Lyra saiu pela porta com as mãos dadas a Sophia, porém a garota quase caiu para trás quando diante de si ela viu tudo se transformar. Ou melhor, ela nem viu, foi tudo tão rápido que em um momento ela estava na rua da “modesta” casa que era sede do círculo é como se fosse sequestrada por uma névoa agora a garota se encontrava no parque nacional de Londres, olhando as grandes árvores que decoravam o céu azul.
— Estamos atrasadas ! Vamos foguinho. — Que ela sequer teve tempo de admirar, tendo sua mão capturada novamente por Sophia que arrastou a menina para fora do parque.
Porém naquele dia, não foi somente as árvores que fizeram o queixo da garota cair. Sophia andando entre os decadentes que a olhavam com crítica parou de repente na frente de um carro que Lyra conseguiu enxergar a distância. — Isso é um segredo nosso, está bem foguinho ! — declarou Sophia batendo na lateria do seu carro roxo, deixando claro para Lyra que talvez seu padrinho não sabia da existência daquele carro, que era uma Lamborghini antiga que tinha uma águia dourada em seu para-brisa capaz de deixar cego qualquer motorista experiente em uma rodovia escura.
Lyra ficou receosa em entrar no carro, nunca tinha andado antes em um. Somente em um ônibus que ocasionalmente o orfanato usava para um passeio anual na cidade, mas quando Sophia abriu a porta para ela animada, Lyra não teve opção :
— Pronta ? — A fairy ajeitou o cinto de Lyra que sequer sabia colocar um. — Oh um momento estamos esquecendo os óculos. — lembrou Sophia tirando a mão do volante e pegando dois óculos no porta luva, que um Sophia entregou a garota.
— Para que os ócul... — que antes mesmo de ela poder colocar, sente tudo ao seu redor começar a ficar tão incrivelmente rápido que o óculos com um arranco foi para seu rosto, agarrando a região de seus olhos com uma corda que parecia tentáculos grudentos. Ao menos foi isso que Lyra sentiu. Não podia perceber muita coisa com a velocidade que carro corria.
— VOCÊ.... QUER... TORTINHAS... De... ABÓBORAS ? — velocidade que não parecia ser problema para a senhora Vernet, que até comia tortinhas e não a deixou de oferecer, mas Lyra negou com a cabeça sentindo seu estômago revirar.
Que sorte que ela não tomou café da manhã !
— Chegamos ! — e Logo depois em uma brusca parada ela sente seu corpo ser puxado para frente com tanta força que a menina tinha certeza que seria jogado para fora se não fosse o cinto que a segurou no mesmo momento que o carro freou.
Lyra sequer sabia como havia chegado, mais chegou. Estava na frente de uma Biblioteca de uma pequena viela, que parecia apenas um lugar esquecido no tempo, com gárgulas no topo do prédio que fez ela dar um sorriso tímido achando engraçado as feiosas expressões das criaturas, que por um momento ela teve impressão de ver as mesmas piscarem para ela.
— O seu carro é muito rápido senhora Vernet. — Lyra se queixa subindo as escadaria da biblioteca sentindo suas pernas ainda um tanto moles.
— Você já deveria está acostumada ! Andou duas vezes. — Revelou Sophia trazendo o olhar de Lyra.
— Duas vezes ? — Indagou a menina não se lembrando da primeira.
— Vamos é melhor a gente ir. Temos uma lista de materiais para comprar. — Mas Sophia estranhamente trocou de assunto. — Temos que ir até biblioteca. Estamos atrasada. — Não dando tempo Lyra de sequer pensar na próxima pergunta, logo arrastando a garota para o prédio antigo a sua frente, que Lyra olhou para o alto desejando constatar mais uma vez se a gárgula realmente tinha se mexido.
— Eu acho que não te trouxeram muito para cidade não é mesmo ? — chamando atenção de Sophia que percebeu que menina olhava hipnotizada para o prédio. — Mas próxima fez usaremos asas. Dará para ver até as mais altas gárgulas, quem sabe uma pisca para você. — assim afirmando para Lyra que a gárgula realmente tinha se mexido, fazendo uma expressão assustada surgir no rosto da menina. Não pelas gárgulas ! Mas pelas asas. Como assim usar asas ?
— Asas senhora Vernet ?!
— Sim ! Grandes asas. Amareladas, brancas, pequenas... grandes ! Você pode escolher a sua. — Informou a fada com um sorriso de euforia.
— Acho que não quero asas senhora Vernet. — Lyra falou temerosa limpando suas mãos suadas em seu casaco.
— Não precisa se preocupar Foguinho ! Logo você irar se acostumar como as coisas funcionam em nosso mundo. — Sophia garantiu passando pela porta de vidro da biblioteca.
— Mas se.... — Lyra tentou demonstrar suas inseguranças, mas Sophia como estivesse uma estranha obsessão por hora, tirou um relógio de bolso de seu sobretudo, que Lyra ficou surpresa por não ser roxo e disse :
— Veja a hora ! — e a cortou novamente. — Estamos atrasadas. — logo em seguida se lançando na biblioteca obrigando Lyra correr atrás dela com suas pernas curtas que constantemente a faziam tropeçar, fazendo ela agradecer pela biblioteca está vazia.
— Estamos atrasadas para oque senhora Vernet ? — indaga Lyra ofegante depois de alcançar a fairy na última estante do local, que pelo jeito sequer era visitada. Os livros pareciam estarem todos empoeirados.
— Ora ! Para que seria Foguinho ? — questionou Sophia se mantendo em silencio observando os livros, deixando Lyra confusa. Ela não fazia ideia para que estava atrasada, mas mesmo não fazendo ideia, decidiu admirar os livros que ela nunca tinha visto em tamanha quantidade, até que Sophia parar na sua frente, abre um pergaminho empoeirado e sopra a poeira no seu nariz. — Vamos ver a onde temos que ir ! — a fazendo espirrar.
— Senhora, porque estamos na biblioteca ? — em seguida a menina indagou novamente, sendo muito curiosa, porém Sophia apenas lhe dar as costas e caminha para frente olhando as prateleiras, fazendo Lyra coçar a cabeça.
A biblioteca Wimbledon não era uma biblioteca tão grande, porém era cheia de livros antigos e prateleiras de madeira que Lyra se atentou a olhar, nunca tendo visto tantos livros antes. Tinha de aventuras, de guerras, de romance e até mesmo de leis ! Lyra queria ler cada um deles, é quando seus olhos vibraram ao encontrar Romeu e Julieta a menina olhou para os lados, não vendo ninguém, considerou aquela uma oportunidade para pegar um bom livro quando....
— Achei ! — ela sente seu coração quase sair da boca de modo que ela nem se atentou para livro na sua mão e derrubou.
— Romeu e Julieta ! Acho que temos ele na Academia — informou Sophia olhando para título no livro no chão. — Mas olha foguinho. Pelo oque vi aqui na lista de seus materiais, você tem tantos livros esse ano para estudar que eu acho difícil conseguir ler mais um. — e abriu o pergaminho novamente a sua frente, que Lyra finalmente entendeu que era sua lista de materiais. Porém mesmo as conclusões de Lyra estando certas o pergaminho na mão de Sophia não era somente isso, todas as crianças com herança mágica recebia anualmente a lista de materiais trazido pela poeira dourada em suas casas, porém era o primeiro ano de Lyra. E no primeiro ano de Academia era selecionado para criança, uma Guia, que poderia ser ou não da família, esse ficaria responsável pelo pergaminho da criança de herança mágica até o dia que o nome dela fosse selecionado pelo livro vermelho. Onde seu nome também seria escrito no pergaminho revelando finalmente quem era o seu Guia. Sophia sempre soube que ela era ! Assim como todos da Academia que viram a pedra lunar da fada brilhar no dia do nascimento de Lyra. E por isso agora Sophia era responsável por caminhar Lyra não somente para Academia, mas também ao mercado Mor. — Você verá quando chegar no mercado Mor.
— E onde ficar mercado Mor senhora Vernet ? — Pergunta Lyra é Sophia ergue a mão e captura um livro, que levantou na sua frente.
— Aqui ! — Fazendo Lyra franzi o cenho. O mercado Mor era um livro ?
— Aqui ? — Lyra apontou para livro querendo confirmar se era isso mesmo, ou ela tinha tirado conclusões erradas. — no livro senhora Vernet ?
— Não ! — Lyra respira aliviada com a resposta. Ela não cabia no livro, e sequer imaginava como entrar em um. — O mercado Mor fica na fileira 12 — Sophia apontou para a placa na frente da prateleira — 4° livro a esquerda — sacudiu o livro de capa dura verde, na frente de Lyra. — e página 309. — e por fim abriu o livro no meio. — Aqui está o mercado Mor. — E nesse momento Lyra considerou que talvez todos tivessem muito receio com senhora Vernet porque ela realmente fosse louca, mas se lembrando logo em seguida, que estava em um mundo mágico, como os que ela sempre leu nos poucos livros que ela teve, a menina considerou que talvez aquilo não fosse tão impossível. — Pode me dar sua mão da força ? — Perguntou Sophia.
— Mão da força ? — Lyra indagou coçando a testa.
— A que você escreve. E a esquerda ou a direita ? — questiona Sophia, e com isso Lyra ergue sua esquerda, que foi rapidamente capturada por Sophia fazendo Lyra tomar um pequeno susto e posta em cima do livro junto a dela.
Lyra com a mão em cima da página e com os olhos esbugalhados ver um pequeno brilho surgir repentina em suas mãos abaixo da de Sophia, que primeiro pareceu ser uma pequena fagulha, mais logo aquele brilho tomou todo seu corpo como água lentamente descendo, fluindo por cada partícula de sua pele, até que de repente ela sente um puxão e tudo ao seu redor some.