CAPÍTULO 03

2062 Words
LUCY THOMPSON Acordo sentindo alguém beijar o meu ombro, automaticamente abro um largo sorriso, já sabendo de quem se trata; abro os meus olhos dando de cara com Aaron me olhando atentamente. O sorriso que ele me dá é o mais lindo que já vi em toda a minha vida, lindo até demais. — Bom dia — fala com uma voz rouca. — Bom dia. — Como se sente? — Estranhamente e maravilhosamente bem. — Ele ri. — E isso é bom? — Sim. — Merda! Nunca corei tanto sob o olhar de um homem. — Temos de ir embora, logo logo vão mandar alguém para arrumar o quarto para mais tarde e não podemos estar aqui. — Me levanto no susto. — Já amanheceu? — pergunto andando de um lado para o outro, procurando as minhas roupas. — 09:25h.— Arregalei os olhos para ele. — O quê? — São 09:25h. — Apresso-me ainda mais para achar minhas roupas e quando as vejo num canto, corro até lá e começo a me vestir. — Estou fodida — digo para mim mesmo. — Por que essa pressa toda? — Aaron ainda estava na cama, nu, com somente um lençol o cobrindo da cintura para baixo. — Eu trabalho! Eu deveria estar no trabalho às 08:30h! Estou muito atrasada. — Depois de ter vestido minha calça e minha blusa, me sento no chão para calçar meus sapatos. — Eu achava que hoje era sábado. — Infelizmente estamos em uma quinta-feira, Senhor Tenho a Vida Ganha. — Aaron franze o cenho. — Por que disse isso? — Ele se levanta e vai pegar as suas roupas, que estavam em um canto qualquer. — Por que é verdade... Você é rico, famoso e tem o mundo aos seus pés. — Mas para ter isso eu tenho de trabalhar — diz vestindo a calça. — Se você se aposentar agora, garanto que terá dinheiro suficiente para gerações. — Sorri automaticamente ouvindo ele gargalhar. — Tem razão, mas amo o que eu faço. Não faço isso por dinheiro ou fama, e sim porque amo a música. Desde pequeno eu e meus irmãos tínhamos uma ligação especial com a música, ela é como se fosse parte de nossa vida. — O mesmo digo eu, amo o meu trabalho. Quando eu era pequena vivia na cozinha olhando as empregadas fazerem diversos pratos e principalmente doces, bolos e tudo mais. — Empregadas? — questiona confuso. — Meus pais tem ótimas condições de vida, mas eu nunca quis viver às custas deles; saí de casa quando completei dezoito anos para estudar gastronomia aqui em Los Angeles. Nem foram eles que pagaram a minha faculdade, eu consegui uma bolsa. A única coisa que aceitei que eles me dessem foi o apartamento aqui, fora isso, tudo foi com meus esforços. Estou no mesmo emprego desde que me mudei para cá. — Você parece ser diferente das mulheres que eu conheço. — Fico feliz em ouvir isso. — Pego a minha bolsa e já estava prestes a sair quando ele diz. — Vai embora sem me dar um beijo de despedida? — Me viro para encará-lo. — Aaron, eu estou muito atrasada. Conversamos depois. — E quando vamos nos ver de novo? — Não sei. — Espera, eu vou te levar até seu trabalho. — Ele pega seu celular, carteira e chave do carro em cima do criado-mudo. — Não é necessário. — Eu insisto. — Abro um sorriso sem graça. — É sério, melhor não. — Por quê? — Aaron, adeus. — Saio do quarto com ele logo atrás. — Tem vergonha de mim? — Olho para ele, assustada. Vergonha dele? Que mulher teria vergonha de um homem como Aaron Collins? — Mas é óbvio que não. — Então? — Você é famoso, não estou a fim de estampar jornais, revistas e tudo mais. — Me dá seu número. — Estende o celular para mim, eu o pego e rapidamente anoto meu número. — Prontinho. — No momento em que vou entregar o celular nas mãos dele, nossas mãos se encostam e sinto uma sensação estranhamente boa. — Vamos nos ver hoje à noite? — Sua voz saiu tão rouca e sexy que me causou arrepios. — Talvez... Conversamos depois. — Surpreendo-me quando Aaron me puxa para um beijo rápido. — Até mais tarde. — Até mais tarde. — Saio de lá o mais rápido possível, por dois motivos. Primeiro, eu estava completamente fodida, pois vou chegar extremamente atrasada no meu trabalho, e isso nunca tinha acontecido. Segundo, Aaron é intenso, intimidador e muito irresistível. A sensação que tenho quando estou perto dele é muito estranha, mas ao mesmo tempo muito boa; sinto também que o conheço há anos, o que é mais estranho ainda. Os olhos dele são muito familiares, mas com certeza deve ser coisa da minha cabeça; isso é o efeito Aaron Collins. **** — Lucy, veja se essa torta de morango está boa — diz uma colega de trabalho me entregando uma fatia da torta. Pego um pedaço e faço um “hum” ao sentir o gosto, está divina! — A torta está uma delícia, pode preparar mais para colocarmos à venda. — A menina, que não lembro o nome, sorri empolgada e sai, indo até seus colegas de trabalho. — Está muito distraída, Lucy. — Assusto-me com a voz do senhor Rony, dono da confeitaria. — Não, só estou cansada. — Entendo, mas que seu atraso não volte a se repetir; você é uma das melhores funcionárias que tenho e é como meu braço direito aqui, odiaria ter que demiti-la... Você sabe que não tolero atrasos. — Mais uma vez chamou a minha atenção. Isso tudo é culpa do sexo delicioso de ontem! — Sim, eu sinto muito. — Pego os ingredientes para fazer trufas. O senhor Rony se despede e sai. m*l começo a fazer as trufas e sinto o meu celular vibrar no bolso do meu avental. Pego-o rapidamente e logo sinto um sorriso se formar em meus lábios. "Ontem foi a melhor noite que tive na minha vida, espero repeti-la mais vezes. bjs, Aaron Collins." Ontem também foi a minha melhor noite. Me encontre no clube mais tarde para repetirmos. Claro, estarei lá às 23:00h. Te aguardarei ansiosamente. Guardo o celular e volto a fazer as trufas sem deixar de sorrir um segundo sequer. Eu nunca estive tão ansiosa para ir ao clube como estou hoje; estou louca para ver esse roqueiro intenso novamente. UMA SEMANA DEPOIS AARON COLLINS Nunca pensei que a minha vida poderia mudar em tão pouco tempo. Eu simplesmente estou louco por essa diabinha ruiva, cujo nome é Lucy; temos uma sintonia tão perfeita na cama que me enlouquece. Esses últimos dias nós nos aproximamos mais, nos encontrávamos no clube e passávamos a noite transando, até não aguentar mais. Deus! Basta essa mulher suspirar perto de mim que já fico de p*u duro. Óbvio que não é só o fato de Lucy ser perfeita na cama que me deixa louco por ela, a sua personalidade forte, sua sinceridade e demonstração de carinho, seu sorriso... Ah... Tudo nela me encanta, é como se ela tivesse jogado um feitiço em mim, me deixando de quatro por ela. O que sinto por ela é muito diferente do que eu sentia por Lana. Lana. Eu preciso parar de ficar comparando as duas, isso é muito errado e eu ainda me sinto muito culpado por, no começo, ter me envolvido com ela pensando em outra mulher; acho que ela jamais me perdoaria se soubesse disso. Agora eu sei que ela é Lucy, a mulher mais fantástica que já conheci na vida. Saio dos meus devaneios quando sinto Lucy se mexer em meu peito. Estamos no clube, e passamos quase a madrugada toda transando; neste momento são 05:00h da manhã e as 07:30h é o horário em que Lucy sai daqui direto para o trabalho, já que o clube é um pouco afastado da cidade. Ela quis que fosse assim, ela tem medo de perder a privacidade quando a mídia descobrir sobre o que temos, embora não seja nada sério, ou é? — Aaron. — Sua voz baixa e rouca de sono ecoa pelos meus ouvidos. — Oi linda, ainda é cedo, pode voltar a dormir. — Acaricio suas costas e beijo a sua testa. — Faz uns vinte minutos que estou acordada, não estou conseguindo dormir mais. — Por quê? — Sem sono, eu acho. — Leva uma de suas mãos para acariciar meu peitoral. Estamos completamente nus, sua perna estava jogada por cima da minha, digamos que estamos embolados. — Eu também estou. — O que nós temos? — O quê? — pergunto sem entender o que ela quis dizer. Ela sai dos meus braços, se deita virada de lado e eu faço o mesmo para poder olhar seus lindos olhos. — Eu sei que faz alguns dias que estamos tendo um caso, mas eu... — Lucy para de falar e logo cora, ela parece estar com vergonha. — O que foi? — Coloco a minha mão no seu rosto. — Nada. É só que... Aaron, eu não sei como perguntar isso. — Deixa eu ver se entendi. Você quer saber se vamos ter algo a mais? — Sim. — Foi você que quis assim. — E você concordou. — Porque você achou que perderia a sua privacidade. — E não é verdade? — É, se você quer ter algo a mais, vai ter que abrir mão disso. — Ela franze a testa. — “Se você quiser”? Então quer dizer que você não quer nada? — O quê? Mas é claro que eu quero, Lucy. Por mim, desde o começo eu sairia com você ao meu lado para todos os lugares públicos; eu passaria a noite no seu apartamento, ficaria do seu lado sempre. — Eu simplesmente não podia mais esconder isso. — Como assim? — Lucy, eu gosto de estar com você. — Eu também gosto de estar com você, Aaron. — Sorri ao ouvir essas palavras. Argh! Por que eu não senti firmeza nelas? Porra! Nunca fui tão inseguro como estou sendo agora em relação a uma mulher; Lucy me deixa completamente confuso. — Se quiser, podemos ir com calma, sem nos precipitar; devemos sair juntos, conversar mais. Ainda é cedo para começarmos algo sério, entende? — Óbvio que eu entendo, será muito melhor assim. — Me aproximo dela e lhe dou um breve beijo. — É muito bom ter você do meu lado. — Lucy sorri. — Eu digo o mesmo. — Sinto que ainda tenho muito o que saber dela. Embora ela pareça ser uma pessoa que não é de mentir, percebi que Lucy esconde coisas de mim e, para ser sincero, eu não tenho o direito de exigir nada por dois motivos. Primeiro, o que Lucy e eu temos não é algo sério e mesmo se fosse, ela não seria obrigada a me falar nada que possa estar escondendo. Segundo, eu também tenho os meus segredos e, se porventura eu confirmar o que suspeito, pode complicar ainda mais o nosso “caso” e isso é o que menos quero neste momento. Lucy é diferente das mulheres que estou acostumado a sair, ela é especial e só o pouco que conheci dela me fez nutrir sentimentos que só tive uma vez na vida; ainda assim, percebo que esses sentimentos são ainda maiores e mais fortes. **** Não faz nem quatro horas que estive com Lucy e já estou com saudade; m*l posso esperar para vê-la novamente hoje, acho que estou me viciando nela. Preciso pelos menos ouvir a sua voz, então, assim que essa reunião chata da qual nem estou prestando atenção terminar, eu vou ligar para ela. — Aaron. — Saio dos meus devaneios com a voz de James. — Oi. — Me mexo na cadeira. — Você ouviu o que foi discutido nessa reunião? — Olhei em volta e vi que meus irmãos me olhavam esperando minha resposta. — Claro — minto. — Então o que foi que eu acabei de dizer? — Que temos turnê marcada. — Não! Estamos discutindo sobre produzir algumas músicas novas para gravar um novo álbum. — Ah, isso. — Reviro os olhos entediado. — Desde quando você começou a ficar tão distraído? — pergunta Riven. — Daniel fica com cara de bocó nas reuniões e ninguém pergunta o porquê. — Tento mudar o foco da conversa. — Mas o caso do Daniel já sabemos do que se trata — diz Carter rindo. — A babá... — complementa Jonathan, fazendo Daniel bufar. — Idiotas, não percebem que o Aaron está querendo mudar o foco da conversa? — p***a Daniel! Me conhece bem. — Bom, se já acabamos a reunião eu vou indo, preciso resolver algumas coisas. — Me levanto. — Sinto cheiro de mulher — murmura Riven. — Até mais, otários. — Me viro e antes de sair da sala de reuniões, que fica na gravadora da banda, eu levanto a minha mão e mostro o dedo do meio para eles. Confesso que sou o mais afastado dos meus irmãos, mas os amo demais e daria a minha vida por cada um deles.
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