LUCY THOMPSON
Acordo sentindo alguém beijar o meu ombro, automaticamente abro um largo sorriso, já sabendo de quem se trata; abro os meus olhos dando de cara com Aaron me olhando atentamente. O sorriso que ele me dá é o mais lindo que já vi em toda a minha vida, lindo até demais.
— Bom dia — fala com uma voz rouca.
— Bom dia.
— Como se sente?
— Estranhamente e maravilhosamente bem. — Ele ri.
— E isso é bom?
— Sim. — Merda! Nunca corei tanto sob o olhar de um homem.
— Temos de ir embora, logo logo vão mandar alguém para arrumar o quarto para mais tarde e não podemos estar aqui. — Me levanto no susto.
— Já amanheceu? — pergunto andando de um lado para o outro, procurando as minhas roupas.
— 09:25h.— Arregalei os olhos para ele.
— O quê?
— São 09:25h. — Apresso-me ainda mais para achar minhas roupas e quando as vejo num canto, corro até lá e começo a me vestir.
— Estou fodida — digo para mim mesmo.
— Por que essa pressa toda? — Aaron ainda estava na cama, nu, com somente um lençol o cobrindo da cintura para baixo.
— Eu trabalho! Eu deveria estar no trabalho às 08:30h! Estou muito atrasada. — Depois de ter vestido minha calça e minha blusa, me sento no chão para calçar meus sapatos.
— Eu achava que hoje era sábado.
— Infelizmente estamos em uma quinta-feira, Senhor Tenho a Vida Ganha. — Aaron franze o cenho.
— Por que disse isso? — Ele se levanta e vai pegar as suas roupas, que estavam em um canto qualquer.
— Por que é verdade... Você é rico, famoso e tem o mundo aos seus pés.
— Mas para ter isso eu tenho de trabalhar — diz vestindo a calça.
— Se você se aposentar agora, garanto que terá dinheiro suficiente para gerações. — Sorri automaticamente ouvindo ele gargalhar.
— Tem razão, mas amo o que eu faço. Não faço isso por dinheiro ou fama, e sim porque amo a música. Desde pequeno eu e meus irmãos tínhamos uma ligação especial com a música, ela é como se fosse parte de nossa vida.
— O mesmo digo eu, amo o meu trabalho. Quando eu era pequena vivia na cozinha olhando as empregadas fazerem diversos pratos e principalmente doces, bolos e tudo mais.
— Empregadas? — questiona confuso.
— Meus pais tem ótimas condições de vida, mas eu nunca quis viver às custas deles; saí de casa quando completei dezoito anos para estudar gastronomia aqui em Los Angeles. Nem foram eles que pagaram a minha faculdade, eu consegui uma bolsa. A única coisa que aceitei que eles me dessem foi o apartamento aqui, fora isso, tudo foi com meus esforços. Estou no mesmo emprego desde que me mudei para cá.
— Você parece ser diferente das mulheres que eu conheço.
— Fico feliz em ouvir isso. — Pego a minha bolsa e já estava prestes a sair quando ele diz.
— Vai embora sem me dar um beijo de despedida? — Me viro para encará-lo.
— Aaron, eu estou muito atrasada. Conversamos depois.
— E quando vamos nos ver de novo?
— Não sei.
— Espera, eu vou te levar até seu trabalho. — Ele pega seu celular, carteira e chave do carro em cima do criado-mudo.
— Não é necessário.
— Eu insisto. — Abro um sorriso sem graça.
— É sério, melhor não.
— Por quê?
— Aaron, adeus. — Saio do quarto com ele logo atrás.
— Tem vergonha de mim? — Olho para ele, assustada.
Vergonha dele? Que mulher teria vergonha de um homem como Aaron Collins?
— Mas é óbvio que não.
— Então?
— Você é famoso, não estou a fim de estampar jornais, revistas e tudo mais.
— Me dá seu número. — Estende o celular para mim, eu o pego e rapidamente anoto meu número.
— Prontinho. — No momento em que vou entregar o celular nas mãos dele, nossas mãos se encostam e sinto uma sensação estranhamente boa.
— Vamos nos ver hoje à noite? — Sua voz saiu tão rouca e sexy que me causou arrepios.
— Talvez... Conversamos depois. — Surpreendo-me quando Aaron me puxa para um beijo rápido.
— Até mais tarde.
— Até mais tarde. — Saio de lá o mais rápido possível, por dois motivos.
Primeiro, eu estava completamente fodida, pois vou chegar extremamente atrasada no meu trabalho, e isso nunca tinha acontecido. Segundo, Aaron é intenso, intimidador e muito irresistível. A sensação que tenho quando estou perto dele é muito estranha, mas ao mesmo tempo muito boa; sinto também que o conheço há anos, o que é mais estranho ainda. Os olhos dele são muito familiares, mas com certeza deve ser coisa da minha cabeça; isso é o efeito Aaron Collins.
****
— Lucy, veja se essa torta de morango está boa — diz uma colega de trabalho me entregando uma fatia da torta.
Pego um pedaço e faço um “hum” ao sentir o gosto, está divina!
— A torta está uma delícia, pode preparar mais para colocarmos à venda. — A menina, que não lembro o nome, sorri empolgada e sai, indo até seus colegas de trabalho.
— Está muito distraída, Lucy. — Assusto-me com a voz do senhor Rony, dono da confeitaria.
— Não, só estou cansada.
— Entendo, mas que seu atraso não volte a se repetir; você é uma das melhores funcionárias que tenho e é como meu braço direito aqui, odiaria ter que demiti-la... Você sabe que não tolero atrasos. — Mais uma vez chamou a minha atenção.
Isso tudo é culpa do sexo delicioso de ontem!
— Sim, eu sinto muito. — Pego os ingredientes para fazer trufas.
O senhor Rony se despede e sai. m*l começo a fazer as trufas e sinto o meu celular vibrar no bolso do meu avental.
Pego-o rapidamente e logo sinto um sorriso se formar em meus lábios.
"Ontem foi a melhor noite que tive na minha vida, espero repeti-la mais vezes.
bjs, Aaron Collins."
Ontem também foi a minha melhor noite.
Me encontre no clube mais tarde para repetirmos.
Claro, estarei lá às 23:00h.
Te aguardarei ansiosamente.
Guardo o celular e volto a fazer as trufas sem deixar de sorrir um segundo sequer. Eu nunca estive tão ansiosa para ir ao clube como estou hoje; estou louca para ver esse roqueiro intenso novamente.
UMA SEMANA DEPOIS
AARON COLLINS
Nunca pensei que a minha vida poderia mudar em tão pouco tempo. Eu simplesmente estou louco por essa diabinha ruiva, cujo nome é Lucy; temos uma sintonia tão perfeita na cama que me enlouquece. Esses últimos dias nós nos aproximamos mais, nos encontrávamos no clube e passávamos a noite transando, até não aguentar mais. Deus! Basta essa mulher suspirar perto de mim que já fico de p*u duro.
Óbvio que não é só o fato de Lucy ser perfeita na cama que me deixa louco por ela, a sua personalidade forte, sua sinceridade e demonstração de carinho, seu sorriso... Ah... Tudo nela me encanta, é como se ela tivesse jogado um feitiço em mim, me deixando de quatro por ela.
O que sinto por ela é muito diferente do que eu sentia por Lana.
Lana.
Eu preciso parar de ficar comparando as duas, isso é muito errado e eu ainda me sinto muito culpado por, no começo, ter me envolvido com ela pensando em outra mulher; acho que ela jamais me perdoaria se soubesse disso. Agora eu sei que ela é Lucy, a mulher mais fantástica que já conheci na vida.
Saio dos meus devaneios quando sinto Lucy se mexer em meu peito. Estamos no clube, e passamos quase a madrugada toda transando; neste momento são 05:00h da manhã e as 07:30h é o horário em que Lucy sai daqui direto para o trabalho, já que o clube é um pouco afastado da cidade. Ela quis que fosse assim, ela tem medo de perder a privacidade quando a mídia descobrir sobre o que temos, embora não seja nada sério, ou é?
— Aaron. — Sua voz baixa e rouca de sono ecoa pelos meus ouvidos.
— Oi linda, ainda é cedo, pode voltar a dormir. — Acaricio suas costas e beijo a sua testa.
— Faz uns vinte minutos que estou acordada, não estou conseguindo dormir mais.
— Por quê?
— Sem sono, eu acho. — Leva uma de suas mãos para acariciar meu peitoral. Estamos completamente nus, sua perna estava jogada por cima da minha, digamos que estamos embolados.
— Eu também estou.
— O que nós temos?
— O quê? — pergunto sem entender o que ela quis dizer. Ela sai dos meus braços, se deita virada de lado e eu faço o mesmo para poder olhar seus lindos olhos.
— Eu sei que faz alguns dias que estamos tendo um caso, mas eu... — Lucy para de falar e logo cora, ela parece estar com vergonha.
— O que foi? — Coloco a minha mão no seu rosto.
— Nada. É só que... Aaron, eu não sei como perguntar isso.
— Deixa eu ver se entendi. Você quer saber se vamos ter algo a mais?
— Sim.
— Foi você que quis assim.
— E você concordou.
— Porque você achou que perderia a sua privacidade.
— E não é verdade?
— É, se você quer ter algo a mais, vai ter que abrir mão disso. — Ela franze a testa.
— “Se você quiser”? Então quer dizer que você não quer nada?
— O quê? Mas é claro que eu quero, Lucy. Por mim, desde o começo eu sairia com você ao meu lado para todos os lugares públicos; eu passaria a noite no seu apartamento, ficaria do seu lado sempre. — Eu simplesmente não podia mais esconder isso.
— Como assim?
— Lucy, eu gosto de estar com você.
— Eu também gosto de estar com você, Aaron. — Sorri ao ouvir essas palavras.
Argh! Por que eu não senti firmeza nelas?
Porra! Nunca fui tão inseguro como estou sendo agora em relação a uma mulher; Lucy me deixa completamente confuso.
— Se quiser, podemos ir com calma, sem nos precipitar; devemos sair juntos, conversar mais. Ainda é cedo para começarmos algo sério, entende?
— Óbvio que eu entendo, será muito melhor assim. — Me aproximo dela e lhe dou um breve beijo.
— É muito bom ter você do meu lado. — Lucy sorri.
— Eu digo o mesmo. — Sinto que ainda tenho muito o que saber dela. Embora ela pareça ser uma pessoa que não é de mentir, percebi que Lucy esconde coisas de mim e, para ser sincero, eu não tenho o direito de exigir nada por dois motivos.
Primeiro, o que Lucy e eu temos não é algo sério e mesmo se fosse, ela não seria obrigada a me falar nada que possa estar escondendo. Segundo, eu também tenho os meus segredos e, se porventura eu confirmar o que suspeito, pode complicar ainda mais o nosso “caso” e isso é o que menos quero neste momento. Lucy é diferente das mulheres que estou acostumado a sair, ela é especial e só o pouco que conheci dela me fez nutrir sentimentos que só tive uma vez na vida; ainda assim, percebo que esses sentimentos são ainda maiores e mais fortes.
****
Não faz nem quatro horas que estive com Lucy e já estou com saudade; m*l posso esperar para vê-la novamente hoje, acho que estou me viciando nela. Preciso pelos menos ouvir a sua voz, então, assim que essa reunião chata da qual nem estou prestando atenção terminar, eu vou ligar para ela.
— Aaron. — Saio dos meus devaneios com a voz de James.
— Oi. — Me mexo na cadeira.
— Você ouviu o que foi discutido nessa reunião? — Olhei em volta e vi que meus irmãos me olhavam esperando minha resposta.
— Claro — minto.
— Então o que foi que eu acabei de dizer?
— Que temos turnê marcada.
— Não! Estamos discutindo sobre produzir algumas músicas novas para gravar um novo álbum.
— Ah, isso. — Reviro os olhos entediado.
— Desde quando você começou a ficar tão distraído? — pergunta Riven.
— Daniel fica com cara de bocó nas reuniões e ninguém pergunta o porquê. — Tento mudar o foco da conversa.
— Mas o caso do Daniel já sabemos do que se trata — diz Carter rindo.
— A babá... — complementa Jonathan, fazendo Daniel bufar.
— Idiotas, não percebem que o Aaron está querendo mudar o foco da conversa? — p***a Daniel! Me conhece bem.
— Bom, se já acabamos a reunião eu vou indo, preciso resolver algumas coisas. — Me levanto.
— Sinto cheiro de mulher — murmura Riven.
— Até mais, otários. — Me viro e antes de sair da sala de reuniões, que fica na gravadora da banda, eu levanto a minha mão e mostro o dedo do meio para eles.
Confesso que sou o mais afastado dos meus irmãos, mas os amo demais e daria a minha vida por cada um deles.