Capítulo 20

1328 Words
Clara Oliveira 11 de novembro de 2023 | São Paulo, Brasil O sol m*l havia nascido quando acordei com o coração acelerado, e a ansiedade que sentia desde a noite anterior parecia ter apenas crescido durante a noite. Hoje era o dia. O dia em que confrontaríamos Laura e, com sorte, encerraríamos essa chantagem de uma vez por todas. Mas, no fundo, o medo ainda estava lá, enraizado em mim. Enquanto me preparava para o encontro, as mãos ainda trêmulas, tentei manter a calma. Leonardo havia passado a noite ao meu lado, mas ele parecia tão tenso quanto eu. Sabíamos que hoje seria o momento decisivo. Tudo o que fizemos até agora nos trouxe até aqui, e, de certa forma, nossa última chance estava prestes a ser testada. Peguei meu celular e vi uma mensagem de Leonardo: Leonardo Martins: "Estou indo para o escritório. Vamos acabar com isso hoje. Nos vemos lá." Li a mensagem várias vezes, tentando me convencer de que ele estava certo, de que tínhamos tudo sob controle. Mas nada sobre essa situação parecia controlável. Laura era imprevisível, e, por mais que tivéssemos informações para ameaçá-la, eu sabia que qualquer movimento errado poderia nos custar caro. Coloquei meu casaco e saí do apartamento, tentando organizar meus pensamentos. O caminho até o escritório parecia mais longo do que o normal, como se cada passo estivesse me levando para algo que eu não estava pronta para enfrentar. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que não podíamos mais esperar. A chantagem de Laura estava destruindo nossa vida, e quanto mais adiássemos, mais poder ela teria. Cheguei ao prédio e fui direto para a sala de reuniões onde Leonardo já estava. Ele estava em pé, olhando pela janela, claramente absorto em seus pensamentos. Quando me viu entrar, sorriu levemente, mas a tensão em seus olhos era inegável. — Está pronta? — ele perguntou, a voz baixa e firme. Eu assenti, tentando me convencer de que estava mais forte do que realmente me sentia. — Temos que estar, não é? — respondi, forçando um sorriso. Leonardo me puxou para perto e me deu um rápido beijo na testa, como se quisesse me dar algum conforto antes do confronto que estava por vir. — Vai dar certo, Clara. — Ele disse, embora eu sentisse a hesitação em sua voz. — Temos algo contra ela, e agora é nossa chance de virar o jogo. Antes que pudéssemos dizer mais alguma coisa, a porta se abriu, e Laura entrou. Ela estava impecável, como sempre, o ar de confiança irradiando dela. Era como se soubesse que tinha o controle da situação, ou pelo menos acreditava nisso. Ela lançou um olhar rápido para nós dois, como se estivesse saboreando cada segundo de nossa tensão. — Bom dia, senhor Martins, Clara — disse ela, com aquele sorriso falso que eu já começava a detestar. — Presumo que me chamaram aqui para discutir os termos da nossa... pequena negociação? Leonardo se manteve firme, seu olhar frio, sem traços de hesitação. — Laura, não estamos aqui para negociar nada. — Ele disse, com a voz firme e controlada. — Sabemos o que você está fazendo, e temos informações suficientes para encerrar isso de uma vez por todas. Laura arqueou uma sobrancelha, claramente curiosa. — É mesmo? — Ela cruzou os braços, inclinando a cabeça levemente, como se estivesse desafiando. — E o que exatamente vocês acham que têm contra mim? Leonardo não hesitou. Pegou a pasta com os documentos que ele e seus advogados haviam reunido e a colocou sobre a mesa, empurrando-a na direção de Laura. — Temos um histórico de suas chantagens passadas, Laura. — Ele disse, com uma calma mortal. — Sabemos que você já tentou manipular outros funcionários da empresa para conseguir o que queria. E se você acha que pode usar nosso relacionamento contra nós, então está muito enganada. Laura permaneceu imóvel, mas seu sorriso começou a vacilar. Pegou a pasta com as mãos firmes, mas pude ver que, por dentro, ela estava começando a perder o controle da situação. — Isso é ridículo — disse ela, folheando os papéis. — Vocês acham que podem me intimidar com isso? Não há nada aqui que não possa ser explicado. Leonardo deu um passo à frente, o olhar fixo em Laura. — Podemos explicar qualquer coisa, Laura. Mas você? Se decidirmos expor tudo o que sabemos, sua carreira estará acabada. E, se você acha que estou brincando, então sugiro que continue com suas ameaças. — Ele pausou, e a tensão no ar era palpável. — Vamos ver quem tem mais a perder. A expressão de Laura mudou. Ela fechou a pasta lentamente, e o sorriso confiante que ela usava desde que entrou na sala desapareceu por completo. Pela primeira vez, eu vi algo parecido com medo em seus olhos. Ela sabia que tinha perdido. — Isso pode destruir vocês também — disse ela, tentando recuperar a compostura. — Se eu expor o que vocês fizeram, não vai ser apenas a minha carreira em jogo. — Pode ser que sim — disse Leonardo, com uma tranquilidade surpreendente. — Mas a diferença é que, ao contrário de você, eu não preciso da chantagem para manter minha posição. Se você quiser nos expor, vá em frente. Mas tenha certeza de que eu vou garantir que todos saibam quem você realmente é e o que já fez para outras pessoas. O silêncio que se seguiu foi denso e sufocante. Laura nos olhou por alguns segundos, claramente calculando suas opções. Ela sabia que estava encurralada. O poder que ela tinha sobre nós havia se desfeito diante dela. — Então, o que você sugere? — Ela perguntou, a voz mais baixa agora, sem a arrogância de antes. Leonardo deu um passo para trás, cruzando os braços. — Simples. Você vai deixar essa empresa e nunca mais vai tentar nos chantagear ou qualquer outra pessoa. Se você fizer isso, não exporemos o que sabemos. Mas, se tentar algo contra nós, prometo que será o fim da sua carreira. Não haverá segunda chance. Laura olhou para mim por um segundo, seus olhos cheios de raiva contida, e eu soube que, naquele momento, ela sabia que tinha perdido. Eu senti uma onda de alívio percorrer meu corpo, mas ao mesmo tempo, ainda estava em alerta. Laura era perigosa, e eu sabia que ela não aceitaria a derrota com facilidade. — Muito bem, senhor Martins — disse ela, finalmente, com os lábios apertados. — Parece que vocês venceram dessa vez. Mas não pensem que saíram ilesos disso. — Ela olhou diretamente para mim. — As coisas têm um jeito de voltar, Clara. E espero que você esteja preparada para o que virá. Minha garganta secou ao ouvir suas palavras. Era uma ameaça, mesmo que sutil. Mas, por mais que eu ainda sentisse medo, sabia que estávamos prontos para enfrentá-la. Laura se levantou, ajeitou o casaco e saiu da sala sem olhar para trás. O silêncio que ficou foi quase ensurdecedor. Leonardo se virou para mim, e eu vi o alívio misturado à exaustão em seu rosto. Ele havia acabado de ganhar uma batalha importante, mas sabíamos que ainda havia muitas coisas para resolver. — Acabou? — perguntei, minha voz fraca. Leonardo assentiu, suspirando profundamente. — Sim, pelo menos com Laura. — Ele se aproximou e me abraçou, apertando-me com força. — Ela não vai mais nos chantagear. Mas precisamos ficar atentos. Pessoas como ela sempre encontram uma maneira de tentar se vingar. Eu o segurei com força, sentindo o peso do alívio misturado ao cansaço. Tínhamos enfrentado um grande inimigo, mas as cicatrizes dessa batalha ainda estavam presentes. E, por mais que essa parte tivesse terminado, sabia que ainda havia muito a ser resolvido. — Vamos superar isso — disse ele, sua voz suave ao meu ouvido. — Juntos. Eu fechei os olhos, me permitindo acreditar nisso, pelo menos por enquanto. O que quer que viesse, estávamos prontos para enfrentar. Um passo de cada vez.
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