Capítulo 45

1175 Words
Clara Oliveira 22 de dezembro de 2023 | São Paulo, Brasil Os dias no local seguro passaram lentamente, envoltos em uma atmosfera de vigilância constante. Cada barulho, cada sombra parecia ser uma ameaça. A equipe de segurança fazia rondas regulares, e a casa estava cercada por câmeras e sensores. Mas nada disso era suficiente para me tranquilizar. Pedro estava livre, e o simples fato de saber que ele estava lá fora, em algum lugar, me deixava à beira do colapso. Leonardo fazia o possível para manter as coisas sob controle, mas eu via que ele também estava cansado. Nenhum de nós estava dormindo bem. Toda vez que o telefone tocava ou um alarme da segurança disparava, nossos corações disparavam junto. O medo havia se instalado em nossos ossos. — Vamos sair daqui, Clara. Respirar um pouco de ar fresco — sugeriu Leonardo uma manhã, tentando me tirar daquela atmosfera sufocante. — Podemos dar uma volta pela propriedade, só nós dois. Eu hesitei por um momento, mas concordei. Precisávamos de um momento longe da tensão constante dentro da casa. A segurança do lado de fora era sólida, e eu sabia que estaríamos protegidos. Saímos de mãos dadas, caminhando pelo caminho de pedras que levava até o pequeno bosque ao redor da casa. O ar fresco era um alívio, mas mesmo assim, minha mente não conseguia relaxar completamente. Era como se Pedro estivesse em todos os lugares. Mesmo longe fisicamente, sua presença era como uma sombra, nos seguindo a cada passo. — Parece que estamos sempre fugindo — murmurei, olhando para o chão enquanto caminhávamos. — Como se nunca pudéssemos simplesmente... viver. Leonardo apertou minha mão, a expressão séria. — Eu sei. Mas Pedro está fora de controle. Enquanto ele estiver solto, precisamos ser cuidadosos. Não podemos correr riscos. Eu sabia que ele estava certo, mas o peso da situação era insuportável. — E se isso nunca acabar? — perguntei, minha voz saindo trêmula. — E se ele nunca for pego? Leonardo parou de andar, me puxando para mais perto. — Ele vai ser pego, Clara. Eu prometo. A polícia está atrás dele, e é só uma questão de tempo. Precisamos ser fortes até lá. Eu queria acreditar nas palavras de Leonardo, mas o medo de que Pedro fosse mais esperto, mais determinado do que todos imaginavam, me deixava à beira do desespero. Enquanto os dias passavam, as notícias sobre a busca por Pedro se tornavam mais escassas. Era como se ele tivesse desaparecido completamente. O detetive nos mantinha informados, mas a falta de progresso só aumentava a sensação de vulnerabilidade. — Ele está se escondendo bem — disse o detetive em uma ligação, alguns dias depois. — Mas não se enganem, Pedro está planejando algo. Ele sempre foi metódico, e com as pessoas que ele tem ao lado, sabemos que ele não vai agir por impulso. Ele vai esperar o momento certo. As palavras do detetive ecoaram na minha mente. O momento certo. Pedro estava em algum lugar, esperando. E a ideia de que ele estava calculando cada passo, planejando seu ataque, me deixava à beira de um colapso. Naquela noite, eu tive o pior pesadelo de todos. Pedro estava lá, em nossa casa, olhando para mim com os olhos cheios de ódio. Eu me sentia presa, incapaz de correr, enquanto ele se aproximava lentamente. A faca brilhava em suas mãos, e sua voz, fria e calma, sussurrava no meu ouvido: — Eu disse que voltaria, Clara. E agora, é tarde demais para fugir. Acordei ofegante, suando frio, e demorei alguns segundos para perceber que estava no quarto seguro, ao lado de Leonardo. Ele acordou assim que me ouviu, e imediatamente me puxou para perto, tentando me acalmar. — Foi só um sonho — disse ele, sua voz baixa e reconfortante. — Você está segura. Mas, por dentro, eu sabia que não era só um sonho. Pedro estava se aproximando. Podia não ser naquela noite, mas ele viria. Ele sempre encontrava um jeito. A tensão na casa aumentava a cada dia, até que, uma manhã, algo inesperado aconteceu. Leonardo estava no escritório, falando ao telefone com o detetive, quando ouvi um som estranho vindo da parte de trás da casa. Um bip, como o alarme de segurança sendo acionado. Meu coração disparou. Corri até Leonardo, que já estava na porta do escritório com o telefone na mão, os olhos arregalados. — O que foi isso? — perguntei, tentando manter a calma, mas meu corpo tremia. — O alarme foi acionado — respondeu ele, a voz tensa. — Mas o detetive não relatou nada incomum nas últimas horas. Pode ser um erro, mas precisamos verificar. Enquanto Leonardo ligava para a equipe de segurança, eu senti o medo crescendo dentro de mim. E se fosse Pedro? Os seguranças chegaram rapidamente e começaram a verificar o perímetro da casa. Ficamos trancados no quarto, esperando por notícias, enquanto a tensão tomava conta de nós. Depois de alguns minutos que pareciam uma eternidade, um dos seguranças voltou, batendo à porta. — Não encontramos nada — disse ele, com uma expressão preocupada. — Fizemos uma varredura completa, mas não há sinais de invasão. Pode ter sido uma falha no sistema de segurança. Leonardo assentiu, mas eu sabia que ele também não estava convencido. — Fiquem atentos — disse ele ao segurança, enquanto voltava para o quarto comigo. Mas, apesar de não encontrarem nada, a sensação de que algo estava errado não saía da minha mente. Nos dias seguintes, a tensão continuou a aumentar. Cada movimento, cada som parecia um sinal de que Pedro estava se aproximando. Eu estava à beira de um colapso nervoso, e sabia que Leonardo também estava começando a sentir o impacto de tudo aquilo. Até que, uma noite, o pesadelo que eu temia se tornou realidade. Estávamos nos preparando para dormir quando ouvi novamente o som do alarme disparar, desta vez, mais alto e mais insistente. Leonardo se levantou imediatamente, pegando o telefone e ligando para a segurança. — Algo está acontecendo. Eles estão verificando o perímetro agora — disse ele, a voz cheia de tensão. Meu coração batia tão rápido que m*l conseguia respirar. Pedro estava aqui. Eu podia sentir isso. Minutos se passaram, mas dessa vez, os seguranças não voltaram imediatamente com boas notícias. Havia movimento do lado de fora. — Alguém está na propriedade — disse Leonardo, após receber uma ligação. Pedro havia encontrado um jeito. A equipe de segurança foi para a parte de trás da casa, onde o alarme havia sido acionado, mas enquanto estavam fora, algo ainda mais estranho aconteceu. As luzes do lado de fora começaram a piscar. Um blecaute temporário, seguido por um ruído baixo, como se algo estivesse sendo desligado. — Ele está tentando nos assustar — disse Leonardo, apertando minha mão. — Mas não vamos deixar isso acontecer. Enquanto ele falava, uma batida suave na porta da frente me fez congelar. — Clara... — A voz de Pedro ecoou pela casa, calma, controlada. Ele estava ali. Meu corpo inteiro gelou. — Eu disse que voltaria. Agora, podemos conversar.
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