CAPÍTULO VINTE E DOIS

2693 Words
No dia seguinte o dormitório das meninas estavam um tanto agitado, Lyra nem havia acordado quando começou ouvir passos que se dividiam entre gargalhadas e vozes altas que não a deixavam dormi. Aquele dia ela não teria aula ! Seria o primeiro dia de jogo de pentatlo e além de ser um dia de preparo para os jogadores, seria de folga que Lyra também se daria, já que o jogo era somente a tarde, mas quando um travesseiro foi arremessado em seu rosto, Lyra viu que seus planos fugiriam de ordem. — Bom dia Vandergard ! — Lyra sonolenta abre os olhos e por um momento ela pensou que estava de volta no orfanato quando viu Loren na sua frente. Pelo jeito as “Briana's” de sua vida sempre a perseguem. — Não vai cumprimentar a gente ? Mas que falta de educação. — Lyra se levantou arrumando em seu corpo seu pijama branco, que sempre se levantava com tanto que ela se mexia na cama. Ela tentou ignorar Loren, mas pelo jeito a bruxa não era o tipo que podia ser ignorada, e por isso entrou na sua frente de Lyra, antes que ela pudesse ir para o banheiro. — Vocês Vandergard’s são todos iguais ! Se acham melhores do que todos só por causa do sacrifício ridículo de sua mãe para deixar degenerados como vocês que na verdade para todo mundo não passam de uma prova que o sangue de vocês é sujo. — Lyra fechou as expressões, mas não abaixou a cabeça, apesar das duras palavras. — Qual é o problema Loren ? Está com inveja ? — Ela pergunta é a garota a sua frente parece perder a figura, de modo que sua expressão de deboche falhou um pouco em seu rosto. — Deve ser triste, que depois de tudo que minha família fez, ainda sermos melhores do que vocês. Mas não se preocupe, não entrarei em uma competição com você. Até porque, as competições tem que ter prêmios valiosos e sinceramente não é nada em sua vida que eu considero valioso para mim. — Loren torceu nariz, e sua expressão era impagável, Lyra deu uma agradável gargalhada mentalmente. — Loren, vamos continuar a festa. Temos que nos maquiar para o jogo. — uma garota de cabelos curtos lambidas em seu rosto redondo se aproximou de Loren que ainda estava com sua expressão impagável. — Cala boca Margot ! — Que se afastou quando Loren a encarou de forma rude. — Eu só estou dizendo... — Você não tem que dizer nada ! Só ficar no seu lugar. — Lyra percebeu que uma discussão estava se iniciando entre as duas garotas e como ela reconhecia o seu tamanho e que estava em desvantagem, resolveu aproveitar aquilo. Em um passo rápido empurrou Loren e correu para o banheiro, onde girou a maçaneta e se trancou. Por mais que tivesse sempre resposta afiada, ela muitas se esquecia de seu corpo, que sem dúvida não a favoreciam nada em uma luta. De modo que Lyra somente fechou o chuveiro quando as batidas na porta e as vozes se cessaram. E mesmo assim Lyra esperou um tempo mínimo, com a toalha em seu corpo e seus cabelos longos escorrendo, quando finalmente teve coragem para abrir a porta, e ela estava prestes a fechar novamente quando ouviu passos, mas abriu a porta, sendo atiçada pela sua curiosidade quando ouviu um choro abafado. Era Margot ! Que debruçada na cama chorava segurando o travesseiro em seu rosto. — Margot ? Oque foi ? Seus pais estão te obrigando a casar com seu primo para manter a “pureza do sangue”? — Perguntou Lyra enfatizando “a pureza do sangue “ de forma sarcástica, fazendo Margot tirar a cabeça do travesseiro e olha-la com uma maquiagem verde totalmente borrada em seu rosto. — Me deixa em paz sua suja. — Respondeu a garota de forma ríspida e Lyra se virou. — Olha que gentil ! Um novo apelido. — E foi até o seu baú, procurar uma roupa, que ela somente colocou em sua cama pois percebeu que Margot estava a encarando, fazendo ela rapidamente fechar sua toalha. — Será que dá para parar de me olhar, por favor. — Porque você tem essas marcas no seu corpo ? — Perguntou a bruxa intrigada com as cicatrizes que apesar de singelas e quase invisíveis na pele pálida da menina, estavam por toda as costas, pernas e barriga de Lyra. — Cuida da sua vida Margot. — Irritou-se Lyra. Não gostava de falar sobre as suas cicatrizes, não gostava de sequer lembrar que elas existiam e por isso evitava de olhar no espelho. Apesar de cada uma ser bem fraquinha, sua pele pálida deixava tudo mais visível e isso lhe trazia dolorosas lembranças a ela. — Minha família também é bem rígida. — Comentou Margot se levantando da cama e se colocando na frente de Lyra, onde Lyra surpresa quase fechou os olhos quando a garota levantou a blusa, porém os manteve abertos, quando em sua barriga Lyra notou um cicatriz grande, em forma de linha, como se em algum momento a garota fosse amarrada por cordas espinhentas até sufocar. — Mais pelo visto a sua é bem mais. — Concluiu a garota, sendo aquela cicatriz a única que ela tinha, feito pelo seus pais. Os Brown’s sendo a primeira família inteiramente bruxa que Lyra conheceu, e a acolheu tão bem, fez Lyra ficar pasma. Não imaginava que algumas famílias mágicas podiam ser tão violentas ou até mais c***l do que a Madame Lourdes. — Essa foi a única vez que meu pai me bateu. — Margot começou a caminhar pelo quarto com um semblante triste, dando privacidade para Lyra colocar sua roupa. — Ele tinha seus motivos ! Eu estava com uma criança trouxa em um passeio a Paris. Eu tinha oito anos e achei o cachecol dela engraçado. — Aposto que era engraçado. — Lyra fechou os botões de sua blusa, que era no estilo de um grosso moletom vermelho escondendo as leves cicatrizes em sua cintura. — Era sim ! — Margot deu um sorriso sem mostrar dentes entre suas bochechas cheias. — Mas meu pai somente estavam querendo me proteger, assim como a sua família. — Argumentou a garota de cabelos pretos até o ombro, quando Lyra colocou uma grossa meia calça, por debaixo de uma saia lisa quadriculada, finalmente terminando de colocar sua roupa. — Não venho de uma família Margot ! — Lyra rebateu — famílias não fazem isso. — com um certo pesar na voz. — Sinto muito pelos seus pais. — Margot ainda olhava Lyra enquanto ela se retirava. Ela parecia realmente sentir muito e nunca ninguém tinha falado com ela sobre isso de forma verdadeira. Nem mesmo Loren, que a tanto tempo estava ao seu lado. E por um momento, Margot pensou que talvez oque seu pai tinha feito com ela, não era certo. ☽︎ ✵ ☾︎ O dia passava rápido ! E isso era visível nos alunos que passavam com caras pintadas ou nas garotas que com saias curtas carregavam pompons animadas. Todos pareciam empolgados para o jogo do Pentatlo, mas Lyra estava cada vez mais nervosa. Precisava do sangue de Draven, mas não fazia a mínima ideia de como conseguir. O jogo no Pentatlo, que aquele dia seria Corte iluminada contra Corte das sombras, começaria as quatros e Lyra torcia andando pelos corredores abertos da Academia para uma solução cair dos céus, quando Draven, vestido com o seu uniforme de Pentatlo como uma armadura verde aparece no final do corredor e começar ir em sua direção. Longe dos brutamontes que o seguiam e de todo o palco que o cercava e permitia que o loiro de topete de cacatua se tornasse cada vez mais arrogante, o garoto desfilava, com um sorriso torto e provocativo em seu rosto para Lyra, que se lembrando do último encontro com o mesmo sentiu vontade de avançar em cima do garoto e dar um chute bem no meio das pernas do mesmo, porém os seus vagos pensamentos de violência são substituído por uma ideia e Lyra relaxa seus ombros. — Vamos Lyra ! vamos ! você consegue. Somente precisar ser desastrada. — Lyra sussurrou apertando a barra de sua saia, conforme caminhava até Draven, que levantou seu fino nariz e começou caminha mais rápido e assim Lyra também fez, se mostrando que iria passar direto pelo bruxo, quando em alguns centímetros, em perfeito teatro, Lyra coloca um pé após o outro e se joga no chão. Tudo passou em câmera lenta, Lyra se jogou de braços abertos no chão e Draven não seguindo o roteiro lentamente se virou e deixou a garota cair com tudo no chão de pedra. — Hilária Vandergard ! Hilária. — Draven gargalhou com a mão na barriga fazendo Lyra encara-lo furiosa ainda no chão com seus cabelos no rosto e seu joelho que do jeito que estava doendo, provavelmente havia ralado. Porém a garota não ficou no chão por muito tempo. Em um momento Draven estava rindo dela e em outro estava tentando tirar a garota de cima de si que tinha tão afiadas unhas contra seu rosto. — Continua rindo sua cacatua ! Continua rindo — Lyra sacudia o garoto, puxando o cabelo do mesmo, parecendo uma felina que lhe acertava forte tapas que Draven conseguindo segurar sua mão, evitou que um o acertasse e logo seguida com um empurrão a desequilíbrio. Empurrão que levou a menina até a parede e suas mãos acima de cabeça, presa apenas por uma de Draven, que a imobilizou... totalmente em apenas um segundo. Draven a encarou com um olhar esquisito e olhou para algo em seu rosto que Lyra não soube oque era, apenas percebeu para onde o garoto estava olhando, quando Draven colocou a mão em seu queixo, puxou seu rosto e colou seus lábios. Tão rápido, que Lyra arregalou os olhos sem entender oque estava acontecendo, sentindo a língua quente de Draven forçar caminho pela sua boca, enquanto o garoto descia sua mão livre pelo seu corpo, obrigando Lyra imediatamente agir. Ela se mexia tentando fugir do beijo e virar seu rosto, mas Draven a prendia contra parede com força, a mantendo imóvel, e Lyra somente sente os lábios do bruxo a soltarem, quando uma voz grave se faz presente. — Então isso que você costuma fazer para melhorar suas notas Draven. — Lyra sente suas bochechas queimarem quando Devil a olha de cima a baixo, fazendo ela imediatamente desviar o olhar, mas vermelha do que um tomate. Sobrando assim para Draven, que não ficou somente com a amargura e o ciúme no olhar de Devil, mas com irar do mesmo, que se tornou tão quente em seus olhos que o ar ambiente pareceu diminuir. — Você está colocando em risco os títulos de minha casa. Títulos que sua família tem colaborado a anos para mantê-los, ao contrário de você e claro ! Que está desprezivelmente jogando toda a glória de sua família ao se misturar com uma mestiça. — As palavras do mestre alquimista saiam como facas afiadas sem nenhum pudor, atingindo Lyra e cortando o seu coração. O tom do bruxo a diminuiu tanto que ela se sentiu pequena... inferior, como alguém que sequer merecesse está ali é depois de ser esquecida, isso doía tanto que Lyra queria chorar, mas segurou suas lágrimas. — Desculpe professor, ela me agarrou. — Justificou o Villin, fazendo Lyra levantar a cabeça, esquecendo até que suas bochechas estavam vermelhas. — COMO É ? Eu te agarrei ? Olha aqui sua cacatua... — Lyra exclama indignada e antes que pudesse continuar tem seu discurso interrompido : — E é claro que você ficou parado, inofensivo, enquanto a senhorita Vandergard, uma menina inutilmente fraca te mantinha preso. — Disse Devil em tom completa ironia, fazendo Draven engolir seco suas palavras. – inutilmente fraca ?! Mais ele está me defendendo ou me insultando? – Questionou Lyra em seus pensamentos. — Eu posso justificar professor. — Tentou o loiro novamente. — Lamentável Villin ! Uma Vandergard ! Estragando o nome de sua família por tão pouca coisa. — Devil deu um sorriso sem mostrar dentes, c***l, e Lyra quis correr para bem longe dali. Ninguém nunca havia tomado os seus lábios, nem mesmo quando rasgaram suas roupas querendo força-la algo que não desejava e pela primeira vez, em seu primeiro beijo, que ela que sequer quis se beijada, estava sendo rejeitada como se fosse nada e culpada como se não fosse algo bom ou desejável. Lyra queria xingar o mestre alquimista ! Queria se defender ! Dizer que ele era um maldito cretino, mas naquele momento ela estava se sentindo tão pequena aos olhos dele, com tanta vergonha ! que se sentia desarmada e fraca perante o olhar frio e vazio do soberano. — Tem razão professor. — Respondeu o Villin no tom mais cínico possível fazendo o coração de Lyra se partir mais um pouco. — Foi apenas um deslize meu e isso não ocorrerá novamente. — Assim eu espero. Pode se retirar. — E assim Lyra se ver sozinha com o soberano enquanto Draven se afastava, e quando ela estava pronta a seguir também, em apenas alguns passos tem sua mão capturada pelo o docente, porém dessa fez, quando ela vira seu corpo, ela não encontrar o rosto do bruxo, apenas as largas costas do mesmo que a escondia completamente atrás de suas costas enquanto ele arrastava pela escola. Lyra tentava se debater, puxava sua mão e até mesmo sacudia a capa do bruxo pedindo para ele soltá-la, mas ela somente se viu livre quando entrou na sala do soberano e foi praticamente jogada no sofá. Onde ela se sentou, fazendo uma massagem em sua mão, que estava dolorida, e vendo a região vermelha, ela olhou para o bruxo com raiva. Raiva que Devil pareceu não se importar. Com os braços fechados em dos punhos sobre a mesa, Devil respirava forte como um animal, com seus olhos escondido pelos seus cabelos pretos caídos sobre sua face aterradora. — Pr-professor.... — A voz de Lyra estava entre cortada. O bruxo a sua frente parecia uma b***a, amarrada sobre correntes em seus punhos que somente ele as mantinha. — Está tentando me enlouquecer Rowan ? — Devil parecia furioso ! Sua testa estava suada e seus olhos em conflito como se ele mesmo não estivesse ciente do que estava acontecendo consigo. Lyra que estava tão acostumada com o bruxo tão frio e sempre inexpressivo, não sentiu mais confortável quando viu ele assim. — Não fui eu ! Eu juro professor — Lyra tentou se explicar. — NÃO ! — Mas logo foi interrompida, com um brado do bruxo, que com sua grave, tornou seu “não” em duas pedras se chocando contra outra, fazendo Lyra se encolher no sofá. — Eu não quero justificativa. Eu sei exatamente oque você fez. — Devil passou a mão no cabelo, tentando recompor seu tom de voz. Em poucos minutos Lyra o tornava algo que ele reconhecia que ele era, mas ele sempre soube si domar, não entendia oque sentia quando Lyra o fazia perder seu controle. — Eu quero que você nunca mais se aproxime do Villin novamente. Entendeu Rowan ? — E Vandergard. — Corrigiu a morena impulsivamente, não entendendo porque o bruxo a chamava daquele jeito e seu irmão de outro. — Entendeu Rowan ? — Mas o soberano não pareceu se importar com sua contestação. — Sim senhor ! — obrigando ela ceder, temendo oque a fúria no rosto do soberano pudesse se tornar. Aquele homem na sua frente era um poço de egoísmo e prepotência e qualquer coisa que Lyra viesse falar iria ser inútil. — Então pode se retirar. — Concluiu Devil friamente. E assim Lyra se lança em direção saída, e começa andar sem fôlego pelos corredores, quando estava no terceiro e seu sangue já estava frio e o tudo pareceu ter passado, Lyra sente algo gelado em sua mão, e quando ela olha para mesma, ver sangue. O sangue de Draven entre suas unhas.
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