Abby
Olhei ao redor procurando por Kelly ou Claire e nada. Também não as culpava. Meu voo acabou adiantando um pouco. Só me restava esperá-las. Eu estava cansada e louca para me jogar numa cama e depois me preparar para a tal festa. Esse é meu maior medo. Não sei o que esperar disso tudo. A começar pelos trajes.
Obviamente eu não tenho nada adequado para usar numa festa em uma boate. E é claro que Claire e Kelly já deveriam ter providenciado alguma coisa para mim. Só de pensar nisso me dava arrepios. Principalmente se fosse pelo gosto de Kelly que adorava uma roupa mais justa e chamativa. Claire também não ficava muito atrás.
– Cunhadinha linda! Minha freirinha preferida.
Gemi baixinho. Evan tinha acabado de chegar para me buscar. Gostava demais dele, como se fosse um irmão. Mas às vezes ele me deixava tão sem graça com seu jeito espalhafatoso.
Pegou-me num abraço apertado quase me sufocando.
– Oi Evan. Que bom te ver.
– Estava com saudades de você.
– Eu também. Mas onde estão Kelly e Claire?
– Kelly não pode vir. Claire eu não sei. Mas acabei me atrasando, não é? Fiquei tentando convencer Neal a vir, mas ele está meio m*l humorado hoje.
– Não tem problema. Meu voo adiantou um pouco.
Neal é o único da família que não conheço, além dos pais de Evan. E se estava m*l humorado, talvez não fosse parecido com o Evan que estava sempre de bem com a vida.
Ele pegou minha mala e passou o braço em volta do meu ombro.
– E então? Preparada para a festa?
Estremeci só de lembrar e ele riu.
– Pode ficar tranquila. Será coisa leve.
– Não estou acostumada com essas coisas, Evan. Música alta, bebedeira.
– E muito sexo.
Ele gargalhou e fiquei vermelha. Era isso mesmo o que eu estava imaginando.
–Estou brincando. Não vamos com essas intenções. Exceto o vagabundo do Neal. Mas mesmo ele é do bem. É fiel a namorada dele. Se tiver que ser, será com ela.
– Ai, Evan e eu lá quero saber da vida s****l do seu irmão?
Ele me olhou de cima a baixo.
– Aliás, fique longe dele.
– Por quê?
– Você é o tipo preferido do Neal.
– E daí? Você disse que ele era fiel.
–É... você está certa. Mas não custa avisar.
Internamente eu ri. Como se alguém pudesse se interessar por mim. Uma garota tímida, sem graça e ainda por cima noviça. Despedi-me do Evan a porta de casa.
– Descanse. A noite será longa.
– Eu não vou me demorar lá, Evan. Só para cumprir meu papel de boa irmã.
– Pode deixar que vou tomar conta de você.
Eu ri e abracei-o novamente com força.
– Muito obrigada, cunhadinho.
Entrei em casa ainda sorrindo, mas fui recebida tão friamente pela minha mãe que deu vontade de dar meia volta. Um abraço rápido, apenas.
– Como está?
– Bem. E por aqui?
Ela deu de ombros.
– Não que eu não queira você aqui. Mas não concordo em você estar aqui para ir a essas festas mundanas.
Revirei meus olhos. Já que minha mãe estava separada, ela deveria ir para o convento. Essa era a vida que ela sempre sonhou, não era? Não era a que escolhi. Imediatamente me arrependi dos meus pensamentos. Eu gostava do convento. No principio foi pior, mas hoje já estou acostumada.
– Está com fome?
– Não. Só um pouco cansada.
– Então suba, tome um banho e descanse.
– Sim, farei isso.
Apesar da frieza da minha mãe eu me sentia feliz por estar de volta. Meu quarto continuava muito bem arrumado, tudo do jeito que eu gostava. Fiquei em duvida se aquilo era serviço da minha mãe. Estava mais a cara da Claire.
Joguei-me na cama, sentindo o conforto e maciez do meu colchão. Senti mais saudades de casa do que pensei.
Peguei no sono imediatamente. E só acordei algumas horas mais tarde com uma mão macia em meu rosto. Abri os olhos e vi o rosto sorridente de Claire. Sentei-me na cama e imediatamente fui envolvida pelos seus braços.
– Abby! Que saudades.
– Eu também, Claire. Nossa... demais.
– Estou tão feliz que tenha conseguido vir.
A porta se abriu e Kelly entrou. Jogou-se na cama comigo e Claire.
– Até que enfim nossa bonequinha voltou. Senti sua falta.
Beijei seus longos cabelos loiros.
– Eu também, Kelly. Não imagina a falta que vocês me fazem.
– Evan tratou bem você?
– Como sempre. Sabe disso.
– Ele te adora.
– Então...animada para a festa?
– Quer sinceridade, Claire?
– Não. Já sei sua resposta. Mesmo assim, levante-se e tome um banho. Temos que preparar você.
– Eu? Não deveria ser a Kelly?
– Abby... Kelly já se cuida sempre. Olhe a pele e os cabelos dela. Mas o seu...olha só.
Levantou meus cabelos e fez uma careta.
– Estão tão r**m assim?
– Terei que fazer mágica.
– Para que? Todo mundo sabe que sou uma noviça. Não estou à procura de um namorado.
– Eu sei. Mas as coisas podem mudar, não é Kelly?
Ela deu um sorriso largo e por um momento tive medo que estivessem aprontando.
– Ah se pode.
– O que vocês...
– Shiu... já para o banho. Eu vou levar uns produtos para você lá.
Fui sem reclamar. Não tinha jeito mesmo. Eram tantos cremes que fiquei atarantada. Não é possível que elas usassem aquilo todos os dias. Bom, nem se eu quisesse poderia ter todo aquele arsenal no convento. E claro,Tanya e Lizza iam se esbaldar. Quase morri de susto ao ver Claire dentro do Box comigo.
– Que isso? Ficou louca?
– Hum pelo menos a pele está sedosa e... uau! Kelly corre aqui.
– O que foi?
Ela não respondeu. Assim que Kelly chegou ela apontou, me deixando vermelha.
– Nossa! Depilada. Quem fez isso?
Imediatamente levei as mãos à frente da minha v****a,tentando preservar minha intimidade
– Tanya.
– Nada m*l.
– Gente pelo amor de Deus. Ninguém vai me ver nua
– Nunca se sabe.
– Parem com isso ou eu não vou. Estão parecendo a Tanya.
– Mesmo? Gostei dessa Tanya.
– Vocês são pervertidas demais.
As duas gargalharam sem se importarem com o insulto. Talvez por não ser um insulto, mas sim a mais pura verdade. Claire passou a espalhar um óleo pelo meu corpo. A seguir ficou vários minutos massageando meus cabelos.
Kelly desapareceu. Provavelmente foi se arrumar. Mas Claire continuava seu trabalho em mim. Agora secava meus cabelos e eu já estava quase dormindo novamente. Devo admitir que estava adorando aquele tratamento cinco estrelas.
– Onde está Kelly com sua roupa? Desse jeito eu vou me atrasar.
– Não é nada indecente, não é Claire?
– Desde quando somos indecentes?
Agora deu medo ainda maior do que antes. Arrisquei uma olhada no espelho assim que Claire saiu. E fiquei em choque. Eu estava...bonita. m*l me reconhecia. E só tive a certeza de que elas estavam aprontando. Logo em seguida Claire voltou ao quarto com um vestido azul e estendeu em minha direção.
– Vista.
Peguei o vestido e devolvi a ela.
– É curto demais.
– Deixe de frescura. E ande rápido. Temos que sair antes que nossa mãe volte da igreja.
– Claire... por favor. Não estão aprontando nada não ne? Nossa mãe já não está muito satisfeita com minha vinda para essa festa.
– Deixe para lá. Sabe como ela é. Agora vista que quero ver.
Obedeci e Claire bateu palmas.
– Linda. Linda demais.
– Estou sem jeito nessa roupa.
– Não está. Está perfeita.
– Está mesmo.
Kelly falou da porta. Estava belíssima num vestido preto.
– Você sim está perfeita, Kelly.
– Os homens vão babar por você, Abby.
Rolei meus olhos e fiz uma careta.
– Eu nem vou responder.
–Agora é minha vez de me arrumar. Eu volto logo.
Claire era muito rápida. Em menos de 10 minutos estava de volta e tão deslumbrante quanto Kelly. Ela usava um vestido verde.
– Vamos? As três irmãs prontas para matar.
– Já estou avisando que volto cedo.
– Ta bom, Abby. A gente da um jeito.
Saímos e nossa mãe ainda não tinha chegado. Era melhor mesmo. Se me visse com aquele vestido seria bem capaz de ter um ataque e me trancar no quarto. Eu sentia a leveza dos meus cabelos que ficaram soltos e brilhantes ligeiramente encaracolados nas pontas. O batom rosado era suave, bem como o restante da maquiagem.
Kelly foi dirigindo com Claire ao seu lado e eu no banco traseiro. Depois de vinte minutos ela estacionou em uma boate luxuosa. Pelo jeito a festa já rolava solta. Assim que entramos Evan e Jonathan vieram nos encontrar.
– Uau... é você, Abby?
– Como vai Jonathan?
– p**a merda. Está linda.
– Obrigada.
Baixei meus olhos, envergonhada.
– Trabalho da irmãzinha Claire.
Claire se abraçou ao Jonathan sorrindo enquanto admirava o próprio trabalho. Kelly já estava atracada ao Evan que me olhava espantado.
– Vai me dar trabalho hoje, hein cunhadinha?
– Deixa de bobagem. Não gosto quando falam assim.
– Por falar em dar trabalho, onde está Neal?
– Aquele vagabundo ainda não chegou, Claire.
Ela e Kelly se entreolharam e estreitei meus olhos. Se aquelas duas estivessem aprontando...
– Deve estar dando um trato na Vic. Vamos para nossa mesa.Logo ele chega.
Fui com eles até uma mesa enorme que pelo jeito era apenas para a família.
– E seus pais, Evan?
– A festa com os "velhos" será em minha casa amanhã, cunhadinha.
– Ah sim.
Isso Kelly não tinha me dito. Eu estava começando a ficar realmente nervosa. No entanto começamos a conversar sobre coisas amenas, embora algumas vezes eu reparasse os olhares entre Claire e Kelly.
– Vamos dançar um pouco, Abby?
– Nem! Sabe que sou péssima, Jonathan.
– Deixe de ser mentirosa. Já dancei com você, lembra?
– Mas era uma música lenta. É mais fácil.
– Nada de dançar agora, Jonathan. Ou Abby vai ficar suada.
– Que besteira. Uma dança apenas.
– Nada de dança por enquanto. Eu já disse. Que coisa.
Ele deu de ombros e não respondeu. Conhecia bem a namorada. E mais uma vez tive aquela sensação de que minhas queridas irmãs planejavam algo.
A festa estava razoável para meus padrões "castos". Mas depois de um tempo a música alta começou a me perturbar. Minha cabeça ameaçava doer.
Continuei bebericando meu refrigerante enquanto Claire e Kelly bebiam champanhe, assim como Jonathan e Evan. Estava na verdade, me sentindo como um peixe fora d'água. Definitivamente aquele não era meu lugar. Por isso, com a intenção de ficar um pouco longe daquela zoeira, eu me levantei e anunciei que iria ao banheiro. Mas nem cheguei a me afastar e Evan me interrompeu.
– Neal! Até que enfim. Venha conhecer nossa freirinha.
Fuzilei Evan com os olhos e virei-me para trás. Eu odiava quando ele me chamava assim. Parecia deboche, embora eu soubesse que ele nunca faria isso. Quando me virei, encontrei o homem mais lindo que eu já vi em minha vida. Alto, másculo e com incríveis olhos verdes que pareciam me despir. Os cabelos estavam levemente desarrumados como se dedos tivessem o emaranhado. Castanho-dourado, quase loiro e sedoso. Ele me olhava boquiaberto, os olhos percorrendo meu corpo como se quisesse me devorar.
Uma mulher morena estava abraçada a sua cintura. Mordi meus lábios, sem graça com a intensidade que ele me olhava. Felizmente Claire se levantou e ficou próxima a nós.
– Neal, essa é minha irmã Abby. Abby esse é Neal, o terceiro Carter.
Estendi minha mão ainda sem graça. Era como se o olhar dele penetrasse minha pele. A mão quente e macia tocou a minha e estremeci.
– Muito prazer, Neal.
– O prazer é todo meu Abby.
A voz era aveludada, rouca e sexy. Seu olhar continuou fixo no meu e somente soltou minha mão quando Claire se fez notar.
– E essa é Victoria, namorada do Neal.
Neal soltou minha mão, mas seu olhar ainda me despia, praticamente.
– Oi Abby. Prazer.
– Como vai Victoria?
– Nossa! Você nem parece uma freira.
– Acho que eu ia constranger vocês se viesse com meu hábito.
Tentei parecer natural, mas era apenas uma forma de disfarçar meu constrangimento diante do olhar daquele homem. Neal riu. Uma risada gostosa e sensual ao mesmo tempo.
Deus do céu. Eu não podia pensar dessa forma, ainda que fosse a mais pura verdade.
– Vamos ao banheiro, Abby? Não era isso o que ia fazer?
– Sim, vamos. Com licença.
Afastei-me com Claire e Kelly veio em nosso encalço.
– E então?
– Então o que?
– O que achou do Neal?
– Parece legal.
– E o que mais?
– Pra que quer saber Claire?
– Não percebeu como ele ficou vidrado em você?
– Não percebi nada.
Menti descaradamente. Estavam loucas! Kelly tocou meu ombro, olhando de Claire para mim.
– Pode se preparar, Abby. Se bem conheço Neal ele vem com tudo para cima de você.
– Parem com isso. Ele tem namorada. E o Evan me disse que ele era fiel.
– Realmente. Quanto à namorada, acho que posso dizer que ele tinha. É só uma questão de tempo. Ou então você conjugou o verbo certo ao dizer: Ele era fiel.
– Eu vou embora. Não aguento vocês.
– De jeito nenhum. Agora que a festa vai começar a ficar boa?
Inexplicavelmente eu comecei a tremer. Estava bem claro agora o que as duas estavam aprontando. Planejavam jogar Neal para cima de mim. Não vou negar. Estava com medo. Neal tem um jeito de predador que me assustou. Era tarde demais para me arrepender de ter vindo. Rezava para que eu estivesse errada em meus pensamentos. Ou então estaria perdida.
Neal
Era engraçado como as coisas funcionavam comigo. Até então eu nem sabia disso. Três dias sem sexo já estavam me deixando literalmente pirado. Eu começava a ficar nervoso. Primeiro porque Victoria demorou demais para se arrumar. Meus irmãos já tinham saído há horas.
Quando ela finalmente apareceu, trajava um vestido curto, vermelho. Meu p*u já estava aceso há horas. Por mim eu a teria pegado ali mesmo, no carro. Mas é claro, ela não aceitou. Jamais ia chegar descomposta numa festa. Victoria gostava de chegar e atrair os olhares, como sempre acontecia, embora Claire, namorada do Jonathan, insistisse em dizer que os olhares eram dirigidos a mim e não a Victoria. Coisinha maluca essa tal de Claire. Mas eu gostava dela. Muito, na verdade. Era a irmã que não tínhamos. Kelly era mais na dela. Era a poderosa. Essa sim, atraia os olhares, tanto masculinos quanto femininos. Menos o meu. Não fazia o meu estilo.
As duas estavam agindo meio estranho, sempre me perguntando se Victoria iria à boate. Que pergunta! É claro que iria.
– Vic... vamos dar uma paradinha. Coisa rápida.
– Paciência. Deixe pelos menos as pessoas verem que cheguei bem arrumada. Depois vamos para algum cantinho e ai você terá.
– Estou explodindo já. Será entrar e gozar.
– Exagerado. Você jamais goza antes de mim, Neal. Sabe disso.
Pior que era verdade. Às vezes era torturante, mas eu fazia questão disso. Mas hoje eu acreditava que não ia conseguir essa façanha. Sei que estou parecendo um tarado ou um menino manhoso, mas o que posso fazer?
Só me restou ir ate onde estavam meus irmãos. Assim eles poderiam vê-la e em seguida poderia comê-la. Aleluia. Ok... não gostava de agir de forma tão escrota, por isso culpava meus hormônios rebeldes e quase adolescentes.
Estava me aproximando da mesa deles quando vi uma pessoa se levantar. Estava de costas, portanto não vi seu rosto. Mas pude perceber que o corpo era de parar o trânsito. A pele era clara e acetinada, usando um minúsculo vestido azul. E os cabelos... ah que merda. Longos, sedosos até a cintura. Ruivos. O suficiente para me deixar maluco. Senti o sangue ferver em minhas veias e um arrepio percorrer minha espinha.
– Neal! Até que enfim. Venha conhecer nossa freirinha.
Quase rolei meus olhos. E eu la ia querer saber da tal freirinha quando estava louco para descobrir quem era a ruiva ali? Ainda olhei para os lados, procurando, mas não vi nenhuma freira. Então voltei meu olhar guloso para aquela delicia a minha frente. Ela escolheu esse momento para se virar... e me fez perder o fôlego, o rumo...tudo. Babei literalmente.
Era a p***a de garota mais linda que eu já tinha visto. A boca carnuda era uma afronta. Cílios espessos cobriam os olhos que não pude perceber a cor exata. Tudo encaixava harmoniosamente no rosto delicado.
Eu sabia que estava boquiaberto, mas não conseguia evitar. Essa era a freira? Só podia. Não havia ninguém diferente na mesa, a não ser ela.
Então ela mordeu os lábios e meu p*u, que já tinha sossegado o facho deu uma mexida dentro da boxer. Felizmente Claire se levantou e ficou próxima . Seu olhar me dizia tudo. Era por isso que queria saber se Victoria viria. Queria jogar a freirinha deliciosa em meus braços.
Um turbilhão de sensações estranhas perpassou meu corpo quando fui apresentado a ela e segurei sua mão. Mas não foi apenas comigo. Percebi que ela estremeceu.
Puta merda. Para completara tentação, a voz era suave e doce como uma melodia. Essa voz gemendo em meu ouvido me mataria, com certeza. Eu não conseguia pensar ou sequer falar mais nada. Só conseguia olhar para aquela garota. Cintura fina, quadris largos... p***a.
Quando as três mulheres se afastaram eu me sentei à mesa com Victoria. Jonathan me encarava com um riso divertido no olhar.
– Vou falar com uns amigos, Neal. Vamos?
– Eu ficar um pouco. Depois te encontro.
Victoria me deu um beijo longo e depois se afastou. Assim que ficamos os três a sós, eu encarei Evan.
– O que era aquilo?
– O que?
– Não se finja de b***a. A freira gostosa.
Jonathan explodiu numa gargalhada.
– Bem que Claire falou. Você ia pirar ao vê-la.
– Porra... isso é sacrilégio, cara. Uma mulher daquela.
– Mulher! É uma garota, Neal. Tem apenas dezessete anos.
– Eu não ligo.
– O que isso quer dizer?
Encarei os dois e até eu mesmo me espantei com minhas palavras.
– Quero dizer que a quero. Quer dizer, ela me deixou num p**a t***o e se não houvesse nenhum empecilho, a idade certamente não ia me fazer desistir.
– Deixa de ser canalha. E a Victoria?
– Quem é Victoria?
– Ah p**a que pariu. Ferrou tudo.
Jonathan se remexeu na cadeira e passou as mãos nos cabelos.
– Ai vem elas.
Não pude evitar levantar meus olhos e acompanhar Abby ate que ela se sentasse. Notei que Claire estava desconsolada.
– O que foi, Claire?
– Abby já quer ir.
– Por quê?
Eu perguntei, intrometendo-me na conversa. Ela ficou nervosa, seu rosto ruborizado me deixando ainda mais perturbado.
– Porque...eu não estou acostumada... e estou cansada.
Ela gaguejou as palavras, mas sem me olhar.
– Só mais um pouco, Abby. Se eu for te levar sabe que nossa mãe não me deixará voltar.
– Desculpe, Claire, mas...
– Eu levo você.
Cinco pares de olhos me encararam. Jonathan e Claire se sacudiam tentar esconder o riso. Evan estava perplexo. Kelly meio incrédula, mas satisfeita. E Abby... apavorada.
–Não. Eu não quero incomodar.
– Não é incômodo.
– Neal! E Victoria?
– Eu volto para buscá-la. Só vou dar uma carona para Abby.
Levantei-me antes que algum intrometido dissesse mais alguma coisa. Porém Abby permanecia estática na cadeira, com olhos arregalados.
– Vai, Abby. Pode confiar em Neal.
– Mesmo porque se ele fizer qualquer gracinha, eu parto a cara dele.
Olhei com raiva para Evan. Parecia a merda de um irmão mais velho dela.
– Vamos, Abby. Vou com vocês até o carro.
Claire se levantou e a pegou pela mão. Segui na frente, sem sequer me lembrar de Victoria. Claire e Abby vinham logo atrás. Assim que parei ao lado do carro, abri a porta para Abby. Ela baixou os olhos.
– Obrigada.
Fechei a porta e Claire me segurou pelo braço. Ficou um bom tempo me encarando.
– Espero que seja digno da minha confiança. Mas se magoá-la eu arranco suas bolas.
– Ai. Doeu.
Encolhi-me. Ela riu e deu um soco em meu ombro.
– Não vou dizer para ir fundo, mas também não precisa ser uma mocinha com ela.
Gargalhou e sumiu pela noite. Entrei no carro e olhei para Abby que tinha as mãos sobre o colo, olhando-as fixamente.
– Não precisa ter medo de mim.
Falei, fazendo-a pular de susto.
– Desculpe-me. Não quis assustá-la.
– Tudo bem. Estava distraída. E não estou com medo.
Eu ri da mentira. Era óbvio que estava.
– Não? Deveria estar.
Ela arregalou os olhos.
– Você falou...prometeu...
– Não se preocupe. Estou brincando.
Resolvi parar de importuná-la. Mas o tempo todo em que dirigia, eu olhava aquelas pernas maravilhosas a mostra. Porra... a verdade era uma só. Estava completamente maluco por ela. E isso era novo para mim. Nunca, desde quando comecei a me relacionar com mulheres fiquei dessa forma. Absolutamente enlouquecido por uma garota em tão curto espaço de tempo.
Cafajeste, canalha da pior espécie. O que eu estava pensando? Há apenas algumas horas eu estava louco para me enfiar na minha namorada. E agora estava aqui literalmente babando por Abby. Passei a língua nos lábios, inconscientemente.
– Quer dizer então que é a freirinha que Evan tanto gosta?
– Bom... sou noviça ainda.
– Entendo. E gosta disso? Dessa vida cheia de provações?
– Não me falta nada. Não sinto falta de nada.
– Festas?
– Não.
– Shopping?
Ela fez uma careta.
– Não.
– Namorado?
– Não. Nunca namorei.
Papai do céu. Para começar minha perdição: é ruiva. Linda...e casta. Se bem que essa última complicaria minha vida. Teria ainda mais medo de mim. Mais do que aparentava agora.
Olhei para ela e vi que me encarava.
– Você é linda.
As palavras escapuliram antes que eu pudesse detê-las. Sua boca se abriu e seu rosto ficou vermelho.
– Ob...obrigada.
Diabo. Eu estava pirando. De verdade. O que eu estou sentindo na verdade? t***o, apenas? Eu nunca senti isso por mulher alguma, estando com Victoria. Ela sempre me bastou. E agora me via totalmente atordoado. Nunca imaginei que um desejo carnal fizesse isso com uma pessoa. Passei as mãos pelos cabelos e soltei o ar com força.
– Desculpe, Neal. Não queria te incomodar.
– Esquece. Eu ofereci. Só estava...pensando em outras coisas. Problemas.
– Ah...entendo.
– É essa casa mesmo, não é? Estive aqui apenas uma vez.
– Sim. É essa mesmo.
Desci do carro e abri a porta para Abby. No entanto não me afastei para que ela saísse. Dessa forma seu corpo ficou quase colado ao meu.
– Hum... obrigada pela carona. Pode me dar licença?
– Não.
Eu parecia preso a uma p***a de um transe. Completamente estático, olhando alucinado para ela. Meu coração a essa altura pulsava na garganta. Engoli seco e segurei uma mecha de seus cabelos e levei ao nariz. O cheiro era delicioso. Deus do céu...ela estava me enlouquecendo.
– Neal, por favor...
Minha mente ordenava que não. Mas como nunca fui obediente mesmo, segurei-a pela nuca e aproximei minha boca da dela. Seus olhos estavam apavorados quando rocei minha boca na dela.
– Não...
Colei minha boca na sua, sentindo o gosto doce e delicioso. Ela não correspondeu. Continuou estática. Abracei sua cintura e minha língua percorreu cada canto de sua boca. Percebi seu corpo amolecer e segurei-a com força.
– Pare, por favor...
Se um simples beijo fez meu p*u explodir e molhar a merda da minha boxer toda, eu nem queria pensar quando ela estivesse na minha cama. Essa noviça era pura perdição.
– Eu paro...por hora...
– Neal não faça mais isso. Não se aproxime de mim.
– Tarde demais.
– Não! Não pode. Eu... serei uma freira.
Segurei em sua cintura e apertei. Nós dois gememos.
– Não será. Será minha.
Ela empurrou minhas mãos e se virou correndo e entrando em casa.
Aspirei intensamente sentindo seu cheiro ainda no ar. Voltei para o carro e ao me sentar ao volante percebi sua bolsa no banco do carro. Eu sempre fui curioso. Abri. Nada demais. Mas tinha uma foto dela ao lado de Claire. Usava um short branco e abraçava os joelhos, os cabelos ao vento. Estava ainda mais linda.
– Você será minha, sua boba. Ou eu não me chamo Neal Carter.
Liguei o carro e fui em direção à boate. Era chegada a hora de resolver algumas questões.