Alice
O taxi demorou quase meia hora para chegar, mas enfim, ele chegou. O motorista me ajuda a colocar as malas e a caixa térmica no carro. São 4:40 da manhã. Não é o horário combinado para nos encontrarmos mas eu acordei com o barulho da minha mãe fechando o portão as 4:00. Então decidi levantar pois estava muito anciosa.
Está quase amanhecendo, o clima esta frio mas o tempo parece bom pra viajar apesar da pequena camada de neblina cobrindo a cidade.
Quando cheguei na casa de Alex, paguei o motorista e fui até o carro de Alex e como eu previ, estava aberto, coloquei minhas malas no porta malas e a caixa no chão do carro em um lugar onde todos poderiamos pegar algo sem nos esforçar.
A porta da casa de Alex está trancada, não quero tocar a campainha pois estou com medo de acordar alguem então decido ligar pro Alex. Apos 3 tentativas ele atende bêbado de sono.
-Quê?
-Eu to aqui fora, bota uma calça e vem abrir a porta pra mim.
- Mas aí você não vai poder contemplar meu lindo corpo nú outra vez.
Consigo sentir o sarcasmo e desapontamento na sua voz. Alex dorme nu desde que eu o conheci, nunca vou esquecer um dia em que eu cheguei cedo para ele me dar uma carona pra escola e resolvi ir até seu quarto. A porta estava aberta e eu entrei, ele estava dormindo enrolado nas cobertas. Tão fofo, pensei.
Eu quis fazer uma brincadeira com ele e puxei sua cobertas e o que vi foi um Alex completamente sem roupas. Ele estava de costas mas ainda deu ve ver muitas coisas, pois tinha muito pra ver. Nunca vou esquecer da sua b***a enorme e nua na minha frente.
Desde aquele dia eu sempre bato na porta antes de entrar no seu quarto.
- Cala a boca.
Ele desliga e depois de 2 minutos abre a porta. Ele está emburrado, o cabelo bagunçado e extremamente sexy, e usa apenas uma bermuda que por sinal está do avesso, como se ele tivesse vestido a primeira coisa que viu pela frente e confesso que seu visual faz seus músculos aparecerem mais e ele esta....gostoso! Sinto minhas bochechas esquentarem e me repreendo por relacionar Alex com gostoso.
-São 4 da manhã, o que você quer?
- São quase 5, sai da frente.
Ele faz um gesto engraçado e me deixa entrar. Alex foi escovar os dentes e eu fui atrás de algo para comer. Isso me faz lembrar que a parte da comida ficou por conta dele.
Faço uma oração silenciosa para que ele não tenha esquecido. Acho torradas e requeijão na geladeira. Faço café e quando coloco a mesa, Alex chega já arrumado e com duas malas nas maos.
-Serio? 2 malas? Eu estou levando 4 mesmo sabendo que vou comprar roupa lá.
Ele coloca as malas no chão, se senta e se serve com torradas e café.
- É que eu levo apenas o essencial.-Ele diz sarcasticamente.
-Roupas são essenciais, e não vamos lavar roupas lá, você vai ficar sem.-Eu digo
Ele abre um sorriso perverso.
-Se eu já sou gostoso com roupas, imagina sem.
Quando ele fala isso, minha mente me forca a imagina-lo sem roupas e dou um sorriso de lado.
Eu já sabia que ele é muito gostoso....Não, o que é isso? Afasto os pensamentos e tento me concentrar na torrada.
-Então- Alex fala depois de 5 minutos-O que tem na sua lista de coisas que quer fazer lá?
- Como você sabe que tenho uma lista?-Eu pergunto com a torrada na boca.
-Simples, Você é você. Agora me diz o que vamos fazer ao chegar lá.
Reviro os olhos.
As vezes esqueço que Alex me entende melhor do que eu mesma.
-Eu quero ir primeiro a praia do amor. Depois ir ao por do sol do jacaré e uma coisa que eu sempre tive vontade de ver, é o sol nascer na praia.
-Eu faço questão de acompanhar você em todas essas suas fantasias.
O jeito que ele fala, na minha mente, veio cheio de segundas intenções. Oh meu Deus, o que está acontecendo comigo hoje?, eu estou bem tarada.
Tarada demais para uma virgem de 17 anos.
É, sou virgem. Quem iria adivinhar? Apenas todo mundo.
-É claro que faz.
Ele sorri e eu sorrio de volta, então nós ficamos nos olhando, o clima fica estranho e mesmo assim, continuamos nos encarando. Isso sempre acontece quando estamos só nos dois, é bem estranho. Ouço alguém descendo as escadas e desvio o olhar. É o Marcos, o pai de Alex.
Ele deu uma boa olhada em nós dois, veio até a mesa e se serviu de café.
- O café está otimo, foi você que fez Alexander?
Ele pergunta a Alex.
Sua voz é fria e grossa, assim como ele.
-Não. Foi Alice.
Quando ele ouviu meu nome estremeceu, percebi que lembranças passaram na sua mente. Lembranças de sua mulher. Eu me sinto culpada por termos o mesmo nome.
-Claro que foi ela. Você não tem capacidade de ferver um pouco de água.
Alex fica vermelho. Ele cerra os punhos. Marcos olha para mim e fala
-É hoje a viagem de vocês, menina?
Ele não me chamava pelo nome. Ele não me chamava de Alice há dois anos. O impacto da morte de dona Alice foi muito grande para essa familia.
Concordo com a cabeça.
-Essa viagem é so mais uma desculpa pro Alexander adiar a decisão do que quer fazer na vida. Por ele, seria um vagabundo desempregado e burro. Como é agora.
Vi uma lágrima escorrer dos olhos de Alex e cair do seu café.
Marcos não tem o direito de falar assim dele. Ele não o conhece. É seu pai, mas não sabe disso. Ele apenas o julga, pois e a única coisa que sabe fazer, ele estudou para isso. Julgar pessoas.
Eu me levanto. Ele não iria tratar Alex assim, eu sempre soube que Alex tinha problemas com o pai, mas isso é demais, é falta de respeito, isso é covardia.
Encaro Marcos mas ele parece nem perceber minha presença, pegou uma torrada e foi até o escritório.
Olho para Alex, ainda de cabeça baixa, ele tenta secar os olhos, sinto compaixão por ele e um desejo de proteje-lo.
Alex sempre foi molenga por dentro. E de verdade, eu acho isso bonito. Nem sempre devemos vestir a capa da frieza.
Ele olha pra mim, seus olhos verdes me fitam e ele parece se acalmar, dou meu melhor olhar de "vai ficar tudo bem", um olhar sincero, que por mais que eu saiba que não depende de mim, eu faria o possível pra vê-lo feliz. Ele desvia o olhar e eu me sento.
Segundos depois a porta se abre e Lis entra com 6 malas. Filipi
entrou em seguida com 3 malas.
Tomamos café todos juntos e depois fomos arrumar as malas no carro. Minhas orações foram atendidas e Alex cuidou das comidas. Ele comprou biscoito, salgadinho, frutas, chicletes e barinha de cereal. Coloquei tudo dentro do carro e falei.
-Ta gente, vamos fazer assim, aqui-Aponto para o espaço da cadeira do motorista e do passageiro onde estava a caixa térmica e a caixa de comida -Será a cozinha, o banco de trás é grande pra duas pessoas dormirem, então vamos chamar de quarto. A pessoa que fica na cadeira ao lado do motorista terá a função de manter o motorista acordado, entenderam?
-Sim senhora- Alex falou
-Eu posso ficar atrás no "quarto" para dormir?-Lis pergunta bocejando.
-Claro que pode- Respondo da forma mais gentil mesmo sabendo que acordei antes dela e meu sono é maior.
-Eu também estou com sono-Filipi fala entrando na parte de trás do carro. Lis entrou em seguida.
Olho para Alex.
-Quer dirigir?
Ele balanca a cabeça então eu entro no carro e ele se senta ao meu lado.
Girei a chave, empurrei o freio de mão e meu sonho começa.