I

2362 Words
Nixie Chakramof. Meu corpo arde, de raiva, muita raiva, vendo o túmulo de meu pai, depois da cerimônia, sabendo que ele simplesmente não acordará mais, nunca mais! O que me gera mais raiva ainda, afinal de contas, era suposto ele ficar aqui, comigo, para o resto de toda a eternidade. Mas aqueles filhos de um Allium Sativum, sem escrúpulos, s*******o, sem temor pela própria imortalidade e transbordando em inveja, ousaram cravar uma estaca nele. Onde em toda a imortalidade, eu acharia que algo tipo fosse acontecer e justo com o meu pai? Ninguém achava... E ele não tinha que perder a sua imortalidade, e principalmente desse jeito. O vampiro mais sábio, habilidoso, que já existiu na face da terra, que protegeu todo o reino dos vampiros, o seu reino, Chakramof, e todos os vampiros, desde os mais selvagens, a raça superior. E é assim que tudo termina... Com quem eu ficarei? Com quem eu falarei? Quem me chamará de filha, agora? - Princesa, temos que ir. - o Kaya, conselheiro de meu pai fala. Todos já se foram, mas eu não quero sair daqui. - Eu venho depois. - eu o respondo. - n******e, já está aqui fazem horas, o povo está vulnerável, a princesa precisa voltar agora. - ele diz, enquanto eu olho para o túmulo. - O seu pai, não ficaria orgulhoso, se soubesse que abandonou o reino. - ele diz me fazendo o encarar. - Ele perdeu a imortalidade por ele. - ele fala e o peso de suas palavras, me faz sentir com mais intensidade, que eu não o ouvirei nunca mais, e isso dói. - Tudo bem. - eu o respondo e ele assente, elevando a sua mão ao seu peito, saindo de perto de mim, logo em seguida. - Eu irei me vingar pelo senhor, meu pai. - eu falo, elevando a minha mão ao meu peito. - Eu não vou desapontar o senhor. - eu falo, cravando na minha memória, a imagem de como eu o encontrei ferido no campo de batalha, e o seu túmulo. Eu vou extinguir a raça daqueles mosquitos. Crio coragem e retorno com eles. Neste preciso momento, estamos no palácio, eu estou em meus aposentos, com alguns conselheiros e algumas amigas, que inicialmente eram minhas servas, mas eu nunca gostei muito disso. Na verdade, eu pouco ficava aqui em Chakramof, passava a maior parte do meu tempo viajando, e vivendo... E agora... O ódio é fulminante em meu olhar. - Precisa de tudo isso, Kaya? - eu questiono aborrecida ao conselheiro de meu pai, vendo o monte de pessoas lá, aguardando a minha tomada de posse. - Precisa tomar e ocupar o lugar do seu pai o quanto antes princesa, a segurança de Chakramof e do reino dos vampiros, depende também de você. E o povo está em pânico, a tomada de posse hoje os deixará mais calmos. - ele diz e eu suspiro. Eu não estou com cabeça nenhuma para isso. Eu queria sair, e cravar eu, uma estaca em cada um deles, explodir o peito deles, me vingar do meu pai! E não isso... Não estar aqui, fazendo esse monte de coisa burocrática e óbvia. - Eles sabem que eu tomarei o trono, eu sou a filha do rei, não tem quem mais tomar ele, qual é a necessidade de tudo isso? - eu questiono vestindo minhas luvas pretas, puxando-as ao longo de meu braço. - Todos nós sabemos que você nunca gostou e tão pouco fez questão dos seus deveres como princesa e sucessora do seu pai. - a Kirkal diz e eu suspiro. - Mas agora não há escapatória, a pirâmide de poder está em perigo e os seus deveres à chamam. - ela fala e eu suspiro. "O seu destino não muda, mesmo que as circunstâncias mudem, filha." Pai... • Parada de frente para todos eles, os conselheiros fizeram o tão bom, bem estruturado discurso para acalma-los. Sequer assimilei absolutamente nada do que foi dito na minha coroação. A minha mente revive constantemente as imagens mais tristes que eu já vi em toda a minha vida, e isso está me atormentando, eu tenho ganas de sair agora e fazer o que eu devia ter feito no primeiro momento, perseguido aqueles idiondos. Eu devia ter me jogado na frente de meu pai e levado aquela estaca em meu peito, e não ele. Não ele... - Princesa, tem que dizer alguma coisa. - ouço o Kaya, me retirando do transe em que eu estava. Olho para todos eles, alguns vieram, de outros reinos, prestar respeito ao meu pai. Eu não posso os decepcionar, tal como o meu pai espera. - Eu, Nixie Chakramof, princesa de Chakramof, e filha do vosso rei, Guinaz Chakramof, prometo continuar com o legado de meu pai, e garantir a vossa segurança. - eu falo. - Eu não deixarei que mais ninguém perca a sua imortalidade para esses selvagens, e eu prometo que eu nos vingarei… - eu falo, e escuto eles gritarem animados e eu sinto o Kaya me tocar discretamente no braço. Esse é o meu sinal para ficar calada. Eles prosseguem, até todos se irem. Neste preciso momento eu estou na sala de trono, com o Kaya, a Kirkal e mais alguns conselheiros. - Como assim, casar? - eu questiono indignada. - Eu perdi o meu pai, eu não preciso me casar com ninguém para dirigir e proteger o reino, muito menos me casar e com o Dark. - eu falo, perante essa solução s*******o. - Justamente por isso. - o Kaya fala, apreensivo, todos estão tensos, mas eu sei muito bem, o que os nossos soldados vampiros do reino e nós somos capazes. - Se o rei, perdeu a imortalidade princesa Nixie, isso significa que precisamos sim de ajuda externa, e apesar de nunca ter feito questão de participar das leis do reino, sabe muito bem o que a destina. - ele fala e eu suspiro fundo. Casar? Eu me casar? - Nixie, eles virão buscar você amanhã. - a Kirkal fala e eu suspiro frustrada. - Não tem outra solução? Eu já pensei em uma estratégia de ataque e defesa contra os vampiros selvagens, nós podemos... - eu falo tentando inverter essa situação, entrando em pânico também. - Não tem outra solução, é assim que manda a lei, princesa. - um dos conselheiros fala. - Não temos tempo, eles podem voltar a atacar a qualquer momento, e precisamos proteger a linhagem de Chakramof. - o Kaya fala, e eu suspiro fundo. - Nixie... - a Kirkal balbucia me tocando. - Eu já percebi. - eu falo indignada, obviamente irada e sem opção alguma. Eu faria isso do meu jeito, mas eu não posso, agora eu tenho que olhar por eles pelo meu pai. Eu não o posso decepcionar, o que é um casamento, quando sequer pude entregar o meu peito a estaca no lugar de meu pai? - Chame o capitão. - eu falo. - Vamos preparar as estratégias de defesa e ataque antes que eu vá. - eu falo e o Kaya assente, e o guerreiro sai ao seu sinal para encontrá-lo. Minha cabeça dói, meu coração dói... - Princesa. - o capitão fala entrando, e eu caminho até a ponta da sala do trono aonde meu pai planejava as estratégias. - Vamos ao que interessa. - eu falo, e eles me encaram, enquanto eu engulo o meu choro garganta à baixo pegando nas coisas que o meu pai pegava. Porquê? - Começaremos daqui. - eu falo colocando as peças no mapa e vou os explicando as estratégias que eu pensei. - Os soldados estarão em posição, ainda hoje princesa. - ele diz e eu assinto. - Eu quero que arranjem espiões, eles não estão atacando os reinos aleatoriamente. - eu falo olhando para o mapa e eles assentem. - Infiltrem algum vampiro que nos possa descobrir o que eles estão planejando. - eu falo, exausta. - As suas ordens princesa. - eles dizem e eu assinto, e faço sinal para eles irem embora. - Com à vossa licença. - eles dizem, eu assinto e eles se vão. - Venha, vamos descansar Nixie. - a Kirkal fala e eu suspiro. - Eu não estou com sono, eu só preciso descansar o meu corpo. - eu falo. - Pois então, venha e descanse o seu corpo em seus aposentos. - ela diz. - Não, Kir... - eu falo. - Por favor, Nixie. - ela fala me encarando. - Me ouça apenas uma vez. - ela fala e eu suspiro. - Venha. - ela diz e eu a sigo. Entramos nos meus aposentos e eu suspiro fundo frustrada, me recusando a acreditar que tudo isso está realmente acontecendo. - Aonde estão as minhas roupas? - eu a questiono, vendo o meu closet vazio. - As servas arrumaram. - ela diz, e eu a encaro furiosa. - Eu não entendo Kirkal, estão querendo me mandar embora de vez do meu próprio reino? - eu a questiono indignada e ela suspira se sentando. - Você sabe que não é nada disso. - ela fala e eu suspiro. - E você saiu por meses, viajando sabendo e tentando fugir desse casamento que desde a sua nascença estava destinado, apenas chegou à hora. - ela fala e eu reviro os olhos. - Da minha nascença não, vocês tinham medo que eu nascesse humana. - eu falo me deitando, olhando para o teto. - Tinha uma mínima chance, mas o rei era um dos vampiros mais poderosos do reino vampiro, e a sua mãe uma vampira mutante demasiado poderosa, tinha pouca porcentagem disso acontecer, mas você nasceu uma vampira alfa. - ela fala e eu suspiro. - Embora, seu lado humano se sobressaia. - ela diz e eu a encaro. - Seu sangue é demasiado quente. Eu volto a olhar para o teto. - Você não precisa querer ficar parecendo durona para mim, Nixie. - ela fala. - Tire isso para fora, a ira nos faz errar. - ela fala, e eu sorrio. - O único erro que eu quero cometer, é cravar estacas no peito de todos aqueles mosquitos. - eu falo e ela suspira. - Todos nós queremos, mas você sabe muito bem que vingança e guerra não são os nossos lemas, o intuito é proteger a pirâmide e não desestabiliza-lá. - ela diz e eu reviro os olhos. - Eles começaram. - eu falo, e ela suspira. - E você não vai causar e vai fazer exactamente o que sabe que tem que fazer, Nixie. - ela diz e eu suspiro. - Eu quero ficar sozinha, Kirkal. - eu falo e ela se levanta. - Como você quiser, fique bem e não faça nenhuma asneira. - ela fala e eu nem me dou ao trabalho de a responder. A rajada de vento quando ela sai, gela o meu rosto, e a dor no meu peito aumenta, numa intensidade inexplicável. - O que eu vou fazer sem você? - eu me questiono, não conseguindo conter a dor dentro de mim. Passei a noite toda em claro, e quando o sol ameaçava se levantar, eu vou para o banheiro, tomo o meu banho. E ao terminar, passo apenas um creme nos olhos, para disfarçar que eu estava chorando. Não é altura para mostrar vulnerabilidade, senão serei devorada por eles. - Nixie! - ouço a voz da Chanola no meu aposento, e eu saio do banheiro. - Oi, Chanola. - eu falo, vendo as roupas em suas mãos. - Conseguiu descansar? - ela me questiona e eu a ofereço apenas um sorriso ameno. - Esse vestido é bonito. - eu falo vendo e ela sorri. - Foi feito inspirado em você. - ela fala, retirando para me vestir, e assim o faço. O vestido é longo, preto, sem mangas, justo, e tem luvas e saltos, os detalhes na simplicidade dele, é que o deixam atraente. - A carruagem deve chegar em duas horas, para levar você até ao palácio dos Krugmorfegers. - ela fala e eu suspiro fundo. - Eu posso ir com a minha carruagem, na verdade eu nem preciso dela para chegar até lá. - eu falo calçando os meus sapatos altos. - São as regras reais, princesa Nixie, as suas aventuras devem ter apagado a sua memória, mas você é uma princesa, e se trata dos Krugmorfegers. - ela fala e eu reviro os olhos, e ela sorri me encarando. - E o príncipe Dark... - ela fala toda sugestiva. - Vocês já estão preparadas? - eu pergunto. - Sim, só vou eu e a Kirkal iremos com você, o conselheiro Kaya também virá. - ela responde e eu assinto. - Tudo bem. - eu falo. - Por favor verifique o estoque de alimentos e sangue para o povo. - eu falo e ela assente. - Não podemos ficar sem nada, faltando no reino. - eu falo e ela assente. - Não se preocupe, que o estoque está lotado, e você sabe muito bem que isso não é preocupação para eles, também. Todos são capazes de se alimentar por eles mesmos. - ela fala. - Relaxa, Nixie. - ela fala e eu a encaro puxando as luvas ao longo dos meus braços. - Não é, mas o meu pai já mantia esse nível nas coisas, eu não quero que nada reduza, principalmente agora. Não precisamos de vampiros caçando agora. - eu falo e ela assente. - Não se preocupe, eu vou verificar pessoalmente, agora. - ela fala. - Vai tomar o pequeno almoço? - ela me questiona. - Não, eu vou ver os soldados, e depois vou ter com os conselheiros, tenho de ser responsável e tratar de toda essa burocracia. - eu falo e ela sorri. - Tem mesmo. - ela fala. - Vamos. - ela diz. - Vamos. - eu falo e saímos dos meus aposentos, cada uma para o seu lado. Eu não descansar até vingar o meu pai! Nem que eu perca a imortalidade, logo em seguida.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD