Nixie Chakramof.
Meu corpo arde, de raiva, muita raiva, vendo o túmulo de meu pai, depois da cerimônia, sabendo que ele simplesmente não acordará mais, nunca mais!
O que me gera mais raiva ainda, afinal de contas, era suposto ele ficar aqui, comigo, para o resto de toda a eternidade.
Mas aqueles filhos de um Allium Sativum, sem escrúpulos, s*******o, sem temor pela própria imortalidade e transbordando em inveja, ousaram cravar uma estaca nele.
Onde em toda a imortalidade, eu acharia que algo tipo fosse acontecer e justo com o meu pai?
Ninguém achava...
E ele não tinha que perder a sua imortalidade, e principalmente desse jeito. O vampiro mais sábio, habilidoso, que já existiu na face da terra, que protegeu todo o reino dos vampiros, o seu reino, Chakramof, e todos os vampiros, desde os mais selvagens, a raça superior.
E é assim que tudo termina...
Com quem eu ficarei?
Com quem eu falarei?
Quem me chamará de filha, agora?
- Princesa, temos que ir. - o Kaya, conselheiro de meu pai fala.
Todos já se foram, mas eu não quero sair daqui.
- Eu venho depois. - eu o respondo.
- n******e, já está aqui fazem horas, o povo está vulnerável, a princesa precisa voltar agora. - ele diz, enquanto eu olho para o túmulo. - O seu pai, não ficaria orgulhoso, se soubesse que abandonou o reino. - ele diz me fazendo o encarar. - Ele perdeu a imortalidade por ele. - ele fala e o peso de suas palavras, me faz sentir com mais intensidade, que eu não o ouvirei nunca mais, e isso dói.
- Tudo bem. - eu o respondo e ele assente, elevando a sua mão ao seu peito, saindo de perto de mim, logo em seguida.
- Eu irei me vingar pelo senhor, meu pai. - eu falo, elevando a minha mão ao meu peito. - Eu não vou desapontar o senhor. - eu falo, cravando na minha memória, a imagem de como eu o encontrei ferido no campo de batalha, e o seu túmulo.
Eu vou extinguir a raça daqueles mosquitos.
Crio coragem e retorno com eles.
Neste preciso momento, estamos no palácio, eu estou em meus aposentos, com alguns conselheiros e algumas amigas, que inicialmente eram minhas servas, mas eu nunca gostei muito disso.
Na verdade, eu pouco ficava aqui em Chakramof, passava a maior parte do meu tempo viajando, e vivendo...
E agora...
O ódio é fulminante em meu olhar.
- Precisa de tudo isso, Kaya? - eu questiono aborrecida ao conselheiro de meu pai, vendo o monte de pessoas lá, aguardando a minha tomada de posse.
- Precisa tomar e ocupar o lugar do seu pai o quanto antes princesa, a segurança de Chakramof e do reino dos vampiros, depende também de você. E o povo está em pânico, a tomada de posse hoje os deixará mais calmos. - ele diz e eu suspiro.
Eu não estou com cabeça nenhuma para isso.
Eu queria sair, e cravar eu, uma estaca em cada um deles, explodir o peito deles, me vingar do meu pai! E não isso...
Não estar aqui, fazendo esse monte de coisa burocrática e óbvia.
- Eles sabem que eu tomarei o trono, eu sou a filha do rei, não tem quem mais tomar ele, qual é a necessidade de tudo isso? - eu questiono vestindo minhas luvas pretas, puxando-as ao longo de meu braço.
- Todos nós sabemos que você nunca gostou e tão pouco fez questão dos seus deveres como princesa e sucessora do seu pai. - a Kirkal diz e eu suspiro.
- Mas agora não há escapatória, a pirâmide de poder está em perigo e os seus deveres à chamam. - ela fala e eu suspiro.
"O seu destino não muda, mesmo que as circunstâncias mudem, filha."
Pai...
•
Parada de frente para todos eles, os conselheiros fizeram o tão bom, bem estruturado discurso para acalma-los.
Sequer assimilei absolutamente nada do que foi dito na minha coroação.
A minha mente revive constantemente as imagens mais tristes que eu já vi em toda a minha vida, e isso está me atormentando, eu tenho ganas de sair agora e fazer o que eu devia ter feito no primeiro momento, perseguido aqueles idiondos.
Eu devia ter me jogado na frente de meu pai e levado aquela estaca em meu peito, e não ele.
Não ele...
- Princesa, tem que dizer alguma coisa. - ouço o Kaya, me retirando do transe em que eu estava.
Olho para todos eles, alguns vieram, de outros reinos, prestar respeito ao meu pai.
Eu não posso os decepcionar, tal como o meu pai espera.
- Eu, Nixie Chakramof, princesa de Chakramof, e filha do vosso rei, Guinaz Chakramof, prometo continuar com o legado de meu pai, e garantir a vossa segurança. - eu falo. - Eu não deixarei que mais ninguém perca a sua imortalidade para esses selvagens, e eu prometo que eu nos vingarei… - eu falo, e escuto eles gritarem animados e eu sinto o Kaya me tocar discretamente no braço.
Esse é o meu sinal para ficar calada.
Eles prosseguem, até todos se irem.
Neste preciso momento eu estou na sala de trono, com o Kaya, a Kirkal e mais alguns conselheiros.
- Como assim, casar? - eu questiono indignada. - Eu perdi o meu pai, eu não preciso me casar com ninguém para dirigir e proteger o reino, muito menos me casar e com o Dark. - eu falo, perante essa solução s*******o.
- Justamente por isso. - o Kaya fala, apreensivo, todos estão tensos, mas eu sei muito bem, o que os nossos soldados vampiros do reino e nós somos capazes. - Se o rei, perdeu a imortalidade princesa Nixie, isso significa que precisamos sim de ajuda externa, e apesar de nunca ter feito questão de participar das leis do reino, sabe muito bem o que a destina. - ele fala e eu suspiro fundo.
Casar?
Eu me casar?
- Nixie, eles virão buscar você amanhã. - a Kirkal fala e eu suspiro frustrada.
- Não tem outra solução? Eu já pensei em uma estratégia de ataque e defesa contra os vampiros selvagens, nós podemos... - eu falo tentando inverter essa situação, entrando em pânico também.
- Não tem outra solução, é assim que manda a lei, princesa. - um dos conselheiros fala.
- Não temos tempo, eles podem voltar a atacar a qualquer momento, e precisamos proteger a linhagem de Chakramof. - o Kaya fala, e eu suspiro fundo.
- Nixie... - a Kirkal balbucia me tocando.
- Eu já percebi. - eu falo indignada, obviamente irada e sem opção alguma.
Eu faria isso do meu jeito, mas eu não posso, agora eu tenho que olhar por eles pelo meu pai.
Eu não o posso decepcionar, o que é um casamento, quando sequer pude entregar o meu peito a estaca no lugar de meu pai?
- Chame o capitão. - eu falo. - Vamos preparar as estratégias de defesa e ataque antes que eu vá. - eu falo e o Kaya assente, e o guerreiro sai ao seu sinal para encontrá-lo.
Minha cabeça dói, meu coração dói...
- Princesa. - o capitão fala entrando, e eu caminho até a ponta da sala do trono aonde meu pai planejava as estratégias.
- Vamos ao que interessa. - eu falo, e eles me encaram, enquanto eu engulo o meu choro garganta à baixo pegando nas coisas que o meu pai pegava.
Porquê?
- Começaremos daqui. - eu falo colocando as peças no mapa e vou os explicando as estratégias que eu pensei.
- Os soldados estarão em posição, ainda hoje princesa. - ele diz e eu assinto.
- Eu quero que arranjem espiões, eles não estão atacando os reinos aleatoriamente. - eu falo olhando para o mapa e eles assentem. - Infiltrem algum vampiro que nos possa descobrir o que eles estão planejando. - eu falo, exausta.
- As suas ordens princesa. - eles dizem e eu assinto, e faço sinal para eles irem embora.
- Com à vossa licença. - eles dizem, eu assinto e eles se vão.
- Venha, vamos descansar Nixie. - a Kirkal fala e eu suspiro.
- Eu não estou com sono, eu só preciso descansar o meu corpo. - eu falo.
- Pois então, venha e descanse o seu corpo em seus aposentos. - ela diz.
- Não, Kir... - eu falo.
- Por favor, Nixie. - ela fala me encarando. - Me ouça apenas uma vez. - ela fala e eu suspiro. - Venha. - ela diz e eu a sigo.
Entramos nos meus aposentos e eu suspiro fundo frustrada, me recusando a acreditar que tudo isso está realmente acontecendo.
- Aonde estão as minhas roupas? - eu a questiono, vendo o meu closet vazio.
- As servas arrumaram. - ela diz, e eu a encaro furiosa.
- Eu não entendo Kirkal, estão querendo me mandar embora de vez do meu próprio reino? - eu a questiono indignada e ela suspira se sentando.
- Você sabe que não é nada disso. - ela fala e eu suspiro. - E você saiu por meses, viajando sabendo e tentando fugir desse casamento que desde a sua nascença estava destinado, apenas chegou à hora. - ela fala e eu reviro os olhos.
- Da minha nascença não, vocês tinham medo que eu nascesse humana. - eu falo me deitando, olhando para o teto.
- Tinha uma mínima chance, mas o rei era um dos vampiros mais poderosos do reino vampiro, e a sua mãe uma vampira mutante demasiado poderosa, tinha pouca porcentagem disso acontecer, mas você nasceu uma vampira alfa. - ela fala e eu suspiro.
- Embora, seu lado humano se sobressaia. - ela diz e eu a encaro. - Seu sangue é demasiado quente.
Eu volto a olhar para o teto.
- Você não precisa querer ficar parecendo durona para mim, Nixie. - ela fala. - Tire isso para fora, a ira nos faz errar. - ela fala, e eu sorrio.
- O único erro que eu quero cometer, é cravar estacas no peito de todos aqueles mosquitos. - eu falo e ela suspira.
- Todos nós queremos, mas você sabe muito bem que vingança e guerra não são os nossos lemas, o intuito é proteger a pirâmide e não desestabiliza-lá. - ela diz e eu reviro os olhos.
- Eles começaram. - eu falo, e ela suspira.
- E você não vai causar e vai fazer exactamente o que sabe que tem que fazer, Nixie. - ela diz e eu suspiro.
- Eu quero ficar sozinha, Kirkal. - eu falo e ela se levanta.
- Como você quiser, fique bem e não faça nenhuma asneira. - ela fala e eu nem me dou ao trabalho de a responder.
A rajada de vento quando ela sai, gela o meu rosto, e a dor no meu peito aumenta, numa intensidade inexplicável.
- O que eu vou fazer sem você? - eu me questiono, não conseguindo conter a dor dentro de mim.
Passei a noite toda em claro, e quando o sol ameaçava se levantar, eu vou para o banheiro, tomo o meu banho.
E ao terminar, passo apenas um creme nos olhos, para disfarçar que eu estava chorando.
Não é altura para mostrar vulnerabilidade, senão serei devorada por eles.
- Nixie! - ouço a voz da Chanola no meu aposento, e eu saio do banheiro.
- Oi, Chanola. - eu falo, vendo as roupas em suas mãos.
- Conseguiu descansar? - ela me questiona e eu a ofereço apenas um sorriso ameno.
- Esse vestido é bonito. - eu falo vendo e ela sorri.
- Foi feito inspirado em você. - ela fala, retirando para me vestir, e assim o faço.
O vestido é longo, preto, sem mangas, justo, e tem luvas e saltos, os detalhes na simplicidade dele, é que o deixam atraente.
- A carruagem deve chegar em duas horas, para levar você até ao palácio dos Krugmorfegers. - ela fala e eu suspiro fundo.
- Eu posso ir com a minha carruagem, na verdade eu nem preciso dela para chegar até lá. - eu falo calçando os meus sapatos altos.
- São as regras reais, princesa Nixie, as suas aventuras devem ter apagado a sua memória, mas você é uma princesa, e se trata dos Krugmorfegers. - ela fala e eu reviro os olhos, e ela sorri me encarando.
- E o príncipe Dark... - ela fala toda sugestiva.
- Vocês já estão preparadas? - eu pergunto.
- Sim, só vou eu e a Kirkal iremos com você, o conselheiro Kaya também virá. - ela responde e eu assinto.
- Tudo bem. - eu falo. - Por favor verifique o estoque de alimentos e sangue para o povo. - eu falo e ela assente. - Não podemos ficar sem nada, faltando no reino. - eu falo e ela assente.
- Não se preocupe, que o estoque está lotado, e você sabe muito bem que isso não é preocupação para eles, também. Todos são capazes de se alimentar por eles mesmos. - ela fala. - Relaxa, Nixie. - ela fala e eu a encaro puxando as luvas ao longo dos meus braços.
- Não é, mas o meu pai já mantia esse nível nas coisas, eu não quero que nada reduza, principalmente agora. Não precisamos de vampiros caçando agora. - eu falo e ela assente.
- Não se preocupe, eu vou verificar pessoalmente, agora. - ela fala. - Vai tomar o pequeno almoço? - ela me questiona.
- Não, eu vou ver os soldados, e depois vou ter com os conselheiros, tenho de ser responsável e tratar de toda essa burocracia. - eu falo e ela sorri.
- Tem mesmo. - ela fala. - Vamos. - ela diz.
- Vamos. - eu falo e saímos dos meus aposentos, cada uma para o seu lado.
Eu não descansar até vingar o meu pai!
Nem que eu perca a imortalidade, logo em seguida.