Capítulo 19 - O bebê

938 Words
Eu permaneci ali olhando a menina acariciar sua barriga e sorrir. Instintivamente acabei fazendo o mesmo com o meu bebê. Lá estava eu olhando para alguém que eu havia pensado que também era eu. E aqui estamos nós duas grávidas. Ela, é claro, esperava um bebê que não era o que ela queria, mas que estava ali, crescendo e que aprendeu a amar. Eu estava em uma cama de hospital grávida de um bebê que eu também não pensava em ter tão cedo. E olhando para a menina, pude ver a nossa semelhança. Pelo menos na situação. Estávamos grávidas de bebês que não foram planejados, mas que eram amados. Ela através de uma violência. Eu por amor. Alguns dias passaram rapidamente aos meus olhos. A menina, agora, já estava bem gordinha. A barriguinha deu lugar a um barrigão. Ela andava com mais cuidado. Estava pesada e grande demais. Sempre que podia, a menina ajudava a tia a fazer as roupinhas para a criança que ela esperava. Aprendeu a costurar e a fazer roupinhas de lã. Os tios com quem ela foi morar pareciam ser bons para ela. Cuidava e a tratava com amor. Até o momento do parto chegar. As fortes dores começaram mais rápido do que ela pensou. A tia não tinha nenhuma experiência, já que não possuía filhos próprios. Então mandou o marido correr até o povoado mais próximo para buscar uma parteira. Uma senhora de muitos cabelos brancos e uma cara carrancuda chegou. Ela ajeitou a menina na cama e começou a trabalhar. Pediu para a garota que estava suando muito de dor para fazer força. E a menina gritava e gemia. Fazia força. Eu, apesar de ser enfermeira de profissão e ter muitos anos de luta, nunca quis prestar muita atenção nas mulheres em trabalho de parto.Na verdade, eu sempre tive nojo de tudo isso. Mas agora era diferente. Eu também estava grávida. Me identifiquei com a dor e a força que aquela pequena menina transformada em mulher tão rapidamente fazia. E, não mais que alguns minutos depois, um choro se ouviu ecoar. A pobre menina caiu de costas na cama, exausta. m*l conseguia abrir os olhos. O bebê era uma linda menina. Forte e gordinha. Foi entregue pela parteira nos braços da tia da menina. Eu olhei e achei estranho que a tia não tivesse ligado para a sobrinha que ela tanto cuidou ali, caída sem forças na cama. Ela pegou a menininha e saiu rapidamente para vestir a pequenina. Um casal já estava aguardando na porta. A tia da menina entregou o bebê nas mãos do casal. E ver essa cena me deu uma repulsa muito forte. Nesse momento, Conceição pegou minha mão e disse em meus ouvidos. _ Se acalme! Eu respirei fundo e continuei olhando. Queria bater na tia, queria voltar ao quarto e acordar a menina no tapa. Mas não foi preciso. A menina apareceu na porta, ainda pingando sangue. Ela gritou com a tia que lhe deu uma bofetada e pediu para o casal ir embora. Mas a mulher que segurava o bebê olhou para a jovem mãe e viu seu desespero ao ver que sua filhinha estava sendo entregue a outras pessoas. A tia gritava que a menina não arrumaria marido carregando aquela criança. Que seria uma largada na vida e que seu pai não tinha mais obrigações com ela. Mas ela olhava para seu bebezinho nos braços da outra mulher. E essa outra mulher a olhava de volta. Isso permaneceu assim por alguns minutos que mais pareceram horas. Até que a mulher devolveu a menina nos braços da mãe. Um choro forte e comovente saiu da nova mãe segurando seu bebê pela primeira vez. O bebê que chorava bastante, ao primeiro contato do colo de sua mãezinha, parou de chorar. A tia gritava que não queria a menina em sua casa mais. Que ela nunca mais voltaria para o seu lar e que seu pai não a sustentaria mais. A mulher que ainda estava na porta, ao ouvir tudo aquilo, tratou de ajudar a jovem mãe a se levantar e lhe ofereceu sua casa para ela morar. A menina achou tudo muito estranho. Mas a mulher lhe explicou que seu sonho era ser mãe, mas que Deus não lhe deu filhos. Então ela iria adotar a filhinha dela. Mas ao ver seu desespero decidiu então adotar a ela. A menininha iria, agora, como sua netinha amada para sua casa. Ela lhe ensinaria sua profissão de costureira para que a moça tivesse como se sustentar e sustentar sua filha. E seu marido a veria apenas como filha e nada mais. A menina, sem ter para onde ir, aceitou a oferta da boa mulher. Afinal de contas, ela precisava cuidar do seu bebê. Ter essa mulher como sua nova amiga e que ainda lhe daria uma profissão digna e honrada, ajudaria ela a criar e a cuidar de sua criança. Além de lhe tirar da casa dessa tia que se mostrou uma víbora. Lhe tratou bem e cuidou apenas para vender sua filha. Isso ela descobriu porque, ao aceitar a oferta da mulher em ir morar com ela, ouviu a mulher pedir de volta a bolsinha de dinheiro que deu pela criança. Conceição me puxou de volta a realidade e eu saí dessa cena ainda atordoada. _ Meu Deus, quanta maldade essa menina passou! - Exclamei. _ A vida não é fácil para algumas pessoas, minha filha! Mas Deus trata de colocar pessoas boas em nosso caminho para nos ajudar e muito. - Conceição respondeu. - Agora vamos! Você precisa descansar. E saímos de volta para a casinha.
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