P R Ó L O G O

1652 Words
PRÓLOGO Tentava caminhar, sair daquele lugar o mais rápido possível, mas minha visão embaçada graças às lágrimas, não ajudava muito. Naquele momento, eu tentava tirar forças de onde não tinha para fugir daquele lugar que me causava arrepios, e também para fugir dele. Estar em um bordel não era algo comum para uma mulher como eu, era um grande desrespeito a minha família estar um lugar sujo - em todos os sentidos da palavra - como aquele. Megan, minha madrasta, havia pedido, implorado para que eu não fosse, para que eu ignorasse aquele bilhete anónimo, que dizia claramente que o encontraria ali, até mesmo o número do quarto estava correto... antes eu tivesse a ouvido, pouparia aquele misto de sentimentos ruins e avassaladores que tomavam conta do meu corpo. Havia acabado de pegar o homem que me jurou amor por toda a vida com duas mulheres poucas horas antes do nosso casamento, ele estava tão ocupado que nem ao menos percebeu que cheguei a vê-lo logo de imediato, foi preciso eu gritar por seu nome para ser notada. O que mais me doía era saber que a minha irmã mais velha estava certa. Um homem como Miguel jamais olharia para uma mulher como eu se não fosse pelo peso do meu sobrenome. Eu não dei ouvidos, já que Alessandra era amarga com todos e não gostava de ninguém e Miguel se mostrava tão apaixonado que eu não acreditaria mesmo se o próprio dissesse que não me amava. Soltei um grito fino quando uma mulher esbarrou em mim, me fazendo cair de joelhos no chão. Tentei me levantar usando a raiva que habitava em mim como combustível, levantei e finalmente me arrastando, tentando abrir caminho entre as muitas pessoas que estavam ali, cheguei a saída. Outra vez as lágrimas tomaram conta e foram descendo lentamente, estava no chão outra vez, chorando baixo. Todos os meus planos de vida haviam ido por água abaixo, viver uma vida feliz, com o homem que supostamente me amava, me respeitava, ter uma família com ele... estava tudo arruinado, porque de forma alguma eu aceitaria me casar com ele depois de ver aquilo com os meus próprios olhos, era demais pra mim. No momento que vi perdido em sua própria luxúria, decidi que aquele não seria o homem que seria meu marido, não importasse o que eu precisasse fazer para isso. — Baby? - uma voz masculina me fez levantar a cabeça e encarei o homem alto desconhecido me encarando preocupado. — Tudo bem? Antes que eu pudesse responder, ouvi um grito. Era Miguel. Ele chamava e gritava por meu nome. Cassandra. Como eu odiava ouvir meu nome saindo de sua boca. Estava com nojo de sua voz e sentia que se visse seu rosto naquele momento, acabara colocando tudo que estava em meu estomago para fora. Levou tanto tempo para eu aceita-lo como meu marido, mas tudo que eu sentia, todo o meu carinho e talvez até o possível amor que cultivávamos, tudo tinha se transformado em repulsa. — Me leva daqui por favor - pedi ao estranho já entrando em desespero — Por favor, não quero ver ele. — Tudo bem... - o homem me ajudou a levantar e me guiou até um carro que estava próximo dali. Ouvi Miguel outra vez e caminhei mais rápido ainda, entrando no carro antes que o próprio dono. — Onde vamos? — o homem perguntou ao entrar. Outro grito de Miguel, seguido por pedido de desculpas, então, ele deu a partida. — Qualquer lugar, eu só preciso ficar longe dele... - minha voz saiu baixa, quase nula. — Não quer ir pra casa? Sua mãe deve estar preocupada... — Eu sou maior de idade - murmurei. — Não parece. - murmurou também. Ele dirigiu em silêncio por muitos minutos, enquanto isso eu pensava que havia entrado no carro de um desconhecido que podia muito bem fazer o que quisesse comigo porque era o dobro do meu tamanho e muito mais forte também. — Quer me contar o que aconteceu? - indagou ao parar o carro, parecíamos estar em uma colina, o lugar escuro era iluminado apenas pela luz fraca da noite e os faróis do carro. — Meu noivo, o cara que estava me chamando... — Vocês brigaram? - perguntou, virando-se para mim, me encarando de frente. Me senti intimidada por seus olhos meio acinzentados, que mesmo no escuro quase completo, pareciam brilhar. — Nós nem mesmo chegamos a brigar... - ri de mim mesma — Ele disse que me amava. - fechei os olhos com força, tentando esquecer aquela cena — Me prometeu tantas coisas, e no fim era tudo mentira. Eu confiava nele e ele me traiu. Me traiu poucas horas antes de trocarmos os votos na igreja. — Eu sinto muito, garotinha... - ele parecia realmente tocado, tanto que resolvi ignorar seu apelido sem cabimento. — Não quero me casar com ele, não posso casar com ele... - falei para o homem, como se ele pudesse me ajudar de alguma forma. — Não case então - deu de ombros, como se fosse mais fácil. — O meu único propósito na vida é me casar com ele. Fui proibida de fazer qualquer coisa em nome do amor que ele sentia por mim. Estudei a vida toda em escolas só para meninas, me mantendo intocada por qualquer homem para chegar no dia e descobri que a pessoa nem ao menos teve um pouco de consideração por mim! - eu já chorava outra vez, lembrando de tudo que eu abri mão de fazer. Faculdade, estágio, usar as roupas que eu queria, viajar, fazer amigos… Eu deixei de viver. — Seus pais vão te entender. — Eles não vão acreditar em mim, Miguel é um príncipe na visão de todos e mesmo que acreditem, não vão me deixar cancelar o casamento, não posso ser uma vergonha para eles - minha voz saiu baixa outra vez. Tinha vergonha de como a minha família era. — Não tem outra forma de cancelar o casamento? - perguntou. — Transe comigo. Me surpreendi ao vê-lo engasgar com a própria saliva e tossir desesperadamente. — Não pode sair perguntando isso pras pessoas como se não fosse nada, Cassandra! - exclamou e eu dei de ombros. — Estou tentando me salvar, se estivesse no meu lugar, você entenderia... - suspirei. - mas você é homem, nasceu com privilégios que eu nunca vou ter... - ameacei abrir a porta do carro. — Obrigada por me ajudar mais cedo, moço, se não fosse por você... nem sei o que teria acontecido comigo. — Aonde vai? - perguntou rápido. — Achar alguém que esteja disposto a tirar minha virgindade... - respondi simplesmente, pronta para abrir a porta do carro, mas fui impedida por seu braço, que me segurou com certa força. — Pode me soltar? — Ser traída vai fazer você abrir mão de algo que guardou a vida toda? — Se eu não abrir mão, vou estar casada com um homem que não me respeita! - puxei o meu braço na tentativa de me livrar — Não quero viver ao lado de alguém como ele, alguém que eu não confio. — Mas também não pode se oferecer assim para uma pessoa que você acabou de conhecer, alguém que nem sabe o nome! - suspirou, desviando o olhar. — A sua primeira vez desse ser especial. — Acha que eu vou conseguir me entregar a ele depois da cena que eu vi hoje? - meus olhos estavam inundados outra vez e isso pareceu comover o homem, que suspirou — Eu não vou conseguir esquecer, eu posso ser boba e fácil de manipular, mas eu não vou aceitar estar ao lado de alguém que me traiu e nem teve a decência de tomar cuidado para que eu não descobrisse! — O que sua família vai fazer quando descobri que não é mais virgem e que não pode se casar? — Vou ser mandada pra longe ou serei morta. - dei de ombros e ele arregalou os olhos, me fazendo rir sem vontade. — Não posso fazer isso, vai por sua vida em risco... — Por favor... - agarrei seu braço. Estava implorando a ele. Estava implorando para um cara que eu conhecia menos de meia hora e nem mesmo sabia o nome para me f***r. — Vincenzo Caccini, meu nome é Vincenzo, garotinha. - ele disse como se pudesse ler meus pensamentos. — Faça isso por mim, Vincenzo.... - pedi o mais manhosa que pude. — Sei que não chego nem aos pês das mulheres com quem você deve ficar, mas, faça isso por caridade, sei que é um homem bom... e pode tornar isso especial não, pode? — O que sabe sobre sexo? — Eu vi alguns vídeos... - continuei o encarando e tive vontade de soca-lo quando um sorriso i****a surgiu em seus lábios bem desenhados. — Nunca se tocou? Me afastei com vergonha, nunca tinham me perguntado isso. — Não faço com frequência... - murmurei. - Minha mãe disse que é errado. — Sentir prazer não é errado, Cassandra. - ele me encarou por alguns segundos. — Quer mesmo que eu faça isso? Pode se arrepender depois e vai ser tarde demais... Assenti afirmando. Quase soltei um grito assustada quando ele me puxou me fazendo sentar em seu colo, me beijando lentamente em seguida. Não pensei que fosse fazer isso com tanto cuidado, quando pedi para ele, imaginei que consumaríamos logo o ato, mas Vincenzo não parecia querer isso. — Vamos fazer sua primeira vez inesquecível... - sua voz saiu baixa, fazendo os meus pelos arrepiarem. — Confia em mim, Cassy? — Confi- fui calada por seus lábios contra os meus novamente. Tinha certeza que o que eu estava fazendo não era correto, mas era tão diferente de tudo que eu já senti um dia que eu nem ousava em pensar em parar.
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