O despertador toca, cortando o silêncio pesado do quarto. A luz fraca da manhã invade a janela, tímida, como se também tivesse medo de entrar naquele ambiente sombrio e asqueroso. Mikael acorda com um suspiro, ainda com os olhos pesados de sono e o corpo cansado, como se tivesse carregado o mundo nos ombros durante toda a noite.
Sete e meia. Sexta-feira. Mais um dia no ciclo interminável de sua vida, e ali estava, sem vontade alguma de viver mas ainda assim tinha de fazê-lo. Não comparecer às aulas seria ainda pior.
Ele se ergue lentamente da cama, sentindo o peso de seu próprio corpo, como se cada movimento exigisse mais energia do que ele realmente tinha para oferecer. A casa estava quieta, como sempre durante a semana. O cheiro de álcool, que nunca saia completamente do ar, ainda parecia impregnar os móveis e as paredes. Ele se perguntava, como sempre, por quanto tempo isso continuaria? Por quanto tempo ele precisaria viver assim, respirando o mesmo ar denso e sufocante. Liberdade, era a única coisa que de fato ansiava com todo âmago.
Mikael passou os dedos pelos cabelos negros, desordenados. Seu reflexo no espelho lhe parecia distante, como se a imagem no vidro fosse de outra pessoa, alguém que ele nunca conheceu. Seus olhos castanhos, antes brilhantes de curiosidade, agora são opacos, como se a vida tivesse se desfeito ali, em algum lugar entre os traumas do passado e os dias sem cor do presente.
"Vamos lá", ele diz para si mesmo, tentando se forçar a sair da inércia.
Então ele levanta-se, vai até o banheiro e começa a rotina automática de higiene. A água fria no rosto o desperta, mas a sensação de vazio persistia vitoriosa. Ele não sente fome, mas come o que tem – uma fruta murcha que sobrou da última ida ao mercado. Ele não se importa. Na verdade Mikael não se importa com quase nada, não mais.
Ele sai de casa sem esperar muito, apressando-se para não se atrasar. A caminhada até o colégio era curta, apenas algumas boa quadras mas sempre parecia longa de mais. O caminho é bem solitário. O barulho de seus próprios passos ecoava pela rua vazia, como um lembrete de sua solidão. Ele não tem amigos, ou melhor, ele tem dois: Anna e Paulo. Ambos opostos um aos outro mas são os únicos que, de alguma forma, conseguem enxergá-lo por trás das máscaras que ele usa com todos a sua volta, os únicos que ainda conseguem dar um pequeno raio de cor em sua vida. Eles são, para ele, um porto seguro em meio ao turbilhão de sua vida.
Enquanto caminhava, o som de risadas ecoou ao longe. Ele reconheceu as vozes antes de vê-los e isso já foi o bastante para que um frio lhe percorresse a espinha. Eram dois garotos da escola que se aproximavam, Marcos e Henrique. O sorriso debochado de Marcos era o mesmo de sempre, sempre querendo se divertir às custas de alguém. Quando eles o notam, uma onda de desconforto o invade. Mas Mika não podia demonstrar fraqueza. Não podia.
── Olha só, quem temos aqui... ── diz Marcos, com um tom irônico. ── O queridinho do professor Allex.
Mikael tentou ignorá-los, mantendo os olhos fixos no chão ao reflexo do próprio corpo de acelerar os passos para fugir daquela situação. Não queria enfrentar isso hoje. Não agora.
Não quando tudo o que diziam pareciam somente uma mistura de ciúmes e provocações desnecessários. Ele não tinha nada com aquele homem senão a mais simples relação entre aluno e professor. Eram somente isso e nada mais. Então... por que?
── Ei, não vai fugir, não, hein? Vamos brincar um pouquinho. ── Henrique se aproximou mais, bloqueando seu caminho.
O coração de Mikael acelerou. O medo, aquele velho companheiro, voltava a apertar seu peito. Ele tentou se controlar, manter-se firme e confiante, mas seus olhos ainda permaneciam fixos ao chão enquanto todo o resto de seu corpo tremia e temia.
── Não estou fugindo, só... atrasado.
Respondeu, a voz saindo mais hesitante do que a coragem que realmente desejava demonstrar. Os garotos trocaram um olhar de desdém e risos enquanto Mikael apertou os punhos ao lado do corpo tentando novamente se esquivar para fugir daquela situação. Henrique por sua vez não pareceu contente em deixá-lo ir, então o agarrou pela blusa o jogando contra o poste.
Um gemido de dor escapou dos lábios finos de Mikael, por mais que sua mochila estivesse ali para amortecer o impacto, isso não significava que os hematomas ainda não completamente sarados pelo corpo, não estivessem doloridos de mais.
── Por favor... me deixem ir... ── suplicou, as palavras agora mais difíceis de sair conforme o nó em sua garganta aumentava, conforme os olhos começavam a arder.
── "Por favor me deixem ir" ah! Nem fodendo, garoto. Talvez... depois, se conseguir andar... ── uma risada c***l saiu dos lábios do ruivo.
Marcos agora mais perto o encurralava enquanto Henrique olhava toda aquela situação, também com um sorriso malicioso nos lábios. Ao lado, havia uma rua muito estreita, quase um beco o qual ninguém notaria caso algo viesse a acontecer. Ninguém se importaria na verdade e Mikael sabia disso.
Era esse tipo de noção que fazia com que uma mistura de pavor e desespero se apossassem do corpo de Mikael, o suficiente para lhe dar o reflexo de autopreservação, coragem para chutar entre as pernas do ruivo e assim correr em disparada o mais rápido que conseguia.
── Argh! Seu merda! ── esbravejou o rapaz que agora se encolhia com a dor aguda na região e então seu olhar enfurecido foi de encontro a Henrique que boquiaberto se dividia entre ajudar o amigo ou ir atrás do infeliz. ── O que pensa que está fazendo, i****a?! Vai atrás dele!
Mikael sente as lágrimas lhe escorrerem pela bochecha, o fôlego lhe faltando aos pulmões... mas não podia se dar ao luxo de parar, não queria pensar no que poderia acontecer caso algum deles o alcançasse, então seguiu em frente, mais rápido agora, até que a dor em suas juntas não passassem de uma sensação distante. Até que estivesse "seguro".
Com muito custo ele havia passado os portões do colégio, a partir daquele ponto Marcos e Henrique não poderiam por as mãos nele, caso contrário as punições seriam severas. Ainda mais para "alunos problema" como eles.
Mikael conhecia há muito a sensação de ser alvo. Mas então ali, naquele momento ele pôde se abaixar, apoiar-se aos próprios joelhos e retomar o fôlego novamente. Ele já aprendeu a viver com tudo isso, com todo esse inferno. Mas ainda assim eram sensações horríveis de suportar, pior era levantar a cabeça e seguir como se nada tivesse acontecido, como se não existisse um imenso alvo nas próprias costas onde infortúnios pareciam sempre segui-lo e o atingir quer onde estivesse.
Agora finalmente chegado à escola, o relógio na parede da entrada marcava 8:10. Ele não se atrasou por muito, mas sente a tensão da corrida ainda em seu corpo. A sensação de nunca estar no controle. De sempre correr atrás de algo que nunca parece alcançar.
Ele se dirigiu diretamente à sala, evitando os olhares, as conversas. Não há muitos que o notam na verdade mas ainda assim os evitava, todos eles. No fundo da sala, ele se senta rapidamente, como se isso fosse uma forma de se esconder. Seus amigos, Anna e Paulo, já estavam ali.
Anna sorri ao vê-lo, sempre animada, sempre um pouco mais iluminada do que ele se sentia capaz de ser. Sua pele morena, seus cabelos cacheados e olhos verdes brilham como se o mundo fosse um lugar melhor do que Mikael o vê. Ela se aproximou com o sorriso travesso de sempre, apoiando o cotovelo sobre a mesa do amigo enquanto o queixo se mantinha repouso sobre a delicada mão.
── Ei, Mikael! Chegou a tempo de perder a explicação sobre física? ── brinca ela, tentando arrancar uma reação dele.
Mikael sorri fraco, tentando disfarçar o peso em seus ombros. A dor daquela corrida quase mortal.
── Acho que sim.
Paulo, que estava na mesa lado da dele, olha para ele com um olhar mais atento. Sempre sério, Paulo é do tipo que tem uma maneira silenciosa de compreender quando algo não está certo, de enxergar além do que os olhos podiam ver, por trás de todas as máscaras.
Ele observou Mikael, mas não disse nada. Para Paulo, as palavras eram muitas vezes desnecessárias. A amizade dele era mais construída no silêncio, nos olhares, nos gestos simples.
── Você está bem? ── Paulo finalmente perguntou, com um tom suave e voz rouca.
Mikael balançou a cabeça, como se dissesse "sim", mas eles sabiam que não era verdade. Ele nunca estava realmente bem. Mas não era como se ele fosse realmente dizer isso abertamente pra eles. Não hoje. Não agora.
A aula começou, e então Mikael se perdeu na explicação da professora, mas não por muito tempo. Ele ainda tinha a sensação de desconforto em seu peito essa que nunca desaparecia, não importasse o que fazia. O pensamento de que sua vida estava sempre a ponto de desmoronar era algo constante, como uma sombra que o seguia.
Ele olhava para frente, mas seus olhos vez e outra se voltavam a Paulo. O garoto enigmático e misterioso da turma, que derretia os corações das garotas, embora jamais tenha o visto corresponder a quem quer que fosse. Ele era lindo de mais para parecer real, perfeito de mais. Era como se seu mundo sem cor jamais pudesse alcançar a bela aquarela que parecia ser a de Paulo. Às vezes, ele se pegava tentando entender o que realmente sentia por ele, mas não sabia dizer. Em sua mente, tudo parecia embaçado. Confuso de mais.
Quando o sinal do intervalo finalmente tocou, Mikael se levanta, aliviado por um momento de descanso, sua cabeça já tomada por uma leve dor agradecia pela pausa. Anna e Paulo o esperaram no corredor, como sempre, prontos para tentar arrancar uma risada de Mikael, mesmo que ele sentisse que a felicidade deles não era feita para ele. Que não pertencia a todo aquele emaranhado de cores.
── Vamos, Mika! ── diz Anna, com um sorriso travesso. ── Acho que você merece um descanso depois de tanta física. Fiquei sabendo que os bolinhos de carne chegaram na vendinha. Podemos passar lá.
Ele seguiu atrás dela, mas sua mente estava em outro lugar. O intervalo com eles era nada mais que uma pequena pausa no paraíso no ciclo interminável de dias que parecem nunca terminar no inferno.
Paulo parou sentindo a falta do garoto ao lado deles e consequentemente fez com que Anna também parasse. As íris azuladas como a noite foram de encontro ao breu opaco e sem vida do garoto que mais parecia perdido em pensamentos. Paulo franziu a testa, observando até que:
── Mika? ── Paulo chamou, sua voz suave e preocupada.
Anna seguiu o olhar de Paulo e voltou-se para Mikael, notando a expressão distante em seu rosto.
── Mikael, está tudo bem? ── Anna perguntou, aproximando-se dele.
Mikael sacudiu a cabeça, como se voltando à realidade e então sorriu. Um sorriso que não chegava aos olhos mas que ele torcia pra que no fundo pudesse dissipar qualquer dúvida e preocupação, principalmente vindos de Paulo.
── Sim, tudo bem ── ele respondeu, mantendo o sorriso forçado nos lábios. ── Só... perdido em pensamentos.
Paulo não pareceu convencido, mas não insistiu. Em vez disso, ele se aproximou de Mikael e começou a caminhar ao lado dele, sem dizer uma palavra.
Anna os acompanhou, sentindo a tensão no ar.
── Certo! Meninos, vamos... vamos esquecer a física por agora ── ela disse, tentando mudar de assunto. ── Quem está com fome?
Mikael assentiu, ainda um pouco distante.
── Eu estou.
Paulo não respondeu, mas seu olhar permaneceu fixo em Mikael, como se procurando algo que ele não queria admitir. Algo que no fundo ele já tinha noção do que se tratava e ainda assim, optou por respeitar o espaço que Mikael impunha sobre eles.
Eles continuaram caminhando em direção à vendinha, o silêncio entre eles apenas quebrado pelo barulho dos passos.
[•••]
Metade do recreio já havia se passado, Anna teria ido ao banheiro retocar a maquiagem, mas Paulo não tirava os olhos de Mikael, ambos agora sentados sob a sombra de uma árvore. Paulo sentindo que algo estava errado, algo que ele não podia ignorar, e então, sem aviso, Paulo estendeu a mão e tocou o braço de Mikael.
── Mika? ── ele disse, sua voz baixa e intensa.
Mikael olhou para ele, surpreso.
── O quê?
Paulo hesitou, como se procurando as palavras certas.
── Você... você está realmente bem? Tipo... hoje é sexta-feira... se quiser posso falar com Allfred... você pode ir lá pra casa...
Mikael sentiu um arrepio ao olhar para Paulo, o nó começando a se formar na garganta a medida em que aquelas palavras lhe atingiam em cheio. Tão dóceis, tão intensas e cheias de um carinho e preocupação que ele não julgava ser digno de ter.
── Sim ── Mikael respondeu, forçando um sorriso. Engolindo em seco a vontade que tinha de desabar. — Estou bem. Não precisa se preocupar, nem envolver o Allfred nessa.
Paulo não pareceu convencido, mas não insistiu. Em vez disso, ele apenas apertou o braço de Mikael, como se dizendo que estava lá para ele, não importando o que acontecesse.
E Mikael sentiu um calor no peito, um sentimento que ele não sabia como lidar. Mas ele sabia que precisava de Paulo agora mais do que nunca, e mesmo assim, não admitiu.
[•••]
Depois do intervalo, Mikael teve mais duas aulas. Foi um sufoco, mas finalmente o sinal para o término das aulas ecoou, os sons de cadeiras e carteiras sufocando o local. Seus amigos, Paulo e Anna, precisavam sair para fazer um trabalho de recuperação, então se despediram. Mikael ficou para trás, sem querer ir para casa. Seu pai estava voltando e chegava naquele dia, e ele não queria enfrentá-lo. Perdido em pensamentos, Mikael não notou Allex passando em frente à sala.
── Já deu o sinal, Mikael. Não vai para casa?
O garoto se assustou e então se virou para ele anuindo em resposta.
── Vou sim, professor.
O mais velho pareceu preocupado.
── O que foi, tem algo te encomodando? Quer que eu o leve para casa?
Mikael recusou, não querendo problemas.
── Não precisa! ── Ele respondeu de maneira rude, mas não sabia como lidar com a situação. ── Desculpe, já estou indo. Até segunda, professor.
Depois disso, Mikael saiu correndo, sentindo-se m*l por ter sido rude com Allex. Enquanto que o professor simplesmente o observou passar por si, um tanto confuso com aquele tipo de reação.
[•••]
O caminho para casa foi longo e doloroso. Ele sabia o que o esperava.
Assim que chegou em casa, o cheiro de álcool invadiu suas narinas fazendo com que um arrepio gélido lhe subisse a partir da espinha. Olhando ao redor do cômodo se deparou com o próprio pai que estava deitado no sofá, camisa semi-aberta e com a gravata frouxa em volta do pescoço junto a uma lata de cerveja em mãos.
"Droga!" Pensou consigo mesmo desejando jamais ter entrado por aquela porta. Mikael queria fugir, repensar sobre a proposta de Paulo ainda mais cedo, mas não podia.
Engolindo em seco, ele tentou subir as escadas sem que seu progenitor percebesse, mas por azar do destino acabou pisando em um degrau que rangia, o barulho ecoou pelo cômodo e Mikael pôde ver seu semblante franzir, em seguida sua canhota foi direto ao rosto podendo murmurar alguns palavrões.
── Onde pensa que está indo? ── Questionou o mais velho com a voz totalmente alterada devido ao nível alto de embriaguez. O garoto podia sentir na pele o quanto aquilo lhe custaria. Seu pai se levantou, cambaleando se aproximou.
Respirando fundo, Mikael fechou os olhos e se virou com medo, ainda trêmulo abriu-os novamente já vendo o homem a frente tacando a latinha de cerveja para o lado.
── P-pro meu quarto senhor, tenho prova na semana qu- ── de maneira falha ele havia tentado pronunciar algo na esperança de que ao menos uma vez a sorte estaria ao seu lado. Mas o viu desabotoar o cinto e logo ele o interrompeu, autoritário e direto como sempre.
── Tire sua roupa! ── Os olhos do jovem rapaz já se encontravam marejados e o suor frio escorria pelo rosto enquanto que o mais velho começava a desabotoara calça.
── M-mas pai eu... e-eu...
── Eu mandei tirar suas roupas Mikael, não me faça perder a paciência e tirar eu mesmo. ── Ele estava com medo e acima de tudo, não desejava nada daquilo, mas não podia desobedecê-lo ou seria pior.
Então começou a tirar a roupa, as mãos estavam tremendo m*l podiam desabotoar o uniforme, sentia o corpo pesado e a respiração estava acelerada, era uma sensação horrível e angustiante.
Novamente sentiu aquele arrepio. Não queria fazer isso, mas não tinha escolha. Depois de tirar as roupas, seu pai começou a passar as mãos em seu corpo. Mikael sentiu nojo e dor.
Ele não podia gritar, não podia fazer nada. Encurralado como uma jovem corsa diante de seu pior predador.
Estava preso.
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As horas que se seguiram naquela noite foram tortuosas de mais. E quando finalmente seu pai adormeceu, Mikael pegou as próprias coisas e seguiu até o banheiro tomar um banho, so lá conseguia chorar o quanto quisesse sem ninguém por perto para ver. Sentia nojo de si mesmo e queria que sua mãe estivesse ali consigo, talvez isso não acontecesse, e mesmo que acontecesse alguém estaria ali para o ajudar. Ao menos, era assim que queria que fosse.
Depois do banho ele foi tentar descançar um pouco, mas seu corpo doía muito como se alguém estivesse o rasgando por dentro e os seus remédios para dor já haviam acabado já há um bom tempo. Acabou tendo uma péssima noite m*l dormida e quando finalmente tinha conseguido cochilar, seu pai havia invadido seu quarto.
Foi assim o final de semana inteiro, ele parecia não se cansar de fazer aquilo, quanto mais fazia mais queria, e sua dor e angústia somente se faziam maiores dentro do peito.
Ele queria ajuda, queria ser acolhido.
Mas ele estava sozinho.
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No domingo, seu pai partiu novamente, e Mikael sentiu um alívio. Tinha cinco dias de descanso antes de ele voltar.
Na segunda-feira, Mikael acordou com um peso no peito, lembrando-se da avaliação física na aula de Educação Física.
Ligou para Anna, e ela concordou em ajudá-lo a esconder os hematomas. Com Anna e Paulo ao seu lado, Mikael sentia que podia enfrentar qualquer coisa.
Mas sabia que não podia esconder a dor para sempre. Ele precisava encontrar uma maneira de escapar daquela realidade dolorosa.
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