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3761 Words
— Sofia Acordo com meu celular despertando e vou direto pro banheiro tomar um banho. Após terminar, visto uma calça preta e uma blusa de frio azul marinho. Penteio meu cabelo e passo uma maquiagem fraca, pego minha mochila, o celular e desço para tomar café. As empregadas estão servindo meus pais que leem o jornal silenciosamente.  — Bom dia — eu digo, me sentando na cadeira e estendendo um guardanapo em meu colo.  — Bom dia querida — murmura minha mãe.  — Bom dia — meu pai diz sem tirar os olhos do jornal.  Solto um suspiro e me sirvo um copo de suco de laranja. — Não precisa se servir. A Rosa pode fazer isso — minha mãe diz, e dá um gole em sua xícara de café.  — Eu sei — respondo.  Quando termino de tomar café me retiro da mesa e vou ao banheiro escovar meus dentes, em seguida pego o elevador e desço em direção a garagem.  Tenho dezoito anos e estou no terceiro ano do ensino médio. Três anos atrás tomei uma bomba no primeiro ano por estar passando por uma fase rebelde. Depois de um longo sermão dos meus pais tomei jeito e comecei a estudar pra valer. Eu dirijo um Sonata preto com os bancos de couro que ganhei em meu aniversário de dezoito anos em agosto do ano passado. Entretanto, só consegui minha carteira poucas semanas atrás. Chego a garagem, entro no carro e após colocar o cinto e ligar o ar condicionado dou partida. Com quinze minutos chego ao meu destino e estaciono o carro no estacionamento dos alunos. Olho meu horário na agenda do celular e vou em direção ao meu armário; assim que chego esbarro com Lucas, apenas reviro os olhos e continuo andando, mas mesmo assim não me livro de uma de suas piadinhas. — O caminhão de lixo já passou. — O que tá fazendo aqui então?  Reparo uma garota loirinha tentando abrir o armário ao lado do meu.  A ajudo e recebo um sorriso caloroso em troca. — E aí mendiga — dois garotos gritam e um atira uma bolinha de papel nela. Depois saem rindo. — Não liga pra eles, são uns idiotas — eu digo, pegando meu livro de história e fechando o armário. — Eles têm razão. Eu sou só uma bolsista — ela suspira. — Ei! Ser bolsista não é vergonha pra ninguém e sim motivo de se orgulhar, isso mostra que você é inteligente e tem ótimas notas.  — É, acho que sim — ela diz ajeitando os óculos — pode me dizer onde é a sala quatorze?  — Estou indo para lá agora mesmo.  Ela sorri e caminha junto comigo em direção a aula de história. Então esbarramos com o Miguel, pulo em seu pescoço e ele me aperta com todas as forças possíveis. — Também senti saudades baixinha — ele diz. — Nunca fique mais de dez minutos sem falar comigo — eu digo rindo. — E aí, quem é a loirinha? — Pergunta. — Bom... eu ainda nem perguntei seu nome — eu digo para ela rindo.  — É Fernanda. Maria Fernanda.  — Esse é o Miguel. — É um prazer — ele estende a mão e ela aperta. — São namorados? — Ela pergunta e nós caímos na risada — qual a graça? — Eu? Namorar esse pivete? Jamais! — Eu sou contra esse tipo de relação — ele ergue as mãos se defendendo. Fernanda franze o cenho. — Ele é como um irmão pra mim — explico. — Ah! Entendi. — Ei cara, vamos nos atrasar pro treino — Lucas aparece puxando o Miguel — eca, por que tá falando com a mendiga? Revirei os olhos. — Cai fora daqui Lucas. — Foi um prazer te rever também amorzinho — ele pisca e arrasta o Miguel para os vestiários. — Não liga pra isso — digo ao ver Fernanda de cabeça baixa — vem, vamos. Puxo ela para dentro da sala de história e ela se senta na primeira carteira enquanto eu vou para o meu lugar no fundo da sala. Eu prefiro não me destacar, fico na minha, sem ser notada ou receber perguntas, assim consigo prestar atenção nas aulas e tirar notas razoáveis.  — E aí garota — Megan diz se sentando do meu lado.  — Oi — eu digo copiando as anotações que o Sr. Gilis passava no quadro.  — Vai na festa do Breno? — Ela mascava chiclete fazendo barulho e isso me irritava bastante.  — Não.  — Qual é, você precisa se divertir mais. Cadê a Sof do primeiro ano?  — Ficou por lá. Agora me deixa copiar.  — OK! Foi m*l.  Quando a aula finalmente acabou eu saí procurando a Fernanda mas não a encontrei. Então fui ao meu armário buscar outro livro. Após guardar o de história pego o de literatura e caminho para o outro lado do corredor, onde encontrei três garotas falando coisas horríveis para a Fernanda.   — Vocês não tem vergonha na cara? Deixem a menina em paz! — Grito irritada.  — Sofia, ela é uma mendiga, não deveria estar aqui.  — Vai acabar nos passando pulgas.  — Olha aqui, ela merece estar nesse colégio muito mais do que vocês ratas de esgoto. Se continuarem a infernizar a menina vou fazer meus pais processarem as duas.  Elas saem bufando de raiva.  — Tudo bem? — Pergunto.  — Sim, obrigada — ela responde e sai apressada.  Solto um suspiro e vou direto para minha aula de literatura.  Sento no meu lugar de sempre e reviro os olhos ao ver Lucas entrando na sala, mas ao ver Miguel logo atrás respiro aliviada. Ao me ver ele sorri e vem se sentar ao meu lado, mas para minha infelicidade Lucas também vem. — Acabei de saber das suas ameaças. Não sabia que era vida louca — ele diz rindo.  — Não aguento gente preconceituosa — respondo e logo percebo que pareceu uma indireta para Lucas, então acabo dando uma risadinha.  — Nem eu. A garota deve ter se esforçado muito para estar aqui — ele dá de ombros — mas e aí, vai na festa do Breno sexta?  — Não. Estou correndo de festas.  — Essa aí vive numa bolha — Lucas diz.  — Prefiro evitar qualquer lugar que você esteja. Já não basta o colégio — faço um bico de irritação.  — Você é louca por mim — ele sussurra, provocante e eu caio na gargalhada.  — Vai sonhando.  — Vocês dois ainda vão casar — Miguel diz.  — CREDO! — Respondemos juntos.  O professor pede silêncio e passa um livro para lermos até a semana que vem.  O próximo horário foi física e depois finalmente fomos para o almoço. Minha aula começava às nove, o almoço era ao meio dia em ponto e eu saía às duas. Notei que a Fernanda estava sentada sozinha, então depois de pegar meu almoço me sentei ao seu lado. Logo as pessoas pararam de jogar piadas e ficaram apenas nos encarando.  — E aí — sorri. — Oi — ela diz e morde seu sanduíche.  Vi o Miguel se aproximar, Lucas — que estava ao seu lado — revirou os olhos e foi se sentar com o time, enquanto o amigo mais lindo do universo se sentou conosco.  — Oi loirinha — ele diz se sentando.  — Oi — ela sorri para ele.  — Ainda não se cansou de fazer caridade Sofia? — Dois garotos do time de futebol passaram rindo.  Mandei meu belo dedo do meio pros dois.  — Vocês não deviam ficar comigo, todo mundo me odeia — Fernanda suspira.  — Nós não somos todo mundo — Miguel pisca para ela.  — Além do mais, você é muito melhor que todas essas pessoas esnobes — eu digo e dou uma colherada em meu pudim.  O sinal tocou e fomos para nossas aulas. A minha era de educação física e hoje jogamos futebol. Quando vi a Fernanda colocando timidamente seu uniforme sorri e fui até ela.  — Vai ser do meu time — pisco.  Ela sorriu e caminhou junto comigo até o campo.  — Sofia e Megan. Escolham seus times — a professora grita.  — Clarice — Megan diz.  — Fernanda — respondo.  Megan ri.  — Escolhe os mais fracos para ter uma desculpa quando perder?  — É o seu ponto de vista — digo dando de ombros.  — Érica — Megan diz.  — Carolina.  E assim seguiu até o time estar todo dividido. Tomamos nossas posições e o time de Megan começa com a bola.  Dois passes depois meu time roubou a bola e eu saio correndo. A verdade é que eu não era muito boa com esportes, principalmente os com bola, eu sempre tropeçava, caía e me machucava.  Recebi a bola e logo passei para Carolina, que tocou para Fernanda que já estava entrando na área. Ela recebeu, fez a finta na zagueira e quando me dei por mim a bola estava dentro do gol. A cara da Megan, que era goleira, foi impagável. O jogo prosseguiu e em quinze minutos a Fernanda fez mais dois gols. Ela já podia até pedir música no Fantástico.  A Sra. Fitz apitou e fizemos um intervalo de dez minutos.  — Como você fez aquilo? — Perguntei para Fernanda.  — Eu jogo bola com meus vizinhos desde pequena — ela deu de ombros.  — Foi incrível — eu estava perplexa.  Voltamos ao jogo, o outro time fez um gol mas a Carolina também fez um. Então no final vencemos de quatro a um e fomos pro chuveiro.   Depois de finalmente tirar o suor do corpo, passar creme e desodorante eu me senti mais leve. Ficamos os cinco minutos que faltavam para o próximo horário conversando sobre a partida e então fomos para a aula.  Quando estava indo embora vi a Fernanda em frente ao ponto de ônibus, parei o carro e baixei o vidro.  — Entra aí — grito. — Não precisa, sério.  — Eu te dou uma carona.  Ela sorriu e entrou no carro.  — E aí, onde você mora? — Pergunto. — No Cantagalo.  — Certo — eu disse e continuei dirigindo.  — Achei que ia desistir já que é um morro — ela disse me fazendo rir.  — Eu não ligo. Quando chegamos na entrada um bando de caras armados me pararam.  — O que a patricinha quer?  — Estou dando uma carona para uma amiga.  — E aí Galinha — a Fernanda acenou para ele.  — Ah! Oi loirinha, podem subir.  Eles abriram espaço e eu subi o morro, virei à esquerda e logo chegamos.  — Obrigada — ela diz tirando o cinto. — Sem problemas — sorri.  Ela desceu do carro, acenou para mim e entrou em casa. Quando cheguei em casa fui direto tomar um banho quente pra relaxar. Então vesti uma roupa bem largadinha e desci para almoçar. — Senta comigo Rosa — eu disse sorrindo.  — Seus pais não vão gostar, minha menina.  — Você está vendo eles aqui? — Eu ri.  Ela se senta comigo e almoçamos juntas, enquanto isso conto para ela sobre a novata. — Você é diferente Sofia. Tem um coração tão bom — ela diz, orgulhosa. Depois do almoço subi e fiz minhas lições de casa. Aproveitei e peguei minha apostila com questões anteriores do ENEM e estudei um pouco. Depois cochilei até às quatro e fui me arrumar pra academia.  Coloco um macacão rosa, calço meus tênis e após juntar minhas coisas pego o elevador. Meu vizinho de baixo me direcionou um sorriso, que foi correspondido. Ele era bem bonito, tinha cabelos pretos e uma barba curta, seus olhos eram azuis e ele se vestia super bem. Ele usava uma camisa branca e uma jaqueta de couro por cima, o capacete de sua moto estava em uma mão enquanto com a outra ele digitava algo no celular, seu nome era Felipe. Nos despedimos na garagem, eu entrei em meu carro e ele montou em sua moto. Fui para academia, estacionei o carro bem em frente, passei meu cartão na catraca e entrei. Dei boa tarde para a recepcionista e subi as escadas.  Ao chegar meu personal veio falar comigo e após meia hora de esteira começamos a pegar firme. Quando terminei estava morta de cansaço. Ao chegar em casa estava pronta para tomar um banho quente, mas meus planos foram interrompidos com o celular tocando. — Fala Miguel — eu digo tirando o tênis. — Vai se arrumar, vamos sair pra beber.  — Eu não bebo.  — Só hoje, vai! — Eu tô cansada Miguel, acabei de chegar da academia. — Por favor.  — Sem contar que não tenho nenhuma companhia feminina e você provavelmente vai levar o Lucas... — Leva a loirinha.  — Não tenho o número dela.  — Passa na casa dela e tenta a sorte.  Bufei.  — Tá, agora deixa eu tomar banho que estou suada.  — Eca.  — Tchau o****o.  — Tchau princesa.  Desligo o telefone e vou tomar banho. Quando termino visto uma calça jeans de cintura alta bem escura, uma camiseta branca curta e calço um salto.  Pego dinheiro, as chaves do carro, minha carteira e desço. Meus pais estavam na sala. — Vai sair? — Os olhos da minha mãe brilharam. Ela queria que eu me socializasse mais.  — É o que parece.  — Podia ter colocado um vestido né filha?  — Não mãe, assim tá ótimo.  Ela se deu por vencida, já estava feliz demais por eu estar saindo. — Bom, fui — mando beijo e entro no elevador. O Felipe mais uma vez entrou nele, todo arrumado e ao me ver sorriu.  — A madame vai sair? Vou voltar e pegar o guarda chuva — brincou.  — Vou sob protesto — respondo sorrindo.  Conversamos um pouco e nos despedimos na garagem. Peguei o carro e fui direto para o morro.  Ao chegar na entrada fui barrada por um cara loiro tão bonito que me faltou ar.  Entretanto, ele usava um colete e um fuzil. O mesmo se aproximou da minha janela.  — O que a madame quer? — Vou na casa da Fernanda. Uma loirinha.  Ele me olhou estranho.  — O que quer com ela?  Reviro os olhos.  — Vou chamar ela pra sair comigo.  — Eu acho que ela não vai — ele diz.  — Posso tentar a sorte? — Respondo irritada.  — Vai patricinha.  — Patricinha é teu cu.  — Olha o respeito em, marrenta — ele apertou meu queixo e se afastou — abram passagem! — gritou.  Subo o morro irritada, quem ele pensa que ele é? Cheguei na porta da Fernanda e bati no portão. Ela não demorou muito para atender, saiu de pijama e segurando um pano de prato.  — Sofia?  — Oi — abro um sorriso.  — O que faz aqui?  — Bom, o Miguel está me obrigando a ir beber com ele. Então eu achei que seria legal ter uma companhia — dou de ombros. — Perdeu seu tempo, sinto muito.  — Por que? Você está muito ocupada? Ela soltou um suspiro.  — Estou cuidando da minha avó, ela está em fase terminal.  — Meu Deus! Eu sinto muito — digo. — A gente gasta toda a aposentadoria dela com remédios.  — Se quiser eu posso ajudar. — Não Sof, obrigada.  Ouvi um barulho de moto bem alto, seiscentas cilindradas talvez? Logo que a moto parou em frente a casa da Fernanda pude ver o cara loiro da entrada.  — E aí Fernanda — ele disse.  — O que você quer Pierre?  — Só vim ver se ta tudo bem.  — Então pode ir embora, você sabe que minha vó não gosta de você por aqui.  Ele abaixou a cabeça.  — Eu poderia ajudar, você sabe.  — Não queremos seu dinheiro sujo! — Ela respondeu ríspida.  — E aí, vai sair com a patricinha? — Ele perguntou.  — Eu não posso.  — Se você quiser eu peço o Menor pra olhar a véia.  — Você acha que eu confio nesses traficantezinhos de merda?  — Sua amiga veio de longe pra te levar pra sair, pode confiar no moleque. Ela respirou fundo. — Eu não tenho dinheiro pra sair. — Eu já te disse, dinheiro não é problema.  — E eu já te disse que não aceito dinheiro sujo.  — Eu p**o! — Eu digo, por fim. Ela me olhou aflita.  — Mas se você não quiser ir, eu entendo — completei.  O tal Pierre olhou para ela, suplicante, que suspirou se dando por vencida.  — Vou me trocar, chama o Menor — ela diz e faz um sinal com a mão para que eu a seguisse para dentro.  Sua casa era bem pequena e humilde, eu pra ser sincera nunca havia presenciado a vida de pessoas menos favorecidas, ver aquilo era muito triste.  Chegamos ao quarto de sua avó, a Fernanda bateu e entrou.  — Oi vózinha, essa aqui é a Sofia, a garota que eu te falei.  Sua avó sorriu e estendeu a mão para que eu a segurasse.  — Oi — eu digo.  Ela estava cheia de aparelhos e parecia muito, muito fraca.  — Ela veio me chamar para sair, mas meu amigo vai ficar com a senhora e qualquer coisa ele me liga. Tudo bem?  A vó dela sorriu, então eu soube que estava tudo bem.  Conversamos mais um pouco com ela e depois fomos para o quarto da Fernanda. Ela abriu suas gavetas e ficou revirando suas peças de roupa com uma expressão não muito satisfeita.  — Deixa eu ver — empurrei ela com a b***a e comecei a procurar.  Logo encontrei um vestido soltinho de renda branco e entreguei para ela, que se trocou rapidamente.  Pegou uma sapatilha embaixo da cama e passou um perfume que tinha em cima da cômoda. Então soltou o cabelo que estava preso em um coque, ajeitou com a ponta dos dedos e foi ao banheiro escovar os dentes.  Fiquei sentada em sua cama esperando ela terminar.  — Vamos? — Fernanda perguntou.  Dei um sorriso ao repará-la melhor, ela era muito bonita.  — Vamos — me levantei e saímos de sua casa.  Quando chegamos na porta o tal Menor já estava esperando.  — Qualquer coisa me liga, por favor — ela diz.  — Fica tranquila loira, eu adoro a Dona Elisa.   Fomos ouvindo uma música nova de funk, a cada sinal vermelho eu fazia algumas dancinhas. Fernanda estava com o celular nas mãos e não parava de olhar pra ele.  — Ei, relaxa. Tenta se distrair um pouco — eu digo.  — É difícil.  — Eu sei e sinto muito.  Ela olhou pela janela com um olhar distante.  — Quem é aquele garoto que te intimou a vir?  Ela suspira.  —O Pierre é meu irmão.  Ouvir aquilo foi um choque, pensei em dizer algo mas deixei que ela continuasse.  — Nós dois éramos muito unidos. Depois que nossos pais morreram foi minha avó que nos criou. Mas à medida que ela foi ficando mais doente fomos ficando cada vez mais pobres. Então meu irmão entrou pro crime. Começou como fogueteiro, depois virou vapor e agora é gerente. Quando ele tentou nos ajudar minha vó recusou o dinheiro sujo dele, e agora não conversamos muito.  — Poxa que barra.  — É, mas apesar de tudo eu sou feliz. Posso cuidar da mulher que cuidava de mim.  — Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, pode contar comigo.  Ela sorri para mim e assente com a cabeça. Ao chegar no tal bar, saio do carro e jogo a chave para o manobrista, o lugar era bem chique. Pude notar que a Fernanda estava sem graça, então a abracei de lado e entramos juntas.  Não foi difícil achar o Miguel, até porque ele estava com o Lucas e o Rodrigo.  —  Essa noite não poderia ficar pior!   Eu odiava o Lucas e o Rodrigo não parava de dar em cima de mim nunca, já podia até ver onde isso vai dar. Dou um beijo na bochecha do Miguel e me sento ao seu lado,  Fernanda se senta do meu e cumprimenta apenas ele.  — Por que você trouxe a mendiga? — Lucas pergunta.  — Olha aqui seu filho da p**a, mendiga é a mulher que te pôs no mundo. Se tiver algum problema com a Fernanda pode se retirar — eu respondo com raiva.  Ele revira os olhos e fica calado.  — Então o que vão querer? — Miguel pergunta.  — Uma vodka — Rodrigo diz.  — Umas três mulheres nuas na minha cama — Lucas responde. Nojento!  — Suco de laranja — digo.  — E você Fernanda? — Ele pergunta.  Ela parece sem graça.  — O mesmo que eu — respondo rápido.  — Tudo bem. Eu quero um s*x on the beach — ele diz ao garçom que anota tudo e sai em seguida.  — A gente devia ter pedido uma porção também — eu falo.  — Só pensa em comer — Miguel responde rindo.  — Por isso ta gorda — Lucas resmungou.  — Uma gorda que você sonha em ter na cama, né querido? Só que é só em sonho mesmo!  Nossas bebidas chegaram bem rápido. Ficamos conversando sobre assuntos diversos, é claro que eu sempre dava uma alfinetada no Lucas, e o Rodrigo, graças a Deus, m*l se importou com minha presença.  O Miguel estava contando uma história sobre uma viagem pro campo quando eu peguei um olhar suspeito da Fernanda nele, então eu soube que teria que colocar minhas asas e dar uma de cupido.   — Nossa, seu cabelo é tão bonito Fernanda. Você não acha Miguel? — Pergunto. Ela fica vermelha de vergonha. — Sim, o sorriso dela também é muito bonito — ele diz normalmente e dá um gole em sua bebida.  A Fernanda ficava mais vermelha a cada segundo.  — Onde tem banheiro aqui? — Ela pergunta.  O Rodrigo apontou pra direita e ela se levantou, me lançando um olhar significativo. Me levantei e a segui.  — O que você está fazendo? — Pergunta.  — Eu vi você olhando pra ele. Só estou tentando formar um casal.  — Qual é? Ele nunca ficaria comigo. Olha só pra mim.  — Você é linda. E o Miguel não é esnobe.  Ela suspira.  — Para, tá bom?  — Tudo bem — ergo as mãos em defesa.  Voltamos pra mesa e ficamos conversando e comendo a porção que eu pedi. Até que os meninos resolveram ir pra uma balada. Então nos despedimos deles e fomos embora. Deixei a Fernanda em casa, me certifiquei que estava tudo bem e então fui embora.  
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