Leilão beneficente

1999 Words
O que eu sabia sobre o Lorenzo?? Não muito para ser honesta! Apenas que seu sobrenome era Monteiro. Que ele é o segundo de quatro irmãos; Que passou em terceiro lugar na faculdade de engenharia, e que ele tem uma jaqueta marron ridícula. Além disso sabia que ele era expert em trolar pessoas. Pois me fez papel de ridícula no cemitério... Sei também que ele adora um descafeinado. No almoço em que tivemos descobri que seu pai mora no interior com uma tia. Que ele sonha em ir embora do país; e ah! Ele também não come muito. Será que essas informações são suficientes para ir pra cama com alguém?? Também não sei!! Apesar da minha extrema facilidade de escolher o quê é bom. Eu nunca se quer fiquei com uma pessoa a não ser que fossem apenas beijos. Patético!!! Porém deve ser a minha visão de perfeição em mim, que me impeça de me arriscar. Mas porque o Lorenzo??? Também não sei lhe dizer... Talvez você possa me explicar porque ele e não o Pither?! É como se Lorenzo me enxergasse interiormente sabe?! É estranho como ele se dirige a mim, e me olha diretamente nos olhos. Como se visse a minha alma. - Não posso ficar com você Déborah! Ele se lamentou. - Aah... Sério? Falei um pouco desapontada. - Sim... Ele concordou. - E porque posso saber? Levantei uma sobrancelha. - Tenho um pacto de castidade! Só fazer amor depois do casamento. A olhei ridicularizada mas ele não sorriu. - Não creio! Falei observando a casa sem foco. Eu estava tão desorientada que m*l conseguia olha-lo. Que constrangimento é esse o meu! Ir atrás de um cara que tem um propósito muito maior que o meu. Puxei meus cabelos para atrás com os dedos. E tentei pensar numa forma amigável de sair dalí. Quando olhei nos olhos de Lorenzo, ele estava parado me olhando. Parecia calmo, mas aos poucos seus lábios se formaram num bico e ele soltou a gargalhada que prendia. - Seu i*****l! Falei socando seu braço. - Te peguei! Ele respondeu quase não se aguentando. Com essa era a terceira vez. Pois primeiro foi a questão do cemitério que eu passei um papelão ridículo com flores e tudo. Depois foi no elevador, agora isso.... Ele me paga! - Como você brinca com uma coisa dessas? Falei ainda o estapeando. - Desculpa. Ele disse meio aos risos. - Vou embora! Falei tentando alcançar minha bolsa. Mas ele me puxou e nos beijamos. Foi forte e intenso. Lorenzo me pegou nos braços e me levou no quarto a esquerda. Ao abrir a porta fiquei espantada com a organização daquele lugar. Desculpa falar o tempo todo assim mas é que eles são realmente muito limpos. Lorenzo me colocou na cama e se agachou na minha frente meio cismado. - Tem certeza que quer fazer isso? Você está num apartamento minúsculo com um solteiro. Balancei minha cabeça sorrindo. - Vai ter que fazer melhor se quer me fazer desistir! Então ele tirou meus saltos, um a um. E fez um carinho gentilmente nos meus pés. E nos beijamos novamente. Apertei meus olhos e deixei o desejo me tomar. Ninguém sabe como esse momento está sendo realmente importante pra mim. Sinto que estou com a pessoa certa. (...) Acordei com a claridade dos vidros. Me espreguicei sorrindo. "Enfim parou de chover" Pensei. E me virei de lado. Eu estava sozinha na cama e no quarto. Foi aí que olhei no despertador em cima do criado mudo. Apontavam exatamente 6:10 da manhã. "Meu Deus!!! Eu passei a noite aqui"! Falei dando um pulo da cama e tentando achar minhas roupas pelo chão. A porta se abriu e eu levei um susto. Felizmente era o Lorenzo, que adentrou no quarto com uma bandeja nas mãos. - Bom dia! Ele disse sorrindo. - Eu passei a noite aqui! Falei em tom de desespero. - Sim... Ele respondeu como se não se importasse. E eu peguei minha roupa no chão e comecei a vesti-la. Lorenzo se aproximou e tocou meu rosto com as pontas dos dedos me fazendo respirar com dificuldade. Depois selou meus lábios com os dele. - Não se preocupe, Matheus passou a noite na Luísa. Foi aí que me toquei que aquele quarto totalmente impecável era do irmão mais velho. - E os outros? Perguntei enquanto ele ainda acariciava meus cabelos. - Não se preocupe! Só André dormiu em casa essa noite. E então ele me abraçou carinhosamente. E eu pude enfim relaxar um pouco. Na bandeja tinha tudo que obviamente eu não gostava mas agradeci pela gentileza. Lorenzo me olhava diferente; com amor e ternura, e seu sorriso era bobo. Calcei meus sapatos, enquanto avistei minha bolsa perto da escrivaninha. - Eu preciso ir! Falei dando uma piscadela para ele. - Vamos se encontrar hoje a noite? Lorenzo perguntou-me com seu sorriso ainda estampado nos lábios. Ele estava sem camisa e eu só conseguia imaginar pensamentos insanos com aquele abdômen. - Sim... Porquê não? Falei tentando me recompor. E ele me beijou outra vez. - Tá bom! Eu vou te ligar! Lorenzo respondeu docilmente. E eu concordei. Meu doce e meigo Enzo! m*l sabia ele que esse não era o começo de uma história de amor. E sim uma despedida. Peguei minha bolsa e saí cautelosamente. Tentando fazer o mínimo de barulho possível, avistei Miguel que roncava feito um porco no sofá da sala. - Ele chegou agora! Sussurrou Lorenzo. E eu assenti andando em direção a porta. Lorenzo a abriu pra mim e eu acenei pra ele. - Até a noite! Ele disse todo carinhoso. E eu sorri concordando. Quando Lorenzo fechou a porta eu enfim pude me despedir. - Adeus! Sussurrei desapontada. E me virei para chamar o elevador. Depois que saí dalí eu liguei para o Pither e confirmei o jantar de sábado... Sim... Eu fui uma filha da p**a! Passei a noite toda na cama de um cara e minutos depois eu liguei para outro. Eu não posso negar que eu gosto do Lorenzo. Tudo nele me encanta! Por isso o escolhi para ser meu primeiro. Não queria chegar no Pither sem saber de nada. Mas o plano continua. "É eu usei o Lorenzo".... Você é um monstro Deborah D'Ávila!! Meu subconsciente me acusava a cada instante. Mas o que eu podia fazer? Há semanas eu estava brincando com o Pither de gato e rato, e Lorenzo infelizmente fazia parte desse plano diabólico em que eu me metia. Na faculdade Luísa entrou quase saltitante. E me deu um pequeno abraço no refeitório. - Está feliz?! Afirmei já sabendo do que se tratava. - Estou! Ela respondeu quase emocionada. É sim! Eles transaram também! E Luísa não conseguia esconder que também correspondia os sentimentos de Matheus. Não posso culpa-la! Se o sexo for bom igual o que eu tive ontem a noite ela deve estar radiante mesmo. - E você e o Pither? Minha amiga perguntou tentando mudar o assunto porque parecia uma retardada de tanto que sorria. - A gente vai sair amanhã a noite! Respondi bebendo meu suco de canudinho cor de rosa. - Aaai que bom Deborah! Vai dar tudo certo! Vai sim! Falei pra mim mesma! Eu tinha uma amiga! Alguém que gostava de mim independente do meu jeito de ser. E tinha um cara legal que também gostava de mim. E sabe o que eu fiz né?!.... Eu não atendi nenhuma das ligações do Lorenzo. Silenciei suas mensagens. E ignorei o fato de estar morrendo de vontade de vê-lo novamente. Simplesmente eu levantei minha cabeça e fui ao encontro do Pither no sábado a noite. Ele estava indescritivelmente perfeito. - Não sabia que participava de jantares beneficentes? Falei me dando conta do que se tratava. - Não participo! Pither respondeu abrindo a porta do carro pra mim. - Essa é uma boa desculpa para mim beber a vontade sem que meu pai me encha o saco! E assim foi, entramos de braços dados naquele tapete vermelho. E os flashes quase me cegaram. As pessoas cochichavam pelo fato de eu estar ao lado de uns dos solteiros mais gatos e ricos de São Paulo. E eu amava toda aquela atenção. Enfim aconteceu o que eu queria! Ser vista com o Pither em público. Agora ele não podia negar, e eu enfim era sua acompanhante oficial. Pelo menos para a sociedade! Aquele jantar beneficente nada menos era que um leilão. E o pai do Pither doou um quadro caríssimo da galeria pessoal dele para que fosse leiloado. Pither alcançou a bandeja do garçom e pegou de imediato uma taça. - Humm champanhe! Ele disse provando. - Preciso de algo mais forte! E então fomos procurar a nossa mesa em meio ao salão. De entrada serviram aperitivos de pão branco passado na manteiga com caviar. Pither se serviu enquanto procurava algo para beber. - Essas bebidas são ridículas. Vamos procurar um bar depois que tudo isso acabar! Ele disse analisando o grande salão como se não se importasse de estar alí. Pither foi o primeiro homem que eu conheci na vida, que não ligava de ser rico. Ele só queria encher a cara sem que ninguém o fotografasse para o dia seguinte. Eu sei que me levar a lugares assim era apenas uma distração. Pois os olhos do pai dele corriam a todo instante por nós preocupado. - Não vai me apresentar o seu pai? Perguntei ao reconhecer o Doutor Álvaro sentado junto aos outros doadores. - Não! Ele disse se servindo de outra bebida.- Não quero te dar esse desprazer! E depois mudou de assunto. - Hummm ... Até que enfim um drink de verdade. Pither passou a noite toda fugindo do pai e dos paparazzi. Quando não estava bebendo, estava caçoando dos penteados das mulheres que percorriam o salão. - Como pode zombar da Senhora Duarte? Perguntei abismada. - Você sabia que seus ancestrais são condes e condessa? Ela é filha e neta de senadores e já participou de centenas de leilões como esses. - Você fez o dever de casa hein?! Pither deu um grande sorriso. - Eu não tô nem ai se essa mulher é famosa, se sua família é ou não da realeza! Pra mim ela é só uma meliante que se aproveita de eventos como esse para tirar dinheiro das pessoas. - Mas não são beneficentes? Perguntei indignada. - Há muita hipocrisia por trás de tudo isso Deborah! Infelizmente você está deslumbrada por essa fachada corrupta que eles pregam nas pessoas. Pither respondeu com desprezo. - Por que odeia tanto, se também é rico?! Perguntei me sentando ao lado dele. - Sim... Ele concordou. - Mas não gosto desse exibicionismo todo! Acho que se você quer fazer uma doação pode muito bem fazer isso sem platéia! Há muitas entidades necessitando disso! - Então porque vem? Indaguei. - Para beber de graça e atormentar o meu pai! Olha o sorriso dele de satisfação de me ver aqui! E eu olhei para frente me certificando. - Papai se sente numa apresentação do dia dos pais na escolinha infantil. - Ele não para de olhar pra gente! Comentei. - Sim... Enfim a hipocrisia! Pither estalou os lábios molhados de champanhe. - Agora vamos fazer silêncio para ouvir os lances. Ele não ligava para nada! Nem para o que tinha. Sua atenção era exclusivamente para o seu copo cheio na mão esquerda. E depois de vários lances a relíquia do Senhor Álvaro foi arrematada por cerca de um milhão de dólares. Dinheiro que ajudaria e muito a minha família a tirar o pé da lama. Depois de alguns arremates Pither ficou entediado e então saímos dalí. Fomos num barzinho perto da minha faculdade, e ele comprou uma garrafa de bourbon. Naquela noite no bar estava tendo música ao vivo. E por uma fração de segundos percebi Pither curtindo a música. Me fez sorrir pela primeira vez na noite! Odiou o leilão mas admira bandas medíocres em barzinhos.... Pither!! Tão imprevisível!
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