35. Joana Narrando O sol nem tinha nascido e eu já estava de pé, como sempre. O despertador nem precisava tocar, meu corpo já sabia a hora de levantar. Era mais uma madrugada de trabalho, mais um dia de faxina nas casas ricas do asfalto. Não importa quantas vezes o meu filho, tentasse me impedir, eu nunca parei de trabalhar. O trabalho me mantinha firme, me dava propósito. Vesti minha roupa e me arrumei, com perfume, maquiagem e tudo que sempre gostei. Peguei minha bolsa e sai de casa. Caminhei pelas ruas da Rocinha, já acostumada com o caminho e com os perigos que a madrugada traz. Mas a gente que vive no morro, aprende a andar com cuidado, sempre atenta. Mas aqui, ninguem nem mexe comigo. O trabalho na casa da dona Cláudia foi tranquilo, como sempre. Limpei cada canto, organizei tudo