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Do inferno ao céu: O ressurgir de Carolina

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ATENÇÃO, este livro contém relatos de abuso s****l. Contém gatilho!! Esse livro mostra a vida de Carolina, sobre seus traumas que viveu na infância e como ela se torna uma mulher forte e passa por cima de todos os seus traumas.

Carolina, 22 anos, está no último ano de enfermagem. Fugiu de casa aos 16 anos devido às condições insuportáveis que vivia com sua mãe viciada, que frequentemente a deixava vulnerável a abusos sexuais pelos parceiros que sua mãe tinha desde os seus 6 anos. Após morar com uma amiga e também sofrer abusos lá, Carolina voltou às ruas, mas com muita determinação, conseguiu ajuda e iniciou sua faculdade. Dedicada e esperançosa por um futuro melhor, começou a estagiar no posto da Rocinha, onde seu destino se cruzou com o de Barão.

Barão, 32 anos, é um bandido procurado e extremamente perigoso, conhecido como o "Barão do Pó". Ele é exigente no trabalho e na reputação, fazendo de tudo pelo seu morro, herdado de Jhonny, o ex-dono que ele admirava. Apesar de ser casado, está acostumado a ter todas as mulheres da Rocinha à sua disposição. Sua convivência com a esposa deslumbrada e os filhos é problemática, pois ele não aceita o comportamento deles.

No dia em que Carolina chega ao morro, Barão se vê imediatamente atraído por ela, especialmente ao vê-la trabalhando incansavelmente durante uma operação. O que ele não esperava era que o sorriso amigável e gentil de Carolina iria virar sua vida e sua cabeça do avesso. Carolina, com uma opinião forte e decidida, não aceita ser tratada de qualquer jeito. Seus traumas e marcas da vida tornam-se um desafio para Barão, que aos poucos descobre o passado triste e escondido por trás do sorriso doce de Carolina.

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01.
01. Barão Narrando Eu tô sentado no pico do morro fumando meu bom baseado e pensando na minha vida. Daqui eu tenho a melhor visão da minha favela, como dizem por aí, a maior favela do Rio de Janeiro. A Rocinha é o mundo, meu parceiro. Aqui tem de tudo que você imaginar: é um bar em cada beco, mercado é 24h, amigo, ninguém fica com fome. Tem curso de inglês, loja de móveis e eletrodomésticos, tem restaurante de nome, shopping, e eu posso ficar falando aqui até amanhã o que tem dentro do meu morro. Nunca vai existir nenhum outro morro aqui no meu Rio de Janeiro igual. Meu nome é Johnny Escobar, mas todos me chamam de Barão do Pó. Vocês NUNCA vão ouvir alguém me chamando pelo meu nome; eu não admito uma parada dessas. Eu tenho um vulgo muito bem escolhido e essa p***a é pra ser usada. Hoje eu tenho 32 anos, mas eu comecei nessa vida aqui com 16 anos. Eu sou casado com a Vanessa há uns 10 anos, mas de rolo mesmo eu comecei com ela quando eu tinha 15 anos. Foi minha primeira f**a, e ficamos namorando, e nessa já emplaquei a Rebeca nela. Um ano depois veio o Thomas. A Rebeca tem 15 anos e o Thomas tem 14 anos. Tem que ter muita paciência pra lidar com dois adolescentes dentro de casa e por isso meu lugar de paz é aqui, bem longe de todo mundo. Eu casei com ela quando eu peguei cadeia só pra ter o direito da visita íntima lá dentro. Eu quis casar, fiquei 5 anos fechado e na primeira saidinha que teve, meu amigo, eu meti o pé, cortei a tornozeleira e nunca mais voltei. O governo acha mesmo que vai dar benefício da saidinha pra uma caralhada de bandido e a gente vai voltar pra dormir, mano? Qual é, pô. A realidade é que eles sabem que não vamos voltar, mas eles dão pra diminuir a população carcerária e maquiar o que aumenta todos os dias. Eu sou feliz pra c*****o aqui, e eu não me vejo em nenhum outro lugar. Um montão de bandido foge da própria favela pra ir se esconder em outras favelas com medo da polícia invadir e pegar eles, mas eu não, meu parceiro, eu sou cria da Rocinha e daqui ninguém me tira. Eles podem vir a qualquer hora que eu vou pra cima pesadão e boto pra correr como sempre foi. Até eles conseguirem chegar em mim, tem muito soldado na minha frente. Aqui eu sou feliz, pô, com as minhas mulheres, meus parceiros e a minha família, quer dizer, os meus filhos. Eu vendo o pó, mas não uso como acham. O meu único vício é mulher, e isso, meu parceiro, eu tenho de monte. Das minhas costas quem guarda é Deus, a minha segurança quem faz é um AK e disposição é o meu sobrenome. Pra bater de frente comigo, meu cria, tu tem que tá preparado. Olho pro meu morro e fico admirando tudo o que eu construí, respiro fundo e me levanto soprando a fumaça do meu baseado e fecho os olhos sentindo a brisa. — E esse império aqui? — eu falo abrindo os braços no topo do morro — Ele é todo meu. — Abro os olhos e sinto a paz da minha comunidade. Depois do meu estresse com a Vanessa por causa de dinheiro, eu desci de volta pra boca e ouvi uns tiros. Eu parei a moto e passei o radinho. — Qual foi, dado? Que p***a é essa? — É os cana, meu chefe, eles tão querendo entrar — ele avisa. Eu suspiro cheio de ódio, desço da moto e encosto ela no canto. Entro correndo na boca, pego o colete, coloco, pego meu fuzil e atravesso no peito, coloco a Glock na cintura e penduro o radinho no colete. Olho o Capoeira entrando correndo e pegando o armamento dele, e a gente distribui um pesado pra rapaziada. — Ó, eu não devia descer nessa não, mas vou dar uma moral de cria pra rapaziada. É pra dar sem pena pra cima desses vermes. Eu quero eles longe daqui. Fiquem vivos que eu preciso de vocês, hein. Vambora que eu tô com vocês e depois a gelada é por minha conta — eu falo e eles gritam zoando, saindo correndo da boca. — Tá de bom humor por quê? Aposto que comeu aquela j**a da padaria — o Capoeira fala me olhando e rindo, a gente vai saindo juntos. — Comi mesmo, a bucetinha — eu faço sinal de pequena com os dedos — Gostosinha, fiquei até com pena de socar de tanto que ela gemia. Mas é fraquinha na f**a, pelo fogo que ficou comigo achei que ia me dar um chá, pô. — Barão, a menina tem 19 anos — ele fala, e eu fico rindo. — Irmão, ela quis me dar, eu não fui lá ajoelhar na frente dela pedindo a b****a dela em casamento, não, pô — eu falo e engatilho o fuzil e vou correndo pelas vielas com ele na minha frente. Essa p***a ia acabar rápido, era só uma blazerzinha. Devem ser novos e erraram o caminho, pô, tenho certeza disso. Mas vão tomar um balaço pra nunca mais errar a entrada da minha favela. A troca de tiros começa intensa, muito bandido correndo, policial entrando perdido. Aqui é um verdadeiro labirinto. Se não tem as manhas, é melhor não entrar, ainda mais de noitão quando só tem vagabundo na pista doido pra acertar cara de polícia safado que acha que manda mais do que nós. Aqui, a lei que vale é a minha, e nenhum fardado se cria. Eu tava trocando tiro pra expulsar esses filhos da p**a daqui e eu tava vendo que eles estavam perdidos, pô. O Capoeira viu a mulher no canto da parede com uma criança e correu pra eles. — Não acredito que ele vai fazer uma coisa dessas não — quando eu terminei de falar, eu vi ele arrancando o colete e colocando na criança. Eu só respirei fundo e corri na viela e ouvi os passos dele correndo atrás. Eu subi na laje e aqui de cima eu comecei a atirar nesses vermes filhos da p**a. Meu sangue ferveu, mano, e os tiros ficaram fortes. Eu puxei o outro pente de munição da cintura e encaixei no fuzil e meti bala pra cima deles. Eu vi quando um deles miraram pra gente, eu meti bala na cabeça dele e os tiros pararam, mas eu vi quando o Capoeira caiu pra trás e eu arregalei os olhos. — c*****o, CAPOEIRA, MANO, ACORDA — eu joguei o fuzil nas costas, peguei ele no colo, colocando no meu ombro, e desci correndo com ele gritando por ajuda. Eu tava cego de ódio e com medo. Eu sentia o sangue dele em mim e ele mole no meu colo. Eu saí correndo e entrei no posto gritando por ajuda.

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