Capítulo 1 - Prólogo

817 Words
P.O.V ALICE Deportada? Como assim eu séria deportada? Não acredito no que estou ouvindo. Minha mente parou de funcionar nesse exato momento, eu não poderia voltar para o Brasil, não mesmo! - O que? Eu falei com o advogado da imigração semana passada, ele me garantiu, deu certeza de que estava tudo certo com meu visto! - Ah minha cara, não seria a primeira vez que isso acontece! – meu chefe afirma. – Como você pôde se descuidar tanto? - Isso não pode estar acontecendo.. – fechei o punho, levando-o até a boca. – É um pesadelo, é um pesadelo! – falo sozinha, caminhando de um lado para o outro. - Eu gostaria muito que fosse, mas infelizmente é sua realidade, você terá que voltar ao seu país de origem! – ele diz com a voz um tanto triste, e minha única reação é suspirar na tentativa de segurar as lágrimas. - Quanto tempo eu ainda tenho? – questionei, olhando para o alto ao sentir que as lágrimas queriam descer. Eu não posso chorar, não na frente dele. - De acordo com o governo Americano, três meses! – senti minhas pernas fraquejarem, então finquei ainda mais os pés no chão. Três meses? Então era isso? Mais três meses e minha vida acabaria? Tudo o que eu havia construído ao longo desses anos estava prestes a acabar? Isso não pode acontecer, não pode! – Eu sinto muito! – exclamou com pesar. Vocês devem estar confusos, não é mesmo? Desculpem minha falta de educação, o nervosismo não está me deixando raciocinar direito, sem contar que apresentações não são meu forte. Acreditem, eu sempre me enrolo com as palavras. Alice, 28 anos, editora chefe na empresa Aleph revistas, localizada em New York. Dez anos, dez anos foi o que meu sonho durou, dez anos em que eu vivi de verdade. O que eu vivi antes desses anos não importava, se é que se deve chamar aquilo de vida. O fato era que eu batalhei muito para chegar até aqui, e não vou deixar tudo se perder assim, não mesmo. Eu ainda não faço a menor ideia de como reverter isso, mas vou conseguir, nem que seja a última coisa que eu faça. - Alice, você ouviu o que eu disse? – Doutor Carlos diz, me trazendo de volta a realidade. – Eu quero muito que você fique, mas se não tiver jeito, Geovana ficará em seu lugar! - QUE? – gritei sem perceber. – Meu Deus, a cada minuto piora! – bati na testa, negando com a cabeça. – Ela não pode ficar no meu lugar, ela não... – supliquei, ele suspirou fundo. - Eu sinto muito Alice, mas ela é a única pessoa qualificada ao cargo. - Mas.. Mas... – gaguejei, precisando limpar a garganta antes de voltar a falar. – Você disse três meses, certo? – ele fez que sim. Eu não poderia deixar aquela víbora tomar o meu lugar, não podia mesmo. Eu tinha que dar um jeito de ficar, agora era questão de honra! – Ok.. até lá eu penso em algo! - Em algo? – questionou. – Em que? - Eu também não sei, mas vou descobrir! – caminhei até a porta, mas antes de sair, olhei para trás. – Só confia em mim, eu não vou embora! Ele confirmou com a cabeça, e então eu fui. Eu fui, mas não sabia ao certo pra onde, somente peguei meus pertences na sala que em três meses poderia deixar de ser minha e fui. Ao sair do prédio principal, não consegui segurar as lágrimas, não consegui manter a pose de “dama de ferro” como todos costumavam a me chamar pelas costas. Qual é, eu sou um ser humano normal! Destravei o carro, entrando no mesmo rapidamente. E, como os vidros eram completamente fumê, pude encostar a cabeça no volante e chorar sem medo de ser ouvida. P.O.V NARRADOR E se passou vinte, trinta, quarenta minutos, não se sabia ao certo quanto tempo passou até que Alice finalmente levantou a cabeça, o rosto completamente borrada pela maquiagem. Estava completamente diferente da mulher que todos pensavam que fosse, diferente da personagem que ela mesmo havia criado para sua defesa. - Ok Alice, isso não é o fim do mundo... você vai superar, é só mais um dia r**m, vai passar.. – falava consigo mesma, enquanto tirava de dentro da bolsa um pequeno espelho, e um lenço, limpando assim todo o rosto borrado. Ela então retocou a maquiagem, dando uma leve piscadinha para si mesma no espelho. Sua autoconfiança estava de volta. Se tinha uma coisa que Alice sabia fazer, essa coisa era da a volta por cima. Ela ligou o carro, e saiu vagando pelas avenidas da cidade que nunca dorme. Pensou em parar no Central Park, mas ali era lugar pra relaxar, e hoje ela não se contentaria com menos de uma garrafa de vodca.
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