Sinto meu coração quase sair pela boca quando olho ao meu redor e não encontro ela.
– Louisa! – tento andar contra a multidão que impossibilita tudo.
Não consigo andar, não consigo ver nada, nem ouvir, levando em conta a gritaria
No momento seguinte me lembro de Alice e me vejo sem saber para onde ir. Não encontro Éden, nem minha irmã, nem Julian. Só pessoas desesperadas, correndo até a saída do parque.
Mas eu luto usando todas as minhas forças para atravessar pela multidão "Lou?! Alice! "Berro a procura delas mas me vejo parada enquanto pessoas dão grandes esbarrões em mim.
Tiro meu celular para tentar entrar em contato com Melissa, mas não tenho o contato dela, nem de ninguém.
Mais um empurrão e meu celular vai parar no chão.
Droga, droga, droga, droga.
Outra pessoa chuta meu celular, outra chuta mais para longe e eu vou trás na esperança de recuperá-lo. Mas eu acabo por me desequilíbrar e um grito aguda sai da minha boca quando minha mão é pisoteada, minha batata da perna, em seguida uma outra pessoa cai por cima de mim e um efeito dominó acontece em poucos minutos.
Segundos depois de eu me debater já quase não conseguindo respirar, minha visão embasa e ouço alguém chamar meu nome, mas eu desmaio.
***
Meus olhos se abrem preguiçosamente enquanto eu tento me acostumar com a claridade e eu solto um gemido de dor involuntário.
Parece que um caminhão passou por cima de mim. Levo a mão ao rosto e noto que há alguns curativos na bochecha, no queixo e na testa.
Tudo dói.
Meu pulso está enfaixado e minha perna dói tanto a ponto de eu só querer continuar deitada ali aonde estou.
Olho ao meu redor e assim que processo não conhecer esse lugar, eu tento me levantar imediatamente mas falho.
Essa camiseta que estou vestindo está longe de ser minha. Por fim me sento. Já amanheceu e isso quer dizer que dormi e não foi pouco.
Estou num quarto, em cima de uma cama de casal, logo a minha frente encontro uma cômoda, e em cima da cômoda meus pertences, minha carteira e meu celular sem funcionar com metade da tela rachada.
Tudo, exatamente tudo no meu corpo me dói, mas me mantenho em silêncio sem ter a menor noção de onde estou e com muita dificuldade tento me locomover pelo ambiente me apoiando nós móveis.
Abro a porta e noto que estou no andar de cima da casa desconhecida, porém muito confortável e diferente. Totalmente rústica e sofisticada.
Se isso não fosse um sequestro eu pensaria seriamente em morar aqui sem sombra de dúvidas.
Olho ao meu redor e pego um dos ferros da lareira de arrumar a lenha dando o primeiro passo para fora do quarto enquanto escuto passos de alguém subindo as escadas, me preparo para atacar, mas hesito antes de finalizar o golpe.
– Tá fazendo o que?
Zayn.
Eu abaixo a barra de ferro e suspiro.
– Aonde eu estou? – digo e ele entra no quarto, eu também faço o mesmo, sentindo meu coração quase sair pela boca quando noto que estou somente com uma camiseta que nem minha é.
– Está na minha casa. Te encontrei ontem no meio da confusão desmaiada – mordo o maxilar me lembrando de ontem e meus olhos se arregalam.
Louisa, Alice, minha irmã...
– Está tudo bem com os outros, eu encontrei Louisa e Alice aquela hora estava longe quando começou o tumulto – assinto enquanto ele repousa a bandeja de café da manhã em cima da cômoda – Por que não descansa mais um pouco?
– Aonde estão minhas roupas? – pergunto sentindo meu rosto corar.
– Ah, já devem estar secas, me desculpe – ele diz saindo do quarto mas enquanto desce as escadas, ouço ele soltar um risinho.
Meu celular, sem chance, não liga. Está completamente destruído.
Zayn não demora muito a voltar com minha calça, minha blusa e jaqueta.
– Suas botas estão ao lado da cama – assinto para ele e faço um gesto para que ele se retire para que eu me troque mas ele ri novamente.
– Qual é a graça? – questiono parando ao lado da porta.
– Estou sendo expulso do meu próprio quarto e você não quer que eu te veja se trocar, sendo que foi eu que tirei sua roupa ontem para fazer os curativos – coro novamente e ele levanta as mãos como sinal de rendição.
– Só por favor, se retire – peço sem jeito.
Solto um grunhido de frustração e com um pouco de dificuldade e dores no corpo eu coloco minhas roupas e abro a porta, aonde ele me espera encostado no corrimão de madeira da escada.
– Pode me levar para casa? – peço.
– Sim senhora – ele diz descendo as escadas e eu desço atrás dele.
Só depois que encontro um senhor e uma senhora já de idade sentados á mesa do café, vejo que a casa é do senhor Oliver, o dono da oficina que praticamente me viu crescer nessa cidade.
Ai meu Deus. Coro de novo quando eles e dão bom dia em coro.
– Como está a garota Zayn? – a senhora pergunta antes que eu saia pela porta.
– Bem obrigada – respondo corando.
– As roupas estão secas ou você as entregou úmidas para ela moreno? – novamente a senhora pergunta vindo até nós.
– Ah, quanta gentileza, obrigada pelo acolhimento, sou Breeze – me apresento e ela sorri gentilmente para mim.
– Dona do Civic? – o senhor Olliver pergunta da mesa e eu assinto.
– Espero que não tenha se incomodado de eu ter tirado suas roupas querida. Estavam sujas por conta do cascalho do parque e eu precisava enfaixar os joelhos, pulsos... Sou a Lívia – ela se apresenta.
– Ah, eu agradeço muito. Estou bem melhor – digo sentindo-me aliviada por não ter sido Zayn que tirou minha roupa e sim a esposa do senhor Oliver.
***
O caminho de volta para minha casa ou devo dizer, a casa de meu pai, só não é feito todo em silêncio porque eu o quebro.
– Por que você disse que havia tirado minha roupa quando na verdade foi a esposa do senhor Oliver? – pergunto assim que ele estaciona em frente á casa de meu pai.
– Só para ficar mais emocionante e você achar que sou esses caras aproveitadores – ele responde e depois abre um sorriso fechado e sarcástico, eu solto um grunhido novamente.
– Parece que você falhou então – retruco abrindo a porta do carro.
– Posso tentar de novo. Mas só se você quiser – coro mas já estou de costas para ele, subindo os degraus que levam a porta.
– Ah claro, mas acho que já sou bem crescida e sei tirar minha roupa sozinha sem sua ajuda –respondo no mesmo tom que o dele.
– Isso quer dizer que vai tirar ela pra mim? – coro – Estou brincando senhorita. Tenta se cuidar – ele se despede e só depois que ele vira a esquina, solto todo ar que estava segurando.