CAPÍTULO DOIS

2997 Words
Em uma rua cuja a única iluminação era lua, andava apressada uma elegante mulher, que tinha em seu semblante, além do brilho da lua que iluminava o solitário vilarejo, um certo cansaço, que apesar de seu elegante vestido preto, que arrastava no chão úmido do local, não deixava de ser percebido em seus olhos. Pelo contrário, era revelado pelas olheiras e rugas em rosto, de modo que nem mesmo seus cabelos pretos amarrados em um coque acobertavam o cansaço dos mesmos. Esses somente eram acobertados pela escuridão ! Que destacava Odessa Salem. A bruxa ao lado de um felino que andava entre os vãos de seu vestido, ostentava em seu peito um brasão, que era o único motivo de ela está ali. O brasão que carregava o guardião de sua Corte. Corvos ! Que apesar de tão escura cor de seus olhos, as sete pedras acima de seu b***s brilhavam ao segurar o título : CORTE CLÁSSICA — Mestre Heráclio — Odessa parou seus passos e olhou com a varinha em mãos para o lado, onde um senhor esguio e com uma barba branca bem evidente em seu rosto saiu das sombras. — Odessa ! — logo a cumprimentando. — Pelo visto como sempre está ciente dos recentes acontecimentos. — Afirmou Heráclio andando do lado da mulher afundando na grama um bastão grande que ele carregava em mãos para guia-lo a direção. — Então os boatos são verdadeiros ? — pergunta Odessa, e logo em seguida faz uma pausa silenciosa como se não acreditasse em seus próprios pensamentos. — A criança realmente está viva ? — Oque você acredita que é verdade Odessa ? — Odessa torce o nariz, sabendo que o mago a sua frente era alguém que ela devia ter o mínimo respeito, e continua andando, nada satisfeita por não ser respondida. — Desculpe Mestre Heráclito, mas uma criança acabou com uma guerra lendária ! E quase inevitável não duvidar ? — obrigando assim ela responder o mago, porém Heráclito apenas lhe dar um aceno, se vira e continua a andar, como de algum modo concordasse com ela, fazendo Odessa se silenciar... ...momentaneamente — Sabem oque dizem que as chamas aceitaram as crianças, é a promessa entre as Cortes foram quebrada, e por isso naquela noite eles não conseguiram tocar nas crianças, pois houve algo que não permitiu. Dizem que há uma profecia, mas como algo como uma simples profecia inexistente para nós até os dias de hoje poderia salvar alguém da morte ? — Indagou Odessa perguntando na verdade a si mesmo. De fato a bruxa não conseguia acreditar nem nas conclusões de seus pensamentos. — Eles somente são crianças ! — e por isso continuou tentando encontrar alguma razão. — Muitos morreram naquela noite ! E apenas duas crianças sobreviveram. Isso é difícil de acreditar mesmo cogitando na existência de uma possível profecia protetora. — Vocês Corvos realmente são todos iguais. Tão guiados pela razão que muitas vezes acabam reprimindo seus próprios sentimentos... sua própria fé. — Retorquiu Heráclito fazendo Odessa mais uma vez torcer seu nariz enrugado, em uma atitude de desagrado que ele perceberia se pudesse enxergar. — Nos lutamos séculos e séculos pelo poder ! Lutamos tanto que esquecemos que muitas das vezes o poder se manifesta nas mais singelas fraquezas humanas. — Então realmente existe uma profecia ? — Pergunta Odessa, por um momento perdendo o olhar na única casa iluminada no final da rua. — Depende — E Heráclito a responde com sorriso sem mostrar dentes por trás de sua barba branca, que talvez se não fosse notado poderia evitar um certo aborrecimento a bruxa, que considerou um grande ultraje a fala do mago, pensando que todos em seu mundo estavam comemorando algo que ele nem sequer tinha uma prova de sua veracidade. Porém antes mesmo de ela ter sequer oportunidade demostrar sua indignação, ela e interrompida novamente — Se você realmente acreditar nela, com certeza será verdade. — Por Heráclito, que responde enigmático olhando por cima de seus ombros, mas Odessa não contente com a resposta do mago de olhos fumaça rebate : — Acho que as profecias não passam de histórias feitas para nos dar um pouco de esperança, e quando finalmente acreditarmos nelas descobrimos que não passam de lendas antigas e falsas. — As vezes Odessa uma lenda que dura muito tempo tem seus motivos para durar. — Então quer dizer... — a voz de Odessa vagou como se ela tentasse formular as palavras. — Sim Odessa ! isso quer dizer muitas coisas e uma delas é que uma grande mudança daquilo que realmente acreditamos está por vim. — Heráclito a ajudou voltando a andar. — Se as crianças são realmente quem você diz que é, consideras adequado deixa-los nesse lugar. — Atirou Odessa de m*l grado olhando para a pequena casa no final da rua. — Crê realmente que eles não os encontraram nesse lugar? — Isso é algo que infelizmente não temos como saber, mas precisamos confiar no Círculo Odessa, ele os protegerá ! E o único meio que temos de esconder os dois irmãos — Rebate Heráclito confiante. — E quem está trazendo a menina ? — Pergunta Odessa, fazendo Heráclito franzi o cenho com a repentina preocupação da bruxa em apenas uma das crianças. — quer dizer os irmãos ? — fazendo assim ela reformular suas palavras. — Creio que não há o porquê se preocupar ! As crianças estão em ótimas mãos. — afirma Heráclito — O menino está sendo trazido pelo padrinho e a menina está sendo trazida por Sophia Vernet ! — dito isso, Odessa arregalar tanto os olhos que os mesmos pareciam que a qualquer momento iriam pular de suas pálpebras. — Sophia Vernet da Corte Romântica ! Mestre Heráclito, a Vernet não tem nenhuma capacidade intelectual e nem mesmo mental para essa atividade. — diz a bruxa aterrorizada com a escolha do velho mago. — Odessa, Sophia Vernet, da Corte Romântica e a única que poderia trazer a criança por meios decadentes em segurança. — Porém Heráclito estava confiante de sua escolha e continuou a caminhar deixando a bruxa para trás de braços cruzados. — Apenas espero que dessa vez ela não nos exponha para o Conselho. — Porém ela parar e rapidamente retira sua varinha da capa, quando som que parecia ser de um trem velho surge atrás de si. E se virando a bruxa e atingida por um farol forte em seu rosto que Odessa realmente pensou que fosse um trem, até que um carro roxo parar ao seu lado. — Um carro roxo ! — fazendo ela exclamar indignada olhando para o carro a sua frente que se tratava de um Opala 1979, que queimava os seus olhos com o brilho de suas lanternas que pareciam um farol, Salem tinha certeza que se não fosse desligado iria acorda metade do quarteirão. — Porque será que eu não estou surpresa ? — Boa provocação professora, mais nada irar me aborrecer nessa noite exuberante. — Porém isso e evitado quando a tão cotada Sophia Vernet sai do carro, com sorriso tão largo que não parecia ter tido nenhum problema em sua viagem. Qualquer um que olhasse para Sophia Vernet iria entender as preocupações de Odessa, a mulher na frente dela era uma fairy, que carregava além em seu carro, as suas roupas também o gosto pela cor roxa, que era marcado também em seus olhos. Totalmente roxos ! Ou seja a fairy jamais poderia passar despercebida em uma rua movimentada pelas suas roupas e pela suas muitas qualidades que parecia causar desastres. — A sua imaturidade e a suas palavras realmente faz jus a sua Corte, Vernet. Será que é realmente e tão tola para supor que essa noite tem algo de significativamente especial ? — qualidades que Odessa não gostava nada. Se mostrar para o mundo dos decadentes era um delito imperdoável a Odessa que sempre prezou a discrição como qualidade, ao contrario de Sophia, que havia cometido esse delito uma ou duas vezes dando grandes problemas para a Corte suprema. — Como não ? Finalmente a guerra acabou. Nós vencermos — Sophia retrucou eufórica e Odessa fechou as expressões. — A guerra acabou a custo de luto de filhos e esposas. Não há porque algo assim ser comemorado. — Fazendo Sophia ficar em silêncio, dando assim permissão para Odessa continuar, onde ela desceu o olhar para o carro atrás da mesma e falou : — E esse carro é medíocre — Desculpe professora, mas se eu não me engano a ordem do Mestre Heráclito foi exatamente para trazer a criança por meios decadentes. — E dessa vez a fairy de cabelo roxo rompeu o silêncio, ostentando um nariz empinado e muito fino, trazendo para discussão o velho mago que parecia absorto de toda a confusão, com o seu olhar no céu como se de algum modo pudesse enxerga-lo. — E é claro que você não poderia escolher algo tão discreto como um carro roxo. — E a cor da minha Corte, e a criança venceu uma guerra merece ser trazida como tal. — Eu imagino que tenha trazido a criança em segurança Sophia ? — pergunta Heráclito levantando uma sobrancelha branca acordando de sua observação noturna. — Sim, Mestre Heráclito. — e Sophia logo responde com um largo sorriso. — Onde ela está ? — pergunta o mago, e Sophia coçou a cabeça como se não entendesse a sua pergunta e falou : — Onde está oque ? — Provavelmente ela trocou a criança pelo carro. — Odessa murmurou ácida ao lado de Heráclito, então Sophia finalmente pareceu despertar. — Ah vocês estão falando da Foguinho ! — Foguinho ? — Odessa franziu a testa. — Ela qualificou a criança como F-O-G-U-I-N-H-O ! — soletrando o apelido dado entre os dentes trincados, parecendo não gostar nada. — Ela literalmente saiu das chamas e.... — considerando uma certa falta de respeito, encarou Sophia com azedume, que se virou, não conseguindo encarar a bruxa por muito tempo, e disse : — eu vou buscar a foguinho. — Só espero que ela não tenha colocado a menina no porta malas. Eu não ficaria surpresa. — Vejo que está muito preocupada com a criança Odessa. — comenta Heráclito colocando seu bastão na frente de sua túnica. — Não... não estou preocupada. — gagueja a bruxa — Apenas seria uma lástima se algo acontecesse com a criança depois de tudo que o nosso mundo passou para mantê-la viva. — e alega em sua defesa tentando se recompor perante a face um tanto sugestiva de Heráclito, que tornou seu olhar severo. E quando a bruxa finalmente conseguiu se recompor, Sophia estava trazendo oque em sua visão mais parecia ser um pequeno embrulho, até que a mesma se aproximar, e o embrulho ronrona estranho, como se fosse um gato ferido. — Ela está dormindo. — Sophia sussurra e Odessa se aproxima, olha para a menina de cabelos tão escuros que suas pequenas sardas destacavam em seu rosto e dar um sorriso disfarçado. A garota estava enrolada em uma manta azul, e quando Odessa esgueirou seu olhar para encara-la e menina com seus olhos brilhando e lhe deu um sorriso levantando suas fartas bochechas fazendo Odessa torcer o nariz. E nesse momento uma sombra cobre a lua, some com o sorriso da menina e Odessa imediatamente pega a sua varinha em mãos e rapidamente se vira, porém antes mesmo de ela poder lançar qualquer feitiço, Heráclito toca em sua mão e ela percebe imediatamente quem pertencia as asas que havia encobrido a lua. — Desculpa a demora Mestre Heráclito, o céu estava conturbado, acho que está vindo uma tempestade. — Disse o homem de aparência largada na frente do trio. — Maia e Adam já estão sobre a proteção do círculo ? — pergunta o homem tirando com cuidado algo de trás de suas asas que começou a chorar. — Acho que ele não gostou muito de voar. __ falou Gael encarando como queixa o choro do afilhado. — Ninguém iria gostar de voar com você Gael. — e Sophia comenta com a irmã do menino que Gael segurava nos seus braços, que ao contrário do irmão cochilava um soninho tranquilo, e Gael, não sabendo oque iria acontecer aquela noite quis acordar a menina, querendo ver a mesma semelhança que Arthur seu afilhado tinha com o pai, que era sabido por todos, que Lyra tinha com a mãe. Porém ele apenas e se contentou com descanso da afilhada e observou a menina. — Mestre Heráclito, realmente precisarmos afasta-los do nosso mundo ? — Gael pergunta dividindo o olhar entre as duas crianças. — O círculo os protegeriam... eu os protegeriam com minha vida se fosse necessário. — e concluiu suplicante com apenas um pedaço do rosto sendo revelado devido uma barba m*l feita. — Creio que muitos que sabem da existência da profecia fariam o mesmo. Porém há muitos no nosso mundo que buscam vingança. — Porém Heráclito rebateu. — Ele ainda está vivo ? — Indaga Gael. — Sim. — Precisamos levar as crianças para Circulo. — Odessa levanta o olhar para o céu percebendo que ficava cada vez mais escuro com sombras, que pareciam esporos e se espalhavam fugaz pela lua, tornando-se visível aos olhos da bruxa, que sabia os presságios que sempre aquelas sombras traziam. — Agora ! ~ ☆ ~ Pontos de feixes vermelhos, um vermelho quase escarlate, e amarelo como mais puro ouro rompia o céu junto com as cores violeta, branca, vermelho, azul e até mesmo a solitária escuridão ganhava certa visibilidade quando um de seus raios passava a frente da lua, e qualquer um que tentasse olhar com mais atenção e conseguisse ver os feixes de luz que saia de cada varinha levantada em cada ponto cardial, espalhados na cidade de Castwood na Inglaterra instantaneamente perdiam a sua visão por breve horas. Porém aquela noite até a mais densa escuridão, que era uma antiga inimiga parecia ajudar, fazendo os muitos feixes luminosos passarem imperceptível aos moradores da pequena cidade de Castwood que permaneciam dormindo sem saber oque a escuridão escondia, até que um estrondo, que seria perfeitamente passado por um mero trovão aos cidadãos da cidade e ouvido, e a primeira luz cede é o céu ficou vermelho. E com perca do feixe da mesma cor que retornou seu dono, o Círculo cedeu, não conseguindo mais resistir a escuridão, simplesmente se apagou ! E apenas o silêncio antecedeu a dor e o grito de uma mãe que se entregou ao seu destino é acolheu a morte. ~ ☆ ~ Uma capa preta arrastava sobre o chão molhado pela chuva que agora caia em Castwood e sumiu com todas as estrelas e qualquer esperança que pudesse existir. Agora somente a morte parecia restar sendo trazida como um vento gélido dos céus que também choravam por tal fatídica noite. Porém o senhor que andava pela rua com uma capa escondendo seu rosto não parecia ser assombrado pela senhora morte. A muito tempo a tendo como fiel companheira, sabia que a mesma não o buscava mais. Já estava morto para seu mundo. Era uma sombra do que ele já foi ! E até mesmo morte se esqueceu dele. O silêncio era c***l ! E o homem quando levantou a sua varinha em direção casa, não sabendo oque podia esperar, sentiu uma gota de água cair na ponta da mesma, então ele retirou a sua capa de seu rosto, revelando os seus olhos que eram confusos, um verde, e outro branco. Como se houvesse divisão em si. E sua pele era marcada em por veias de uma coloração vermelha escarlate, que se repartiam por todo seu corpo o lembravam constantemente dos anseios de seu passado. Anseios que a três anos atrás fez Malquior lhe poupar a sua vida, em buscar de todos seus conhecimentos que o levou até ali, até a sua própria morte. Malquior estava morto ! não haveria mais guerra. As pedras para sempre haviam ser perdido.... era o fim ! Porém quando o homem de cabelos brancos adentrou a casa destruída, vendo já um corpo de um homem no chão e ouviu um fino choro, parou sem acreditar na escada, ouvindo oque poderia ser um começo. As pedras poderiam ser dele novamente. E subindo rapidamente a escada em buscar de saber de onde vinha aquele choro infantil o senhor da morte encontrar um quarto, totalmente destruído, como era de ser esperar pela força da magia do Caos lançada. As paredes ainda brilhavam em tom esverdeado que refletiam nos olhos sem vida da mulher de cabelo ruivos no chão garantindo ao senhor morte que não era o fim. Sabia que somente algo conseguiria causar aquele divino e magnífico Caos, que açoitava a parede com pequenos raios fumegante fazendo rachaduras. — Tsc... Tsc... Tsc — O homem se agachou perto do corpo de Maia, constando que ela não tinha mais vida ao pegar a mão gélida da mesma. — Parece que você é mais esperta do que eu imaginava, e uma pena que sua teimosia lhe custou sua vida. — Concluiu o bruxo com olhar frio para o corpo de Maia. Porém quando um fininho choro se faz no ambiente completamente destruído, ele imediatamente volta a sua atenção para o berço a sua frente, onde o mas velho chorava na frente do corpo da mãe e a menina com os olhos também brilhando com lágrimas se escondia embaixo de uma manta, assustada, como toda criança deveria está. E por mas que a menina de cabelos pretos pudesse passar despercebida por baixo da manta devido o fato de ser muito pequena, uma luz que parecia ser chamas cálidas, tão forte que iluminava todo o quarto e fizeram os olhos do bruxo brilharem. Não em lágrimas como os dos dois irmãos ! Mas apenas ganância que se encontravam nos seus olhos, que se abaixaram, igual seus joelhos, ao se colocar a frente da menina. — Olá pequena rata !
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