Capítulo 46

1167 Words
Clara Oliveira 22 de dezembro de 2023 | São Paulo, Brasil Pedro estava ali. Sua voz calma, ecoando pela casa, me fez congelar. Ele nos encontrou. A segurança reforçada, o esconderijo isolado, tudo parecia inútil naquele momento. Ele sempre achava um jeito. Leonardo estava ao meu lado, com os olhos fixos na porta, sua expressão cheia de determinação, mas eu podia sentir a tensão no ar. A batida suave se repetiu, como se Pedro estivesse nos dando tempo para reagir. Ele estava jogando com nossos nervos. — Clara... Eu disse que voltaria. Eu só quero conversar. — A voz de Pedro soava quase casual, como se estivesse propondo uma conversa tranquila. Mas eu sabia que ele estava muito além de qualquer racionalidade. Leonardo se levantou imediatamente, pegando o telefone e ligando para a equipe de segurança. — Pedro está aqui. Precisamos de vocês na entrada agora — disse ele, tentando manter a calma, mas sua voz carregava a urgência da situação. Meu coração batia tão rápido que eu m*l conseguia respirar. Pedro havia nos encontrado de novo, e agora ele estava a poucos passos de nos alcançar. Cada segundo parecia esticar como uma eternidade, enquanto esperávamos a segurança chegar. Mas Pedro não estava esperando. Ouvi o som de passos do lado de fora, como se ele estivesse caminhando em círculos na varanda. — Vocês sempre tentam fugir, não é? — A voz dele mudou, carregada de uma raiva contida. — Mas chega de jogos, Clara. Eu vim para resolver tudo. Senti um calafrio percorrer minha espinha. Pedro estava no controle da situação, ou pelo menos, ele acreditava que estava. — Ele não vai parar até que faça o que quer — sussurrei, o medo evidente na minha voz. Leonardo se aproximou de mim, segurando minha mão com força. — Não vamos deixar ele chegar até você, Clara. A polícia está a caminho. Só precisamos ganhar tempo. Eu sabia que Leonardo estava tentando me tranquilizar, mas o medo me dominava. Pedro estava bem ali, a poucos metros de nós, e eu sabia que ele não ia desistir até conseguir o que queria. — Vocês não vão abrir a porta? — A voz de Pedro soou novamente, mais próxima desta vez. — Clara, eu sei que você está me ouvindo. Eu só quero falar com você. Só isso. Vamos conversar, como nos velhos tempos. As palavras dele me enojavam. A ideia de que ele acreditava que poderíamos simplesmente conversar, como se nada tivesse acontecido, me fez perceber o quão perigoso ele realmente havia se tornado. Pedro estava além de qualquer redenção. Leonardo olhou para mim, seus olhos cheios de determinação. — Fique aqui. Vou ver o que está acontecendo do lado de fora — disse ele, indo até a janela para tentar localizar Pedro. Mas antes que ele pudesse se mover, ouvimos um som alto. Vidro se quebrando. — Ele está tentando forçar a entrada pela janela! — gritei, sentindo o pânico tomar conta de mim. Leonardo correu para a janela, tentando ver o que estava acontecendo, mas a visão de Pedro forçando uma das janelas dos fundos foi suficiente para acionar todos os alarmes. Ele estava tentando entrar. — Precisamos sair daqui! — Leonardo gritou, pegando o telefone novamente e ligando para a segurança. — Ele está forçando a entrada! Venham para os fundos agora! Eu me movi rapidamente, o pânico me impulsionando enquanto Leonardo me puxava para o corredor. Precisávamos sair antes que Pedro conseguisse entrar. Corremos pelo corredor em direção à porta dos fundos, onde sabíamos que a equipe de segurança estava se aproximando. O som de vidro quebrado continuava, e eu sabia que Pedro estava cada vez mais perto. — Clara! — A voz de Pedro soou mais alta, carregada de raiva. — Você não pode fugir para sempre! Meu coração disparou, e eu sabia que estava em um estado de puro pânico. Pedro estava perto demais. Leonardo abriu a porta dos fundos, e os seguranças já estavam lá, esperando por nós. — Ele está tentando invadir a casa! — gritou Leonardo para os seguranças, enquanto eles corriam para cercar o perímetro. Saímos rapidamente, sentindo o ar fresco da noite nos atingir, mas o medo ainda estava lá, latente, pulsando em cada célula do meu corpo. Pedro estava nos caçando, e, mesmo com a segurança ao nosso redor, eu não me sentia segura. — Vamos levá-los para o carro — disse um dos seguranças, nos guiando rapidamente pela lateral da casa. — A polícia já está a caminho, mas precisamos tirá-los daqui o quanto antes. Leonardo me puxou para perto, e nós corremos juntos em direção ao carro, tentando não olhar para trás. Pedro ainda estava lá, tentando nos alcançar. Mas, quando finalmente chegamos ao carro, ouvimos o som de passos rápidos atrás de nós. Pedro havia saído da casa. — Clara! — Ele gritou, a voz carregada de desespero e ódio. — Não fuja de mim! Virei-me por instinto, e o que vi me fez congelar. Pedro estava correndo em nossa direção, o rosto contorcido em uma expressão que eu nunca havia visto antes. Ele não parecia mais humano — parecia um predador. Leonardo me empurrou para dentro do carro enquanto os seguranças corriam para conter Pedro. Eu ouvi o som de uma luta, gritos, e, por um segundo, temi pelo pior. — Vamos! — gritou um dos seguranças, enquanto entrávamos no carro. Leonardo acelerou, e o carro disparou pela estrada de terra. O som dos pneus contra o chão foi a única coisa que me ancorou à realidade por um momento. Mas, mesmo assim, eu ainda podia ouvir a voz de Pedro, ecoando na minha mente. — Eu vou te encontrar, Clara. Você não pode fugir. Eu tremia incontrolavelmente, sentindo o peso de tudo o que havia acabado de acontecer. Pedro estava mais perto do que nunca. — Ele não vai nos deixar em paz — murmurei, a voz embargada pelo medo. Leonardo me olhou de relance, sua expressão sombria. — Ele vai ser pego, Clara. Nós vamos superar isso. Eu queria acreditar nele. Mas, no fundo, eu sabia que Pedro estava disposto a tudo para nos destruir. Horas depois, finalmente recebemos a notícia de que Pedro havia sido capturado. A polícia chegou a tempo, e os seguranças conseguiram imobilizá-lo antes que ele pudesse fazer qualquer coisa. Ele estava preso novamente. Mas, mesmo com essa notícia, eu não conseguia respirar aliviada. Pedro estava fora de controle, e eu sabia que, mesmo preso, ele ainda representava uma ameaça. Sua obsessão por mim havia ultrapassado todos os limites, e agora ele era mais perigoso do que nunca. — Ele está preso, Clara — disse Leonardo, tentando me tranquilizar enquanto estávamos no hotel seguro para onde a polícia nos levou. — Agora estamos livres. Eu queria acreditar naquelas palavras. Queria sentir que tudo finalmente havia terminado. Mas, no fundo, eu sabia que Pedro não desistiria tão facilmente. E mesmo que ele estivesse preso... as marcas que ele deixou em nossas vidas nunca desapareceriam completamente.
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