O Casamento

998 Words
E aqui estava eu, vestida de noiva, pronta a dizer sim ao grande amor da minha vida. Apesar de todos os obstáculos que a família dele e a minha impuseram, nada foi capaz de nos separar. Mas o que eu não conseguia entender é porque esse casamento era considerado tão r**m e ofensivo assim para as nossas famílias. Afinal, nos amamos tanto e sempre nos respeitamos. Meus pais estão no altar depois de pedirem várias vezes para que eu fosse embora. Os pais dele só vieram porque queriam ver se também conseguiam fazer o filho desistir. Mas aqui vamos nós, o padre já me perguntou. _ Você aceita, de livre e espontânea vontade, esse homem por seu marido? Não podia mais deixar meu amor esperando. _ Sim, eu aceito! Olá, meu nome é Rafaela Diniz. Sou enfermeira na UTI e estou noiva do grande amor da minha vida, Pedro Henrique Fernandes. Nós nos conhecemos durante uma viagem da faculdade à Suíça. É que Pedro estava cursando medicina e eu, enfermagem. Fomos para um intercâmbio estudantil. Foi amor à primeira trombada. Eu sei que o certo seria amor à primeira vista. Mas conosco não foi assim. Eu já o tinha visto antes no campus. Ele parecia todo nerd e certinho demais pro meu gosto. Ele sempre ia pra faculdade de jeans e camisa social. Usava óculos. Ele era muito alto e tem os cabelos muito pretos, da cor de seus olhos. Tem o rosto angular, com a boca bem carnuda e o nariz um pouco avantajado, mas nada que estragasse algo nele. Pedro era até bonito de perto. Mas não parecia ser o meu tipo. Pelo menos, não até o dia da viagem. Nós dois estávamos muito apressados, com medo de perder o voo, já que eu sou muito pontual e ele, eu descobri depois, é bem pior que eu. Do tipo que chega pelo menos meia hora antes. Ele estava vindo pela minha esquerda, distraído mexendo em sua mochila e eu, distraída com meu celular. Foi assim que nós demos uma baita trombada. Cheguei a bater minha cabeça em seu ombro com bastante força. Força o suficiente para os dois caírem sentados um pra cada lado. Ele me olhou com aqueles grandes olhos negros e caiu na gargalhada. Um som que, estranhamente, me parecia familiar. Tão familiar que me fez rir de volta. Foi assim que o bonito estudante de medicina se apaixonou pela magrela estudante de enfermagem. É sério gente. Eu sou baixinha e magrela. Não sou morena, mas tenho os cabelos castanhos cor de chocolate. Acredite, são naturais. Meus olhos são cor de mel. Eu sou bonitinha na aparência. Toda delicada e com um jeito meigo. Mas não sei se apenas isso seria o suficiente para fazer ele se apaixonar por mim. Mas o importante é que estamos aqui, na igreja central de São Paulo, nos casando. E tudo graças a esse esbarrão. Sim, porque depois dele, não nos desgrudamos mais. Ficamos a viagem toda juntos o máximo de tempo possível. E no tempo que sobrava, falávamos por aplicativo. Só sei que eu o amava com tamanha força e intensidade que consegui enfrentar meus pais. Que nunca me deram, de fato, um bom motivo para me fazer desistir do Pedro. Mas sabiam que não queriam esse casamento. Pedro dizia que seus pais me achavam antipática e arrogante. Muito nariz em pé e bem pouco sofisticada para ele. Mas nada disso parecia motivo para ele desistir de me amar. Eu até entendo essa parte de seus pais. Menos, é claro, a parte que dizem que sou arrogante e antipática. É que eles são de família muito rica e donos de inúmeros imóveis e negócios na cidade. Meus pais já são humildes e muito batalhadores. Minha mãe era costureira e meu pai, pedreiro. Lutaram bastante para me criar. Sou a única filha deles. Mas dinheiro e poder já não são motivos para separar um casal. É claro que, se tudo isso tivesse acontecido em outros tempos, não estaria aqui com meu amor. É bem capaz que nem seríamos amantes. A cerimônia terminou. Estamos casados e era hora de assinar o livro do casamento civil. Depois que, ambas as famílias viram que não tinha mais jeito, assinaram também. Não teve festa ou recepção. Já que não era um casamento esperado ou querido, Pedro e eu decidimos não forçar a barra. Pegamos o dinheiro que íamos gastar fazendo uma festa e compramos nosso apartamento. Fiz questão de levar Pedro para escolher cada um dos móveis. Queria que tudo dentro fosse nós dois, do nosso jeitinho. Eu nem sequer usei um vestido de noiva tradicional. Vesti um vestido branco longo, todo soltinho que minha própria mãe fez, a contragosto é claro, mas com seu amor por mim em cada detalhe. Tudo para economizar para o apartamento. Apesar de que Pedro não me negou nada. Ele sempre ofereceu para pagar tudo. Sou eu que não achei certo. Se eu iria morar lá, nada mais justo que também contribuir. E eu sempre trabalhei e economizei cada centavo, justamente para quando resolvesse sair da casa de meus pais. E ao finalmente entrarmos no nosso apartamento, agora como marido e mulher, me sentia tão bem e plena que m*l podia esperar pela nossa noite de núpcias. Eu e Pedro ainda não tínhamos tido nenhuma i********e maior sabe. Não por eu ser virgem ou coisa assim. É que aquilo não parecia certo sem que o casamento. Eu sei que soa estranho. Mas esse era nosso jeito. Como ainda estava cedo, decidi preparar algo para comer, mas Pedro me impediu. Disse que queria me levar a um restaurante que era o seu favorito, para comemorar. Aceitei e fui me trocar. Tudo era lindo e muito sofisticado no restaurante. Cada prato parecia mais delicioso que o outro. Pedro escolheu um simples espaguete a carbonara e eu decidi segui-lo. Um bom vinho nos acompanhou nessa noite. Deixando tudo ainda melhor. Mas eu contava os minutos na volta pra casa.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD