DARA SAMPAIO
Droga! Atrasada, atrasada, atrasada. Não posso me atrasar se não vou perder meu emprego... de novo!
Pensei que me mudando para Los Angeles iria conseguir dar uma vida melhor para a minha mãe e meu filho, mas percebo que me enganei... Faz exatamente cinco anos que nos mudamos para cá e já trabalhei em diversos lugares, no total, fui despedida de vinte empregos..., Isso mesmo, já trabalhei como bartender, recepcionista, em lanchonetes, confeitarias, bancos, padarias e por ai vai.
Hoje trabalho numa loja de ferragens, estou há dois meses neste emprego. O salário é bom e trabalho de segunda a sexta, por isso tenho que fazer o possível — e o impossível — para não ser demitida. Normalmente pego no trabalho às oito em ponto, mas hoje tenho a certeza que vou chegar às nove. Além de acordar atrasada, esse trânsito não ajuda...não posso me dar ao luxo de ir de táxi, então uso o famoso "busão". O complicado é que eu não pego apenas um ônibus, e sim, dois! estou ainda no primeiro e já são oito e vinte... então, acho, que estou mais ferrada do que pensei, tenho que me preparar para a possibilidade de ser demitida.
Quando chego à loja são exatamente 09h30, então tchau emprego!!
Corro para dentro da loja tentando não ser vista. Vou para os fundos para pegar o meu uniforme e dou de cara com o Sr. Morgan, dono da loja...
— Bom dia Srta. Sampaio— Me olha com uma cara nada boa e com os braços cruzados.
— Bom dia Sr. Morgan eu posso explicar o porque do meu atrasado é que...
— Não quero ouvir mais desculpas suas Dara! Só nessa semana já é a terceira vez que você chega atrasada e eu disse que não iria mais tolerar isso! — Ele é ríspido.
— Mas senhor...
— Não quero saber, você está despedida! Tome, já separei o dinheiro desse mês que você trabalhou. — Entrega-me um pequeno envelope pardo.
Demitida de novo!
Pego o dinheiro e saio de lá triste. Prometi ao meu filho que daria o carrinho de controle remoto que ele tanto queria e agora não vou poder mais, que péssima mãe eu sou.
Decido andar um pouco para acalmar a mente e acabo chegando em uma praça que tem no centro. Sento-me em um dos bancos, coloco as mãos na cabeça e respiro bem fundo. — "Tudo na minha vida da errado!" — digo para mim mesma. Ao colocar a mão no banco, percebo que há um jornal. O pego e vou logo aos classificados, "vai que encontro alguma coisa"
Há várias vagas, porém, todos que vejo já tentei, exceto um, o de babá e tem uma casa que precisa de uma, — "será que devo tentar?"— penso
É apenas uma menina de quatro anos, acho que tenho uma certa experiência, já que tenho um filho de seis. Talvez pareça loucura, mas porque não tentar? Não tenho nada a perder, quem sabe consiga alguma coisa...
____❤____
— Tem alguma experiência como babá? — A Sra. Collins me pergunta. Ao chegar aqui fui bem recebida por ela.
"O lugar é uma mansão...devem ser podres de ricos!"— pensei.
— Bom... para ser sincera não, mas tenho um filho de seis anos, eu acho que isso deve ser contado como experiência...— murmuro timidamente.
— Então já é mãe? Mas parece tão jovem. — ela está surpresa.
— Coisas da vida. Posso parecer nova, mas prometo cuidar da sua filha como se fosse minha, amo crianças, acho que isso também ajuda um pouco! — Ela abre um sorriso simpático.
— Ela não é minha filha e sim minha neta, ela perdeu a mãe ainda quando era um bebê e o pai... bom isso não vem ao caso. Gostei de você e te achei muito simpática. Vejo você amanhã para ver como se sai, se passar no teste, eu irei contratá-la. — Diz levantando-se.
— Prometo que a senhora não se vai arrepender.
— Espero.
É, eu também espero não me arrepender.