. O que vou fazer agora da minha vida vestida desse jeito, com essas havaianas e sem um centavo no bolso? Como vou pagar esse motorista? — Meu Deus! Que merda eu fiz? Continua...
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