8 • Se Despir.

1193 Words
Sinto meu coração quase sair pela boca quando olho ao meu redor e não encontro ela. – Louisa! – tento andar contra a multidão que impossibilita tudo. Não consigo andar, não consigo ver nada, nem ouvir, levando em conta a gritaria No momento seguinte me lembro de Alice e me vejo sem saber para onde ir. Não encontro Éden, nem minha irmã, nem Julian. Só pessoas desesperadas, correndo até a saída do parque. Mas eu luto usando todas as minhas forças para atravessar pela multidão "Lou?! Alice! "Berro a procura delas mas me vejo parada enquanto pessoas dão grandes esbarrões em mim. Tiro meu celular para tentar entrar em contato com Melissa, mas não tenho o contato dela, nem de ninguém. Mais um empurrão e meu celular vai parar no chão. Droga, droga, droga, droga. Outra pessoa chuta meu celular, outra chuta mais para longe e eu vou trás na esperança de recuperá-lo. Mas eu acabo por me desequilíbrar e um grito aguda sai da minha boca quando minha mão é pisoteada, minha batata da perna, em seguida uma outra pessoa cai por cima de mim e um efeito dominó acontece em poucos minutos. Segundos depois de eu me debater já quase não conseguindo respirar, minha visão embasa e ouço alguém chamar meu nome, mas eu desmaio. *** Meus olhos se abrem preguiçosamente enquanto eu tento me acostumar com a claridade e eu solto um gemido de dor involuntário. Parece que um caminhão passou por cima de mim. Levo a mão ao rosto e noto que há alguns curativos na bochecha, no queixo e na testa. Tudo dói. Meu pulso está enfaixado e minha perna dói tanto a ponto de eu só querer continuar deitada ali aonde estou. Olho ao meu redor e assim que processo não conhecer esse lugar, eu tento me levantar imediatamente mas falho. Essa camiseta que estou vestindo está longe de ser minha. Por fim me sento. Já amanheceu e isso quer dizer que dormi e não foi pouco. Estou num quarto, em cima de uma cama de casal, logo a minha frente encontro uma cômoda, e em cima da cômoda meus pertences, minha carteira e meu celular sem funcionar com metade da tela rachada. Tudo, exatamente tudo no meu corpo me dói, mas me mantenho em silêncio sem ter a menor noção de onde estou e com muita dificuldade tento me locomover pelo ambiente me apoiando nós móveis. Abro a porta e noto que estou no andar de cima da casa desconhecida, porém muito confortável e diferente. Totalmente rústica e sofisticada. Se isso não fosse um sequestro eu pensaria seriamente em morar aqui sem sombra de dúvidas. Olho ao meu redor e pego um dos ferros da lareira de arrumar a lenha dando o primeiro passo para fora do quarto enquanto escuto passos de alguém subindo as escadas, me preparo para atacar, mas hesito antes de finalizar o golpe. – Tá fazendo o que? Zayn. Eu abaixo a barra de ferro e suspiro. – Aonde eu estou? – digo e ele entra no quarto, eu também faço o mesmo, sentindo meu coração quase sair pela boca quando noto que estou somente com uma camiseta que nem minha é. – Está na minha casa. Te encontrei ontem no meio da confusão desmaiada – mordo o maxilar me lembrando de ontem e meus olhos se arregalam. Louisa, Alice, minha irmã... – Está tudo bem com os outros, eu encontrei Louisa e Alice aquela hora estava longe quando começou o tumulto – assinto enquanto ele repousa a bandeja de café da manhã em cima da cômoda – Por que não descansa mais um pouco? – Aonde estão minhas roupas? – pergunto sentindo meu rosto corar. – Ah, já devem estar secas, me desculpe – ele diz saindo do quarto mas enquanto desce as escadas, ouço ele soltar um risinho. Meu celular, sem chance, não liga. Está completamente destruído. Zayn não demora muito a voltar com minha calça, minha blusa e jaqueta. – Suas botas estão ao lado da cama – assinto para ele e faço um gesto para que ele se retire para que eu me troque mas ele ri novamente. – Qual é a graça? – questiono parando ao lado da porta.  – Estou sendo expulso do meu próprio quarto e você não quer que eu te veja se trocar, sendo que foi eu que tirei sua roupa ontem para fazer os curativos – coro novamente e ele levanta as mãos como sinal de rendição. – Só por favor, se retire – peço sem jeito. Solto um grunhido de frustração e com um pouco de dificuldade e dores no corpo eu coloco minhas roupas e abro a porta, aonde ele me espera encostado no corrimão de madeira da escada. – Pode me levar para casa? – peço. – Sim senhora – ele diz descendo as escadas e eu desço atrás dele. Só depois que encontro um senhor e uma senhora já de idade sentados á mesa do café, vejo que a casa é do senhor Oliver, o dono da oficina que praticamente me viu crescer nessa cidade. Ai meu Deus. Coro de novo quando eles e dão bom dia em coro. – Como está a garota Zayn? – a senhora pergunta antes que eu saia pela porta. – Bem obrigada – respondo corando. – As roupas estão secas ou você as entregou úmidas para ela moreno? – novamente a senhora pergunta vindo até nós. – Ah, quanta gentileza, obrigada pelo acolhimento, sou Breeze – me apresento e ela sorri gentilmente para mim. – Dona do Civic? – o senhor Olliver pergunta da mesa e eu assinto. – Espero que não tenha se incomodado de eu ter tirado suas roupas querida. Estavam sujas por conta do cascalho do parque e eu precisava enfaixar os joelhos, pulsos... Sou a Lívia – ela se apresenta. – Ah, eu agradeço muito. Estou bem melhor – digo sentindo-me aliviada por não ter sido Zayn que tirou minha roupa e sim a esposa do senhor Oliver. *** O caminho de volta para minha casa ou devo dizer, a casa de meu pai, só não é feito todo em silêncio porque eu o quebro. – Por que você disse que havia tirado minha roupa quando na verdade foi a esposa do senhor Oliver? – pergunto assim que ele estaciona em frente á casa de meu pai. – Só para ficar mais emocionante e você achar que sou esses caras aproveitadores – ele responde e depois abre um sorriso fechado e sarcástico, eu solto um grunhido novamente. – Parece que você falhou então – retruco abrindo a porta do carro. – Posso tentar de novo. Mas só se você quiser – coro mas já estou de costas para ele, subindo os degraus que levam a porta.  – Ah claro, mas acho que já sou bem crescida e sei tirar minha roupa sozinha sem sua ajuda –respondo no mesmo tom que o dele. – Isso quer dizer que vai tirar ela pra mim? – coro – Estou brincando senhorita. Tenta se cuidar – ele se despede e só depois que ele vira a esquina, solto todo ar que estava segurando.

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