Heráclito estava num silêncio pesado em seu escritório naquela madrugada, olhando para o lago que era um espelho fino do céu estrelado da Academia quando memórias invadem a sua mente como uma avalanche :
— Sinto muito Heráclito, por mais que a pedra tenha um imenso poder, ela não pode trazer ninguém de volta a vida, nem mesmo a Calíope. — Proferiu Morgana Le Fay, uma bruxa de avançada idade, tão avançada quanto sua sabedoria que possuía em seus olhos, que era de conhecimento de todos. Porém todo saber tem consequências, e a da bruxa era a sua pele que apodrecia em seu corpo enrugado que já deveria está morto.
— Podemos tentar de novo Morgana. — suplicou o jovem bruxo de cabelos louros bagunçados e olhos brioso por trás de um óculos redondo.
— Acho que não Heráclito. Você não entendeu. Não há um meio de enganar a morte, muitos antes de vocês tentaram e nenhum deles tiveram um bom destino.
— Não precisamos engana-la. — Sussurrou Magnus em canto escuro da sala, escorado na parede, se negando a participar da conversa ! Até aquele momento... — Pensem comigo. — Exclamou o bruxo eufórico, mostrando seus olhos tão peculiares, um de cada cor, na luz. — Ao invés de tentarmos trazer a Cali de volta a vida, podemos simplesmente transforma-la em vida. — Heráclito encarou o bruxo com certa crítica..
— Heráclito haveria muitos riscos. — Crítica que se tornou audível na voz de Morgana. – as vezes precisamos aceitar a morte.
— Ah me poupe ! — Exclamou Magnus saindo do canto da parede e caminhando pela sala com seu olhar arrogante, recebendo mais uma expressão de crítica de Heráclito. — Quem é você para falar isso ? pelo oque sei você tem quase dois séculos, e é óbvio que essa idade não se deve seu porte atlético.
— Oque o senhor que dizer com isso senhor Ramanov ? — Pergunta Morgana tentando ponderar.
— Eu quero dizer que “aceitar a morte” não me parece que se aplicar a senhora. — que respondeu com seu cinismo afiado, fazendo Heráclito bater a mão na testa.
— Creio que não interessa ao senhor os usos que eu faço com o meu material de estudo. — Morgana rebate ríspida. — Mas eu tenho dever de alerta-los ! Eu faço o uso do poder da pedra elementar apenas para manter meu corpo vivo enquanto eu tenho um propósito, não para me tornar uma imortal, não cabe a mim trazer de volta a vida de quem a morte decide levar. — O discurso da bruxa soou fúnebre e o único parecia prestar atenção no sermão era Heráclito, pois Magnus simplesmente virou suas costas e saiu da biblioteca m*l iluminada. — A morte é uma lei natural e grandes tragédias podem acontecer caso essa lei for desrespeitada, então muito cuidado. Nenhum bruxo que enganou a morte, ficou vivo para contar a história.
E com isso Heráclito ouve um pequeno rugido em sua porta que imediatamente o despertou de seus próprios pensamentos, e quando seus olhos cercados por fumaça se voltam para o local, ele se depara com Thanatos, que como um vulto da morte estava em sua sala, com olhar sanguinário vagando em buscar de alguma alma.
— Devil, oque o trás aqui essa noite ? — Pergunta o velho mago para o cavaleiro do caos que passou andar a passos calculados pela sala, distraído com sua varinha enquanto limpava o sangue seco na ponta da madeira da mesma com sua capa, que também estava molhada de sangue e terra. Heráclito sabia disso porque conseguia sentir o cheiro metálico de sangue praticamente emanando do homem.
— Não haja como se não tivesse ideia do que aconteceu Heráclito. — o bruxo sussurrou com uma voz grave, não precisava aumentar seu tom de voz para parecer ameaçador, Thanatos tinha o dom de deixar até suas palavras gentileza ameaçadoras. — Eu sei que você sabe quem sou ! Tens o pleno conhecimento que fui eu que entreguei a profecia a Malquior. — Concluiu o bruxo se aproximando a passos lentos do velho mago, que parecia estranhamente calmo com aquela situação.
— Sim, você tem razão Thanatos Chaos. — A voz de Heráclito tomou um peso ao falar o verdadeiro nome do bruxo a sua frente. — Eu sei quem você é ! Sempre soube, desde do início. — Revelou o mago com sua voz branda que naquele momento causava uma certa irritação ao bruxo das trevas, que não tinha nenhuma paciência para metáforas do mago.
— E PORQUE NÃO ME IMPEDIU ? — De modo que seu tom aumentou. Se tornando um brado.
Ele não tentou disfarçar o perigo que representava ! Sempre contido em sua força e poder, ele usava palavras calculadas para disfarçar sua natureza. Apesar de gostar do temor que todos tinha quando encaravam. Era satisfatório ver o medo escorrer lívido como suor na testa daqueles que o desafiavam.
— Porque era necessário ! — Heráclito pareceu assumir um tom cuidadoso. Mas Thanatos não deixou de se sentir desafiado.
— Necessário ? — repetiu o bruxo com a voz baixa e arrastada, como se estivesse tentando entender oque estava acontecendo dentro de seus próprios pensamentos — Como pode dizer que era necessário ?
— Era o único meio de salvar as crianças ! A menina precisava ser salva Chaos. — Argumentou Heráclito.
— Então foi ela ! — O bruxo fecha seus punhos sobre a secretária a sua frente, com um olhar um tanto perdido. — a maldita criança e a culpada pela morte de Maia. — Que se tornou vago e inexpressivos. Então esse era plano de Maia, tornar a menina intocável ! Alguém responsável por feri-lo de modo c***l e que jamais poderia alcançar a minha fúria. Ele se sentiu um t**o por não ter conseguido ver isso antes.
E claro ! Como ela aceitaria um pacto que tanto o favorecia se não tivesse um propósito além de sua proteção para a menina.
— Sim, Maia sabia exatamente oque estava fazendo Thanatos e como você pode ver, ela decidiu salvar os filhos. Agora você precisar entender...
— Eu não preciso entender nada ! — Vociferou Thanatos. — A única sorte que essa menina teve é que Malquior a matou antes de mim. Porque eu não seria tão piedoso. — declarou o bruxo mesmo sabendo a responsabilidade de seu pacto. O qual ele estava disposto a pagar com a vida, somente para ter o sangue da menina em suas mãos.
— A matou ? — Indagou Heráclito parecendo confuso. — Impossível.
— Sim, pelo jeito ele chegou antes de mim. — A voz do bruxo assume um tom de maldade diabólica.
— Você sabe mais do que ninguém que ele nunca poderia mata-la Chaos.
— O pacto foi desfeito no dia em que aquela criança me tirou Maia. — rebateu Thanatos amargurado.
— O pacto de sangue não foi feito para Maia. O pacto foi feito para Lyra, e cabe a você protegê-la — lembrou o velho mago.
— A garota não me trás mais incomodo. A presença dela somente atrapalharia meus planos. — Thanatos coçou seu pulso incomodado com uma certa ardência no local.
— E quais são seus planos agora Chaos ? — Pergunta Heráclito e Thanatos para vago o olhar para o lago da Academia e responde :
— Eu quero entrar para o Círculo.