Erick
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— É melhor você ter uma boa razão para nos chamar tão cedo.— Léo boceja enquanto ele passa pela porta da casa da minha matilha. Ele e Jean são os últimos a chegar, Gael e Brenno já estão aqui. Enviei uma mensagem ontem à noite dizendo que precisávamos nos encontrar esta manhã e considerando que não faço pedidos como esse com frequência, todos apareceram, sem perguntas.
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— Ele tem café.— Gael grita da cozinha, segurando o bule. Léo passa a mão no rosto.
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— Obrigado porra.— Reviro os olhos, batendo em seu ombro e levando ele e Jean para a cozinha, onde Brenno está tomando uma xícara de café e Gael está enchendo mais um pouco para o resto de nós.
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— Você vai nos dizer o que é tão urgente, ou você vai nos manter aqui enlouquecidos?— Jean geme, se apoiando contra a bancada da cozinha. Ele tem círculos escuros sob os olhos e seu cabelo está desgrenhado, eu acho que ele ficou acordado até tarde e bebeu demais na festa pós-corrida ontem à noite.
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— Eu vou falar, relaxem.— eu rio, passando por ele e abrindo um armário. Eu alcanço uma garrafa de Whisk e entregando a Jean.
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— Otimo.— Jean dá de ombros, desatarraxando a tampa da garrafa e pegando uma das canecas cheias de café na frente de Gael.
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Ele joga um pouco de licor em seu café, colocando a garrafa no balcão. Eu o alcanço, adicionando um pouco ao meu próprio café, o que imediatamente desperta seu interesse.
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— Merda, se a notícia que você vai entregar te faz beber, então eu definitivamente vou precisar de um pouco mais.— Jean resmunga, pegando a garrafa de volta de mim e espirrando mais em sua caneca.
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— Acho que todos nós vamos precisar de um pouco.— murmuro, deslizando meu olhar para os outros enquanto levo meu café aos lábios e tomo um gole.
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— O que está acontecendo, Erick? — Gael arqueia uma sobrancelha, me estudando.
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Eu engulo a bebida quente, abaixando minha xícara e soltando um suspiro.
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— Podemos sentar? — Eu pergunto, apontando minha cabeça em direção à sala.
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Os caras acenam com a cabeça e me seguem e todos nós afundamos nos móveis de couro confortáveis, formando um semicírculo. Eles me olham com expectativa enquanto eu tomo outro gole do meu café alcoólico, procurando por como começar.
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Não ajuda muito que eu mesmo esteja exausto. Tive problemas para adormecer ontem à noite porque não conseguia parar de pensar em Samantha, imaginando quem ela é e, como ela é. Meu lobo também não sossegou, sabendo que nossa companheira estava no quarto ao lado. Ele ainda estava todo e******o por encontrá-la, e quando ele se acalmou e eu acalmei minha própria mente, eu consegui talvez uma hora de sono antes de ser acordado pelos gritos de Samantha. Saí correndo da cama e tentei ir até ela, mas a porta do quarto estava trancada. Cheguei perto de derrubar aquela maldita coisa, mas então seus gritos se dissiparam e eu a ouvi respirar e cheguei à conclusão de que ela devia estar tendo pesadelo, então voltei para a cama.
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Seus pesadelos no quarto ao lado me acordaram mais duas vezes durante a noite. Eu sei que parece loucura, já que eu nem conheço a garota, mas fisicamente me doeu não conseguir ir até ela e confortá-la. Graças ao vínculo do companheiro, estou programado para proteger e consolar Samantha. Ficar longe enquanto ela estava em perigo deixou meu lobo louco, mas a última coisa que eu quero fazer é assustá-la sendo muito intensi, muito rápido. Acabei de encontrá-la e eu não quero perdê-la.
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— O alerta na fronteira ontem à noite.— eu resmungo, descansando meus cotovelos nos joelhos e olhando para os caras.
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— Era um lobo.— Eu dou um suspiro, me inclinando para colocar minha caneca na mesa de centro na
minha frente.
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— O que? — Léo e Gael falam ao mesmo tempo.
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Antes que comece o falatório, eu levanto uma mão, respirando fundo e dando-lhes um olhar severo.
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— Apenas me ouçam, Ok? Ela disse que a matilha dela foi atacada pela matilha das sombras, mas escapou. Ainda não sei todos os detalhes, mas a trouxe até aqui ontem à noite e pretendo descobrir mais quando falar com ela hoje.— Gael fica de pé, levantando a voz.
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— Espere o que? — Gael se coloca de pé e aumenta seu tom de voz
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— Você a colocou aqui? — Os olhos de Léo se arregalam.
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— O que você estava pensando cara? — Brenno geme, esfregando a mão sobre o rosto.
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— Ela é obviamente uma espiã, certo?— Hean olha em volta para os outros com sua pergunta duvidosa pairando no ar.
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— O momento é um pouco conveniente pra caralho.— Léo zomba.
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— Ei ei, sabemos quantas matilhas eles atacaram, sabemos que eles fazem prisioneiros. Você de todos aqui deveria entender já que eles fizeram sua garota de prisioneira.— digo, virando-me para Brenno.
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— Isso é diferente, nós já conheciamos Agatha antes de ela ser levada.— Ele balança a cabeça em negativa.
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— Tanto faz cara, quem é essa garota de qualquer maneira?— Pergunta Jean com curiosidade.
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— O que você sabe sobre ela?— Eu solto um suspiro, balançando a cabeça.
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— Apenas o nome dela. Samantha Miles.—
Brenno franze a testa.
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— Miles... por que esse sobrenome me soa familiar? — Minhas sobrancelhas disparam juntas
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— Será?— Eu sinto um lampejo de esperança, percebendo que eu também tenho suspeitado muito de Samantha desde que a conheci. Mas se Brenno reconhecer o nome dela, talvez sua história seja legítima, afinal…
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— Tenho quase certeza que conheci um Josh Miles. Na verdade meu pai era muito amigo de um alfa para as bandas do norte, foi lá que o conheci em uma das vezes que fui com meu pai.— Brenno murmura, tomando um gole de seu café. Ele engole antes de
continuar.
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— Ele tinha mais ou menos a minha idade, ele estava há algum tempo sendo treinado pelo pai para ser alfa de sua matilha.—
Jean aperta os olhos, inclinando a cabeça.
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— Uma matilha não foi atacado a norte ou noroeste daqui? Um pouco antes da matilha das sombras chegar a Matilha do lobo uivante? Acho que me lembro de Quezia
dizendo algo sobre isso…— Jean diz mais para si mesmo do que para nós, coçando o queixo tentando se lembrar.
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— Vou ver o que Fabiane sabe sobre isso, ver o que nossa unidade de TI pode encontrar sobre ela e se eles podem ter a conexão. Ver se a história dela confere.— Léo menciona.
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Eu dou um suspiro, eu nem percebi que estava prendendo a respiração. Mantendo a esperança. p***a, espero que Brenno esteja certo sobre o sobrenome dela. Espero que essa seja sua história e que suas intenções sejam puras ao vir aqui. Espero que haja uma chance para nós.
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— E então, o que devemos fazer com ela?— Brenno pergunta, arqueando uma sobrancelha.
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— Definitivamente temos que arrumar uma cela para ela.— Gael afunda de volta no sofá e me lança um olhar de lado.
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— Não.— Eu balanço minha cabeça inflexivelmente, minha agitação evidente em minha voz e olhos enquanto meu lobo avança.
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— Absolutamente não. Ela não é uma prisioneira, ela é uma vítima. Eu não vou jogá-la em uma cela e nem em lugar nenhum.— Os outros caras ficam quietos, mas Gael fala novamente.
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— Então ela é sua responsabilidade, cara.
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— O que isso deveria significar?— Eu pergunto defensivamente, lançando-lhe um olhar.
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— Mantenha os olhos nela até que possamos determinar se ela é uma ameaça ou não.— Brenno fornece.
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— Ok, eu posso fazer isso.— Eu me viro para ele, assentindo. Acalmando meu lobo e mantendo a calma.
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Um silêncio cai sobre a sala enquanto os caras trocam olhares, a tensão entre nós cinco é palpável. Eu não pretendia ficar tão na defensiva sobre Samantha, mas não pude evitar, foi uma reação instintiva.
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— Agora diga, o que você não está nos contando?— Gael finalmente pergunta, estreitando os olhos.