O que está acontecendo?

1039 Words
Quando meu marido entrou todo preocupado no quarto, foi que entendi o que realmente aconteceu. Eu estava tão distraída que não percebi que já estava na rua e nem vi a moto vindo. Eu nem sequer ouvi a buzina. Depois, minha cabeça foi para o motoqueiro. Será que eu o machuquei? E a moto, coitado, ele deveria usar para trabalhar e bater em mim deve ter estragado tudo. Pedi ao Pedro para olhar no hospital e procurar saber se o rapaz estava por ali e se estava bem. Ele voltou dizendo que ele estava na enfermaria masculina. Quebrou a mão e ralou um pouco o corpo, mas estava passando bem. Eu decidi que pagaria por seus remédios e pela sua moto. Não me importava que talvez ele também tivesse culpa. Pedi ao Pedro para ir falar com o rapaz e lhe pedir desculpas em meu nome. Pedi também para lhe dar um cheque com o que poderia ser o valor da moto e deixei meu número anotado para que ele me mandasse a foto da receita com as medicações que ele iria tomar. Tocado com a minha iniciativa em arcar com as despesas, o rapaz aceitou o p*******o pela moto porque ele realmente precisava, mas não quis que eu pagasse as medicações também. Me pediu desculpas e disse que tentou parar e que buzinou, mas eu estava tão distraída que não ouvi e não saí do caminho. Pedro então, preocupado pelo que ouviu, voltou até meu quarto e foi falar comigo pois não sabia o que poderia ter tirado a minha atenção dessa forma. Ainda sem coragem para lhe contar, disse que estava resolvendo um problema do trabalho e não vi mesmo quando entrei na rua. Apesar de estar bem, eu passaria a noite no hospital em observação. Pedro ficou comigo o tempo todo. Minha mãe disse que viria me ver no dia seguinte. Já a minha sogra, disse que iria até nossa casa quando eu estivesse lá. Eu não sei como o Pedro adormeceu naquela cadeira de hospital, só sei que quando olhei para o lado, ele estava desmaiado. Deveria estar muito cansado para dormir ali. Eu ainda permaneci acordada por um tempo. Mas, quando peguei no sono, me vi presa em um sonho muito estranho. Tão estranho que parecia real. Eu estava correndo em uma grama muito verde. Passava as mãos pela grama alta e ria. Meu vestido muito branco, esvoaçante ao vento, estava ficando verde por correr ali. Nessa hora ouvi minha mãe gritando por mim. Mas não consegui entender o nome que ela chamou. Apenas sabia dentro de mim que ela estava me chamando. Cheguei até o que seria a nossa casa. Parecia uma cabana, toda em madeira e pedras. Ela tinha dois andares. Os quartos ficavam no andar de cima, enquanto a sala e a cozinha estavam embaixo. Um fogão a lenha estava aceso. Caldeirões antigos estavam em cima soltando fumaça. A mulher que me chamou não era como a minha mãe atual, era diferente. Ela era muito magra e pálida. Tinha a pele e os dentes amarelados. O cabelo, muito louro, estava bagunçado, m*l preso por um lenço e ela usava uma espécie de avental por cima do vestido cinza. Eu me lembro que ela queria que eu comesse, mas eu não queria. Eu já tinha comido muitas frutas lá fora nas árvores e não queria comida. Não sei dizer porque, mas parece que um gosto estranho veio a minha boca. A minha mãe no sonho, estava me obrigando a comer. Eu comecei a chorar até que a porta da nossa casa rangeu e abriu. Um homem corpulento e barbudo entrou por ela. Era Pedro, mas estava diferente. Estava mais forte e alto. Tinha barba grossa que ia até seu peito. Seus cabelos negros misturados aos brancos, também eram grandes e m*l cortados. Eu me vi correndo em sua direção e gritando "Papai!". Acordei assustada e suando frio. Pedro ainda dormia tranquilamente na cadeira. Deus como ele consegue fazer isso! O restante da madrugada eu não consegui mais dormir. Não parava de pensar naquele sonho estranho. Nele eu chamava Pedro de pai. E minha mãe era uma mulher diferente. O que será que eu havia sonhado? Eu deveria estar é ficando louca. Acho que de tanto pensar que tem algo errado agora eu estou sonhando coisas. Tudo para me atrapalhar e atrapalhar a minha vida ao lado do meu grande amor. A manhã chegou e com ela, o médico. Ele me fez mais alguns exames e, como tudo estava bem, me deu alta. Mas me fez prometer antes que, se eu sentisse alguma coisa de diferente, era para procurar ajuda. Assim que ele saiu do quarto, fui rapidamente para o banheiro me trocar. Eu ainda sentia dores por todo o meu corpo mas não queria permanecer ali mais nenhum minuto. Assim que estava saindo, eu revi a enfermeira passando pelo corredor. Ela parecia estar sozinha e me deu um sorriso. Eu pensei em parar para ver com ela o que ela quis dizer sobre conhecer a Deus. E acho que eu devo ter parado por que me deparei com Pedro me olhando de maneira estranha. _ O que foi? - Perguntei a ele ao ver sua cara de preocupado. _ Por que você parou? Não está se sentindo bem? _ Estou sim. Só pensei em conversar com aquela enfermeira a respeito de uma pergunta que ela me fez. _ Que enfermeira? _ Aquela que está indo ali na frente. Veja, naquele corredor. Pedro me olhou de maneira estranha. _ O que? - Perguntei. _ Acho melhor procurar o médico novamente. Vamos lá dentro. Você deve ter batido a cabeça com força. Ele se virou tentando me puxar para dentro, mas eu parei e não saí do lugar. _ O médico já me deu alta. Tô bem. Eu só pensei em falar com a enfermeira. _ Esse é o problema. Olhe novamente. Não tem enfermeira nenhuma ali. Eu olhei rapidamente e não a vi mais ali. Ela deve ter saído do lugar e Pedro não conseguiu a ver a tempo. Deixei o assunto pra lá e segui para o carro. Pedro veio atrás de mim desconfiado. Mas ainda assim, fomos para a nossa casa.
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