ANGEL NARRANDO. LONDRES. Eu não dormi bem naquela noite. Na verdade, era difícil lembrar da última vez que tive uma noite de sono tranquila. Desde que Lucas casou e parou de me ver, o meu sono era sempre agitado, permeado por sonhos confusos e pesadelos que não me deixavam descansar. Mas naquela noite, a inquietação era mais profunda, mais intensa. E não era por causa do Lucas, adormecido ao meu lado, mas pela raiva que fervilhava dentro de mim. Eu o odiava. Odiava com toda a minha alma. Cada palavra, cada toque, cada promessa que ele não cumpriu, cada vez que ele me olhava com aqueles olhos frios, fingindo que eu era importante, enquanto, na realidade, eu não passava de uma peça no seu jogo patético de controle. E eu tinha me deixado levar, permitido que ele me enrolasse em sua teia.