LUCY THOMPSON
Mais uma vez me vejo aqui, neste lugar que cheira a prazer e morte ao mesmo tempo. Prometi a minha melhor amiga, Dara, que nunca mais colocaria meus pés aqui de novo depois de ter levado uma surra bem dada de um filho da p**a que hoje está ardendo no inferno; eu mesma me encarreguei de me livrar dele. Não sou uma pessoa r**m, pelo menos não com quem não mexe comigo. Aquele infeliz quase me matou de tanta porrada só porque eu não quis ir para a cama com ele. Isso tudo começou do CLUB SEXY b**m; dentro deste clube também tem um clube de luta que se chama Súbita Death Club, onde somente quem tem sangue frio a ponto de matar alguém, entra.
Eu o conheci no b**m, mas ele também frequentava o de luta, um homem bonito e com um bom papo, mas não me convenceu a ir t*****r com ele. O i****a surtou quando eu disse que não faríamos sexo e começou a me bater ali mesmo, no meio do clube; se não fossem os seguranças eu estaria morta. Depois disto, ele foi expulso do clube.
Marquei bem o rosto do i*****l, e o que mais facilitou encontrá-lo de novo foi a carteira que ele deixou cair com documentos e tudo mais. Descobri que ele era um fodido na vida, tinha diversas dívidas e morava em um bairro horrível; foi fácil armar um plano para pegá-lo.
Tenho um amigo no clube que é um ex-agente do FBI, e como ele me devia um favor, eu pedi para que desse uma lição nesse fodido; ele juntou mais alguns amigos e foram ao endereço indicado. No meio da noite, invadiram a casa dele e bateram tanto que o sujeito não aguentou e acabou morrendo; meu amigo me ligou avisando sobre o ocorrido e disse que colocaria fogo na casa para não levantar suspeitas. Eu concordei, pois, naquele momento, lembrei de cada soco, cada chute, cada tapa que aquele infeliz havia me dado; fiquei um mês no hospital e demorei mais dois meses para me recuperar, só arquitetando meu plano de vingança.
Isso ocorreu um tempo atrás e, na época, tinha feito seis meses que estava no clube de luta e de b**m; ninguém sabe, só Dara, mas ela não tem conhecimento do que mandei fazer com o infeliz. Como eu havia dito, ele era tão fodido na vida que ninguém procurou saber como tudo aconteceu.
Se me arrependo disso? Não, porque um tempo depois descobri que o filho da p**a havia estuprado uma criança de dez anos e sido preso, mas foi solto alguns anos depois. Então não, não me arrependo nem um pouco, ao contrário, me sinto muito melhor, pois será menos um insignificante no mundo.
Hoje estou eu aqui, dentro do clube que fica em uma parte deserta da Califórnia, olho em volta e vejo que tudo continua no mesmo lugar. Fiquei dois anos sem frequentar e agora cá estou eu, de novo no bar do clube bebendo uísque enquanto vejo pessoas se pegando em vários cantos; alguns levantam e vão para os quartos, em duplas, trios ou até mais, ou simplesmente transam ali. A luz vermelha deixa tudo com um ar mais sensual; esse lugar cheira a prazer, mas é só descer para o famoso Súbita Death Club que os ares mudam.
Não aguentando mais, saio do bar e vou até os dois seguranças parados na porta do elevador que leva até o clube de luta. Digo a senha secreta, junto com a identificação dada para cada m****o, e eles liberam a minha passagem. Ao chegar, vejo logo de longe um homem ser levado para fora do ringue, todo machucado e desacordado, talvez até morto.
Frequentava aqui às vezes, mas nunca entrei no ringue; eu gosto mais de apreciar as lutas, o cheiro de morte é... excitante.
— Mais uma vez o nosso Thánatos (θάνατος) saiu vitorioso de uma de suas grandes lutas! Parabéns! — O mestre anuncia e logo vejo o tal de Thánatos sair do ringue.
Que nome mais ridículo!
Algo nele é muito familiar, mesmo estando com uma máscara preta; não sei o que deu em mim, mas resolvi segui-lo.
O vejo entrar em uma sala do extenso e sombrio corredor de cor vinho, ando lentamente até chegar na sala. Não era para eu estar aqui, esta área é somente para lutadores, mas minha curiosidade falou mais alto. A porta está aberta, então aproveito para espiar; ele está do mesmo jeito de quando saiu do ringue, calça de moletom e uma máscara que cobre do nariz para cima. Tenho de admitir, ele tem um corpo sexy e maravilhoso de se olhar.
Quando o vejo tirar a máscara arregalo os meus olhos. Não esperava ver alguém como ele em um lugar como este. Sou surpreendida quando sinto alguém me puxar e solto um grito quando sou pressionada na parede com violência.
— O que faz aqui, garota?! Quem é você?! — Um homem careca e com uma enorme cicatriz no olho pergunta, apertando meus dois braços com força.
— Eu...
— Deixe-a, é uma amiga minha. — Olho para Aaron, surpresa.
— Mas, Thánatos ela estava...
— Rob, solte-a. Agora! — No mesmo instante o tal Rob me solta, pede desculpas e sai em seguida.
Volto o meu olhar para Aaron, que simplesmente olha-me como se tivesse visto um fantasma.
— Por que fez isso? — pergunto.
— Obrigado se usa — disse rudemente.
— Obrigada, Aaron Collins. — Ele ri.
— Parece que temos uma fã aqui. — Cruza os braços deixando os músculos dos braços firmes e mais evidentes, juntamente com algumas de suas tatuagens; ele me encara com seus brilhantes olhos cinzas.
— Não sou fã, não tenho culpa de você ser famoso.
— Quem é você, ruivinha?
— Uma pessoa — debocho.
— Não me diga.
— Me chamo Lucy. — Eu simplesmente não consigo desviar o meu olhar, é muita beleza para uma pessoa só.
— Nunca a vi por aqui, é nova?
— Não, fiquei afastada daqui por algum tempo, mas agora voltei; e você?
— Estou há algum tempo aqui, tanto nesse clube quanto no outro. — Se refere ao de b**m.
— O que significa Thánatos? — questiono.
— É morte em grego.
— Nossa, o grande astro do rock, da maior banda de sucesso do momento, é na verdade um lutador e praticante do BDSM... Isso sim é inédito. — Sorri.
Que sorriso lindo!
— Ninguém é perfeito.
— Verdade, ninguém é perfeito. — Por alguns segundos ficamos nos encarando, sem dizer uma palavra sequer. A forma como ele me olha é estranha e ao mesmo tempo bonita; quando ele percebe que estou envergonhada, sorri novamente.
Definitivamente esse é o sorriso mais lindo que já vi na minha vida.
— Preciso ir — murmura, me tirando de meus pensamentos.
— Foi um prazer te conhecer, Aaron.
— Eu digo o mesmo, Lucy. — A forma como pronuncia meu nome foi tão sexy que senti um arrepio gostoso pelo meu corpo.
Ele se virou para entrar na sala novamente e antes que fechasse a porta, me olha pela última vez com aqueles lindos e hipnotizantes olhos cinzas com uma pitada de um tom claro em volta da sua íris.
Como um homem pode ser tão quente assim como Aaron Collins? Ele sim é um pecado de pessoa.
AARON COLLINS
Respiro incontáveis vezes, tentando acalmar o meu coração. Jamais pensei que um dia a veria novamente... Meu amor, meu eterno amor.
Não, o nome dela é Lucy.
Sim, além do nome ser diferente, a forma de agir, o jeito de mulher desinibida e extrovertida é um diferencial. Ela é toda tatuada e com o cabelo ruivo comprido, muito diferente de Lana.
Como duas pessoas podem ser tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes?
Lana era extremamente doce, inocente e muito carinhosa, o seu olhar já a descrevia, fora que o cabelo dela era bem curto e ruivo.
Poderia ter crescido, afinal faz sete anos que não a vejo. Mas e as tatuagens? Ela não faria algo assim, não a Lana que conheço, e ainda tem a questão do nome. Aquela mulher também parecia não me conhecer.
Preciso saber mais sobre ela; ficar perto dela me trouxe sensações diferentes do que eu senti com Lana. Isso é muito estranho e ao mesmo tempo, muito bom.
LUCY THOMPSON
Depois daquela noite, Aaron Collins não saiu mais da minha cabeça. Fui para casa pensando nele, dormi pensando nele e agora estou com Dara, que fala pelos cotovelos do meu lado e eu finjo estar prestando atenção, quando, na verdade, minha mente está em certo homem com os olhos cinzas mais sensuais que já vi.
— Lucy! — Olho assustada para Dara.
— Está drogada? Por que gritou?
— Você parece estar no mundo da lua! Estou há um tempo falando aqui e aposto que não estava prestando atenção.
— Realmente não estava — confesso.
— No que estava pensando então? — pergunta curiosa.
— Fui promovida no trabalho, agora sou supervisora da confeitaria. — Uma verdade; finalmente, depois de anos, consegui a minha promoção. Amo o que faço, aquela confeitaria se tornou algo importante para mim. Dara já trabalhou comigo ali, mas não durou mais que cinco meses, ela é atrapalhada demais e sempre se atrasava, o que resultou na sua demissão de vinte empregos diferentes e agora ela estava no emprego de número vinte e um, trabalhando como babá na mansão Collins; coincidência.
— Oh Lucy! Meus parabéns. — Me abraçou.
— Obrigada.
— E como está sendo o trabalho na casa dos Collins?
— Está sendo bom. Hoje fiz um almoço com direito a sobremesa e tudo, todos adoraram.
— Seria impossível alguém não gostar, você cozinha como ninguém. — Abre um sorriso.
— Na mesa, Daniel foi rude com a própria filha, me deu uma vontade louca de chutar aquele traseiro.
— Esse homem parece ser insuportável. — Reviro os olhos.
— Ele é bipolar, uma hora é rude com as pessoas e em outras é gentil — exclama pensativa.
— Por que está dizendo isso?
— Depois que todos comeram, eu fui junto com a Christina até o quarto de seu pai para levar a sobremesa...
— E? — incentivo.
— Cheguei no quarto dele, ele estava sem camisa. — Engole em seco.
— Embora ele seja um i****a, às vezes, tenho de admitir que não só ele, mas todos daquela família são lindos. — Principalmente o Aaron.
De onde veio isso?
— Eu ajudei Christina a dar o prato de sobremesa ao seu pai, depois disso disse que os deixaria sozinhos, mas antes que eu saísse, eu ouvi sua filha perguntar se estavam sozinhos. Quando eu ia responder, Daniel se meteu e disse que sim, que estavam sozinhos.
— Por que ela perguntou isso?
— Ela queria conversar com ele sobre mim. Perguntou se ele não gostava de mim, porque ele estava sempre me tratando m*l na frente dela.
— E o que ele disse?
— Ela não deixou que ele respondesse e praticamente chorou, pedindo para que ele não me mandasse embora. Daniel disse que nunca faria isso, então ela perguntou porque ele me trata m*l, e ele falou que é porque é um i****a.
— Pelo menos ele admite ser um. — Dara riu.
— Christina, depois, pediu para ele me descrever. A forma como ele me descreveu para sua filha foi tão linda! Eu nunca vi um homem corar, foi tão fofo. — Ergo uma sobrancelha e digo.
— Para uma pessoa que não gosta dele, você está sorrindo demais, senhorita Sampaio. — Ela me olha de cara feia.
— Isso não tem nada a ver. — Tenta disfarçar.
— Sei.
— Cala a boca.
— Bom, já está na minha hora, amanhã tenho de acordar cedo e você também, pois trabalhamos — digo me levantando.
— Está bem, amanhã nos falamos mais. — Me despeço dela e de sua mãe, que estava na cozinha; Guilherme estava dormindo, então pedi para ela dar um beijo nele por mim.
****
Saio da casa da minha amiga e vou direto para o clube, peço para o táxi me deixar um pouco afastada para não dar problema para o clube, que é fechado; só é permitido dar a localização com a autorização de um supervisor ou chefe do estabelecimento.
Entro no clube, vou direto para o bar e peço um uísque; por enquanto prefiro ficar na minha, só observando tudo e, se aparecer alguém que me interesse, talvez eu possa t*****r esta noite.
Muitas pessoas me chamariam de p**a por ter tais pensamentos; eu já digo que sou solteira e faço o que quiser, afinal ninguém paga as minhas contas. Um pouco de prazer diferenciado é sempre bem-vindo.
— Olá, Lucy. — Sinto um arrepio ao escutar essa voz, logo vejo Aaron tomar o lugar ao meu lado no bar.
Ele está lindo vestindo calça jeans, camisa branca, uma jaqueta de couro escuro, os cabelos bagunçados, barba grande, mas bem feita e aparada, e aquele sorriso arrebatador.
— Oi. — Nunca fiquei assim tão nervosa ao conversar com um homem, as emoções que ele me faz sentir são novas e eu o conheci ontem!
— Novamente por aqui? Parece que gosta desse ambiente — fala e logo em seguida pede um uísque.
— Como eu havia dito para você ontem, fazia muito tempo que não frequentava o clube; aqui me sinto mais à vontade.
— Também me sinto mais à vontade aqui, embora seja um ambiente bem peculiar.
— É estranho ver alguém como você em um ambiente como este — digo.
— Às vezes aparentamos ser o que não somos.
— Tem razão.
— Me fala de você; pelo que percebi você sabe bastante sobre mim, já eu só sei o seu nome e o que gosta de fazer à noite. — Sorri.
— Trabalho em uma confeitaria, adoro meu trabalho.
— Isso sim é surpreendente — disse ele, admirado.
— E por que seria?
— Uma mulher tatuada, com o cabelo longo, de um vermelho intenso e uma aparência, digamos, mais forte, trabalhando em uma confeitaria? É muito diferente.
— Às vezes aparentamos ser o que não somos. — Repito sua frase e ele ri.
— Mora sozinha?
— Sim, me mudei para cá há alguns anos, morava no interior do Texas. — Nesse momento o vejo engolir em seco e segurar o copo vazio de uísque com muita força.
— Tem amigos por aqui? — Ele parece tenso, sinto que não queria me perguntar isso, pois hesitou muito antes de falar.
— Somente uma, ela se chama Dara Sampaio. — Aaron me olha surpreso.
— Então quer dizer que você é amiga da babá da minha sobrinha? Interessante.
— Soube que não vai muito com a cara dela... Por quê? — Ele sorri antes de responder.
— Não é que eu não vá com a cara dela, mas é que só um bobo não vê o que ela e meu irmão tem. — Levanta o dedo e o barman já o entende, ele quer mais um copo de uísque.
— Como assim?
— A forma como Daniel e Dara se olham é de um jeito bem diferente do que deveria ser. Ambos estão gostando um do outro, eles só não perceberam ainda.
— E qual é o problema deles se gostarem?
— Meu irmão já sofreu muito por causa da ex-noiva, mãe de Christina. Aquela mulher fez um inferno em nossas vidas, ela brincou com os sentimentos do meu irmão e ele se culpa até hoje por Christina ter nascido cega.
— Mas ele não tem culpa e minha amiga não é assim, acredite. Dara já sofreu muito antes de vir para os Estados Unidos; o pai do seu filho a deixou, ela era muito nova e estava grávida, m*l conseguiu terminar o ensino médio. Parou tudo pelo filho. — A defendo.
— Prefiro ficar na minha. — Beberica seu uísque.
— Agora fiquei mais surpresa ainda. — Mudo de assunto.
— Por quê?
— Um homem como você sabendo quando duas pessoas se gostam só pelo olhar...
— Experiência própria. — Leva o seu copo de uísque até a boca e o bebe em um só gole.
— Acredita no amor? — Por que eu perguntei isso?
— Já acreditei muito.
— Eu acredito, mas não no amor.
— Então?
— Eu chamo mais de a transa certa. — Aaron ri.
— A transa certa? Como é isso?
— Quando você transa com uma pessoa e tem o melhor sexo de sua vida com ela, como se suas almas se unissem de uma forma inexplicável, que jamais conseguirá sentir desejo por outra pessoa a não ser aquela; você sente necessidade de sempre estar do lado da pessoa, seu corpo clama pelo dela.
— Isso é novo e intenso também.
— Um dia, quem sabe, eu não encontre... — Termino de beber meu uísque e peço outro.
— Sim, quem sabe. — Olha para mim da mesma forma quando me viu pela primeira vez, até que se aproxima e fica com o rosto bem próximo do meu.
— O que está fazendo? — Minha voz quase não sai.
— Quero beijar você. — Mordo os meus lábios e o vejo olhar para eles.
— Por que não beija? — Ergo uma sobrancelha o desafiando.
— Estou admirando seus olhos antes, eles são lindos, um verde-claro com um tom de mel, bem claro, em volta da íris. — Coro na mesma hora.
— Obrigada, os seus também são lindos.
— Se eu te beijar, sabe que não vou parar mais. Seus lábios parecem muito... Convidativos.
— E se eu disser que não quero que você pare? — Ele sorri e sem dizer mais nada sela nossos lábios em beijo intenso.
Esses lábios... Nossa!
Ele leva sua mão até a minha nuca e a outra passeia pelo meu corpo. Sua língua dança na minha boca, uma dança intensa e gostosa; eu simplesmente estou adorando provar de seus lábios adocicados e molhados.
Oh p***a! Acho que a minha calcinha está molhada também!
Nunca podia imaginar que estes lábios seriam tão bons.
Realmente, eu não quero que ele pare.